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069 Orientação Vocacional Ocupacional: novos achados Leóricos, Lécnicos e inslrumentais para a clínica, a escola e a empresa/ organizado por Rosane Schotgues Levenfus e Dulce Helena Pcnna Soares . - Pono Alegre : Artmed, 2002. 1. Psicologia - Orientação vocacional. 1. Levenfus, Rosane Schotgues. II. Soares, Dulce Helena Penna. 111. Título. CDU 159.98 Catalogação na publicação: Mônica BaJlejo Canto - CRB 10/1023 ISBN 85-363-0015-9 6 A Presença dos Pais na Orientação Profissional Eliene Rodrigues de Lima Sílvia Gusmão Ramos Nossa experiência tem apontado a importância significativa da inserção dos pais no processo de Orientação Profissional dos jovens menores de idade. A presença deles é fundamental porque, no contexto desse programa de orientação, entendem que podem e devem falar o que desejam para o filho, como também escutá-lo, consi- derando suas incertezas, inseguranças, indagações e diferenças de posição. Além dis- so, ampliam a visão sobre os fatores que interferem nessa escolha, adquirindo a noção exata de sua complexidade e das conseqüências negativas das escolhas equivocadas. Essa compreensão muda a qualidade da participação dos pais, favorecendo o diálogo e a disponibilidade para compartilhar das reflexões, mesmo que as escolhas sigam em direção contrária ao seu desejo. É evidente que esse resultado também é fruto das intervenções do coordenador que, atuando como terceiro, facilita a discriminação necessária entre o que o jovem deseja fazer e as sugestões ou pressões que estão atreladas às expectativas de quem está emocionalmente envolvido. Vale ressaltar que consideramos que o desejo e as expectativas dos pais são estruturantes e determinantes para o lugar que o filho ocupa na família. Mas, apesar dessa característica, os conflitos são inevitáveis, em especial quando o jovem não se identifica com o projeto da família. Ilustraremos, com um caso, a discussão sobre a presença dos pais no processo de Orientação Profissional, visando explicitar nossa concepção teórica e a aplicação prá- tica. Nosso trabalho é desenvolvido em seis encontros, que podem ser realizados em grupo ou individualmente. A entrada dos pais ocorre apenas quando o atendimento é destinado aos menores de idade e em três encontros: • • • na entrevista de seleção; no primeiro encontro; no último encontro . Nesse texto será dado realce a esses três encontros, por se constituir no recorte necessário ao desenvolvimento do tema proposto, embora, na íntegra, o programa contemple encontros destinados, também, às informações (sobre as profissões, mer- cado de trabalho, perfil do profissional, hoje e no futuro) e às discussões sobre entre- vistas realizadas com profissionais. 92 Levenfus, Soares & Cols. ENTREVISTA DE SELEÇÃO F r I h a com sua mãe para uma entrevista, desejando fazer Orienta _ Profiss~~~=I. ~r:;isa fazer vestibular e tem dúvidas se opta pelo curso de teleco111J;i~ - d" • 1 d gado sobre O interesse por esses cursos, refere que ª"'bo caçoes ou me icma. n a . . - d ·11 s são interessantes e, certamente, podem garantlí sua i_nserçao _no merc_a . o. O pai Pos. sui uma empresa na área de telecorimni:ação e um tio_ poss~i uma clmica na área de 'd . · 1 · sse ti·o pretende toma-lo seu herdeiro. Diante do exposto, a rn-sau e, me usive, e _ . fl ºá I N •11ae entende que Felipe precisa de ajuda, ~as p~efere nao m u_enci _- º· a sua ~pinião, deve fazer O que gosta. Os pais de Fehpe sao separados, s1tua_çao que re?u~m O pa. drão financeiro da fami1ia. Possivelmente, essa e uma das razoes para pnonzar pro. fissões consideradas promissoras. Após colher esses dados, o orientador apresentou a proposta do trabalho, esti- mulando a discussão sobre os seguintes aspectos: • • • • a estrutura e o desenvolvimento do programa - o número e a duração de encontros, metodologia, modalidades de participação (individual, em dupla ou em grupo), preço e resultado esperados; a complexidade da escolha da profissão que exige reflexão e análise dos fatores determinantes (psicológicos, econômicos, sociais e políticos), para que seja possível fazer a integração entr~ o perfil pessoal, as características da profissão e as condições do mercado; a importância da análise e da elaboração dos conteúdos relacionados à ver- tente informativa do programa articulada à história pessoal ; os efeitos de uma escolha bem elaborada para ampliar a visão de mercado e para montar as estratégias adequadas a uma rota promissora. Ambas fortale- cem a disposição para suportar as barreiras inevitáveis dessa trajetória. A entrevista com Felipe junto à sua mãe demonstrou que a demanda para fazer Orientação Profissional existia de ambos os lados. Ele reconhecia a necessidade de ajuda e evidenciava o desejo de encontrar a solução. A mãe, apesar de imagJnar que não podia fazer nada, nem interferir, legitimava a escolha por nosso serviço. E impor· ta~te salientar que não realizamos o atendimento quando a demanda é apenas dos ~ais, porq_ue ~onsi~eramos que, se não houver, do lado do jovem, uma quota de inves· timento sigmficat1va, ele não terá disponibilidade para participar ativamente desse ?ro~es~o. _Co~statamos que esse cuidado preventivo produz efeitos evidenciados no md1ce msigmficante de evasão dos nossos clientes. PRIMEIRO ENCONTRO Nesse encontro, r~al}z_amos uma tarefa conjunta, com pais e filhos,2 qu_e ºº! fori;tc~ da~os sobre a h1stona da família no que se refere às escolhas e à trajetória ~o pro issmnais_, d~s valores, das expectativas e dos projetos que se endereçam!º J~ vem, os quais sao selados com a experiência de gerações. Essa tarefa traz a ton 1Nome fictício. 2 0 s pais são introduzidos no programa independente da s·t _ d ue evitar11 . . ' 1 uaçao o casal No ca d · arados q contato, o atendimento aos dois é preservado porém em . . · so os pais sep ' • momentos d1stmtos. Orientação Vocacional Ocupacional 93 situações que não devem ser negli·ge · d p · · · · . neta as. ara alguns pais, facihta o entendimento de ~ue ~-esc~l~a profissional faz parte de um processo histórico da família e por essa ra~ao, e _m~vitavel um revestimento emocional que, naturalmente, os imped; de assu- IDir yosiçoes neutras. Para outros, a percepção da interferência desse componente a~euvo gera ~m temor que os impulsiona a adotar como saída a "convicção" de que nao devem dizer o que pensam para não influenciar. Acontecem, também, ~ituações nas quais os pais, de modo claro ou implícito, ap_res~ntam ao filho determmadas profissões, com o caráter de "mandato a ser cum- pndo _, em nome de ~1!1 futuro promissor. Todos os dados obtidos nesse encontro se constituem em _subsidios para o coordenador realizar intervenções durante todo o processo, esp~ci~lmente durante o último encontro, quando essas situações são reto- mad~s. No pnmetr~ encontro, com freqüência, os filhos escutam, pela primeira vez, o depoimento dos pais sobr~ a história profissional dos avós, sobre o modo como fize- ram suas escolh~s e o sentimento que guardam dessa experiência: pressão, abandono, talta de alternativas por necessidade de trabalhar, etc. Esses relatos produzem efeitos importantes: • • • • permitem a abertura do diálogo sobre a dimensão histórica da escolha pro- fissional que se interpõe, muitas vezes de modo inconsciente, durante todo o processo; facilitam a compreensão sobre os projetos profissionais que se deslocam ao longo de gerações; oferecem visibilidade aos pais sobre as inquietações que a escolha do filho des- pertam, porque estão ligadas à revivência de sua própria escolha profissional, agora marcada por urna trajetória de sucesso, fracasso, arrependimento, etc.; legitimam a posição dos pais, hoje, caracterizada pelo temor de falar o que pensam para não influenciar, como se fossem porta-vozes de mensagens prejudiciais. No contato com os pais, consideramos que o orientador profissional deve dar aten- ção especial à força do desejo e à posição dos pais na contemporaneidade.Quanto à força do desejo, na perspectiva do nosso trabalho, que é a da psicanálise, pode ser evidenciada no discurso dos pais, discurso esse que determina a posição que cada filho assume na família. Revestida de expectativas e projetos de natureza diversa, a marca do desejo está impressa no modo como o filho é visto, como cada filho é reconhecido: como alguém que corresponderá às mais altas expectativas, às expectativas medianas, ou de quem não se espera muito. No âmbito do processo de Orientação Profissional, trabalhamos com a hipótese de que o projeto profissional também está atrelado ao dese- jo que circula, inclusive, por gerações, cuja força se evidencia no sentimento que os jovens nutrem ao seu respeito: de crédito ou descrédito na própria capacidade para fazer escolhas e conquistas. Portanto, é preciso investigar a imagem e os projetos que os pais construíram para os filhos. Por essa via, pode-se ch~ga~ às re_ferências identificatórias e aos traços de identificação do jovem com pessoas significativas. Observamos que os maiores impasses que ocorrem nesse processo estão direta- mente vinculados à identificação, via privilegiada do processo de reconhecimento do sujeito. Esses impasses para o jovem se expressam nas seguintes dificuldades: • confrontar-se com a representação do seu lugar na família, seja por constatar um excesso de exigências ou por descrédito em sua capacidade; ------------94 Levenfus, Soares & Cais. . do J. ovem é ser fruto de . o deseJO lh . da família, pois drnitir as seme anças com • admitir que possm traços. é difícil nessa fase a ral A urgência é provar " a ou seJa, d modo ge · geração espontane ' . e adultos, e ·gnificauvas f a· b't• pais, pessoas s1 s· _ orizadas na amt ta mo 11za que é diferente de todo ' daquelas que sao vai ausar decepção, fracassa, • fazer escolhas diferentes r de ser abandonadfio, c só para enfrentar o merca. fantasias ligadas ao tem?s" perder o apoio, icatr·tária· - b decer aos pai ' d scolha so 1 ' 1 "por nao o e eqüências a e . d f mília paradoxa mente, ern do de trabalho e as con!spondem ao deseJO, a a peti~ões familiares. • fazer escolhas que_ corr es relacionados as com os suscita temor alguns cas • , _ s dados sobre a história da . estões destacadas ate entao, o Para exemphfic_ar as qu tados em síntese: família de Felipe serao apresen 1 RAÍZES DA FAMIÍLIA Lado paterno Lado materno ' Avô: contador Avô: engenheiro civil Avó: professora de teclado Avó: dona de casa . _ Mãe: projetista de produto Pai· engenheiro de telecomumcaçoes ~ Expectativas: fazer o que gosta. · . . Ira profissao que Expectativas: med1cma ou ou tenha boa aceitação no m~rcado. . . Profissão que o pai gostaria de ter feito. Profissão que a avó gostaria de ter feito: medicina medicina Pessoas importantes: tios engenheiros e médicos. . . · - profis-Conforme demonstram os dados acima, med1cma e telecomu~1c~çoes, , das sões que interessam a Felipe, exercem influência de natureza subJehva, ª(e~ A possibilidades de acesso ao mercado de trabalho, alegada~ na entrevista ~e se 3 saber engenharia de telecomunicações é o campo profiss10nal do seu pai, enqu d medi~ina também está relacionada a ele, enquanto desejo não-realizado. Do lad? ª família m'atema, medicina foi a profissão que a avó desejava fazer, além de ser a area de atuação de um tio considerado uma pessoa muito significativa. No que se refere à posição dos pais na contemporaneidade, a afirmação ~ue_a mãe de Felipe faz sobre não poder influenciá-lo evidencia o desconforto da maiona dos pais que nos procuram. Constrangidos, assumem posições caracterizadas rº' ambigüidade, omissão e culpa. Essas razões estão na origem da tendência a evitar dizer o 9 ue pensam, sobretudo acerca dos projetos e das expectativas que têm P:11:ª os filhos. E comum escutannos pais totalmente dominados pela ilusão de que, onuundo o que p_e,~sam, ajudam os filh~s, porque os deixam livres para fazerem melhores lhas. F1e15 reprodutores do dIScurso contemporâneo, atuam como se fosse passive neutralizar a história da família e o próprio desejo. . . Esse ~is_curso impr~~•do de ~al~res e ideais que privilegiam O culto ao indiv•· dual~smoC a hbe'.dade e a mdependencrn produz um tipo de solidão que exacerba as mqmetaçoes do Jov~m. _Órfão ~e referência, pois seus pais são silenciosos e, quando expres_sam seu dese10, e d~ nao mfluenciar o seu destino. AcometidoS do temor de assurrur o lugar de referencia e de exercer essa função, os pais, quando indagados Orientação Vocacional Ocupacional 95 sobre as expectativas e projetos que construíram para os filhos, adotam posições que não são facilitadoras. Alguns garantem que, livres de sua interferência, os filhos farão escolhas melho- res. Outros não conseguem assumir nenhuma posição. Ambas as situações produzem impasses. No primeiro caso, apesar de silenciosas, as expectativas são bastante eleva- das. O jovem, diante dessa situação, tem dificuldades para explicitar o que pensa e, quando o consegue, é desautorizado. No segundo caso, os pais deixam seu lugar vazio. Culpados, esses pais silenciosos tentam preencher seu lugar com bens materiais e com a ausência de limites. Diante da paternidade idealizada e por realizar, esperam que o filho seja perfeito, caminhe sozinho e os supere em virtudes e êxitos. Na medida em que não falam, atuam, induzindo-o a reparar suas próprias escolhas. A farru1ia moderna tem produzido filhos solitários e inseguros, aos quais propõe que encontrem seu lugar e sejam felizes. O cerne desse discurso é a libertação da história individual, independente das origens sociais e culturais dos pais. Considerando esse contexto e a importância que atribuímos aos pais, convoca- mos sua participação, estimulando-os a falar e a ocupar seu lugar de referência identificatória. Esse modo de legitimá-los tem facilitado a compreensão da importân- cia de exercerem sua função, que é incompatível com a ilusão de que não devem falar. Ao contrário do que imaginam, autorizar-se a dizer o que pensam, desbloqueia a comunicação e ajuda o jovem a situar-se diante do que desejam para ele. Quando os pais não dizem o que pensam, o desejo silencioso exerce uma força tão expressiva que o jovem, mesmo já tendo constatado que não se identifica com determi- nadas profissões, não "descola" delas, permanecendo às voltas com questões que não se sustentam. Para esclarecer melhor essa situação, citaremos falas emblemáticas: "Eu pensei que não dizendo nada ajudaria meu filho. Nunca me ocorreu que minhas expec- tativas sobre ele tivessem uma função importante"; "Eu nunca pensei que meu desejo de fazer direito, sem eu nunca ter falado, fosse aparecer no meu filho!". Esses fragmen- tos do discurso de duas mães evidenciam a surpresa de ambas gerada pela percepção de que, apesar de os filhos não terem identificação com as profissões que elas desejam, foram testemunhas da dificuldade que eles enfrentavam para descartá-las e assumir outra escolha. Nos dois casos, inclusive, as escolhas foram realizadas em áreas total- mente diferentes daquelas às quais os jovens se "apegavam". Outro exemplo é esse fragmento do discurso de uma adolescente: "Eu estava na dúvida entre jornalismo e publicidade e insistia em saber a opinião de minha mãe. Ela se recusava a dar opiniões para não me influenciar. Depois de muita insistência, es- clareceu que não gostava das minhas opções, porque, como a dela, não me daria retomo financeiro. Por esse motivo, torcia para eu fazer o curso de informática. Quando eu ouvi o que ela pensava, ela, mesmo sem concordar comigo, ajudou-me a escolher publicidade". Tomar contato com esses dados da história pessoal não neutraliza as inquieta- ções e o sentimento de solidão do jovem diante do que se espera dele. É preciso considerar que assumir uma escolha representa confrontar-se com duas dimensões significativas da solidão, particularmente legítimas. Uma, que se expressa no senti- mento de estar em risco,de errar, de desobedecer, de ser penalizado, de se dar mal... Outra, mais inconsciente, que se refere à angústia frente à demanda das figuras de referência (os próprios pais ou pessoas significativas), conforme já foi dito. Apesar do trabalho de Orientação Profissional não ter a pretensão de aprofundar essa última problemática, ao fazer a retrospectiva histórica, caracterizar o perfil e integrar essas informações às características das profissões de interesse, o jovem consegue situar-se diante de sua escolha. A falta de recursos que havia antes para lidar com as convoca- Levenfus, Soares & Cols. ções explícitas ou silenciosas dá lugar à construção de referências que o capacita assumir uma posição diante do seu desejo. . , . . . Ill ª Retomando o caso de Felipe, con_fo~e Jª fm di~?: 0 ~ovem chegou afinnando seu interesse por medicina e telecomumcaçoes. N_a sequencia do p_rograma, no segu0_ do encontro, é realizada uma tarefa que tem a fin~lid~de de caractenzar o perfil pessôa) cujo objetivo é propiciar a aquisição de refe~en_cias sobre os _tr~ços marcantes, 0~ interesses, as habilidades, as capacidades, os _Imutes, a~ po~encia~idades e _as dificuJ. dades, para que possa articular esses dados as profissoes mveSttgadas e identificar aquela com a qual se tenha mais afinidade. Para uma breve apresentação, faremos a síntese dessa tarefa. Características marcantes: capacidade para negociar, articular, comerci~izar, c~ar estratégias; desenvolver habilidade numérica, facilidade para lidar com pessoas, mediar conflitos, solucionar problemas, em especial aqueles que podem ser resolvidos a partir das ciências exatas; inteligência geral, dinamismo, atenção a detalhes. Interesses: atividades voltadas para planejamento e resultados financeiros, que exijam execução com regularidade, controle e seqüência lógica. Não se interessa por trabalho ligado aos equipamen- tos eletrônicos, ler, estudar, especialmente biologia. Principais dificuldades: inibição de suas potencialidades, desinvestimento generalizado em rela- ção às atividades que desenvolve, medo de desagradar, tendência a desistir do que pretende quando se confronta com desafios, insegurança. ' O ~asso seguinte é o exercício de articulação entre os dados sobre o perfil pesso- ale as discussões sobre as profissões investigadas que são ordenados na tarefa deno- minada Matriz de Integração que se segue. MATRIZ DE INTEGRAÇÃO TELECOMUNICAÇÕES 1~~~i=~~~ot~e~sse ~esolução de pro~lem~ da área de exatas, raciocínio rápido. Outro fator Dificuldades· fal ~s~1b1hdade de g~ar dmhe1ro, na medida em que essa é uma área promissora. . ta e interesse para ltdar com equipamentos eletrônicos. -MEDICINA A0nidades: condição para lidar com Dificuldades: pouca dispo ºbTdad ª morte e com :1 dor, controle emocional. em horários pouco conve m_ t t . e para estudar, alem de não gostar de biologia nem de trabalhar nc1onais. , ASIOTERAPIA ----Afinidades: coorden ão m . Dificuldades: pouca~-~ ~tora, mteresse pelo corpo humano 1enc1a e calma. · ADMINISTRAÇÃO ------Afinidades: capacidade . é · . . para negociar · . de num nca, fac1 Itdade para lidar ' articular, mediar conflitos e . té ·as habiltda para os problem com gente sociabi l"d . cnar estra g1 ' 1 õeS dade para ganh:di~~st~ atividades voitadas p~a a1e, ~tsponibilidade para encontr~ s~ ~:Cili· e sequência lógica e1ro, Interesse por atividade p ~eJamento e resultados financeiros, rrole Dificuldades· não ·id t'ti 5 que sao executadas com regularidade, con · • en 1 1cadas. Orientação Vocacional Ocupacional 97 Observa-se que o curso mais sintonizado com o perfil de Felipe é administração, sequer vislumbrado por ele no início do programa. A realização dessa tarefa, com a assessoria do coordenador, permite a troca, a ordenação e a discriminação dos dados. Nesse caso, além de não existir afinidade com medicina e com telecomunicações, as dificuldades identificadas demonstram a sua dissonância com as exigências das pro- fissões, a saber: a falta de interesse para lidar com equipamentos eletrônicos, no caso da escolha por telecomunicações e pouca disponibilidade para ler, estudar, principal- mente biologia, na opção por medicina. Nessa investigação, valorizamos a análise das dificuldades para distingui-las das impossibilidades, na medida em que as primei- ras possam ser contornadas e as segundas representem os inevitáveis limites que to- das as pessoas podem ter. Além disso, é possível identificar, também, dificuldades de ordem psicológica e fazer indicação de tratamento, quando necessário. Em alguns casos, problemas emocionais não-identificados pelos pais geram tensão e interpreta- ções distorcidas sobre o jovem, tais como irresponsabilidade, preguiça, birra, etc. A indicação de tratamento confere um outro sentido aos sintomas, facilitando a mudan- ça de conduta dos pais. ÚLTIMO ENCONTRO Nesse encontro, os pais e os jovens recebem um documento que demonstra a evolução do processo. Eles trocam idéias, explicitam suas posições, em especial verbalizam aprovações ou temores sobre a escolha do filho. A estrutura do documen- to comporta os seguintes itens: • opções iniciais, profissões investigadas, priorizadas e profissão escolhida; • síntese da matriz histórica; • caracterização do perfil pessoal; • integração do perfil pessoal às características das profissões investigadas; • considerações da coordenação; e • recomendações. O item Considerações é utilizado pela coordenação para registrar seu posiciona- mento sobre a escolha realizada, agora, de modo mais direto. Isso não significa que, durante o processo, o jovem fique à deriva de suas dúvidas e inquietações. Ao contrá- rio, o coordenador acompanha as tarefas e as elaborações, estimulando a discrimina- ção dos dados e norteando as articulações entre os conteúdos que são propostos e aqueles que emergem a partir das discussões. A metodologia adotada, inclusive, ofe- rece, a cada encontro, um documento-síntese sobre os temas tratados no encontro anterior, organizado com o propósito de atualizar as elaborações e integrá-las aos novos conteúdos. Essa prática reaviva as elaborações em curso e ajuda a aprofundá- las. Uma das evidências de que esse objetivo é conquistado diz respeito à qualidade da argumentação do jovem, quando questionado pelos pais sobre sua definição pro- fissional. Adotando essa metodologia, o coordenador não se autoriza a intervir de modo pessoal. A entrega e a análise da síntese da evolução do processo, no final do programa, tem produzido efeitos facilitadores . Para os pais, em particular, os dados sobre 0 perfil pessoal articulados à profissão escolhida, propiciam, de partida, o reconheci- mento das características do filho e o sentimento de respeito às suas produções e elaborações, mesmo quando a escolha profissional os contraria. O que antes era con- 8 Levenfus, Soares & Cols. ·--- , lhas diferentes das expectativas da farní. siderado uma afronta, como e o caso das esco lia, passa a ter legitimidade.. . . 'b ída à escolha profissional, nesse mornen. É evidente que essa leg1ttmi~a~e atn u O de modo espontâneo. Os pais de t qtilhdade tampouc · 'd 'fi to, não ocorre sempre com ran ' aracterísticas pessoais I ent1 1cadas Felipe, por exemplo, apesar de reconh_e~erem_as ~evantaram a hipótese de essa opção e sua sintonia com a escolha por admi~isdtraçao,sos de medicina e telecomunicações 'd 't concorrência os cur . N . ' ser uma sai a para ev1 ar a d'am as suas expectativas. a maioria os quais, conforme já foi referido, co7ies~on :ograma momento que exige do coor- dos casos, esse é um dos mai~re~ desa 1~s ~s interve~ções adequadas a esse traba- denador habilidade e competencia ~ara aze 'd do para sustentar o enquadramento lh D. d d t O modo é preciso ter o cm a . o. 1zen o e ou r • . • tentação nem na armadilha de do rocesso de Orientação Profissional, sem catr, n~ ,' . , P • - b'l' conflitos e angustias que so podenam ser trabalha-fazer mtervençoes que mo 1 izam. , . dos no tempo e no espaço de um tratamento psi~olog!co. ~ . o impasse que os pais de Felipe criaram fm mediado pela coordenaçao, precisa- mente a partir da indagação sobre a hipótese que foi lev_antada. Ressaltando as_ supo- sições e os dados registrados no documento que l_hes foi entregue, f~ram convidados a refletir sobre a possibilidade de estarem com dificuldade para aceitar uma ~scolha que contrariava as suas expectativas. Esse tipo de questão, no nosso entendimento, evita o deslize para interpretações sobre problemas psicológicos que extrapolam a finalidade desse trabalho; confronta os pais com o seu desejo e com o desejo do filho, colocando o foco na escolha profissional. Do lado dos pais, favorece a visão de que, ao pensar diferente, o filho, necessariamente, não os estaria afrontando. Do lado do jovem, a percepção sobre seu direito de pensar e de fazer escolhas diferentes desvincula- se da fa_ntasia de_ que será punido, fracassará pela desobediência ou perderá a aliança e o ap010 dos pais . . O~ proces,sos_que conduzimos têm gerado escolhas adequadas que se revelam na ava~iaçao q~e e feita no final do processo, cuja ratificação ocorre na avaliação que é reah~ada dms ou tr~s anos após, com os jovens e com os pais, conforme ilustram os dep01mentos a segmr: "Você não sabe o bem que o Progr t , . h . mente ct·, . ama ez ª mm ª filha. Ela se posicionou completa-. . 11erente a partir de então. Seu inv f - " . . . mc1sivo: tem participado d . ~s ime~t? na formaçao academica ficou mais curado se articular com et pesquisas, f~lto estagios logo no início do curso, tem pro- pro essores considerados sérios etc " "E , . sse Programa ajudou bastante. O modo de nosso perfil às profissões vai p . . d _ord~nar os dados, de fazer a articulação de quer A' d · ermitm o a nos d1s · · · Ju a, Inclusive a lid cnmmar o que se quer e o que não se nossa tr · , · ' ar com algumas dific Jd d a.Jetona profissional." u a es que teremos de enfrentar na "Fiquei impressionada com . . do no primeiro . a determmação de me filh - . não qu1·s . vestibular. Passou em out u t o. Nao passou no curso escolh1-mgressar p , ro curso em . re1ere ficar estudando , uma segunda faculdade, mas ele para tentar novamente". Orientação Vocacional Ocupacional 99 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBERT!, S. Esse sujeito adolescente. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1996. CORSO, M.; CORSO, D.!-,. 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