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PROJETO ATUALIZADO 1

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FARIAS BRITO
ANA CLÉSSIA DE SOUZA NASCIMENTO
ANTONIA AUDERLENE PINEO OLIVEIRA
MAIRA LIMA DE VASCONCELOS
REBECA CARVALHO DOS SANTOS
SARA DENISE MATOS GOMES
DEPRESSÃO E A RELAÇÃO COM O SUICÍDIO NA ATUALIDADE
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA CLÍNICA
FORTALEZA-CE
2019
ANA CLÉSSIA DE SOUZA NASCIMENTO
ANTONIA AUDERLENE PINEO OLIVEIRA
MAIRA LIMA DE VASCONCELOS
REBECA CARVALHO DOS SANTOS
SARA DENISE MATOS GOMES
DEPRESSÃO E A RELAÇÃO COM O SUICÍDIO NA ATUALIDADE
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA CLÍNICA
Projeto apresentado no Curso de Psicologia do Departamento de Psicologia no Centro Universitário Farias Brito.
Orientador (a): Yguatyara de Luna Machado
 FORTALEZA-CE
2019
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mortes por suicídio no Ceará, entre 2010 e 2018
Figura 2 – Taxa de mortalidade por suicídio em diferentes países.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CID - Classificação Internacional de Doenças
DATASUS - Departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil
DSM 5 - O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ou DSM-5 é um manual diagnóstico e estatístico feito pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais.
OMS - Organização Mundial da Saúde
TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................	5
2 JUSTIFICATIVA........................................................................................................	7
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................	8
3.1 Depresssão e sua relação com o suicídio...................................................................	8
3.2 Depressão como destaque..........................................................................................	9
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS.............................................................................	12
4.1 Sofrimento.................................................................................................................	12
4.2 Psicopatologia atual..................................................................................................	13
4.3 Impacto da tecnologia na sociedade corriqueira.....................................................	14
4.4 Intervenções e contato com os fenômenos da dor...................................................	16
5 METODOLOGIA.....................................................................................................	18
6 CRONOGRAMA......................................................................................................19
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................20
8 REFERÊNCIAS........................................................................................................21
9 ANEXOS....................................................................................................................23
10 GLOSSÁRIO............................................................................................................24
 
 
1. INTRODUÇÃO 
	Pesquisas recentes mostram que o suicídio vem sendo uma das maiores causas de morte no mundo, mais especificamente entre jovens. O fenômeno é considerado um desfecho complexo de várias dimensões e decorre da interação entre vários fatores. A relação entre doenças psicológicas e suicídio vem sendo fortemente estudada. Entre os diagnósticos psiquiátricos clínicos relacionados ao suicídio, depressão maior se destaca. A palavra "Depressão" é utilizada em dicionários médicos desde 1860, referindo-se a sintomas de diminuição de ânimo e aumento de angústia que afetava as pessoas naquela época. (BARBOSA; MACEDO; SILVEIRA, 2011).
	 A sociedade geralmente quando o assunto é suicídio tem silenciado ao longo dos anos como autoridades responsáveis, profissionais de saúde e familiares, camuflando assim um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo Botega (2002). O fato é que este silêncio não ajuda, é preciso abordar o suicídio de forma responsável e realista, para ajudar na prevenção.
 Para enfatizar o assunto em questão é fundamental lembrar que a literatura nos mostra que a associação entre suicídio e transtornos mentais é de quase 100%. Entre esses transtornos associados ao ato do suicídio, a depressão tem o maior destaque. A ideia de cometer o ato como um desfecho para uma história de um sofrimento muito profundo, de um quadro de depressão aguda, ou até mesmo um ato de desespero insano.
	Segundo FREUD (1915), emerge à discussão sobre a dificuldade que é a compreensão e a abordagem destas pessoas no desenrolar de suas tramas pessoais, além das dificuldades de detecção de sinais de desesperança, dos pedidos de ajuda, verbais e não verbais comuns frente ao surgimento do desejo de morte e da própria ideação suicida. A morte voluntária (suicídio) assusta ainda mais, pois contraria, inquieta e deixa um incômodo no ambiente onde é revelada, suscitando ideias, sentimentos e fantasias de conteúdo terrorífico. Para a psicanálise freudiana, nós não acreditamos na nossa própria morte, escondendo no inconsciente a crença pela imortalidade. 
	A desinformação e falta de conhecimentos a respeito de atitudes autodestrutivas no que tange parte de profissionais da saúde podem ser ainda mais prejudiciais, pois os indivíduos que sofrem com a ideação suicida sentem-se incompreendidos, agravando mais o sofrimento, desse modo, o auxílio da família em detectar os comportamentos apresentados por esses indivíduos torna-se algo fundamental para evitar que o ato se concretize. Nesse contexto, comportamentos como: isolamento, ações ou ideações autopunitivas, palavras que enunciam o desejo desistência da vida; são maneiras clássicas que denunciam um futuro ato. Assim, é de demasiada importância detectar se há sinais de depressão e de ideação suicida e tratá-las por meio de terapia e medicação, a fim de evitar atos prejudiciais. (BARBOSA; MACEDO; SILVEIRA, 2011).
Ainda quanto à prevenção do suicídio, outro aspecto a ser discutido são os serviços de saúde e seus profissionais, que atendem pessoas por tentativa de suicídio, e que não costumam acompanhar esses pacientes pós-evento, negligenciando a importância vital do encaminhamento para serviços de atenção em saúde mental para tratamento e orientação dos familiares. Cerca de 15 a 25 % das pessoas que tentam suicídio, tentaram se matar no ano seguinte e 10 % efetivamente conseguem se matar nos próximos 10 anos.
	O presente estudo busca identificar, com ênfase em questões da atualidade, a relação da depressão com o suicídio, bem como ressaltar suas causas e seus efeitos nas questões do nosso dia a dia. Contribuindo assim com a prevenção do ato em si e o desenvolvimento de estudos específicos sobre o tema. Suicídio no latim significa matar a “si próprio”, é um ato intencional de tirar a sua própria vida. Consiste em uma espécie de fuga numa entrega a uma busca infinita dos porquês sendo um pensamento emergente sobre quais sentimentos, lacunas ou mistérios permeiam aquela existência.
	 Entretanto, surgem muitos questionamentos, como por exemplo, o que pode ter acontecido com aquela pessoa para ela desistir da sua vida e se matar, etc. Isto nos leva a uma busca por estudos e pesquisas mais aprofundadas no assunto para adquirir respostas no intuito de prevenir esses possíveis atos e amenizar as questões do sofrimento e a sensação de indignação e inconformismo que fica depois de alguém ter decidido por um fim na sua própria existência. (BARBOSA; MACEDO; SILVEIRA, 2011).
2. JUSTIFICATIVA 
A importância pela qual o tema em si foi escolhido será a escassez que a população possui diante dessa doença, transformando em uma educação com o olhar mais psicossocial e menos preconceituoso, quebrando assim os paradigmas.
É de suma responsabilidade abordaresse assunto em todos os espaços sociais e atingir o máximo de conhecimento em todas as idades e classes sociais, podendo aumentar a qualidade de vida das pessoas e ensiná-las como intervir em abordagens suicidas, esclarecendo os tabus e sensibilizando a sociedade pela a causa. 
Desse modo, existindo a contribuição para a diminuição dos dados estatísticos, que apresentam nos últimos anos o aumento de suicídios por falta de apoio político e social, dificultando o tratamento adequado.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
3.1 Depressão e sua relação com o suicídio 
Embora não exista nenhum acontecimento ou circunstância que possa prognosticar o suicídio, existem certas vulnerabilidades que tornam alguns indivíduos mais propensos a cometer esse ato do que outros. Dentre essas vulnerabilidades, encontram-se outras doenças mentais, entre elas o transtorno depressivo, assim apontado pela Organização Mundial de Saúde (2000) como responsável por 30% dos casos de suicídio relatados em todo o mundo. De acordo com Corrêa e Barrero (2006), a relação entre suicídio e depressão é pequena, a ponto de aquele ser, ainda hoje, considerado por muitos um sintoma ou uma consequência exclusiva de cada um. De fato, a importância da associação entre um e outro é um dos dados mais conhecidos e replicados.
Além disso, o comportamento suicida é frequentemente considerado um dos sintomas característicos, senão específico, da depressão, mesmo nos grandes sistemas. Nos gráficos de classificação, como o CID 10, ou em escalas e inventários internacionalmente conhecidos para avaliação dos sintomas depressivos, como o inventário de depressão de Beck. De acordo com Salomon (2001, p. 17) no seu livro: “O Demônio do meio Dia” a experiência da depressão é uma decadência que devasta o nosso ser e leva embora nossa essência:
[...] “Experimentar a decadência não é agradável, ver-se exposto às devastações de uma chuva quase diária e saber que está se transformando em algo débil, que uma parte de si cada vez maior vai pelos ares com o primeiro vento forte, transformando-o em alguém cada vez menor”. 
Embora haja uma ineficiência dos dados específicos sobre indivíduos que cometem suicídio, as pesquisas demonstram que de fato a patologia pode influenciar de maneira intrínseca a prática. Contudo os principais sintomas da depressão sempre são associados aos comportamentos suicidas, pois dizem respeito a degradação da autoestima, incapacidade, frustação, dentre outros. Todos os prognósticos podem ou não estarem presentes no princípio do transtorno, mas posteriormente a depressão toma proporções maiores, até a perda de sentido de vida presenciada pelo sujeito. 
Em O Suicídio, obra escrita por Émile Durkheim é enfatizado a influência do transtorno depressivo sobre o ato do suicídio, quando define os tipos de suicídio nos estados psicopáticos. Segundo o autor o suicídio melancólico, está relacionado em sua maior parte a um estado de depressão maior, de excessiva tristeza, que faz com que o indivíduo já não consiga mais admirar de forma saudável interpessoais e o meio que o rodeia. De acordo com Salomon (2001, p.19) na obra: “O Demônio do meio Dia” o transtorno depressivo já é apresentado como sendo um causado pela primeira experiência que temos quando somos arrancados do ventre:
[...] “A dor é a nossa primeira experiência de desamparo no mundo, e ela nunca nos deixa. Ficamos com raiva de sermos arrancados do ventre confortável e, assim que a raiva se dissipa, a depressão chega para assumir seu lugar. ”
3.2 Depressão como destaque
Durante o período década de 1990, segundo a Organização Mundial da Saúde, a depressão vem sustentando uma posição de evidência no rol dos problemas de saúde, sendo considerada a quarta doença que mais atinge a população do mundo. A depressão vem sendo resinificada de modo diferente com o passar dos anos desde seu surgimento, com a adoção de parâmetros, autores e escolas distintas que suscitam discussões com relação ao termo. De maneira leiga, o termo designa desde alterações psicológicas simples a perturbações psiquiátricas graves, podendo designar tanto um estado afetivo normal quanto um sintoma, uma síndrome, uma doença ou várias doenças (Coutinho, 2005).
A depressão surge como resultado de uma reclusão global da pessoa, e afeta o desempenho da mente, alterando a maneira como o indivíduo vê o mundo ao seu redor, vivenciando a realidade, entendendo as coisas e manifestando suas emoções. Desse modo, segundo Camon (2001), a depressão é considerada uma doença do próprio organismo, que afeta o ser humano na sua totalidade, sem que precise ocorrer o isolamento do psíquico, o social e o físico, afinal o indivíduo é um conjunto. Segundo Coutinho e Saldanha (2005), a sua manifestação acaba por refletir no relacionamento interpessoal do indivíduo, principalmente na estrutura familiar, e vem provocar, muitas vezes, situações de conflito e incompreensão.
 O Brasil está localizado na quadragésima posição no mundo com maior índice de morte de jovens entre quinze e vinte nove anos que tiram a própria vida. (SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE MORTALIDADE, 2017). O Ceará, é o estado que lidera com a maior taxa, dados apontam que o estado ocupa o quinto lugar no país 5.600 indivíduos que cometeram suicídio no Ceará. (DATASUS). Segue abaixo o gráfico mais recente que nos apresenta o cenário caótico sobre o número de casos no Ceará.
Figura 1 – Mortes por suicídio no Ceará, entre 2010 e 2018
Fonte: Sesa e MPCE, 2018
 Neste presente estudo, o suicídio é compreendido como o ato de pôr um fim à própria vida. Segundo, Durkheim, que define o suicídio como “todo o caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo praticado pela própria vítima, ato que a vítima sabia dever produzir esse resultado” (Durkheim, 2003, p.15)
 Segundo dados apresentados pela OMS (2000), a taxa mundial do suicídio está em torno de 16 pessoas a cada 100 mil habitantes, com alterações que variam entre sexo, idade e país. Considerando que as tentativas de suicídio sejam 20 vezes mais recorrentes do que o ato em si. De acordo com Pietro e Tavares (2005), observou-se um aumento de 60% nos números de suicídio nas últimas décadas, em um curto período de tempo, levando em questão os dados do mundo inteiro. 
Figura 2 – Taxa de mortalidade por suicídio em diferentes países.
Fonte: Organização mundial da saúde, 2014
O suicídio atualmente se sustenta na terceira posição entre os motivos mais frequentes de morte na população, sendo os jovens entre 15 a 44 anos, o grupo de maior risco. O percentual de mortalidade por suicídio, no Brasil, é estimado em 4,1 por 100 mil habitantes para a população como um todo, e está, para o sexo masculino, em torno de 6,6 por 100 mil e, para o sexo feminino, em 1,8 por 100 mil (Pietro & Tavares, 2005).
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
De acordo com os resultados do estudo, obtidos através da análise de conteúdo aplicado sobre a entrevista, verificamos a presença de 4 categorias: 1. Sofrimento; 2. Psicopatologia atual; 3. Impacto da tecnologia na sociedade corriqueira; 4. Intervenção e contato com os fenômenos da dor. Segundo Fontenelle 2008, o sofrimento emocional em nosso meio é carregado de sinais/marcas. 
As pessoas, muitas vezes têm vergonha de assumir suas angústias e aflições, que por vezes acreditam que a morte seria um alívio de seu sofrimento. A depressão tem características que podem ser uma patologia grave ou ser apenas um sintoma que o indivíduo esteja passando diante de alguma situação real de sua vida, há características que podem ser diagnosticados apenas como melancolia ou alguma outra patologia ligada a outra patologia.
 
4.1) Sofrimento
O sofrimento psíquico manifesta-se sob forma de depressão, tristeza e apatia que atingem o corpo e a alma Roudinesco (2000). Ele é decorrente de qualquer estado que desorganize o pensamento, inclusive a perda, segundo Bowlby (1993). De acordo com a pesquisa realizada por intermédio de uma entrevista com a professora Camila Pereira de Souzano Centro Universitário Farias Brito, foi possível refletir que há casos em que a depressão está vinculada a vários tipos de patologias como, transtorno bipolar, Borderline etc. Além disso, o comportamento suicida é frequentemente considerado um dos sintomas característicos, senão específico, da depressão, mesmo nos grandes sistemas. Nos gráficos de classificação, como o CID 10, ou em escalas e inventários internacionalmente conhecidos para avaliação dos sintomas depressivos, como o inventário de depressão de Beck. A maioria dos casos a depressão está fortemente ligada ao suicídio, segue trechos da entrevista:
Camila: "Eu acho isso uma coisa extremamente preocupante, acho que o suicídio ele está virando, está virando não, ele já virou há muito tempo, um problema de saúde pública, que deveria ter uma atenção muito maior por parte dos investimentos da área da saúde, inclusive por parte do governo e até mesmo por estímulo de pesquisa que eleve esse fator. ” eu acho esse tema muito interessante, eu até estava fazendo um artigo inclusive sobre essa relação e foi uma das coisas que apareceu como dado na minha pesquisa no mestrado a gente tem hoje alguns dados que comprovam uma aproximação muito grande, dados epidemiológicos que comprovam uma grande aproximação entre a depressão e o suicídio de acordo com a Organização Mundial da Saúde a OMS isso foi um dado estatístico que eles colocaram no ano de 2016, e existe uma incidência muito grande de suicídio em quadros depressivos, o que eles estipulam é que em 90% dos casos de suicídio realizados é que 90% desses casos são vinculados ao transtorno depressivo, então tem uma aproximação muito grande, por que se a gente parte do princípio de que na depressão a gente encontra uma ausência de sentido, inclusive pra vida a necessidade de se manter nesse plano, nesse mundo ela vai se esvaziando e essa condição de sofrimento ela é tão intensa que no suicídio o que a gente encontra muito frequentemente:
‘’ eu não aguento mais sofrer’’, então eu vou acabar com minha vida por que eu não aguento mais estar vivendo isso”, e a depressão ela traz uma potencialização muito grande do sofrimento então existe sim uma aproximação muito intensa entre os dois quadros.”
4.2) Psicopatologia Atual
Verificou-se nesta pesquisa que a Depressão é uma doença atual, que cresce na atualidade podendo assim atingir os indivíduos sem importar a idade. Apesar de a depressão ser considerada pela sociedade como ‘’ frescura’’ essa psicopatologia pode trazer grandes consequências e pode levar o indivíduo a morte. O estigma e o tabu relacionados ao assunto são fatores de extrema relevância. De acordo a OMS, (Organização Mundial de Saúde) desde a década de 1990, a depressão ocupa posição que se destaca nos problemas com aspecto de saúde coletiva, sendo assim considerada a quarta doença mais onerosa de todas as doenças em todo o mundo. Vamos ver trechos da entrevista sobre o diagnóstico:
Camila: “Então, como a depressão é um termo vinculado a um campo de um transtorno psiquiátrico pra gente poder fazer um diagnóstico a gente precisa tanto de uma elaboração de um diagnóstico ou psicológico ou psiquiátrico mas a gente e vai seguindo aquilo que foi postulado sobre o que é depressão que é como eu mencionei antes existe uma certa confusão no âmbito geral, onde as pessoas confundem depressão com outros sentimentos ou outras emoções na verdade a gente está falando de um transtorno de um quadro clínico que tem as suas específicas delimitações. O que a gente utiliza pra gente fazer essa definição diagnóstica são os manuais psiquiátricos e hoje existem dois tanto a CID 10 como a DSM 5 que é o mais atual e existe toda uma definição categorial de sintomas e do que é que a pessoa deve estar vivenciando e o que ela deve estar apresentando como quadro sintomatológico pra ser de fato considerada uma pessoa depressiva ou uma pessoa com transtorno depressivo, então é uma acurada elaboração diagnóstica e isso é necessário e é muito difícil por que a gente também conta muitas morbidades, então você pode ver sintomas muito parecidos mas na verdade não são, as vezes tem a necessidade de inserção de algum medicamento ou existe aproximação da depressão com outros quadros clínicos como transtorno bipolar que a depressão aparece mas não é só a depressão por que também tem os quadros maníacos, então assim, a depressão em si como qualquer outro transtorno psicopatológico pra gente puder identificar quando ela de fato surge a gente precisa fazer uma elaboração de um diagnóstico mas a precisão disso é muito delicado até muito modelos que é o mais utilizado hoje é o modelo médico psiquiátrico dessa elaboração diagnóstica ainda é muito falho para algumas questões né e a visão disso ela ainda se dá no contexto ainda muito biomédico.’’
4.3 Impacto da tecnologia na sociedade corriqueira 
Observamos na entrevista que existe um impacto da tecnologia nos quadros das psicopatologias. Poster e Shapiro (1999) apontam a tecnologia como campo de interação entre técnicas e relações sociais que reconfigura a analogia entre tecnologia e cultura. Brittos (2002) acrescenta que as tecnologias geram impacto econômico, político e sociais. As novas tecnologias podem trazer benefícios e prejuízos pelo fato de por um lado facilitam e por outro demandam a necessidade de um conhecimento maior para se ter acesso. Desse modo afastam os indivíduos do contato físico, trazer diferenças sociais à tona e as evidenciam com mais frequência de modo a mostrar que o poder está cada vez mais nas mãos de poucos. Todo dia as coisas, tudo se renova, pessoas envelhecem, coisas ficam ultrapassadas e com o passar do tempo a tendência é o aumento dessa evolução. É verdade que no nosso dia a dia as coisas tem acontecido muito rápido, precisamos que as coisas que comemos, vestimos, investimos, sejam feitas para ontem, por que o nosso ritmo pede velocidade, e não é interessante ficar à mercê do passado, nós sempre nós atualizamos em tudo que vamos fazer, e com essa rapidez, essa necessidade de ser antenado e ter tudo para ‘’ ontem’’, algumas pessoas podem desenvolver problemas psicológicos, podemos ver no trecho da entrevista:
Camila: “Eu acho que a gente poderia para ter uma resposta mais conclusiva ver o que é que tá dito no mundo das pesquisas a respeito dessa questão, o que é que estão identificando epidemiologicamente a respeito disso. O que eu percebo hoje é que eu não sei se chega a ter um aumento o que eu sei é que tem uma grande quantidade de pessoas que tem algum problema mental desse transtorno, nesse sentido que dificulta ou potencializa até a própria dinâmica de uma vida mais corriqueira, cotidiana, e isso traz problemas dos mais variados possíveis e eu sei que tem muitos estudos no campo da Antropologia, da parte mais cultural, social e etc, que atribuem também um peso de responsabilidade na qual a gente vive, né se a gente for parar pra pensar o nosso mundo é muito acelerado as vezes muito mais acelerado do que aquilo que a gente consegue dar conta, de viver e de lidar, você tem que estar hoje principalmente com ausência de botões nos celulares, com os milhões de aplicativos que a gente tem, com as milhões de obrigações que a gente tem pra dar conta, e a gente não pode desconectar nunca, você tem que estar sempre ligado e antenado em tudo que está acontecendo ao nosso redor por que se não você fica a margem, você fica distanciado do que está aflorando no mundo, então isso tem um impacto na forma que as pessoas vão vivendo e estabelecendo essas relações com o s outros e consigo mesma, partir do momento que eu tenho aplicativos por exemplo que me aproxima de pessoas que eu já não tenho contato físico, de proximidade a muito tempo eu posso também estar me distanciando das pessoas que estão do meu lado então isso traz problemas mais variados, a gente vive digamos assim numa sociedade muito fast food, é tudo muito rápido, comida tem que ser feita rápido, a forma como a gente se relaciona também é muito rápido até a gente não pode perder tempoapertando um botão é tudo deslizando nas telas, é 24 horas conectado, é como se a gente não tivesse mais a oportunidade de viver de uma forma mais sossegada por que o mundo exige da gente muita coisa então esse ritmo muito acelerado ele potencializa formas de funcionamento que combinem com isso , que a gente vê esse aumento de crianças com TDAH, que tem o funcionamento muito acelerado, a gente vê o crescimento de pessoas com transtorno bipolares, onde o movimento das crises de mania trazem essa aceleração também, quadros de ansiedade cada vez mais intensos, hoje na minha prática clínica acho que 90% dos pacientes que eu atendo tem uma questão com transtorno de ansiedade, por essa vinculação, por essa exigência da vida, da violência urbana nesse contexto social e cultural que a gente vive hoje, então acredito que tem uma influência que a gente precisa desenvolver um olhar crítico em relação a nossa forma de funcionar também numa sociedade que exige um funcionamento muito acelerado que pode ser adoecedor.’’
4.4) Intervenção e contato com os fenômenos da dor 
No decorrer da entrevista, foi possível notar que é de suma importância e necessidade o acompanhamento com um profissional no caso um psicólogo, pois o ambiente terapêutico tem o poder de minimizar o sofrimento do paciente. Nessa perspectiva, a depressão trata-se de uma patologia que torna-se cada vez mais comum tomando relevância epidêmica no âmbito de sociedade contemporânea, embora o diagnóstico seja algo complexo, pois também se avalia a subjetividade de cada indivíduo é possível ter êxito na maioria dos casos. Desse modo, os profissionais da área: psicólogos e psiquiatras, delimitam o uso de questionários para se obter um diagnóstico, assim o paciente dependendo do caso faz o uso de medicamentos em conjunto com a terapia.
Camila: “Eu não tenho como falar sobre isso sem entrar na minha prática, no meu olhar teórico sobre o que eu estudei na psicologia. Vocês sabem que eu parto de uma abordagem humanista fenomenológica, então, a forma que a gente trabalha com depressão ou com qualquer tipo de transtorno ela se dá de uma maneira muito parecida. A gente vai tentar acessar fenômenos de sofrimentos que o indivíduo traz na sua fala e a partir desse acesso às suas experiências ele entra em contato com as experiências dele e tem a possibilidade no processo terapêutico de reorganizar esse modo de funcionamento. Porque é um processo que demanda tempo, que demanda também um cuidado, que demanda um respeito do terapeuta em aceitar até onde o paciente está conseguindo ir e até onde ele não vai conseguir ir naquele momento, e não perder de vista o nosso objeto de estudo né, esse nosso campo de atuação, no meu caso no sentido do fenômeno que emerge da experiência depressiva. Só que o que acontece? Na prática clínica, a gente tem uma tradição, desde quando a psicologia surgiu como profissão aqui no Brasil a trabalhar de uma maneira muito isolada, então o psicólogo clínico fica na sua salinha, sozinho, atende o paciente, sai, vem o outro e assim por diante. Só que quando a gente entra e contato em casos mais delicados a gente não pode trabalhar só, a gente precisa de algum tipo de suporte. Então a gente parte de um princípio que é um tratamento conjunto. Eu posso necessitar de um acompanhamento médico para poder a ajudar a sair da depressão, da crise, mas o processo terapêutico é necessário como intervenção para que o meu paciente possa sustentar aquele lugar e reorganiza-lo. Quando a gente entra no fenômeno do suicídio a gente entra na ética, no código de ética do psicólogo, aquilo que é dito no insight terapêutico, não pode ser divulgado para mais nenhum outro lugar, fica entre o terapeuta e o paciente, isso é importante como instrumento para fundamentação de uma relação de confiança e o outro se sentir à vontade em falar sobre si mesmo no processo.
5. METODOLOGIA
Trata-se de um trabalho científico de Metodologia da Pesquisa do curso de graduação em Psicologia do Centro Universitário Farias Brito em 2019.2. O tema "Depressão e o Suicídio na Atualidade: Um relato de experiência na clínica” foi escolhido para elaboração deste trabalho. Foi utilizada entrevista semiestruturada com a professora Camila Pereira de Souza, formada pela Universidade de Fortaleza (Unifor). Pesquisadora integrante do laboratório de Psicopatologia e Psicoterapia Humanista. Fenomenológica crítica, atuante na área da Psicologia Clínica, com abordagem Humanista e professora do Centro Universitário Farias Brito. 
Foram selecionados leitura de artigos, segundo os critérios de multidimensionalidade do conteúdo (aspectos biológicos, psicológicos conscientes e inconscientes, interpessoais, sociológicos, culturais e existenciais). Também foram utilizadas as leituras de alguns livros especializados no assunto. Utilizamos a análise de conteúdo de Bardin (2009), para encontrar as categorias na entrevista.
A metodologia utilizada na pesquisa foi qualitativa de natureza básica, com fins de pesquisa explicativa por constituir fontes de primeira mão através de entrevista. Utilizamos o modo de pesquisa bibliográfica com o propósito de colher informações sobre o problema proposto. 
6. CRONOGRAMA 
	
	Agosto
	Setembro
	Outubro
	Novembro
	Dezembro
	1 Introdução
	
	
	
	
	
	2. Justificativa
	
	
	
	
	
	3. Revisão Bibliográfica
	
	
	
	
	
	4. Análise dos Resultados
	
	
	
	
	
	5. Metodologia
	
	
	
	
	
	7.Considerações Finais
	
	
	
	
	
	8. Referências
	
	
	
	
	
	9. Anexos
	
	
	
	
	
 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ato destrutivo de tirar a própria vida trata-se de um fenômeno complexo e que envolve inúmeros fatores internos e externos, no qual é presente de elementos biológicos, sociológicos e culturais, que dizem a respeito da própria existência. Nesse contexto, inúmeras condições estão atreladas como gatilhos que influenciam de maneira intrínseca no risco do suicídio, dentre eles: transtornos mentais, uso de substâncias lícitas e ilícitas somando a fatores socioeconômicos e eventos traumáticos, que também podem influenciar a prática do suicídio, tais como o luto, separação, declínio financeiro entre outros.
Atualmente no Brasil, pesquisas sobre dados epidemiológicos demonstram a importância em registrar a gravidade da problemática por vias de investigação populacional e assim podem concluir que partes da população tem maior risco. Desse modo, são avaliados: idade, sexo, presença de doenças psicológicas, ocorrência de algum ato de mutilação ou autodestrutivo.
No entanto, obtém-se poucos investimentos sobre o tema, ademais, o preconceito e resistência atrelados à desinformação tornam inviável a divulgação e discussão do assunto. Assim, é necessário esclarecer e divulgar o tema, pois essa prática auxilia na prevenção. Este trabalho propôs-se a trazer informações relevantes sobre esta complexidade que o assunto merece.
 
 
 
 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 4. ed. Lisboa: Edições70, 2009.
BECK, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F., & Emery, G. (1982). Terapia cognitiva da depressão. Rio de Janeiro: Zahar.
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BRITTOS, V. (Org). Comunicação, informação e espaço público: exclusão no mundo globalizado. Rio de Janeiro: Papel e Virtual, 2002.
CAMON, V. A. (2001). Depressão e psicossomática. São Paulo: Pioneira ThompsonLearning.
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CUNHA, J. A. (2001). Manual da versão em português das escalas de Beck. São Paulo: Casa do Psicólogo.
DURKHEIM, E. (2003). O suicídio.
FONTENELLE P. Suicídio - O Futuro Interrompido: Guia para Sobreviventes. São Paulo: Geração; 2008.
FREUD, Sigmund. Luto e Melancolia (1917 [1915]). In: A história do Movimento Psicanalítico, Artigos sobre a Metapsicologia e outros trabalhos (1914- 1916)
http://saude.gov.br/component/tags/tag/oms
http://www.mpce.mp.br/caopij/projetos/vidas-preservadas/conheca-vidas-preservadas/parceiras/sesa-ce/
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SHAPIRO, A. A revolução do controle: como a Internet está colocando as pessoas no comando e mudando a palavra que conhecemos. Nova York: A Century Foundation Book, 1999.
SOLOMON, Andrew, O demônio do meio-dia: uma anatomia da depressão /Andrew SOLOMON ; tradução Myriam Campello. — 2aed. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
TAVARES, LAT. A depressão como "mal-estar" contemporâneo: medicalização e (ex)-sistência do sujeito depressivo [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 371 p. ISBN 978-85-7983-113-3. Available from SciELO Books <
WERLANG BG, Botega NJ. Comportamento Suicida. Porto Alegre: Artmed; 2004.
9. ANEXOS
1. O que você pensa a respeito do suicídio? e na sua vinculação com a depressão. 
2. Como é possível diagnosticar a depressão?
3. Que fatores você acredita que levam o indivíduo a cometer o ato de tirar a própria vida?
4. Como se dá o processo de terapia com o paciente com depressão?
5. Qual o impacto da tecnologia e da vida corriqueira no indivíduo contemporâneo?
10. GLOSSÁRIO
Antropologia - A antropologia é a ciência que tem como objeto o estudo sobre o ser humano e a humanidade de maneira totalizante, ou seja, abrangendo todas as suas dimensões.
Biomédico - Que atua no campo de interface entre biologia e medicina, voltada para a pesquisa das doenças humanas e seus fatores ambientais com o objetivo de compreender as causas e efeitos.
Borderline - Transtorno mental caracterizado por humor, comportamentos e relacionamentos instáveis.
Epidemiológico - Epidemiologia a ciência das epidemias, propõe-se a estudar quantitativamente a distribuição dos fenômenos de saúde/doença, e seus fatores condicionantes e determinantes, nas populações humanas.		
Fenomenológico - Metodologia e corrente filosófica que afirma a importância dos fenômenos da consciência, os quais devem ser estudados em si mesmos.

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