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AULA 5

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AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
LEGITIMIDADE DOS INSTRUMENTOS – 
MEDIR OU AVALIAR
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Identificar a evolução histórica da avaliação como prática para verificar o rendimento do aluno;
2- Reconhecer que somente a aplicação de provas e testes não basta para exprimir e revelar a real aprendizagem
do aluno;
3- Relacionar avaliação e medida como uma possibilidade de se comparar resultados com uma escala desejável
de desempenho;
4- Estabelecer a validade dos questionários aplicados a alunos, professores e diretores durante a realização dos
exames nacionais.
1 Introdução
Nesta aula, vamos apresentar os argumentos necessários ao entendimento do processo avaliativo enquanto uma
política pública de educação que se utiliza de instrumentos que possibilitam estabelecer um conhecimento sobre
o rendimento do aluno e a qualidade do trabalho que é feito dentro das escolas brasileiras.
Ao mesmo tempo vamos discutir o processo de medir a aprendizagem do aluno na escola tradicional através de
notas e conceitos, graduando-os em uma escala de zero a dez.
2 Avaliação
Apesar do avanço nas teorias do conhecimento, por que ainda se mede a aprendizagem ou rendimento
do aluno através de notas?
A avaliação desenvolveu-se dentro do campo da Psicologia e foi inicialmente utilizada por pesquisadores
preocupados em estudar as capacidades mentais e físicas de alunos. Medir a performance dos alunos em testes
de aptidão ou inteligência.
De acordo com Dias Sobrinho (2003) a avaliação é um processo muito antigo, pois há mais de 2 mil anos a China
já fazia exames de seleção para os serviços públicos.
No século XX, a indústria se amparou da avaliação para apreciar os resultados da gestão de seus recursos
humanos. Na indústria, teve ainda larga aplicação para identificar as competências e a seleção de pessoal para
assumir cargos de chefia ou admissão para tarefas específicas.
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Porém, na Educação ela foi mais amplamente aplicada como prática política e pedagógica.
3 Evolução educativa
Dias Sobrinho (2003) argumenta que nem sempre é possível atribuir datas exatas aos fatos e que ele vai
apresentar as tendências e as marcas mais importantes que se sucederam através dos anos até chegar ao que
conhecemos hoje como avaliação educativa (p.16).
Assim ele demarca, com base na periodização de Stufflebeam e Shinkfield, que existem os seguintes períodos de
avaliação.
• Primeiroperíodo
Denominado de pré-tyler, compreende dos últimos anos do século XIX até as 3 primeiras décadas do 
século XX com a principal característica de se pautar em elaboração e aplicação de testes. Nesse período, 
avaliação e medição são conceitos intercambiáveis, claramente inseridos no paradigma positivista e se 
centram na determinação das diferenças individuais “Avaliação confunde-se com medição e se insere 
basicamente no campo da Psicologia” (p.16).
• Segundoperíodo
Iniciou pelos estudos de Ralph Tyler (1934), considerado o pai da avaliação, porque foi o primeiro a se 
utilizar da expressão avaliação educacional, deslocando o foco para os objetivos educacionais e o 
currículo. A sua principal característica é estar pautado no paradigma de racionalização científica da 
Pedagogia por objetivos. “A avaliação deveria, pois, determinar de forma experimental se os estudantes 
individualmente eram capazes de demonstrar, ao final de um processo de ensino, os objetivos previstos 
e declarados” (p.19). Pode-se deduzir que no período não há uma equivalência entre avaliação e medida.
• Terceiroperíodo
Foi denominado de era da inocência (1946 a 1957) tendo como principal característica o descrédito da
avaliação e da própria educação. (p. 21)
• Quartoperíodo
Foi denominado de realismo (1958 a 1972). A avaliação recebe destaque do Governo americano
passando a ser usada como instrumento de medir custo/benefício e de prestação de contas aos pais dos
alunos. “Essa etapa se caracteriza pela realização de muitos trabalhos práticos na área, já não seguindo
apenas a orientação positivista e quantitativista, mas também enfoques naturalistas ou fenomenológicos
e qualitativos” (p. 22).
• Quintoperíodo
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Ficou conhecido como período do profissionalismo (1973). Caracteriza-se pela profissionalização da
avaliação e por ser sido transformado em um importante objeto de estudo, resultando em uma vasta
produção teórica e na difusão de cursos de avaliação, de seminários e congressos na área. A avaliação
ganha importância. O trabalho avaliativo desloca-se da análise dos objetivos para a análise da decisão a
ser tomada após o término do processo avaliativo. Existe uma tendência de valorização da abordagem
dos aspectos qualitativos (p. 23).
Saiba mais
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Concluindo esse tópico onde resumimos os momentos pelos quais passou a avaliação, podemos dizer que a
influência na avaliação objetivista não findou. Encontramos ainda, em execução em estados e municípios,
Clique aqui e veja mais sobre o período do profissionalismo.
Período do profissionalismo
O período do profissionalismo foi gestado a partir do final dos anos 1960, quando se passou a
perceber que a avaliação centrada em objetivos, nem sempre de fácil identificação e
mensuração, não dava conta de demonstrar a riqueza dos processos ocorridos e “nem para
realizar os diagnósticos de políticas complexas” (p. 24).
Dias Sobrinho (2003, p. 24) esclarece que nesse período, a avaliação foi caracterizada como um
julgamento de valor e que: “Scriven (1967) define explicitamente a avaliação como um
processo pelo qual se determina o mérito ou valor de alguma coisa”. Segundo ele, a partir
desse momento, a avaliação passa a considerar as entradas, o contexto, as circunstâncias, o
processo e a se preocupar com a melhoria de cada etapa e especialmente do ensino, com que a
escola seja eficaz na realização de sua função social.
Assim é que o autor (Dias Sobrinho, 2003) ressalta a importância desse momento para o
avanço de uma postura onde a medida era a tônica do trabalho avaliativo para uma atitude
mais abrangente que refletisse a complexidade social envolvendo a tarefa de educar,
agregando-se os fatores externos como relevantes nos estudos da escola, dos sistemas
educacionais:
“A avaliação se torna cada vez mais complexa à medida que considera insuficientes os
procedimentos meramente descritivos e reclama a consideração de aspectos humanos
psicossociais, culturais e políticos, onde não há consensos prévios e os entendimentos
precisam ser construídos.” (p. 27)
A avaliação ganha uma conotação política e se insere no contexto sociocultural de uma
comunidade e passa a ser utilizada de forma mais democrática, participativa, valendo-se de
novos instrumentos para dar conta de realizar uma análise também dos aspectos sociais e
culturais das escolas e de seus alunos.
O autor destaca que a mudança de paradigma da avaliação coincide com a mudança do
entendimento do que seja aprendizagem: “já não mais entendida como mudança de
comportamento, e sim como construção de significados.” (Dias Sobrinho 2003, p.28)
Em seu estudo, que não poderemos analisar em toda a sua riqueza nessa aula, ele detalha
alguns aspectos que nos interessam ressaltar, resumindo-os assim:
A valorização da perspectiva política da avaliação enfatizará o valor da participação, da
negociação, levando em conta a existência de conflitos de interesses na concepção do modelo
de avaliação a ser utilizado;
São muito utilizadas ainda hoje pelo governo as provas de medida de rendimento dos alunos e
são considerados para o estabelecimento de políticas, os indicadores quantitativos que elas
apontam;
O reconhecimento da importância de se considerar, na elaboração dos instrumentos de
avaliação, os aspectos culturais e a diversidade existente entre os grupos sociais e a influência
na percepção dos fatos, pelos diferentes sujeitos, envolvidos no processo avaliativo;
Os testes padronizados como instrumento de regulação e controle pelo Estado para garantir o
cumprimento das obrigaçõesde escolas e sistemas educacionais;
Há uma dimensão formativa no processo de avaliação das instituições educacionais porque o
objetivo é o aperfeiçoamento da ação pedagógica e a garantia da qualidade do ensino.
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projetos que se respaldam em instrumentos que medem o rendimento do aluno em uma escala numérica (de 0 a
10) quantitativista, medindo a eficiência da escola no sentido da aprovação dos alunos em exames ou concursos
públicos como o vestibular.
Ao relacionar os períodos tínhamos como objetivo traçar uma linha no tempo, demarcando os principais
momentos que determinaram o avanço da avaliação como uma área específica do conhecimento onde existe um
saber resultante dos estudos e aplicações práticas de pesquisadores que se dedicaram a entender a prática
avaliativa para muito além do seu sentido de medição.
Você entendeu a complexidade que envolve o ato de avaliar? Reflita sobre esse assunto.
4 Avaliar ou medir?
A seguir, vamos tentar entender a relação existente entre avaliar e medir. Com base nas ideias existentes no
texto de Romão (2001), podemos examinar a diferença que há entre a medida e a avaliação.
4.1 Medida
Podemos entender que a medida resulta do esforço despendido para dimensionar de forma exata o rendimento
do aluno. Baseia-se nos aspectos quantitativos da sua aprendizagem.
Assim, Romão (2001) diz que: “a medida, enquanto tentativa de constatação exata das dimensões do
desempenho do aluno predominou nas primeiras tentativas e em várias décadas da trajetória da avaliação nos
sistemas educacionais” (p. 72).
Inicialmente, os estudos eram realizados no campo da Psicologia Experimental com o objetivo de identificar as
mudanças do que era denominado de comportamento observável. Havia uma preocupação com a objetividade e
o controle das variáveis intervenientes que poderiam enviesar o experimento.
Qual é a importância de destacarmos esse pensamento do autor?
Quando ele fala em tentativa de constatação do desempenho do aluno, nos leva a pensar que esse momento foi
importante como ponto de partida da avaliação para nos permitir elaborar um conhecimento que permitissem
analisar outras dimensões não menos importantes que os acertos e os erros dos alunos como determinantes da
sua aprendizagem.
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Romão (2001, p. 73) chama a atenção para o fato de que a medida tem o seu lugar no processo de avaliação e que
“... com o devido cuidado, a medida tem de ser retomada nas considerações sobre avaliação da aprendizagem”.
Dar ao aluno a dimensão da sua capacidade para solucionar problemas e de usar a linguagem escrita ou oral para
se expressar vai possibilitar a ele, identificar o seu desempenho, portanto saber as notas nas provas e identificar
os próprios erros o ajudará na sua trajetória pessoal.
Essa escala de valores deve ser construída pelos participantes do processo avaliativo e servirá de base para o
entendimento dos avanços realizados pelos alunos em seu processo de construção de conhecimento, atitudes e
valores.
Saiba mais
Clique aqui e veja mais sobre medida.
Medida
Quando ele fala em tentativa de constatação do desempenho do aluno, estamos nos referindo
aos condicionantes sociais e culturais que normalmente influenciam a capacidade do aluno em
aprender, porque revelam as fragilidades de suas vivências e visão de mundo e determinam as
suas expectativas com relação a seus próprios talentos e possibilidades futuras.
Essa influência existe ainda hoje, pois os currículos estão organizados em competências e
habilidades que o aluno deve adquirir ao final de um ciclo escolar como o ensino fundamental
ou médio e esses pressupostos é que são considerados nos exames nacionais.
Houve uma época que o exagero da medida era tentar identificar a quantidade de informações
absorvidas pelos alunos, o que até hoje, segundo Romão (2001) continua acontecendo na
escola brasileira.
Por outro lado, a reação promovida contra a medida levou a prática avaliativa a adotar um
comportamento subjetivista onde se cobrava aspectos ligados à opinião pessoal do aluno, sem
muito rigor na cobrança dos conteúdos historicamente acumulados.
Romão (2001, p. 73) esclarece ainda que para os defensores da objetividade “medida consiste
em um processo de associação numérica a determinados fenômenos. Ou seja, medir significa
comparar grandezas de mesma espécie, tomando-se uma delas como unidade”. Muitos não
aceitam que na avaliação também teremos que considerar aspectos quantitativos e medi-los.
Essa definição de medida pode ser comparada com outros conceitos defendidos pelos que
acham que o mais importante é avaliar considerando os aspectos qualitativos.
Para exemplificar podemos retomar o conceito de Luckesi (2000, p. 69) porque foi analisado
em nossa primeira aula.
Só para lembrar, ele afirma que avaliar é estabelecer “um juízo de valor sobre dados relevantes
tendo em vista uma tomada de decisões” onde devemos sempre ter uma escala de valores para
medir e comparar para que o processo avaliativo seja feito dentro de um padrão fidedigno e
resulte em uma transformação e superação das falhas encontradas.
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Saiba mais
Clique aqui e conheça as características da medida.
Características da medida
Ao usar os instrumentos de medida temos que observar certas características que nos
garantem estar medindo para produzir informações que comprovem os conteúdos já
dominados e incorporados pelos alunos ao seu conhecimento, sabendo usá-los no momento
certo para solucionar novas situações propostas.
Esse fazer não é fácil e requer do professor o domínio dos conteúdos curriculares, dos
objetivos que deve atingir e um bom conhecimento das capacidades e habilidades já
desenvolvidas por seus alunos.
Nesse momento, por situações diversas que tornam precária as condições do exercício da
profissão docente, os professores são levados a aceitar várias frentes de serviço e se
desdobram trabalhando em duas escolas diferentes com turmas numerosas e sem a
infraestrutura básica para tornar as suas aulas mais atraentes, o que também dificulta o
prosseguimento de seus estudos em outros cursos além do que já possui.
Mesmo consciente dos problemas apontados no parágrafo anterior cabe ao professor garantir
a aprendizagem do seu aluno assim como, saber avaliar sem atribuir ao aluno seus problemas
e dificuldades. Para isso ele precisa ter consciência que, avaliar apenas considerando os
resultados de uma prova objetiva, pode condicionar a sua visão a pontos parciais e distorcidos
da verdadeira aprendizagem do aluno. Deve tomar cuidado com a escolha das questões das
provas porque se o seu aluno for apenas treinado para marcar a resposta certa em outra
situação, ele pode ficar prejudicado.
Romão (2001, p. 78-80) apresenta as características que devem ser revestidos os instrumentos
utilizados para medir o rendimento do aluno.
Na avaliação institucional são utilizados os exames nacionais para verificar o desempenho dos
alunos da educação básica e da educação superior. Vamos entender e resumir as questões
propostas pelo autor que definem os cuidados a se adotar quando da escolha e construção dos
instrumentos de medida.
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4.2 Avaliação
De acordo com Romão “Em seu sentido restrito, a avaliação da aprendizagem é o procedimento docente que
atribui símbolos a fenômenos cujas dimensões foram medidas, a fim de lhes caracterizar o valor, por
comparação com padrões prefixados.” (2001, p.80)
E devemos saber por que é importante comparar?
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Qual é o nosso objetivo ao comparar?
Por que tenho que ter padrões prefixados?
O autor se faz as seguintes perguntas:
Que tipo de medida eu posso usar na verificação do rendimento escolar?
Em que sistema numérico se enquadra as notas dadas pelos professores a seus alunos?
Então ele faz uma afirmação que interessa a todos os alunos. O sistema que mais parece se aproximar é o das
ordenações que não possuem o zero absoluto e nem intervalos uniformes.
Sobre os intervalos entre as notas Romão diz que: “Os intervalos entre as diversas notas não são uniformes,
porquenão é possível estabelecer uma rígida regularidade entre os graus crescentes de dificuldade das situações
problemas ou questões formuladas, nem estabelecer rígidos limites entre as qualidades das respostas.” (2001, p.
75)
O que esse sistema pode significar para nós, professores e alunos?
Que o zero não poderia ser dado a aluno nenhum.
O que parece caracterizar essa situação da atribuição do zero é o fato do professor não reconhecer como válido
os conhecimentos que o aluno possui e traz da sua experiência familiar ou comunitária.
É muito lógico, pois dificilmente o aluno pode ser totalmente vazio de conteúdo. Pode não saber os conteúdos
que o professor cobrou na prova, mas deve ter aprendido algo sobre o significado da sua condição social e
política, aprendeu a conviver e a se expressar, embora possa ter erros de ortografia ou de concordância.
Quando aplicamos uma prova podemos medir, constatar os erros e acertos dos alunos, somente em relação ao
conteúdo cobrado. Não podemos afirmar que ele nada sabe sobre aquele assunto.
Várias são as possibilidades que podem ter levado o aluno ao erro. Como também não podemos deduzir de um
número grande de acertos em uma prova, em um teste, que o aluno tem conhecimento integral do tema tratado.
O professor Romão estava se referindo ao fato que fica difícil tomar como representativo da aprendizagem do
aluno a nota. Mesmo se considerarmos a possibilidade de uma prova objetiva, com resposta única, sempre a
escolha da pergunta a fazer ou a forma como ela será formulada vai ser influenciada pela subjetividade da
pessoa responsável pela elaboração da prova, por sua visão de mundo, sua concepção de educação.
Por outro lado, o aluno pode estar envolvido em uma situação de conflito ou de estresse emocional que o impeça
de ter um bom desempenho. Clique aqui e veja um exemplo sobre a influência emocional na realização da prova.
Para exemplificar podemos analisar a seguinte situação: um professor elabora a prova final com perguntas
objetivas sobre um fato histórico que desenvolveu na última aula. Uma aluna, de bom rendimento o ano todo,
conseguiu realizar apenas 4 das 10 perguntas feitas. Acertou as 4. Precisava de 4 para passar. Todos ficam
preocupados com ela. Ela fica tranquila porque conseguiu a nota que necessitava. Os colegas perguntam a ela o
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que houve. Ela responde: - “Perdi minha avó essa noite e não pude rever toda a matéria. Fiz as questões que
sabia e consegui passar.”
Depois ter lido o exemplo, a pergunta é:
Esse resultado representa a avaliação da aluna do ano todo? Claro que não.
Por isso pergunto a você:
As notas do Saeb ou do Enem representam todas as aprendizagens dos alunos na educação fundamental e na
educação básica?
O mesmo autor diz que:
Também o processo de verificação do rendimento escolar implica dois momentos: medir e avaliar. No primeiro,
tentamos, com mais ou menos objetividade, por meio de um instrumento adequado, “medir” o desempenho do
educando, isto é, simplesmente coletar e registrar seu desempenho: em seguida, “avaliamos” em sentido estrito
(...) (Romão, p.76)
Queremos com essa conversa apontar que a avaliação tem uma relação com a medida, mas ela é mais complexa,
pois devemos considerar outros fatores antes de formular um conceito de valor sobre a aprendizagem do aluno.
Por vezes somos surpreendidos com avaliações feitas sem nenhum fundamento, sem ter sido realizada uma
análise do que antecedeu na vida escolar do aluno e sem considerar o seu potencial para resgatar os conteúdos
que ainda não sabe. O próprio aluno que é reprovado não sabe dizer os motivos de ter fracassado.
Caso o aluno seja contestador, agitado, provocativo, o professor não tem generosidade com ele e exige mais dele
do que do aluno cordato, calmo, sem muitas perguntas para fazer.
No entanto, estamos todos a dizer que devemos fazer de nosso aluno um sujeito crítico, conhecedor de seus
direitos, construtor de sua própria aprendizagem, mas continuamos na escola a festejar os alunos que
concordam com as regras da escola e não contestam as ordens recebidas.
Então como posso medir e avaliar de forma que seja um processo contínuo de conhecimento do aluno?
4.3 A avaliação e a medida
Para entendermos a importância da avaliação do rendimento do aluno da educação básica ou superior é
necessário ter clareza sobre os significados atribuídos a esses conceitos: avaliação e medida.
Os exames nacionais realmente medem ou avaliam a aprendizagem do aluno?
Quais seriam os outros instrumentos que poderíamos usar para se ter uma noção mais exata do nível de
conhecimento que o aluno brasileiro tem demonstrado pelos resultados obtidos nas provas?
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Examinando os resultados divulgados podemos perceber que o primeiro fracasso é no baixo nível de leitura
demonstrado por nossos alunos e a sua incapacidade para elaborar um texto escrito com coerência mínima para
ser entendido o pensamento que deseja expressar.
O outro fracasso diz respeito às estatísticas apresentadas sobre o número de jovens que prosseguem os estudos
e completam o ensino médio. Os resultados do Enem dizem respeito a uma parcela insignificante de brasileiros
que aspiram prosseguir seus estudos em nível superior. A maioria dos jovens brasileiros possui apenas o ensino
fundamental.
O que estamos medindo com os exames nacionais?
A nossa incapacidade em reter e estimular os adolescentes e jovens na continuidade de sua
escolarização?
Reflita sobre essas questões.
5 Contexto social, econômico e cultural dos alunos: os 
questionários revelam a sua realidade?
Agora vamos analisar a possibilidade de, através dos questionários respondidos pelos alunos, reconhecermos
suas características socioeconômicas.
Nos exames nacionais, são considerados os dados revelados pelo formulário que o aluno e a escola
preenchem sobre as condições em que o aluno realiza os seus estudos?
Essa é a pergunta que podemos fazer.
Relatório Pedagógico: Todos os anos, o MEC faz um Relatório Pedagógico sobre os exames que aplica. Não
sabemos se a equipe que se encarrega de elaborar as provas consideram essas informações como importantes
para direcionar a escolha das perguntas que serão incluídas no exame do ano seguinte ou se desconsideram as
nuances e as matizes que certamente darão uma noção mais real de como o ensino acontece no país.
No site do Inep, encontramos os modelos de questionários aplicados aos alunos, professores e diretores, quando
da realização da prova do Saeb e Prova Brasil. De acordo com o Inep eles servem para coletar dados e revelam o
capital social e cultural dos alunos.
Os Questionários da Prova Brasil e Saeb servem como instrumentos de coleta de informações sobre aspectos da
vida escolar, do nível socioeconômico, capital social e cultural dos alunos. Professores de Português e
Matemática das séries avaliadas e os diretores das escolas, também são convidados a responder questionários
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que possibilitam conhecer a formação profissional, as práticas pedagógicas, o nível socioeconômico e cultural, os
estilos de liderança e as formas de gestão. Os questionários destinados aos professores e diretores são entregues
pelos aplicadores antes da realização do teste e devem ser recolhidos ao final da prova.
O aluno preenche o formulário no momento da prova. Pesquisando as perguntas feitas no questionário que o
aluno recebe para preencher podem nos ocorrer as seguintes questões:
Será que ele sabe dizer a faixa salarial da sua família?
Sabe dizer se os pais complementaram o ensino fundamental ou médio?
Talvez muitos não saibam prestar essas informações.
Saiba mais
Clique aqui e saiba mais sobre o formulário dos professores e diretores.
Formulário dos professores e diretores
Os diretores preenchem o questionário onde devem responder a questões sobre a própria
gestão e dificilmente se pode acreditar que, em um país de realidades tão diversas, teremos
uma forma de saber as diferentes posições dos sujeitos da avaliação ao responder.
Por exemplo, sobreo critério usado para a atribuição de turma aos professores devese
considerar que o diretor vai ficar confuso. Porque as opções apresentadas são variadas e a
escolha de uma delas vai depender de uma série imensa de possibilidades.
Uma possibilidade muito comum diz respeito ao fato de na escola pública o diretor nem
sempre conta com o número ideal de professores no início do período letivo. Vai ter que
conversar com alguns para aceitarem as turmas com aprendizagem mais lenta. Vai ter que
manter um professor em uma turma porque ele iniciou a alfabetização, mas não completou o
trabalho e deseja prosseguir.
Na escola pública, dificilmente se consegue ter um único critério. Então o diretor vai ter
dificuldade em responder. Ou pode escolher uma opção aleatoriamente.
Do mesmo jeito, os professores deverão responder às perguntas de acordo com o seu
entendimento da realidade existente na escola.
Vamos citar para ilustrar a questão da violência no espaço da escola. Uns podem entender que
a escola está inserida em uma comunidade de risco e outros relativizam e acham que nada tem
a ver com a escola o fato de haver alunos que são filhos ou parentes dos donos do tráfico.
Podem desconhecer até o ponto de venda de tóxico que abastece os usuários de substâncias
químicas.
De qualquer forma, esses aspectos não invalidam o levantamento dos dados, mas devem servir
como elemento na discussão dos resultados encontrados após a tabulação dos questionários.
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Prosseguindo, o site do Inep esclarece que “Na mesma ocasião, é preenchido pelos aplicadores dos testes um
formulário sobre a escola levantando dados sobre as condições de infraestrutura, segurança e condições dos
recursos pedagógicos disponíveis”.
Os elaboradores das provas são professores graduados com formação mínima em cursos de especialização e
geralmente com Mestrado e Doutorado, sendo escolhidos após processo seletivo realizado pelo Inep e terem
participado de treinamento passando a fazer parte do banco de colaboradores.
São convidados pelo Inep a realizar essa tarefa. A opinião deles sobre a realidade da escola, sobre as condições
dos alunos pode ser um relevante material para o MEC pensar e reavaliar as provas como instrumento válido
para dimensionar o rendimento do aluno e algumas perguntas dos questionários aplicados.
O Inep reconhece a importância dos questionários como possibilitador de futura análise do sistema nacional de
avaliação e acrescentam que: “O levantamento destes dados é fundamental para que a análise da Prova Brasil
possa levar em consideração o contexto dos alunos e da escola. Uma das possibilidades a partir destes dados é o
desenvolvimento de estudos dos fatores associados ao desempenho dos alunos”.
A Prova Brasil é aplicada aos alunos das escolas públicas de ensino fundamental e o Saeb é aplicado a uma
amostra de alunos das escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio). Esses exames são aplicados
de forma especifica e significam uma amostra, ou seja, por enquanto eles não atingem a totalidade dos alunos de
nosso pais.
Mesmo que, na citação anterior, se refiram apenas à Prova Brasil, podemos considerar que o questionário
preenchido no Saeb, embora seja um exame que é aplicado a uma amostra, também revela a situação
socioeconômica dos alunos participantes e serve como indicador de tendências.
Ele pode ser utilizado no processo de elaboração de novas ações e políticas de regulação dos sistemas
educacionais porque os relatórios são encaminhados para todos os estados e municípios para que eles possam,
mediante o estudo dos resultados, elaborarem políticas que visem à melhoria dos sistemas de ensino e da
educação.
Concluindo enfatizamos que não se sabe se os relatórios que o MEC/Inep tem encaminhado às autoridades são
motivo de análise e considerados quando da formulação das políticas públicas para a melhoria dos sistemas
educacionais e das escolas
Contudo, podemos perceber que alguns estados e municípios estão realizando os seus próprios sistemas de
avaliação do desempenho do aluno da escola pública com o objetivo de melhorar os seus indicadores
educacionais. Não se pode dizer ainda se esse movimento irá garantir a melhoria qualitativa do ensino no Brasil.
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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre:
• Interpretação e análise dos dados;
• A composição e a institucionalização do Índice de Desenvolvimento da Educação – IDEB - como 
instrumento para medir a qualidade;
• Efeitos do IDEB no currículo da educação básica.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Aprendeu que o campo da avaliação evoluiu (final do século XIX) de uma postura voltada para o ato de 
medir através dos objetivos do ensino para o entendimento dos aspectos qualitativos;
• Percebeu também que na avaliação sempre teremos que considerar aspectos quantitativos;
• Identificou as principais características que devem recobrir os instrumentos de avaliação do rendimento 
escolar;
• Aprendeu que o contexto em que vive o aluno deve ser considerado na avaliação de seu desempenho 
medido pelo Inep.
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	Olá!
	1 Introdução
	2 Avaliação
	3 Evolução educativa
	Primeiroperíodo
	Segundoperíodo
	Terceiroperíodo
	Quartoperíodo
	Quintoperíodo
	4 Avaliar ou medir?
	4.1 Medida
	4.2 Avaliação
	4.3 A avaliação e a medida
	5 Contexto social, econômico e cultural dos alunos: os questionários revelam a sua realidade?
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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