Buscar

Trabalho sobre Eutanásia

Prévia do material em texto

INTERESSADOS: Estácio
ASSUNTO: EUTANÁSIA
VOCABULÁRIO CONTROLADO: FILOSOFIA e ÉTICA
CLIENTES: Maggie Fitzgerald
PARECER Nº 01/2020.1
EMENTA: FILOSOFIA – ÉTICA - EUTANÁSIA
Menina de Ouro se passa em Los Angeles e foi lançado em 2004, conta a história de uma moça de nome Maggie Fitzgerald de trinta e poucos anos vinda do interior, Sul de Missouri. Maggie é pobre e trabalhava como garçonete desde os 13 anos de idade, tinha o sonho de ser boxeadora não apenas pelo sonho, mas por também querer sair daquela vida medíocre. Para realizar seu desejo, Maggie vai em busca de um treinador chamado Frankie Dunn o qual se recusou por não treinar mulheres e não acreditar em seu potencial. Ela não desiste, é determinada, com o objetivo de mudar sua vida custe o que custar, persiste até que o amigo Scrap o convence e ele cede, aceita treina-la sob a condição de aceitar o seu método de treino. 
Maggie economiza cada centavo para pagar ao ginásio e muitas vezes se alimenta de sobras dos clientes da lanchonete, para ela dificuldade não significa desistir, até que se machuca gravemente causando uma lesão que a deixa paralisada. Com apenas os movimentos dos olhos e da fala vê seu sonho acabar. Apesar de suportar sua mobilidade, quando fica sabendo da necessidade de amputar sua perna, o mundo para ela desaba e pede que seu treinador desligue os aparelhos que a mantém viva, nessa ocasião Frankie é forçado a tomar uma difícil decisão, mantê-la viva se sentindo inútil e infeliz ou cometer a eutanásia atendendo assim o desejo dela, se expondo a diversas variações de julgamentos éticos-morais a cerca desta problemática. Diante deste impasse tão dramático e delicado quem poderia julgar a decisão de Frankie, sendo ela contra ou a favor da decisão do direito a morte? 
Em caso de Eutanásia ou morte assistida, ocorre de acordo com a ética profissional e avaliação criteriosa de cada caso e em consenso com a família, é a ideia de poupar o paciente de uma vida infeliz, proporcionar alguém que sofre a escolha de não prolongar seu sofrimento.
Pedir a morte nem sempre significa querer morrer e sim sair daquele sofrimento, não querer viver sob aquele determinado sofrimento. Muitos pacientes quando bem cuidados, descobrem momentos extraordinários e passam a ver o mundo de forma diferente, enxergam o que antes não enxergavam pelo simples fato de não valorizar determinada coisa ou situação. Acelerar a morte, privaria de descobertas imprevisíveis da condição humana.
A Eutanásia sob um ponto de vista filosófico reflete sobre o sentido da vida. A morte é vista como uma ruptura, por isso enxerga-se a eutanásia como crime, suicídio. Partindo do princípio que o homem só é homem apenas quando cumpre e pratica sua humanidade essencial, na medida que é interrogado sobre sua existência, interroga-se também sobre a morte. Refletir sobre o suicídio assistido e eutanásia, nos leva a pensar na morte e no sentido da vida superficial. 
A discursão sobre a eutanásia nos remete a nossa própria existência, lançar mão da nossa civilização, costumes, cultura, princípios e valores religiosos.
Aristóteles parte da relação existente entre o Ser e o Bem, incidindo, na questão da variedade do Ser, pois para cada Ser deve haver um Bem, em conformidade à essência e natureza do seu próprio Ser. Dessa forma, quanto mais complexo for o Ser mais complexo será o Bem, apontando para a conclusão de que, segundo Aristóteles, a ética é finalista, ou seja, quais os fins que devem ser almejados para que o homem alcance a felicidade.
A ética da autonomia, longe de ser neutra, parte “de muitas tradições religiosas e também do ponto de vista dos fundadores da filosofia política liberal, Immanuel Kant”. Kant opõe-se ao direito de suicídio, o respeito pela autonomia implica em deveres para si mesmo, em tratar a humanidade como um fim em si mesmo. Ao afirmar que a moralidade não deva ser baseada em considerações empíricas, interesses, vontades, desejos, alicerçar a moralidade em interesses aniquila sua dignidade.
Particularmente, compartilho do mesmo pensamento que Kant, é dever manter a vida, obedecer a lei universal, e não a vontade da pessoa. Há de se levar em consideração que há possibilidade de que o ser humano, ainda que capaz, tenha sua percepção reduzida em virtude da sua condição de fragilidade e depressão. Logo, necessita de assistência afetiva, psicológica, médica e jurídica. 
Do ponto de vista filosófico, é o papel do Estado intervir e garantir direitos do cidadão, principalmente o direito à vida. Mais importante do que a aparência são as emoções, além do corpo. A mente é a “alma” da pessoa, e negar isso é negar o que há de mais profundo no ser humano e transformar em mero objeto. Uma pessoa não pode se tratar sozinha, ainda mais em um momento de enfermidade, frágil, deixar morrer pode ser difícil, mas ao mesmo tempo pode ser conveniente a depender da situação, disfarçar a morte em um pseudomoralismo de que se fez a vontade do outro. Há diversos direitos, mas há escassez do que é essencial: humanidade. Além do ponto de vista religioso em que se crê que a vida não termina na morte, apenas muda de plano espiritual. 
É o parecer. Não a Eutanásia
Recife, 08 de Maio de 2020
Renata Araujo
Fonte
ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo: Martin Claret. 2007.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Lisboa: Edições 70. 2005.

Continue navegando