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1 DIREITO TRIBUTÁRIO: ASPECTOS FORMAIS Garantias e Privilégios do Crédito Tributário . 1-REGULAMENTAÇÃO Artigos 183 a 193 do Código Tributário Nacional. As garantias são os meios jurídicos assecuratórios que o estado pode utilizar para receber a prestação do tributo. Os privilégios dizem respeito à posição de superioridade de que desfruta o crédito tributário, quando comparado com os demais créditos. 2-DISPOSIÇÕES GERAIS O artigo que inaugura o tema é o artigo 183 do Código Tributário Nacional, que possui a seguinte redação: Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao crédito tributário não exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das características do tributo a que se refiram.[...] Não taxativo. Quanto ao parágrafo único do artigo 183, tem-se que ele dispõe da seguinte forma: Art. 183. [...] Parágrafo único. A natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza deste nem a da obrigação tributária a que corresponda. Assim, o fato de o devedor ter garantido a execução fiscal com uma fiança, por exemplo -- instituto que é disciplinado pelo direito privado -- não altera a natureza do crédito tributário LEF 6.830/80 Art. 9º - Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, o executado poderá: I - efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure atualização monetária; II - oferecer fiança bancária; II - oferecer fiança bancária ou seguro garantia; (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13043.htm#art73 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13043.htm#art73 2 III - nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11; ou IV - indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública. § 1º - O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer bem imóvel à penhora com o consentimento expresso do respectivo cônjuge. O artigo 184 possui a seguinte redação: Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis. Por força desse dispositivo, responde pelo crédito tributário todos os bens do sujeito passivo, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, excetuados tão somente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis. Nessa esteira, é irrelevante, por exemplo, que o imóvel do sujeito passivo esteja hipotecado por uma dívida bancária (gravado por ônus real), porque isso não impede que ele seja excutido para satisfação do crédito tributário. O mesmo ocorre com o bem imóvel recebido pelo sujeito passivo em doação, no qual conste cláusula de impenhorabilidade. Embora essa circunstância impeça a sua alienação para satisfação de dívidas contraídas com particulares, não é óbice à penhora e arrematação para quitação de créditos de natureza tributária. Assim, apenas não podem ser penhorados os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis, do que são exemplos o bem de família, previsto pela Lei 8.009/90; e aqueles arrolados no artigo 833 do CPC, que colacionamos abaixo: Art. 833. São impenhoráveis: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor 3 e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; I X - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos; XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei; XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. (risco nosso) Observem que, no inciso I, riscamos o seguinte trecho: “declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução”. A razão repousa no fato de que, como mencionamos anteriormente, não se aplica ao crédito tributário a impenhorabilidade constituída por ato voluntário. O artigo 185 do CTN versa sobre a fraude à execução fiscal: Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa.(Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) Como se pode observar do dispositivo, o marco temporal utilizado pela Lei para caracterização da fraude à execução é a inscrição do crédito em dívida ativa, que ocorre antes mesmo do ajuizamento da ação de execução fiscal, conforme demonstra o gráfico abaixo. 4 Gráfico. De toda forma, como evidencia o parágrafo único do artigo 185, não é toda alienação após a inscrição em dívida ativa que se constitui em fraude à execução, mas tão somente aquelas que sejam realizadas sem que o devedor tenha reservado bens para o pagamento da dívida inscrita. Assim, por exemplo, nada impede que o sujeito passivo, contra quem paira dívida inscrita no valor de R$ 500.000,00, aliene imóvel no valor de R$ 700.000,00, desde que mantenha em sua propriedade bens cuja soma seja superior à dívida inscrita. FRAUDE À EXECUÇÃO FISCAL 1.obrigação tributária 2. crédito tributário 3-inscrição em dívida ativa ajuizamento da ação de execução fiscal 5-despacho citatório na ação de execução fiscal 6-penhora A PARTIR DA INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA A ALIENAÇÃO PODE ACARRETAR FRAUDE À EXECUÇÃO 5 Ainda quanto ao tema, é importante consignar que o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido da inaplicabilidade da Súmula 375 à fraude à execução fiscal : Súmula nº 375: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente. O fundamento é o de que, tratando-se de alienação realizada após a inscrição em dívida ativa sem que tenham sido reservados pelo sujeito passivo bens suficientes ao total pagamento da dívida, a presunção de fraude à execução é absoluta, sendo irrelevanteque o terceiro tenha adquirido o bem de boa-fé. Assim, se o devedor X, contra quem há dívida tributária inscrita no valor de R$ 200.000,00, vender a Y um imóvel de sua propriedade - sem reservar bens para garantir a integralidade da dívida - pode o fisco penhorar o bem transacionado e levá-lo a leilão para satisfação do seu crédito, sendo irrelevante a circunstância de o terceiro adquirente ter agido de boa-fé. Assim, o artigo 185 do Código Tributário Nacional exige cautela redobrada de quem adquire um bem – sobretudo quando for um imóvel - sendo importante a consulta acerca da existência de créditos inscritos em dívida ativa no nome do alienante. Por fim, dispõe o artigo 185-A do Código Tributário Nacional: Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) § 1o A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total exigível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que excederem esse limite. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) § 2o Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput deste artigo enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem promovido. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) Como se pode observar, três são os requisitos para que a indisponibilidade possa ser decretada: a) citação do devedor; b) ausência de indicação de bens à penhora pelo devedor; c) não terem sido encontrados bens penhoráveis pela Fazenda Pública. Os dois primeiros requisitos não oferecem dificuldades, sendo decorrência do próprio procedimento adotado pela Lei de Execuções Fiscais. De fato, no modelo adotado pela Lei 6 6.830/80, citado o devedor, este tem o prazo de cinco dias para pagar a dívida ou garantir a execução: Os dois primeiros requisitos não oferecem dificuldades, sendo decorrência do próprio procedimento adotado pela Lei de Execuções Fiscais. De fato, no modelo adotado pela Lei 6.830/80, citado o devedor, este tem o prazo de cinco dias para pagar a dívida ou garantir a execução: O terceiro requisito é que gerava maior controvérsia, porque a lei não estabelece quando que se deve entender que não foram encontrados bens pelo credor. Seria necessário o esgotamento das diligências por parte do fisco ou bastaria que a penhora sobre conta corrente não obtivesse êxito? Em caso positivo, quais são os atos necessários para se considere esgotadas as diligências? O tema foi pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça, mediante a edição de súmula sobre o assunto: Súmula 560: A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art. 185- A do CTN, pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis, o qual fica caracterizado quando infrutíferos o pedido de constrição sobre ativos financeiros e a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado, ao Denatran ou Detran. Assim, é necessário o exaurimento das diligências, que se considera ocorrido quando: a) restar infrutífero o pedido de constrição sobre ativos financeiros (Bacenjud); b) for comprovado pelo fisco a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado – como cartórios de registro de imóveis – sem que tenham sido encontrados bens; c) tenha o credor enviado ofícios ao Denatran ou Detran com pedido de informações sobre veículos em nome do devedor. Realizadas essas diligências e tendo o devedor, devidamente citado, não apresentado bens à penhora, pode o magistrado determinar a indisponibilidade de bens e direitos em nome do executado, mediante cadastro da decisão na Central Nacional de Indisponibilidade de Bens. Esse sistema permite que a ordem de indisponibilidade chegue ao conhecimento de diversos órgãos registrais do País, impedindo que o sujeito passivo aliene os bens de sua propriedade. Além disso, a medida facilita a localização desse patrimônio, porque o parágrafo segundo determina que, uma vez cumprida a indisponibilidade, cabe aos órgãos e entidades registrais informar ao juízo sobre o cumprimento da decisão. Por outro lado, caso se constate que a indisponibilidade atingiu bens diversos cuja soma é superior ao valor cobrado, deve o magistrado determinar o levantamento dos bens ou valores que excederem a esse limite, conforme determina o parágrafo primeiro do dispositivo. 7 Veja Gráfico 3- PREFERÊNCIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO O Código Tributário Nacional disciplina o grau de preferência atribuído ao crédito tributário quando comparado com os créditos provenientes de outras fontes, como de relações trabalhistas ou contratuais. A regra geral que disciplina o tema se encontra inserida no caput do artigo 186 do Código Tributário Nacional, que dispõe no seguinte sentido: Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) Portanto, como regra geral, o crédito tributário prefere a qualquer outro, independentemente da natureza ou do tempo da sua constituição, ressalvados apenas os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. Há entendimento no sentido de que esse dispositivo seria parcialmente inconstitucional, porque os créditos de natureza alimentícia também teriam preferência sobre o crédito tributário. Nesse sentido, já decidiu o TRF da 4ª Região: “INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ARTIGO 186 DO CTN 1. O dispositivo em comento fere a Constituição Federal, ainda que de forma parcial, já que atenta contra o princípio de proteção prioritária assegurado à criança e ao adolescente ( art. 227 CF); contra o dever de assistência imposto pelo artigo 229 da CF; bem como consagra, em situações como a dos INDISPONIBILIDADE DO ART. 185-A CITAÇÃO DO DEVEDOR AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE BENS À PENHORA PELO DEVEDOR Não terem sido encontrados bens penhoráveis pela Fazenda Pública , mediante a adoção das seguintes diligências constrição sobre ativos financeiros (Bacenjud) Expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado expedição de ofícios ao denatran ou Detran 8 autos, tratamento anti-isonômico, conferindo maior proteção aos empregados que aos filhos do indivíduo. 2. Incidente de arguição de inconstitucionalidade acolhido” (TRF4, Corte Especial, ARGINC 2009.04.00.033108-1, Rel. Luciane Amaral Corrêa Münch, DE 14- 9-2010) Um exemplo auxilia a compreender o dispositivo: Imaginemos que o sujeito passivo X possui diversas dívidas. Ele deve R$ 200.000,00 para uma instituição financeira, R$ 150.000,00 para os seus empregados e R$ 100.000,00 para a União Federal, referente a tributos inadimplidos. A dívida da instituição financeira foi garantida por meio de hipoteca de um imóvel de sua propriedade. Os demais débitos não se encontram garantidos. Passado algum tempo sem que o sujeito passivo fizesse o pagamento voluntário, a instituição financeira ingressou com a ação de execução, requerendo a penhora e a arrematação do imóvel hipotecado. Igual medida foi tomada pelos empregados e pela União Federal, que nas suas ações de execução penhoraram o bem imóvel hipotecado pela instituição financeira. Não foram encontrados outros bens de propriedadedo executado. O imóvel foi arrematado por R$ 250.000,00. Nessa perspectiva, como deve ser repartido o valor arrecadado? Por força do artigo 186 do Código Tributário Nacional, a preferência é dos créditos decorrentes da legislação do trabalho. Assim, os empregados devem receber o valor de R$ 150.000,00, o que representa a quitação da dívida com relação a eles. O valor remanescente, de R$ 100.000,00, deve ser repassado para a União Federal, por se tratar de dívida de natureza tributária. Como houve o esgotamento do valor arrecadado, nada é repassado à instituição financeira. Embora essa seja a regra sobre a preferência do crédito tributário, há importante exceção, constante do parágrafo único do artigo 186, que disciplina a ordem de preferência no caso de falência: Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) Parágrafo único. Na falência: (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) I – o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) II – a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho; e (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) III – a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) Por força do inciso III do artigo 186, que deve ser interpretado em conjunto com o artigo 124 da Lei 11.101/2005 , no caso de falência do devedor há a necessidade de fracionamento do crédito tributário em três partes: a) valor do tributo acrescido de correção monetária e juros até a data da falência; b) valor das multas tributárias; c) valor dos juros moratórios vencidos após a decretação da falência. 9 As multas tributárias preferem apenas aos créditos subordinados na falência, ou seja, são pagas somente se os créditos das seguintes classes forem satisfeitos: i) créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; ii) créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; iii) valores devidos a título de tributo, correção e juros vencidos até a data da quebra; iv) créditos com privilégio especial; v) créditos com privilégio geral; vi) créditos quirografários Os juros moratórios vencidos após a decretação da falência possuem posição ainda menos privilegiada, conforme evidencia o artigo 124 da lei 11.101/2005: Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados. Assim, eles somente são pagos se todos os credores subordinados também o forem, o que é algo bastante raro na prática. Os créditos extraconcursais (i) são aqueles que dizem respeito às obrigações ocorridas após a falência ou durante o curso da recuperação judicial, conforme enuncia o artigo 84 da Lei 11.101/2005: Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a: I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência; II – quantias fornecidas à massa pelos credores; III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência; IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida; V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. A razão da opção legislativa é obvia: Se a remuneração do administrador judicial, por exemplo, se submetesse ao concurso de credores, poucos se interessariam pelo exercício da 10 função, dada a possibilidade de o crédito não ser recuperado. O mesmo se dá com os atos praticados durante a fase de recuperação judicial da empresa. Se não existisse a norma do inciso V do artigo 84, que considera as obrigações assumidas nesse período como extraconcursais, dificilmente alguma instituição financeira ou algum fornecedor concederia crédito à pessoa jurídica recuperanda, pelo risco iminente de falência da pessoa jurídica. As importâncias passíveis de restituição (ii) concernem àqueles bens ou direitos que sequer são de propriedade do falido, razão pela qual não podem ser utilizados para satisfação do crédito tributário. Exemplo bastante corriqueiro é do bem alienado fiduciariamente ao falido. Embora o devedor tenha a posse, a propriedade é do credor fiduciário, que tem o direito de pedir a sua restituição ao juízo falimentar. Diferentemente do que ocorre quando não há a falência do devedor, os créditos com garantia real têm preferência sobre o crédito tributário na falência, até o limite do valor do bem gravado. Assim, imaginemos que o devedor falido X possui diversas dívidas. Ele deve R$ 200.000,00 para um credor hipotecário (instituição financeira), R$ 100.000,00 para a União Federal, referente a tributos inadimplidos, e R$ 1.000.000,00 para fornecedores sem qualquer garantia. Supomos que o único bem de sua propriedade seja justamente aquele que foi hipotecado, o qual foi arrematado na falência pelo valor de R$ 250.000,00. Nessa perspectiva, como deve ser repartido o valor arrecadado? Por força da regra do inciso I do artigo 186, a preferência é do credor com garantia real, no caso a instituição financeira, que deve receber a quantia de R$ 200.000,00. O valor remanescente, de R$ 50.000,00, deve ser repassado à União Federal, o que implica apenas na quitação parcial dos tributos devidos. Os fornecedores, por outro lado, nada recebem. Os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou de acidente do trabalho (iv) mantêm, também na falência, a preferência sobre o crédito tributário, mas com uma diferença. Nesse caso, a lei pode estabelecer limites para fruição da preferência, o que efetivamente o fez com a edição da Lei 11.101/2005, cujo artigo 83 dispõe no seguinte sentido: Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; [...] Os créditos trabalhistas que excederem ao limite de 150 salários-mínimos são quirografários, não preferindo ao crédito tributário, conforme determina o inciso VI do artigo 83 da Lei 11.101/2005. 11 PREFERÊNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO REGRA GERAL NÃO PREFERE AOS CRÉDITOS DECORRENTES DA LEGISLAÇÃO DO TRABALHO OU ACIDENTE DE TRABALHO PREFERE AOS OUTROS 12 PREFERÊNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO NA FALÊNCIA TRIBUTOS+ CORREÇÃO MONETÁRIA+JUROS MORATÓRIOS ATÉ A DATA DA FALÊNCIA NÃO PREFERE AOS CREDITOS EXTRACONCUR -SAIS AS IMPOSTÂNCIAS PASSÍVEIS DE RESTITUIÇÃO NOS TERMOS DA LEI AOS CRÉDITODS COM GARANTIA REAL NO LIMITE DO BEM GRAVADO AOS CRÉDITOS DECORRENTES DA LEGISLAÇÃO DO TRABALHO OU ACIDENTE DE TRABALHO ATÉ 150 sm PREFERE A TODOS OS DEMAIS MULTAS TRIBUTÁRIAS PREFERE AOS CRÉDITOS SUBORDIANDOS NA FALÊNCIA NÃO PREFERE AOS DEMAIS CRÉDITOS juros vencidosapós a falência NÃO TÊM PREFERÊNCIAS, PORQUE SÓ SÃO EXIGÍVEIS SE O ATIVO DA MASSA FALIDA COMPORTAR O PAGAMENTO DE TODOS OS CREDORES, INCLUSIVE OS SUBORDINADOS. 13 Tudo o que dissemos vale para os créditos tributários que se submetem ao concurso de credores, porque seus fatos geradores ocorreram antes da falência. Mas há também os créditos tributários extraconcursais, provenientes de obrigações surgidas após a decretação da falência do devedor, do que é exemplo o IPTU incidente sobre os imóveis do falido. Sobre o tema, colacionamos o artigo 188 do Código Tributário Nacional e o artigo 84, inciso V, da Lei 11.101/2005: Código Tributário Nacional Art. 188. São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) § 1º Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao processo competente, mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada. § 2º O disposto neste artigo aplica-se aos processos de concordata. Lei 11.101/2005 Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a: I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência; II – quantias fornecidas à massa pelos credores; III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência; IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida; V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. Os créditos extraconcursais são pagos prioritariamente sobre todos os créditos concursais. Assim, por exemplo, entre o pagamento do IPTU que incidiu após a falência e os valores provenientes das obrigações trabalhistas geradas antes da quebra, deve-se pagar em primeiro lugar o crédito do IPTU. Em existindo mais de um crédito extraconcursal, deve-se observar a ordem prevista pelo artigo 84 do Código Tributário Nacional, e dentro do inciso V do artigo 84, a ordem prevista pelo artigo 83, no caso de obrigações surgidas após a falência ou recuperação judicial. De maneira resumida e sem esquecer das observações que fizemos acima, podemos resumir a ordem de preferência no seguinte gráfico: 14 PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO NA FALÊNCIA CRÉDITOS QUE SE SUBMETEM AO CONCURSO DE CREDORES CRÉDITOS TRABALHISTAS ATÉ 150 SM E DE ACIDENTES DE TRABALHO CRÉDITO COM GARANTIA REAL VALOR DO TRIBUTO COM CORREÇÃO MONETÁRIA E MULTA DE MORA ATÉ A DATA DA FALÊNCIA CRÉDITOS COM PRIVILÉGIO ESPECIAL CRÉDITOS COM PRIVILÉGIO GERAL CRÉDITOS QUIROGRAFÁRIO S MULTAS CONSTRATUTAIS E PENAS PECUNIÁRIAS POR INFRAÇÃO DAS LEIS PENAIS OU ADMINISTRATIVAS , INCLUSIVE AS MULTAS TRIBUTÁRIAS CRÉDITOS SUBORDINADOS JUROS VENCIDOS APÓS A DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA , INCLUSIVE OS DECORRENTES DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA CRÉDITOS EXTRACONCURS AIS REMUNERAÇÕES DEVIDAS AO ADMINISTR\DOR JUDICIAL E SEUS AUXILIARES, E CRÉDITOS DERIVADOS DA LEGISLAÇÃO DO TRABALHO OU DECORRENTES DE ACIDENTE DO TRABALHO RELATIVOS A SERVIÇOS PRESTADOS APÓS A DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA QUANTIAS FORNECIDAS ÀS MASSAS PELOS CREDORES DESPESAS COM ARRECADAÇÃO ADMINISTRAÇÃO,REALIZAÇÃO DO ATIVO E DISTRIBUIÇÃO DO SEU PRODUTO, BEM COMO CUSTAS DO PROCESSO DE FALÊNCIA CUSTAS JUDICIAIS RELATIVAS ÀS AÇÕES E EXECUÇÕES EM QUE A MASSA FALIDA ETNHA SIDO VENCIDA CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS CUJOS FATOS GERADORES OCORREM APÓS A DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA 15 O caput do artigo 187, por sua vez, determina que “a cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento”. Isso significa que não é necessário que seja realizada a habilitação do crédito tributário na falência, recuperação judicial, inventário ou arrolamento, podendo-se prosseguir na execução fiscal. No âmbito da falência, inclusive, caso o bem já tenha sido penhorado na execução fiscal antes da quebra do devedor, é possível ao credor requerer o prosseguimento da excussão. Nesse caso, em ocorrendo o leilão do bem, deve o valor arrecadado ser remetido ao juízo falimentar, para que seja distribuído aos credores, segundo a ordem de preferência legal (STJ - REsp: 399724 RS 2001/0177532-4,). Por outro lado, uma vez ocorrida a falência, não pode o credor requerer na execução fiscal a penhora de bens de propriedade do falido. Nesse caso, o que a Fazenda Pública pode fazer é requerer a penhora do crédito tributário no rosto dos autos do processo falimentar, para que seja observada a ordem de preferência do crédito tributário no juízo universal (AgRg no REsp 783.318/SP). O parágrafo único do artigo 187 estabelece uma ordem de preferência entre os créditos tributários das entidades federativas: Art. 187. [...] Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: I - União; II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata; III - Municípios, conjuntamente e pró rata. Por força desse dispositivo, existindo penhoras de entidades federativas diversas sobre o mesmo bem, deve-se pagar em primeiro lugar os créditos tributários da União, depois os créditos tributários dos Estados, Distrito Federal e Territórios, e por último os créditos tributários dos Municípios. Essa regra foi complementada pelo artigo 29 da Lei de Execuções Fiscais, que possui a seguinte redação: Art. 29 da Lei 6.830/80 A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento Parágrafo Único - O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: I - União e suas autarquias; II - Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata; III - Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata. 16 A diferença entre um dispositivo e outro é que, neste último, foram incluídos os créditos das autarquias, que gozam da mesma preferência estabelecida à entidade federativa correspondente. Embora haja vozes na doutrina no sentido da inconstitucionalidade desses dispositivos, por ofensa ao princípio da isonomia entre as pessoas políticas, não é isso que tem predominado na jurisprudência. Quanto ao tema, há inclusive Súmula do Supremo Tribunal Federal, proferida na época da ordem constitucional pretérita: Súmula 563: O concurso de preferência a que se refere o parágrafo único, do art. 187, do CTN, é compatível com o disposto no art. 9º, I, da CF/67. Em julgado repetitivo, o Superior Tribunal de Justiça considerou que o crédito tributário de autarquia federal goza do direito de preferência em relação àquele de que seja titular a Fazenda Estadual, desde que coexistentes execuções e penhoras (STJ - REsp: 957836 SP 2007/0072037-2, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 13/10/2010, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 26/10/2010). Os artigos 189 e 190 dispõe no seguinte sentido: Art. 189.São pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário ou arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do processo de inventário ou arrolamento. Parágrafo único. Contestado o crédito tributário, proceder-se- á na forma do disposto no § 1º do artigo anterior. Art. 190. São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação. Os artigos 189 e 190 se aplicam nos casos de inventário e liquidação, quando o sujeito passivo for solvente, ou seja, consegue adimplir com todas as suas obrigações. Nesse caso, o pagamento do crédito tributário deve ser realizado com prioridade sobre os demais créditos. O artigo 191 não apresenta dificuldades, apenas condicionando a extinção das obrigações do falido a prova da quitação de todos os tributos. Mais polêmico é o artigo 191-A, que dispõe no seguinte sentido: Art. 191-A. A concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de todos os tributos, observado o disposto nos arts. 151, 205 e 206 desta Lei. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 17 Por força dessa regra, a concessão da recuperação judicial fica condicionada a uma das seguintes circunstâncias, no que tange aos créditos tributários: i) quitação de todos os tributos; ii) apresentação de certidão negativa; iii) certidão positiva com efeitos de negativa. Nessa esteira, ocorrida a suspensão dos créditos tributários por qualquer das hipóteses do artigo 151 do CTN, faz-se possível a concessão da recuperação judicial, porque o contribuinte, muito embora não tenha quitado seus tributos, obtém uma certidão positiva com efeitos de negativa. O mesmo ocorre se o sujeito passivo garante a dívida com uma penhora suficiente à satisfação do crédito, conforme enuncia o artigo 206 do CTN: Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa. Quanto ao tema, como vimos no capítulo anterior, o parcelamento é causa de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, e o artigo 155-A, §3º, prevê que a lei deve dispor sobre condições de parcelamento do devedor em recuperação judicial. Com base nesse raciocínio, o STJ tem precedentes no sentido de que, caso haja mora da entidade federativa na edição dessa lei, não se pode exigir a apresentação de certidões de regularidade fiscal para concessão da recuperação judicia.( STJ, Corte Especial, REsp 1187404/MT Rel. Min. Luis Felipe Salomão, jun. 2013). Por fim, dispõe os artigos 192 e 193 do CTN: Art. 192. Nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida sem prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas. Art. 193. Salvo quando expressamente autorizado por lei, nenhum departamento da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, ou dos Municípios, ou sua autarquia, celebrará contrato ou aceitará proposta em concorrência pública sem que o contratante ou proponente faça prova da quitação de todos os tributos devidos à Fazenda Pública interessada, relativos à atividade em cujo exercício contrata ou concorre. Os dispositivos são autoexplicativos, dispensando maiores comentários. O artigo 192 condiciona a sentença de partilha ou adjudicação à prova da quitação de todos os tributos do espólio. É o que também dispõe o artigo 654 do CPC: Art. 654. Pago o imposto de transmissão a título de morte e juntada aos autos certidão ou informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a partilha. O artigo 193, por sua vez, afirma que, salvo quando expressamente autorizado por lei, a celebração de contrato ou a aceitação de proposta em concorrência pública só podem ser realizadas mediante comprovação do interessado de que realizou a quitação de todos os 18 tributos devidos à Fazenda Pública interessada, no que tange à atividade em cujo exercício contrata ou concorre. Assim, o artigo 193 impõe apenas a comprovação da quitação dos tributos com relação à Fazenda Pública interessada, e desde que relativos à atividade a que pretende ser contratado. Não obstante, há normas mais rigorosas do que a do artigo 193, como a prevista pelos artigos 27 a 29 da Lei 8.666/93: Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a: I - habilitação jurídica; II - qualificação técnica; III - qualificação econômico-financeira; IV – regularidade fiscal e trabalhista; [...] Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso, consistirá em: I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC); II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual; III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei; IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei. V – prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. Portanto, o atendimento à exigência do artigo 193 do CTN pode não ser o suficiente para que a pessoa jurídica seja contratada pelo poder público. 4-ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA 3.1 REGULAMENTAÇÃO A partir de agora, nos dedicaremos ao estudo da Administração Tributária, cujas normas se encontram arroladas no Título IV do Código Tributário Nacional, entre os artigos 194 a 208 desse diploma legislativo. 3.2 FISCALIZAÇÃO 19 A norma que inaugura o tema é a do artigo 194 do Código Tributário Nacional, que possui a seguinte redação: Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, regulará, em caráter geral, ou especificamente em função da natureza do tributo de que se tratar, a competência e os poderes das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da sua aplicação. Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal. Ao utilizar o termo legislação tributária, quis o Código Tributário Nacional autorizar não apenas à lei em sentido estrito a regulamentação das matérias atinentes à competência e aos poderes das autoridades administrativas, mas também aos Decretos, às Portarias, às Instruções Normativas e aos outros atos infralegais. De fato, o conceito de legislação tributária é bastante amplo, porque abarca, nos termos do artigo 98 do CTN, “as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes”. O parágrafo único reitera que todos têm o dever de se submeter à fiscalização tributária, independentemente de ser ou não contribuinte de determinado tributo. Assim, o fato de uma entidade ser isenta ou imune não significa que ela não terá que se sujeitar à fiscalização tributária. O artigo 195 traz regras sobre o exame de livros, mercadorias e registros contábeis do sujeito passivo,ao dispor no seguinte sentido: Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Portanto, os agentes da administração tributária podem fiscalizar as mercadorias, livros, arquivos, documentos e papéis do sujeito passivo, independentemente de qualquer autorização judicial, mas desde que haja pertinência entre o objeto de análise e a finalidade da fiscalização. Nesse sentido, não é oponível ao fisco o direito ao sigilo dos livros fiscais, como inclusive deixa claro o artigo 1.193 do Código Civil: Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais. 20 A insubmissão ao disposto no artigo 195 do Código Tributário Nacional pode justificar a imposição de multa e o lançamento por arbitramento do tributo, sem prejuízo de a Fazenda Pública requerer judicialmente a exibição da documentação. O parágrafo único determina que os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados sejam conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Assim, é importante frisar: o prazo de conservação não é de cinco anos, mas até que ocorra a extinção do crédito pela prescrição. Na prática, portanto, o prazo de conservação pode ser bem mais longo, pela possibilidade de o prazo prescricional ser interrompido ou suspenso. O artigo 196 possui a seguinte redação: Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas. Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados, sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujeita à fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere este artigo. De fato, o processo administrativo fiscal é orientado pelo princípio documental, porque seus atos devem ser formalizados. O fato de a atividade fiscalizatória ser documentada não só é importante para possibilitar o controle da sua legalidade, inclusive no âmbito judicial, mas também pelo fato de que o seu início se constitui em um importante marco no Direito Tributário, por impedir a realização da denúncia espontânea. O artigo 197 arrola uma série de pessoas e entidades que são obrigadas a prestar ao fisco as informações de que disponham, com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício; II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras; III - as empresas de administração de bens; IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; V - os inventariantes; VI - os síndicos, comissários e liquidatários; VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a prestação de informações quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. 21 Como se pode observar, as pessoas arroladas pelo artigo 197 são terceiros, ou seja, não são sujeitos passivos da relação obrigacional principal para cuja fiscalização devem contribuir. Não obstante, têm a obrigação acessória de prestar informações ao fisco, em razão de manterem informações relevantes sobre as atividades do sujeito passivo. Apesar disso, se as informações estiverem legalmente sob sigilo, em razão do cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão, esses terceiros não são obrigados a repassá- la, conforme deixa claro o parágrafo único do artigo 197. Questão polêmica sobre o tema dizia respeito a possibilidade de o fisco examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras. De fato, o artigo 6º da Lei Complementar 105/2001 autoriza essa possibilidade, ao dispor no seguinte sentido: Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. (Regulamento) Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. A dúvida que pairava era sobre a constitucionalidade do dispositivo, em razão de existir entendimento no sentido de que o sigilo bancário seria matéria sujeita à reserva de jurisdição, o que implicaria na necessidade de obtenção de ordem judicial para o acesso a tais informações. O Supremo Tribunal Federal, no entanto, pacificou a questão em sentido contrário, ao fixar a seguinte tese de Repercussão Geral, quando do julgamento do RE 601.314: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. Assim, a administração tributária pode requisitar diretamente às instituições financeiras os dados bancários dos seus correntistas, desde que preenchidos os seguintes pressupostos, previstos pelo artigo 6º da Lei Complementar 105/01: a) houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso; b) tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Além disso, as informações obtidas devem ser mantidas sob sigilo, conforme determina o parágrafo único do artigo 6º da Lei Complementar 105/01. Quanto ao tema atinente ao sigilo fiscal, dispõe o artigo 198 do Código Tributário Nacional: Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do 22 ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. Portanto, a regra é que os dados do sujeito passivo sejam conservados pela fazenda pública respectiva, configurando infração administrativa o repasse dessas informações a terceiros. Há, no entanto, uma série de exceções a essa regra. O parágrafo primeiro do artigo 198, por exemplo, dispõe no seguinte sentido: Art. 198 [...] § 1o Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos previstos no art. 199, os seguintes: (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001) I – requisição de autoridade judiciária nointeresse da justiça; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) II – solicitações de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública, desde que seja comprovada a instauração regular de processo administrativo, no órgão ou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informação, por prática de infração administrativa. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) O inciso I autoriza o compartilhamento das informações sigilosas com o Poder Judiciário, nos casos em que haja decisão judicial autorizando. Esse dispositivo também se aplica às Comissões Parlamentares de Inquérito, que possuem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais (art. 58, § 3º, da CF). O inciso II concerne àquelas situações em que paira contra o contribuinte um processo administrativo com objetivo de investigar a prática de alguma infração administrativa, seja ela de natureza ambiental, concorrencial, etc. Nesse caso, é possível que as informações em poder do fisco sejam compartilhadas com o órgão responsável pela apuração da infração, desde que elas sejam necessárias para a investigação. Além disso, o intercâmbio deve ser realizado com a observância das cautelas previstas pelo parágrafo segundo do artigo 198: Art. 198 [...] § 2o O intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Administração Pública, será realizado mediante processo regularmente instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à autoridade solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência e assegure a preservação do sigilo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Também não é vedada a permuta de informações entre as entidades federativas, na forma estabelecida pela lei ou convênio: Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou convênio. O parágrafo único deste dispositivo autoriza ainda que a União possa permutar informações com Estados Estrangeiros, na forma estabelecida em tratados, acordo ou convênios. 23 Por fim, o parágrafo terceiro do artigo 198 estabelece uma série de informações que não são protegidas pelo sigilo: Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. § 3o Não é vedada a divulgação de informações relativas a: (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) I – representações fiscais para fins penais; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001). II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) III – parcelamento ou moratória. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Finalmente, dispõe o artigo 200 do Código Tributário Nacional quanto à requisição de força pública pelas autoridades administrativas: Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação dê medida prevista na legislação tributária, ainda que não se configure fato definido em lei como crime ou contravenção. Essa regra, por óbvio, não autoriza ao fisco o ingresso no domicílio residencial ou profissional do contribuinte sem a prévia autorização judicial, conforme salvaguarda prevista pelo artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal.( HC 93050, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 10/06/2008, DJe-142 DIVULG 31-07-2008 PUBLIC 01-08-2008 EMENT VOL-02326-04 PP-00700) 5-DÍVIDA ATIVA O ente público pode figurar como credor ou devedor em uma relação obrigacional. Quando figura no polo passivo, a legislação lhe confere diversas prerrogativas para o pagamento do seu débito, do que é exemplo o precatório. Quando aparece no polo ativo, também há um caminho privilegiado para cobrança da prestação a que faz jus. Uma dessas prerrogativas da Fazenda Pública é apurar os créditos devidos e inscrevê-los em um livro chamado de “Dívida Ativa”, que tem como função organizar e racionalizar a cobrança desses créditos A dívida ativa pode ser de natureza tributária ou não tributária, conforme enuncia o artigo 39 da Lei 4.320/64: Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. § 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, 24 multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de subrogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações legais. Embora o parágrafo segundo do artigo 39 diga o oposto, não há dúvidas de que, a partir da Constituição Federal, os créditos provenientes de empréstimos compulsórios e contribuições especiais possuem natureza tributária. Uma vez inscrito o crédito em dívida ativa, seja ele de natureza tributária ou não tributária, faz-se possível a emissão de certidão que espelhe as informações constantes da inscrição, a qual é um título executivo extrajudicial, conforme enuncia o inciso IX do artigo 784 do CPC: Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: X - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; De posse dessa certidão, a Fazenda Pública pode ingressar com a ação de execução fiscal contra o sujeito passivo. Feitas essas considerações, voltemos nossa atenção para o artigo 201 do Código Tributário Nacional, que dispõe sobre a dívida ativa tributária: Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular. Parágrafo único. A fluência de juros de mora não exclui, para os efeitos deste artigo, a liquidez do crédito. Do ponto de vista da União Federal, a autoridade administrativa competente para realizar a inscrição em dívida ativa é a Procuradoria da Fazenda Nacional, a quem compete realizar o controle de legalidade da constituição do crédito tributário: Lei Complementar 73/1993 Art. 12 - À Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, órgão administrativamente subordinado ao titular do Ministério da Fazenda, compete especialmente: I - apurar a liquidez e certeza da dívida ativa da União de natureza tributária, inscrevendoa para fins de cobrança, amigável ou judicial; Como se pode observar do caput do artigo 201, constituído o crédito e esgotado o prazo para pagamento voluntário, pode a autoridade administrativa competente inscrever o crédito tributário em dívida ativa. O gráfico abaixo ajuda a visualizar o momento a partir do qual a inscrição se torna possível 25 O parágrafo único apenas diz o óbvio: O fato de o crédito ter sido inscrito em dívida ativa não impede que os juros moratórios continuem fluindo até que ocorra o pagamentoda prestação, e essa circunstância não retira a liquidez do crédito apurado. O artigo 202 traz os requisitos do termo de inscrição em dívida ativa: Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente: I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros; II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos; III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado; IV - a data em que foi inscrita; V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito. Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição. Trata-se de requisitos obrigatórios, sem os quais a inscrição perde a presunção de liquidez e certeza. O inciso I determina que conste do termo de inscrição o nome do devedor e dos corresponsáveis, bem como o domicílio e residência de cada um. Apesar disso, não impede o redirecionamento da execução fiscal o fato de o corresponsável não constar na CDA, desde que o fisco comprove no bojo da ação de execução PROCESSO DE POSITIVAÇÃO FASE 1: OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA FASE 2: CONSTITUIÇÃO DO C.T. FASE 3: ESGOTAMENTO DO PRAZO PARA PAGAMENTO VOLUNTÁRIO FASE 4:INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA FASE 5: AJUIZAMENTO DA AÇÃO DE EXCUÇÃO FISCAL 26 uma das hipóteses que autoriza a responsabilização (STJ, 2ª T., EDcl no REsp 863.334/RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 3-5-2007, DJ 15-5-2007, p. 265). O inciso II determina que conste do termo da inscrição a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora, e o inciso III que haja a descrição da origem e natureza do crédito, com a indicação da disposição da lei em que seja fundado. Nessa perspectiva, não há a obrigatoriedade de a ação de execução fiscal ser acompanhada da memória de cálculo, porque a lei exige que conste tão somente a forma de calcular o débito e seus fundamentos. Quanto ao tema, há inclusive súmula do Superior Tribunal de Justiça sobre o assunto: Súmula 559: Em ações de execução fiscal, é desnecessária a instrução da petição inicial com o demonstrativo de cálculo do débito, por tratar-se de requisito não previsto no art. 6º da Lei n. 6.830/1980. O inciso IV determina que conste a data da inscrição e o inciso V o número do processo administrativo de que se originar o crédito. Não há, assim, a obrigatoriedade de que ação de execução seja acompanhada do processo administrativo fiscal, porque basta que conste na inscrição o seu número. Por fim, dispõe o parágrafo único que a certidão de dívida ativa deve conter todos os requisitos desse artigo, além da indicação do livro e da folha de inscrição. O artigo 203 regulamenta as consequências da não observância do disposto no artigo anterior: Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada. A interpretação literal desse dispositivo conduziria à conclusão de que qualquer omissão ou erro acarretaria na nulidade do termo de inscrição e do processo de cobrança dele decorrente. No entanto, não é isso o que ocorre, porque a jurisprudência abrandou o rigor desse dispositivo, ao firmar posição no sentido de que a nulidade somente deve ser reconhecida nos casos em que o sujeito passivo demonstrar que o equívoco prejudicou a sua defesa (STJ, 1ª T., AGRGAI 485.548/RJ, Min. Luiz Fux, maio 2003) Em existindo um erro grave, que prejudique a defesa do executado, é possível ainda que a Fazenda Pública substitua a CDA até a data da sentença dos embargos à execução, corrigindo o defeito. Nessa hipótese, no entanto, é devolvido ao sujeito passivo o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada. 27 Essa possibilidade, de saneamento da nulidade mediante substituição da CDA, somente é possível nos casos em que o vício atinge o termo de inscrição. Quando a nulidade atinge o próprio lançamento, não há como saneá-la, porque a própria constituição do crédito se encontra maculada. Por esse motivo, é inviável a substituição da certidão de dívida ativa quando a correção pretendida objetivar a modificação do sujeito passivo da execução, existindo inclusive súmula acerca do tema: Súmula 392: A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução. Assim, se determinado Município ingressar com ação de execução fiscal contra o contribuinte A cobrando o IPTU inadimplido, não pode no curso da execução, ao verificar que o imóvel era de propriedade do contribuinte B, substituir a certidão e pedir o redirecionamento da execução contra este último. O vício atingiu o próprio lançamento, que teve como destinatário o contribuinte A. Esse raciocínio, no entanto, não se aplica nos casos em que consta na CDA pessoa jurídica empresarial cuja falência foi decretada antes da propositura da ação executiva. Nessas hipóteses, o Superior Tribunal de Justiça firmou jurisprudência no sentido da possibilidade de correção da petição inicial e da CDA, não sendo correta a imediata extinção do feito (0 REsp 1372243/SE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/2013, DJe 21/03/2014). Por fim, dispõe o artigo 204 que a dívida regularmente inscrita goza de presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova constituída. De fato, como mencionado, a certidão de dívida ativa é título executivo extrajudicial, autorizando o manejo da ação de execução fiscal. No entanto, essa presunção não é absoluta, podendo ser ilidida por prova a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite. Por ser ônus do sujeito passivo comprovar a inexatidão das informações registradas, cabe a ele juntar o processo administrativo fiscal no processo de embargos à execução.( AgInt no REsp 1619983/PB, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/02/2018, DJe 14/02/2018). 6-CERTIDÕES NEGATIVAS O capítulo atinente às certidões negativas regula a forma pela qual o contribuinte comprova a regularidade da sua situação perante o fisco. O artigo que inaugura o tema é o 205 do Código Tributário Nacional: Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando exigível, seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha todas as informações necessárias à identificação de sua 28 pessoa, domicílio fiscal e ramo de negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido. Parágrafo único. A certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido requerida e será fornecida dentro de 10 (dez) dias da data da entrada do requerimento na repartição. O artigo 205 trata da Certidão Negativa de Débitos Tributários, que atesta que o contribuinte não tem pendências com o fisco, tendo adimplido com todas as suas obrigações tributárias. Deve ser emitida nos casos em que não há crédito constituído contra o sujeito passivo. Em existindo crédito constituído, seja por meio de lançamento tributário ou confissão do próprio sujeito passivo, é inviável a emissão dessa modalidade de certidão, independentemente de o referido crédito ter ou não sido inscrito em dívida ativa. Fazendo jus o sujeito passivo à emissão dessa certidão, deve ela serexpedida no prazo máximo de 10 dias contados da entrada do requerimento na repartição, conforme enuncia o parágrafo único do dispositivo. Na prática, no entanto, a certidão negativa é expedida imediatamente pela internet, sendo dispensável o comparecimento do contribuinte à repartição fiscal. O artigo 206 do Código Tributário Nacional afirma que “tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa”. Esse dispositivo trata da Certidão Positiva com Efeitos de Negativa, e o nome já revela a sua finalidade. Essa certidão é emitida nos casos em que a lei considera que o sujeito passivo, embora possuidor de débitos tributários, encontra-se regular perante o fisco, em razão do preenchimento de alguns dos requisitos previstos pelo artigo 206. Para que o sujeito passivo faça jus à emissão dessa certidão, é necessária a presença de um dos seguintes requisitos: 1º - Os créditos não estejam vencidos: A razão é óbvia. Se não ocorreu o vencimento, não há mora do sujeito passivo. Assim, muito embora o crédito já esteja constituído, não há como considerar que o contribuinte não esteja regular. 2º - A exigibilidade esteja suspensa: Caso ocorra qualquer uma das hipóteses do artigo 151 do Código Tributário Nacional, como a adesão a parcelamento ou a obtenção de medida liminar em ação judicial, por exemplo, o sujeito passivo passa a fazer jus à certidão positiva com efeitos de negativa. 3º - Tenha sido garantida a dívida com penhora: 29 Também faz jus à certidão positiva com efeitos de negativa o sujeito passivo que garante a dívida tributária com penhora, desde que o bem oferecido seja suficiente para fazer frente à integralidade do crédito cobrado. Quanto ao tema, merece relevo a circunstância de o Superior Tribunal de Justiça admitir o ajuizamento de ação cautelar por parte do contribuinte para antecipar a realização da penhora e, assim, autorizar a obtenção da certidão positiva com efeitos de negativa.( REsp 1123669/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2009, DJe 01/02/2010.) De fato, não é incomum que, entre a constituição do crédito tributário, a inscrição em dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, transcorra longo período de tempo. Desse modo, caso não se franqueasse o caminho da antecipação da penhora, o contribuinte ficaria sem a possibilidade de obtenção da certidão positiva com efeitos de negativa, em situação mais gravosa do que aqueles que figuram como executados no processo judicial. Com o advento do NCPC, a medida pode ser requerida mediante pedido de tutela antecipada em caráter antecedente, nos termos dos artigos 303 a 304. O artigo 207, por sua vez, dispõe no seguinte sentido: Art. 207. Independentemente de disposição legal permissiva, será dispensada a prova de quitação de tributos, ou o seu suprimento, quando se tratar de prática de ato indispensável para evitar a caducidade de direito, respondendo, porém, todos os participantes no ato pelo tributo porventura devido, juros de mora e penalidades cabíveis, exceto as relativas a infrações cuja responsabilidade seja pessoal ao infrator. Por fim, dispõe o artigo 208 do Código Tributário Nacional: Art. 208. A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos. Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade criminal e funcional que no caso couber Trata-se de hipótese de responsabilidade por transferência, na qual o agente é responsabilizado pelo pagamento do crédito tributário em razão da emissão de uma certidão negativa que contenha erro contra a Fazenda Pública. Como se observa do dispositivo, há a necessidade de comprovação do elemento subjetivo, consistente na atuação fraudulenta ou dolosa por parte do servidor. Uma vez comprovados esses pressupostos, o servidor é responsabilizado pelo pagamento do crédito tributário e juros de mora acrescidos, sem prejuízo da responsabilidade criminal e funcional que no caso couber. 7- RESUMO Direitos e Privilégios do Crédito Tributário 30 1. As garantias são os meios jurídicos assecuratórios que o estado pode utilizar para receber a prestação do tributo. Os privilégios dizem respeito à posição de superioridade de que desfruta o crédito tributário, quando comparado com os demais créditos 2. O rol das garantias constantes do Código Tributário Nacional não é exaustivo. Outras mais podem ser estabelecidas por meio de leis ordinárias federais, estaduais e municipais. 3. Por força do artigo 184 do CTN, responde pelo crédito tributário todos os bens do sujeito passivo, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, excetuados tão somente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis. Nessa esteira, é irrelevante, por exemplo, que o imóvel do sujeito passivo esteja hipotecado por uma dívida bancária (gravado por ônus real), porque isso não impede que ele seja excutido para satisfação do crédito tributário. O mesmo ocorre com o bem imóvel recebido pelo sujeito passivo em doação, no qual conste cláusula de impenhorabilidade. Embora essa circunstância impeça a sua alienação para satisfação de dívidas contraídas com particulares, não é óbice à penhora e arrematação para quitação de créditos de natureza tributária. 4. O artigo 185 do CTN versa sobre fraude à execução fiscal. Como se observa do dispositivo, o marco temporal utilizado pela Lei para caracterização da fraude à execução é a inscrição do crédito em dívida ativa. Assim, o regramento aplicável ao fisco com relação aos créditos tributários é mais favorável do que o existente em favor dos credores privados. Com relação a estes últimos, incide o disposto no artigo 792 do CPC, que pressupõe para o reconhecimento da fraude à execução a existência de uma demanda judicial ou de uma constrição judicial. Ainda quanto ao tema, é importante consignar que o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido da inaplicabilidade da Súmula 375 à fraude à execução fiscal. O fundamento é o de que, tratando-se de alienação realizada após a inscrição em dívida ativa sem que tenham sido reservados pelo sujeito passivo bens suficientes ao total pagamento da dívida, a presunção de fraude à execução é absoluta, sendo irrelevante que o terceiro tenha adquirido o bem de boa-fé. 5. O artigo 185-A prevê três requisitos para indisponibilização dos bens do sujeito passivo: a) citação do devedor; b) ausência de indicação de bens à penhora pelo devedor; c) não terem sido encontrados bens penhoráveis pela Fazenda Pública. 6. Os dois primeiros requisitos não oferecem dificuldades, sendo decorrência do próprio procedimento adotado pela Lei de Execuções Fiscais. De fato, no modelo adotado pela Lei 6.830/80, citado o devedor, este tem o prazo de cinco dias para pagar a dívida ou garantir a execução. A interpretação do terceiro requisito foi fixada pelo STJ por meio da Súmula 560. Segundo o verbete, "A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art. 185- A do CTN, pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis, o qual fica caracterizado quando infrutíferos o pedido de constrição sobre ativos financeiros e a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado, ao Denatran ou Detran". 31 7. Como regra geral, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. 8. Na falência, há a necessidade de fracionamento do crédito tributárioem três partes: a) valor do tributo acrescido de correção monetária e juros até a data da falência; b) valor das multas tributárias; c) valor dos juros moratórios vencidos após a decretação da falência. O valor devido a título de tributo acrescido de correção monetária e juros até a data da falência possui preferência sobre a maior parte dos créditos, salvo com relação: i) aos créditos extraconcursais; ii) às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei; iii) aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; iv) aos créditos decorrentes da legislação do trabalho ou de acidente do trabalho, no limite estabelecido pela legislação. As multas tributárias preferem apenas aos créditos subordinados. Os juros moratórios vencidos após a decretação da falência possuem posição ainda menos privilegiada. eles somente são pagos se todos os credores subordinados também o forem, o que é algo bastante raro na prática. Administração Tributária 1. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas. 2. O artigo 197 arrola uma série de pessoas e entidades que são obrigadas a prestar ao fisco as informações de que disponham, com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros. Tais pessoas não são sujeitos passivos da relação obrigacional principal para cuja fiscalização devem contribuir. Não obstante, têm a obrigação acessória de prestar informações ao fisco, em razão de manterem informações relevantes sobre as atividades do sujeito passivo. 3. Questão polêmica sobre o tema dizia respeito a possibilidade de o fisco examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras. A dúvida que pairava era sobre a constitucionalidade do dispositivo, em razão de existir entendimento no sentido de que o sigilo bancário seria matéria sujeita à reserva de jurisdição, o que implicaria na necessidade de obtenção de ordem judicial para o acesso a tais informações. O Supremo Tribunal Federal, no entanto, pacificou a questão em sentido contrário, ao fixar a seguinte tese de Repercussão Geral, quando do julgamento do RE 601.314: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 32 4. O ente público pode figurar como credor ou devedor em uma relação obrigacional. Quando figura no polo passivo, a legislação lhe confere diversas prerrogativas para o pagamento do seu débito, do que é exemplo o precatório. Quando aparece no polo ativo, também há um caminho privilegiado para cobrança da prestação a que faz jus. Uma dessas prerrogativas da Fazenda Pública é apurar os créditos devidos e inscrevê-los em um livro chamado de “Dívida Ativa”, que tem como função organizar e racionalizar a cobrança desses créditos. A dívida ativa pode ser de natureza tributária ou não tributária, conforme enuncia o artigo 39 da Lei 4.320/64. 5. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando exigível, seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido. 6. O artigo 206 do Código Tributário Nacional afirma que “tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa”.Esse dispositivo trata da Certidão Positiva com Efeitos de Negativa, e o nome já revela a sua finalidade. Essa certidão é emitida nos casos em que a lei considera que o sujeito passivo, embora possuidor de débitos tributários, encontra-se regular perante o fisco, em razão do preenchimento de alguns dos requisitos previstos pelo artigo 206. 8-QUESTÕES 1. (VUNESP/Procurador Jurídico /2018) No âmbito das relações dos particulares com a Administração Pública, é comum a exigência por parte desta da apresentação de certidões que atestem a regularidade fiscal do cidadão em face de suas obrigações. A esse respeito, é correto afirmar que a) a certidão positiva expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos. b) a certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido requerida e será fornecida dentro de vinte dias da data da entrada do requerimento na repartição. c) a lei não poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo seja feita por certidão negativa expedida pela Fazenda Pública, para além dos casos expressamente previstos pela Constituição Federal. d) a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa, tem efeitos de certidão positiva de débitos, impedindo o exercício dos direitos sujeitos à comprovação de regularidade fiscal. 33 e) independentemente de disposição legal permissiva, será dispensada a prova de quitação de tributos, quando se tratar de prática de ato indispensável para evitar a caducidade de direito, respondendo, porém, todos os participantes no ato pelo tributo porventura devido. 2. (FUNRIO/Técnico Legislativo/2018) A alternativa que assegura ao contribuinte o direito de obter Certidão Positiva de Débito com Efeito de Negativa é a seguinte: a) quando apesar de declarado o tributo devido e não pago, o contribuinte ainda não tenha sido intimado sobre a inscrição do referido crédito tributário em Dívida Ativa. b) quando o contribuinte tenha impetrado mandado de segurança, ainda que a liminar não tenha sido concedida pelo juízo. c) nos casos em que houver penhora de bens do contribuinte no valor equivalente ao total do débito exequendo. d) após o encerramento do processo administrativo fiscal, mas antes da execução fiscal. 3. (NUCEPE/Delegado de Polícia Civil/2018) Considerando o previsto no Código Tributário Nacional sobre as garantias e privilégios do crédito tributário, assinale a alternativa CORRETA a) Responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, ressalvados apenas os gravados por cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade. b) Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa, salvo se houverem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. c) A enumeração das garantias e privilégios contidas no Código Tributário Nacional tem caráter exaustivo, sendo vedada, ainda que por lei, a criação de outras. d) O crédito tributário prefere sempre a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados, unicamente, os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. e) São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos antes do processo de falência, e concursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. 4. (CESPE/Procurador do Município/2018) Julgue o item que se segue à luz do que dispõe
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