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APOSTILA 2 -PRIVILÉGIOS E GARANTIA

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1 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO: ASPECTOS FORMAIS 
Garantias e Privilégios do Crédito Tributário . 
1-REGULAMENTAÇÃO 
 Artigos 183 a 193 do Código Tributário Nacional. 
 As garantias são os meios jurídicos assecuratórios que o estado pode utilizar 
para receber a prestação do tributo. 
 Os privilégios dizem respeito à posição de superioridade de que desfruta o 
crédito tributário, quando comparado com os demais créditos. 
2-DISPOSIÇÕES GERAIS 
O artigo que inaugura o tema é o artigo 183 do Código Tributário Nacional, que possui 
a seguinte redação: 
Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao crédito 
tributário não exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em 
função da natureza ou das características do tributo a que se refiram.[...] 
 
 
 Não taxativo. 
Quanto ao parágrafo único do artigo 183, tem-se que ele dispõe da seguinte forma: 
Art. 183. [...] Parágrafo único. A natureza das garantias atribuídas ao crédito 
tributário não altera a natureza deste nem a da obrigação tributária a que 
corresponda. 
 
 
Assim, o fato de o devedor ter garantido a execução fiscal com uma fiança, por 
exemplo -- instituto que é disciplinado pelo direito privado -- não altera a natureza do crédito 
tributário 
LEF 6.830/80 
Art. 9º - Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de 
mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, o executado 
poderá: 
I - efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento 
oficial de crédito, que assegure atualização monetária; 
II - oferecer fiança bancária; 
II - oferecer fiança bancária ou seguro garantia; (Redação 
dada pela Lei nº 13.043, de 2014) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13043.htm#art73
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13043.htm#art73
2 
 
III - nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11; ou 
IV - indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela 
Fazenda Pública. 
§ 1º - O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer bem imóvel à 
penhora com o consentimento expresso do respectivo cônjuge. 
 
 
O artigo 184 possui a seguinte redação: 
 Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que 
sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos 
bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou 
sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade 
ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, 
excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente 
impenhoráveis. 
 
 
Por força desse dispositivo, responde pelo crédito tributário todos os bens do sujeito 
passivo, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou 
impenhorabilidade, excetuados tão somente os bens e rendas que a lei declare absolutamente 
impenhoráveis. 
Nessa esteira, é irrelevante, por exemplo, que o imóvel do sujeito passivo esteja 
hipotecado por uma dívida bancária (gravado por ônus real), porque isso não impede que ele 
seja excutido para satisfação do crédito tributário. 
O mesmo ocorre com o bem imóvel recebido pelo sujeito passivo em doação, no qual 
conste cláusula de impenhorabilidade. Embora essa circunstância impeça a sua alienação para 
satisfação de dívidas contraídas com particulares, não é óbice à penhora e arrematação para 
quitação de créditos de natureza tributária. Assim, apenas não podem ser penhorados os bens 
e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis, do que são exemplos o bem de 
família, previsto pela Lei 8.009/90; e aqueles arrolados no artigo 833 do CPC, que 
colacionamos abaixo: 
Art. 833. São impenhoráveis: 
 I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução 
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência 
do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades 
comuns correspondentes a um médio padrão de vida; 
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de 
elevado valor; 
 IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os 
proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as 
quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor 
3 
 
e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de 
profissional liberal, ressalvado o § 2o; 
 V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros 
bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; 
VI - o seguro de vida; 
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem 
penhoradas; 
 VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada 
pela família; I 
X - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação 
compulsória em educação, saúde ou assistência social; 
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) 
salários-mínimos; 
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos 
termos da lei; 
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de 
incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. (risco nosso) 
 
 
 
Observem que, no inciso I, riscamos o seguinte trecho: “declarados, por ato voluntário, 
não sujeitos à execução”. A razão repousa no fato de que, como mencionamos anteriormente, 
não se aplica ao crédito tributário a impenhorabilidade constituída por ato voluntário. 
O artigo 185 do CTN versa sobre a fraude à execução fiscal: 
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou 
seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito 
tributário regularmente inscrito como dívida ativa.(Redação dada pela Lcp nº 118, 
de 2005) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de 
terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total 
pagamento da dívida inscrita. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) 
 
 
Como se pode observar do dispositivo, o marco temporal utilizado pela Lei para 
caracterização da fraude à execução é a inscrição do crédito em dívida ativa, que ocorre antes 
mesmo do ajuizamento da ação de execução fiscal, conforme demonstra o gráfico abaixo. 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
Gráfico. 
 
De toda forma, como evidencia o parágrafo único do artigo 185, não é toda alienação 
após a inscrição em dívida ativa que se constitui em fraude à execução, mas tão somente 
aquelas que sejam realizadas sem que o devedor tenha reservado bens para o pagamento da 
dívida inscrita. Assim, por exemplo, nada impede que o sujeito passivo, contra quem paira 
dívida inscrita no valor de R$ 500.000,00, aliene imóvel no valor de R$ 700.000,00, desde que 
mantenha em sua propriedade bens cuja soma seja superior à dívida inscrita. 
FRAUDE À 
EXECUÇÃO 
FISCAL 
1.obrigação 
tributária 
2. crédito 
tributário 
3-inscrição em 
dívida ativa 
ajuizamento da 
ação de execução 
fiscal 
5-despacho 
citatório na ação 
de execução fiscal 
6-penhora 
A PARTIR DA INSCRIÇÃO EM DÍVIDA 
ATIVA A ALIENAÇÃO PODE 
ACARRETAR FRAUDE À EXECUÇÃO 
5 
 
Ainda quanto ao tema, é importante consignar que o Superior Tribunal de Justiça firmou 
entendimento no sentido da inaplicabilidade da Súmula 375 à fraude à execução fiscal : 
Súmula nº 375: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da 
penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente. 
 
O fundamento é o de que, tratando-se de alienação realizada após a inscrição em dívida 
ativa sem que tenham sido reservados pelo sujeito passivo bens suficientes ao total 
pagamento da dívida, a presunção de fraude à execução é absoluta, sendo irrelevanteque o 
terceiro tenha adquirido o bem de boa-fé. 
Assim, se o devedor X, contra quem há dívida tributária inscrita no valor de R$ 
200.000,00, vender a Y um imóvel de sua propriedade - sem reservar bens para garantir a 
integralidade da dívida - pode o fisco penhorar o bem transacionado e levá-lo a leilão para 
satisfação do seu crédito, sendo irrelevante a circunstância de o terceiro adquirente ter agido 
de boa-fé. 
Assim, o artigo 185 do Código Tributário Nacional exige cautela redobrada de quem 
adquire um bem – sobretudo quando for um imóvel - sendo importante a consulta acerca da 
existência de créditos inscritos em dívida ativa no nome do alienante. 
Por fim, dispõe o artigo 185-A do Código Tributário Nacional: 
 Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não 
pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados 
bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, 
comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e 
entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao 
registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e 
do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam 
cumprir a ordem judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
 § 1o A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor 
total exigível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da 
indisponibilidade dos bens ou valores que excederem esse limite. (Incluído pela 
Lcp nº 118, de 2005) 
§ 2o Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput 
deste artigo enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e 
direitos cuja indisponibilidade houverem promovido. (Incluído pela Lcp nº 118, de 
2005) 
 
 
Como se pode observar, três são os requisitos para que a indisponibilidade possa ser 
decretada: a) citação do devedor; b) ausência de indicação de bens à penhora pelo devedor; c) 
não terem sido encontrados bens penhoráveis pela Fazenda Pública. 
Os dois primeiros requisitos não oferecem dificuldades, sendo decorrência do próprio 
procedimento adotado pela Lei de Execuções Fiscais. De fato, no modelo adotado pela Lei 
6 
 
6.830/80, citado o devedor, este tem o prazo de cinco dias para pagar a dívida ou garantir a 
execução: 
Os dois primeiros requisitos não oferecem dificuldades, sendo decorrência do 
próprio procedimento adotado pela Lei de Execuções Fiscais. De fato, no modelo 
adotado pela Lei 6.830/80, citado o devedor, este tem o prazo de cinco dias para 
pagar a dívida ou garantir a execução: 
 
 
O terceiro requisito é que gerava maior controvérsia, porque a lei não estabelece 
quando que se deve entender que não foram encontrados bens pelo credor. Seria necessário o 
esgotamento das diligências por parte do fisco ou bastaria que a penhora sobre conta corrente 
não obtivesse êxito? Em caso positivo, quais são os atos necessários para se considere 
esgotadas as diligências? O tema foi pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça, mediante a 
edição de súmula sobre o assunto: 
Súmula 560: A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art. 
185- A do CTN, pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens 
penhoráveis, o qual fica caracterizado quando infrutíferos o pedido de constrição sobre 
ativos financeiros e a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do 
executado, ao Denatran ou Detran. 
 
Assim, é necessário o exaurimento das diligências, que se considera ocorrido quando: a) 
restar infrutífero o pedido de constrição sobre ativos financeiros (Bacenjud); b) for 
comprovado pelo fisco a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado 
– como cartórios de registro de imóveis – sem que tenham sido encontrados bens; c) tenha o 
credor enviado ofícios ao Denatran ou Detran com pedido de informações sobre veículos em 
nome do devedor. 
Realizadas essas diligências e tendo o devedor, devidamente citado, não apresentado 
bens à penhora, pode o magistrado determinar a indisponibilidade de bens e direitos em nome 
do executado, mediante cadastro da decisão na Central Nacional de Indisponibilidade de 
Bens. Esse sistema permite que a ordem de indisponibilidade chegue ao conhecimento de 
diversos órgãos registrais do País, impedindo que o sujeito passivo aliene os bens de sua 
propriedade. Além disso, a medida facilita a localização desse patrimônio, porque o parágrafo 
segundo determina que, uma vez cumprida a indisponibilidade, cabe aos órgãos e entidades 
registrais informar ao juízo sobre o cumprimento da decisão. 
Por outro lado, caso se constate que a indisponibilidade atingiu bens diversos cuja soma 
é superior ao valor cobrado, deve o magistrado determinar o levantamento dos bens ou 
valores que excederem a esse limite, conforme determina o parágrafo primeiro do dispositivo. 
 
 
 
7 
 
 
Veja Gráfico 
 
3- PREFERÊNCIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
O Código Tributário Nacional disciplina o grau de preferência atribuído ao crédito 
tributário quando comparado com os créditos provenientes de outras fontes, como de 
relações trabalhistas ou contratuais. A regra geral que disciplina o tema se encontra inserida 
no caput do artigo 186 do Código Tributário Nacional, que dispõe no seguinte sentido: 
 Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua 
natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da 
legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. (Redação dada pela Lcp nº 
118, de 2005) 
 
 
Portanto, como regra geral, o crédito tributário prefere a qualquer outro, 
independentemente da natureza ou do tempo da sua constituição, ressalvados apenas os 
créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. 
Há entendimento no sentido de que esse dispositivo seria parcialmente inconstitucional, 
porque os créditos de natureza alimentícia também teriam preferência sobre o crédito 
tributário. Nesse sentido, já decidiu o TRF da 4ª Região: “INCONSTITUCIONALIDADE 
PARCIAL DO ARTIGO 186 DO CTN 1. O dispositivo em comento fere a Constituição 
Federal, ainda que de forma parcial, já que atenta contra o princípio de proteção 
prioritária assegurado à criança e ao adolescente ( art. 227 CF); contra o dever de 
assistência imposto pelo artigo 229 da CF; bem como consagra, em situações como a dos 
INDISPONIBILIDADE DO ART. 
185-A 
CITAÇÃO DO DEVEDOR 
AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO 
DE BENS À PENHORA PELO 
DEVEDOR 
Não terem sido 
encontrados bens 
penhoráveis pela Fazenda 
Pública , mediante a 
adoção das seguintes 
diligências 
constrição sobre ativos 
financeiros (Bacenjud) 
Expedição de ofícios aos 
registros públicos do 
domicílio do executado 
expedição de ofícios ao 
denatran ou Detran 
8 
 
autos, tratamento anti-isonômico, conferindo maior proteção aos empregados que aos 
filhos do indivíduo. 2. Incidente de arguição de inconstitucionalidade acolhido” (TRF4, 
Corte Especial, ARGINC 2009.04.00.033108-1, Rel. Luciane Amaral Corrêa Münch, DE 14-
9-2010) 
 
Um exemplo auxilia a compreender o dispositivo: Imaginemos que o sujeito passivo X 
possui diversas dívidas. Ele deve R$ 200.000,00 para uma instituição financeira, R$ 150.000,00 
para os seus empregados e R$ 100.000,00 para a União Federal, referente a tributos 
inadimplidos. A dívida da instituição financeira foi garantida por meio de hipoteca de um 
imóvel de sua propriedade. Os demais débitos não se encontram garantidos. Passado algum 
tempo sem que o sujeito passivo fizesse o pagamento voluntário, a instituição financeira 
ingressou com a ação de execução, requerendo a penhora e a arrematação do imóvel 
hipotecado. Igual medida foi tomada pelos empregados e pela União Federal, que nas suas 
ações de execução penhoraram o bem imóvel hipotecado pela instituição financeira. Não 
foram encontrados outros bens de propriedadedo executado. O imóvel foi arrematado por R$ 
250.000,00. Nessa perspectiva, como deve ser repartido o valor arrecadado? 
Por força do artigo 186 do Código Tributário Nacional, a preferência é dos créditos 
decorrentes da legislação do trabalho. Assim, os empregados devem receber o valor de R$ 
150.000,00, o que representa a quitação da dívida com relação a eles. O valor remanescente, 
de R$ 100.000,00, deve ser repassado para a União Federal, por se tratar de dívida de natureza 
tributária. Como houve o esgotamento do valor arrecadado, nada é repassado à instituição 
financeira. 
Embora essa seja a regra sobre a preferência do crédito tributário, há importante 
exceção, constante do parágrafo único do artigo 186, que disciplina a ordem de preferência no 
caso de falência: 
Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o 
tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho 
ou do acidente de trabalho. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) 
Parágrafo único. Na falência: (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
I – o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias 
passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia 
real, no limite do valor do bem gravado; (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
II – a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos 
decorrentes da legislação do trabalho; e (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
III – a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. (Incluído pela Lcp nº 
118, de 2005) 
 
 
Por força do inciso III do artigo 186, que deve ser interpretado em conjunto com o artigo 
124 da Lei 11.101/2005 , no caso de falência do devedor há a necessidade de fracionamento 
do crédito tributário em três partes: a) valor do tributo acrescido de correção monetária e 
juros até a data da falência; b) valor das multas tributárias; c) valor dos juros moratórios 
vencidos após a decretação da falência. 
9 
 
As multas tributárias preferem apenas aos créditos subordinados na falência, ou seja, são 
pagas somente se os créditos das seguintes classes forem satisfeitos: 
 i) créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta) 
salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; 
 ii) créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; 
 iii) valores devidos a título de tributo, correção e juros vencidos até a data da quebra; 
 iv) créditos com privilégio especial; 
v) créditos com privilégio geral; 
vi) créditos quirografários 
Os juros moratórios vencidos após a decretação da falência possuem posição ainda 
menos privilegiada, conforme evidencia o artigo 124 da lei 11.101/2005: 
Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da 
falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos 
credores subordinados. 
Assim, eles somente são pagos se todos os credores subordinados também o forem, o 
que é algo bastante raro na prática. 
Os créditos extraconcursais (i) são aqueles que dizem respeito às obrigações ocorridas 
após a falência ou durante o curso da recuperação judicial, conforme enuncia o artigo 84 da 
Lei 11.101/2005: 
 
 
Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência 
sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a: 
I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados 
da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços 
prestados após a decretação da falência; 
 II – quantias fornecidas à massa pelos credores; 
 III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu 
produto, bem como custas do processo de falência; 
 IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido 
vencida; 
V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação 
judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos 
relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem 
estabelecida no art. 83 desta Lei. 
 
A razão da opção legislativa é obvia: Se a remuneração do administrador judicial, por 
exemplo, se submetesse ao concurso de credores, poucos se interessariam pelo exercício da 
10 
 
função, dada a possibilidade de o crédito não ser recuperado. O mesmo se dá com os atos 
praticados durante a fase de recuperação judicial da empresa. Se não existisse a norma do 
inciso V do artigo 84, que considera as obrigações assumidas nesse período como 
extraconcursais, dificilmente alguma instituição financeira ou algum fornecedor concederia 
crédito à pessoa jurídica recuperanda, pelo risco iminente de falência da pessoa jurídica. 
As importâncias passíveis de restituição (ii) concernem àqueles bens ou direitos que 
sequer são de propriedade do falido, razão pela qual não podem ser utilizados para satisfação 
do crédito tributário. Exemplo bastante corriqueiro é do bem alienado fiduciariamente ao 
falido. Embora o devedor tenha a posse, a propriedade é do credor fiduciário, que tem o 
direito de pedir a sua restituição ao juízo falimentar. 
Diferentemente do que ocorre quando não há a falência do devedor, os créditos com 
garantia real têm preferência sobre o crédito tributário na falência, até o limite do valor do 
bem gravado. 
Assim, imaginemos que o devedor falido X possui diversas dívidas. Ele deve R$ 
200.000,00 para um credor hipotecário (instituição financeira), R$ 100.000,00 para a União 
Federal, referente a tributos inadimplidos, e R$ 1.000.000,00 para fornecedores sem qualquer 
garantia. Supomos que o único bem de sua propriedade seja justamente aquele que foi 
hipotecado, o qual foi arrematado na falência pelo valor de R$ 250.000,00. 
Nessa perspectiva, como deve ser repartido o valor arrecadado? Por força da regra do 
inciso I do artigo 186, a preferência é do credor com garantia real, no caso a instituição 
financeira, que deve receber a quantia de R$ 200.000,00. O valor remanescente, de R$ 
50.000,00, deve ser repassado à União Federal, o que implica apenas na quitação parcial dos 
tributos devidos. Os fornecedores, por outro lado, nada recebem. 
Os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou de acidente do trabalho (iv) mantêm, 
também na falência, a preferência sobre o crédito tributário, mas com uma diferença. Nesse 
caso, a lei pode estabelecer limites para fruição da preferência, o que efetivamente o fez com 
a edição da Lei 11.101/2005, cujo artigo 83 dispõe no seguinte sentido: 
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: I – os 
créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) 
salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; [...] 
 
 
Os créditos trabalhistas que excederem ao limite de 150 salários-mínimos são 
quirografários, não preferindo ao crédito tributário, conforme determina o inciso VI do artigo 
83 da Lei 11.101/2005. 
11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PREFERÊNCIA DO CRÉDITO 
TRIBUTÁRIO 
REGRA GERAL 
NÃO PREFERE AOS 
CRÉDITOS DECORRENTES 
DA LEGISLAÇÃO DO 
TRABALHO OU ACIDENTE 
DE TRABALHO 
PREFERE AOS OUTROS 
12 
 
 
PREFERÊNCIA 
DO CRÉDITO 
TRIBUTÁRIO NA 
FALÊNCIA 
TRIBUTOS+ 
CORREÇÃO 
MONETÁRIA+JUROS 
MORATÓRIOS ATÉ A 
DATA DA FALÊNCIA 
NÃO 
PREFERE 
AOS CREDITOS 
EXTRACONCUR
-SAIS 
AS IMPOSTÂNCIAS 
PASSÍVEIS DE 
RESTITUIÇÃO NOS 
TERMOS DA LEI 
AOS CRÉDITODS 
COM GARANTIA 
REAL NO LIMITE 
DO BEM 
GRAVADO 
AOS CRÉDITOS 
DECORRENTES DA 
LEGISLAÇÃO DO 
TRABALHO OU 
ACIDENTE DE 
TRABALHO ATÉ 150 
sm 
PREFERE A 
TODOS OS 
DEMAIS 
MULTAS 
TRIBUTÁRIAS 
PREFERE AOS 
CRÉDITOS 
SUBORDIANDOS 
NA FALÊNCIA 
NÃO PREFERE 
AOS DEMAIS 
CRÉDITOS 
juros vencidosapós a falência 
NÃO TÊM 
PREFERÊNCIAS, PORQUE 
SÓ SÃO EXIGÍVEIS SE O 
ATIVO DA MASSA 
FALIDA COMPORTAR O 
PAGAMENTO DE TODOS 
OS CREDORES, 
INCLUSIVE OS 
SUBORDINADOS. 
13 
 
Tudo o que dissemos vale para os créditos tributários que se submetem ao 
concurso de credores, porque seus fatos geradores ocorreram antes da falência. Mas há 
também os créditos tributários extraconcursais, provenientes de obrigações surgidas 
após a decretação da falência do devedor, do que é exemplo o IPTU incidente sobre os 
imóveis do falido. Sobre o tema, colacionamos o artigo 188 do Código Tributário 
Nacional e o artigo 84, inciso V, da Lei 11.101/2005: 
Código Tributário Nacional 
Art. 188. São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores 
ocorridos no curso do processo de falência. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) 
§ 1º Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao processo 
competente, mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, 
se a massa não puder efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à 
natureza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada. 
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se aos processos de concordata. 
 
 
Lei 11.101/2005 Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com 
precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a: 
 I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da 
legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados 
após a decretação da falência; 
 II – quantias fornecidas à massa pelos credores; 
 III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu 
produto, bem como custas do processo de falência; 
 IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida; 
V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, 
nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos 
geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 
desta Lei. 
 
Os créditos extraconcursais são pagos prioritariamente sobre todos os créditos 
concursais. 
 Assim, por exemplo, entre o pagamento do IPTU que incidiu após a falência e os 
valores provenientes das obrigações trabalhistas geradas antes da quebra, deve-se pagar em 
primeiro lugar o crédito do IPTU. 
Em existindo mais de um crédito extraconcursal, deve-se observar a ordem prevista 
pelo artigo 84 do Código Tributário Nacional, e dentro do inciso V do artigo 84, a ordem 
prevista pelo artigo 83, no caso de obrigações surgidas após a falência ou recuperação judicial. 
De maneira resumida e sem esquecer das observações que fizemos acima, podemos resumir a 
ordem de preferência no seguinte gráfico: 
14 
 
 
 
PRIVILÉGIOS DO 
CRÉDITO 
TRIBUTÁRIO NA 
FALÊNCIA 
CRÉDITOS QUE 
SE SUBMETEM 
AO CONCURSO 
DE CREDORES 
CRÉDITOS 
TRABALHISTAS 
ATÉ 150 SM E DE 
ACIDENTES DE 
TRABALHO 
CRÉDITO COM 
GARANTIA REAL 
VALOR DO 
TRIBUTO COM 
CORREÇÃO 
MONETÁRIA E 
MULTA DE MORA 
ATÉ A DATA DA 
FALÊNCIA 
CRÉDITOS COM 
PRIVILÉGIO 
ESPECIAL 
CRÉDITOS COM 
PRIVILÉGIO 
GERAL 
CRÉDITOS 
QUIROGRAFÁRIO
S 
MULTAS 
CONSTRATUTAIS E 
PENAS PECUNIÁRIAS 
POR INFRAÇÃO DAS 
LEIS PENAIS OU 
ADMINISTRATIVAS , 
INCLUSIVE AS 
MULTAS TRIBUTÁRIAS 
CRÉDITOS 
SUBORDINADOS 
JUROS VENCIDOS APÓS A 
DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA , 
INCLUSIVE OS DECORRENTES 
DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
CRÉDITOS 
EXTRACONCURS
AIS 
REMUNERAÇÕES DEVIDAS AO 
ADMINISTR\DOR JUDICIAL E SEUS 
AUXILIARES, E CRÉDITOS DERIVADOS 
DA LEGISLAÇÃO DO TRABALHO OU 
DECORRENTES DE ACIDENTE DO 
TRABALHO RELATIVOS A SERVIÇOS 
PRESTADOS APÓS A DECRETAÇÃO DA 
FALÊNCIA 
QUANTIAS 
FORNECIDAS ÀS 
MASSAS PELOS 
CREDORES 
DESPESAS COM 
ARRECADAÇÃO 
ADMINISTRAÇÃO,REALIZAÇÃO 
DO ATIVO E DISTRIBUIÇÃO DO 
SEU PRODUTO, BEM COMO 
CUSTAS DO PROCESSO DE 
FALÊNCIA 
CUSTAS JUDICIAIS RELATIVAS ÀS 
AÇÕES E EXECUÇÕES EM QUE A 
MASSA FALIDA ETNHA SIDO 
VENCIDA 
CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS 
CUJOS FATOS 
GERADORES OCORREM 
APÓS A DECRETAÇÃO 
DA FALÊNCIA 
15 
 
O caput do artigo 187, por sua vez, determina que “a cobrança judicial do crédito 
tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação 
judicial, concordata, inventário ou arrolamento”. 
Isso significa que não é necessário que seja realizada a habilitação do crédito tributário 
na falência, recuperação judicial, inventário ou arrolamento, podendo-se prosseguir na 
execução fiscal. 
No âmbito da falência, inclusive, caso o bem já tenha sido penhorado na execução fiscal 
antes da quebra do devedor, é possível ao credor requerer o prosseguimento da excussão. 
Nesse caso, em ocorrendo o leilão do bem, deve o valor arrecadado ser remetido ao juízo 
falimentar, para que seja distribuído aos credores, segundo a ordem de preferência legal (STJ - 
REsp: 399724 RS 2001/0177532-4,). 
Por outro lado, uma vez ocorrida a falência, não pode o credor requerer na execução 
fiscal a penhora de bens de propriedade do falido. Nesse caso, o que a Fazenda Pública pode 
fazer é requerer a penhora do crédito tributário no rosto dos autos do processo falimentar, 
para que seja observada a ordem de preferência do crédito tributário no juízo universal (AgRg 
no REsp 783.318/SP). 
O parágrafo único do artigo 187 estabelece uma ordem de preferência entre os créditos 
tributários das entidades federativas: 
Art. 187. [...] Parágrafo único. 
O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito 
público, na seguinte ordem: 
 I - União; 
II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata; 
III - Municípios, conjuntamente e pró rata. 
 
 
Por força desse dispositivo, existindo penhoras de entidades federativas diversas sobre 
o mesmo bem, deve-se pagar em primeiro lugar os créditos tributários da União, depois os 
créditos tributários dos Estados, Distrito Federal e Territórios, e por último os créditos 
tributários dos Municípios. 
 Essa regra foi complementada pelo artigo 29 da Lei de Execuções Fiscais, que possui a 
seguinte redação: 
Art. 29 da Lei 6.830/80 A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é 
sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação, 
inventário ou arrolamento Parágrafo Único - O concurso de preferência somente se 
verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: 
I - União e suas autarquias; 
 II - Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata; 
 III - Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata. 
 
16 
 
A diferença entre um dispositivo e outro é que, neste último, foram incluídos os créditos 
das autarquias, que gozam da mesma preferência estabelecida à entidade federativa 
correspondente. 
Embora haja vozes na doutrina no sentido da inconstitucionalidade desses dispositivos, 
por ofensa ao princípio da isonomia entre as pessoas políticas, não é isso que tem 
predominado na jurisprudência. 
Quanto ao tema, há inclusive Súmula do Supremo Tribunal Federal, proferida na época 
da ordem constitucional pretérita: 
Súmula 563: O concurso de preferência a que se refere o parágrafo único, do art. 187, 
do CTN, é compatível com o disposto no art. 9º, I, da CF/67. 
 
Em julgado repetitivo, o Superior Tribunal de Justiça considerou que o crédito tributário 
de autarquia federal goza do direito de preferência em relação àquele de que seja titular a 
Fazenda Estadual, desde que coexistentes execuções e penhoras (STJ - REsp: 957836 SP 
2007/0072037-2, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 13/10/2010, S1 - PRIMEIRA 
SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 26/10/2010). 
Os artigos 189 e 190 dispõe no seguinte sentido: 
Art. 189.São pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário ou 
arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários vencidos ou 
vincendos, a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do processo de 
inventário ou arrolamento. Parágrafo único. Contestado o crédito tributário, proceder-se-
á na forma do disposto no § 1º do artigo anterior. 
 
Art. 190. São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários vencidos 
ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou 
voluntária, exigíveis no decurso da liquidação. 
 
Os artigos 189 e 190 se aplicam nos casos de inventário e liquidação, quando o sujeito 
passivo for solvente, ou seja, consegue adimplir com todas as suas obrigações. Nesse caso, o 
pagamento do crédito tributário deve ser realizado com prioridade sobre os demais créditos. 
O artigo 191 não apresenta dificuldades, apenas condicionando a extinção das 
obrigações do falido a prova da quitação de todos os tributos. 
Mais polêmico é o artigo 191-A, que dispõe no seguinte sentido: 
Art. 191-A. A concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de 
quitação de todos os tributos, observado o disposto nos arts. 151, 205 e 206 desta Lei. 
(Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
 
17 
 
Por força dessa regra, a concessão da recuperação judicial fica condicionada a uma das 
seguintes circunstâncias, no que tange aos créditos tributários: i) quitação de todos os 
tributos; ii) apresentação de certidão negativa; iii) certidão positiva com efeitos de negativa. 
Nessa esteira, ocorrida a suspensão dos créditos tributários por qualquer das hipóteses 
do artigo 151 do CTN, faz-se possível a concessão da recuperação judicial, porque o 
contribuinte, muito embora não tenha quitado seus tributos, obtém uma certidão positiva 
com efeitos de negativa. O mesmo ocorre se o sujeito passivo garante a dívida com uma 
penhora suficiente à satisfação do crédito, conforme enuncia o artigo 206 do CTN: 
Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a 
existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido 
efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa. 
 
 Quanto ao tema, como vimos no capítulo anterior, o parcelamento é causa de suspensão 
da exigibilidade do crédito tributário, e o artigo 155-A, §3º, prevê que a lei deve dispor sobre 
condições de parcelamento do devedor em recuperação judicial. Com base nesse raciocínio, o 
STJ tem precedentes no sentido de que, caso haja mora da entidade federativa na edição 
dessa lei, não se pode exigir a apresentação de certidões de regularidade fiscal para concessão 
da recuperação judicia.( STJ, Corte Especial, REsp 1187404/MT Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 
jun. 2013). 
Por fim, dispõe os artigos 192 e 193 do CTN: 
Art. 192. Nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida 
sem prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas 
rendas. 
 
Art. 193. Salvo quando expressamente autorizado por lei, nenhum departamento da 
administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, ou dos Municípios, ou 
sua autarquia, celebrará contrato ou aceitará proposta em concorrência pública sem 
que o contratante ou proponente faça prova da quitação de todos os tributos devidos à 
Fazenda Pública interessada, relativos à atividade em cujo exercício contrata ou 
concorre. 
 
Os dispositivos são autoexplicativos, dispensando maiores comentários. O artigo 192 
condiciona a sentença de partilha ou adjudicação à prova da quitação de todos os tributos do 
espólio. É o que também dispõe o artigo 654 do CPC: 
Art. 654. Pago o imposto de transmissão a título de morte e juntada aos autos certidão 
ou informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará por 
sentença a partilha. 
 
O artigo 193, por sua vez, afirma que, salvo quando expressamente autorizado por lei, 
a celebração de contrato ou a aceitação de proposta em concorrência pública só podem ser 
realizadas mediante comprovação do interessado de que realizou a quitação de todos os 
18 
 
tributos devidos à Fazenda Pública interessada, no que tange à atividade em cujo exercício 
contrata ou concorre. 
Assim, o artigo 193 impõe apenas a comprovação da quitação dos tributos com relação 
à Fazenda Pública interessada, e desde que relativos à atividade a que pretende ser 
contratado. 
Não obstante, há normas mais rigorosas do que a do artigo 193, como a prevista pelos 
artigos 27 a 29 da Lei 8.666/93: 
Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, 
documentação relativa a: 
 I - habilitação jurídica; 
 II - qualificação técnica; 
 III - qualificação econômico-financeira; IV – regularidade fiscal e trabalhista; [...] 
 
Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso, 
consistirá em: 
 I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Geral de 
Contribuintes (CGC); 
 II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se houver, 
relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e 
compatível com o objeto contratual; 
 III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do 
domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei; 
 IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por 
Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos 
sociais instituídos por lei. 
V – prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, 
mediante a apresentação de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da 
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio 
de 1943. 
 
Portanto, o atendimento à exigência do artigo 193 do CTN pode não ser o suficiente 
para que a pessoa jurídica seja contratada pelo poder público. 
 
4-ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 
3.1 REGULAMENTAÇÃO 
A partir de agora, nos dedicaremos ao estudo da Administração Tributária, cujas 
normas se encontram arroladas no Título IV do Código Tributário Nacional, entre os artigos 
194 a 208 desse diploma legislativo. 
3.2 FISCALIZAÇÃO 
19 
 
A norma que inaugura o tema é a do artigo 194 do Código Tributário Nacional, que 
possui a seguinte redação: 
Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, regulará, em caráter 
geral, ou especificamente em função da natureza do tributo de que se tratar, a 
competência e os poderes das autoridades administrativas em matéria de 
fiscalização da sua aplicação. Parágrafo único. A legislação a que se refere este 
artigo aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às 
que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal. 
 
Ao utilizar o termo legislação tributária, quis o Código Tributário Nacional autorizar 
não apenas à lei em sentido estrito a regulamentação das matérias atinentes à competência e 
aos poderes das autoridades administrativas, mas também aos Decretos, às Portarias, às 
Instruções Normativas e aos outros atos infralegais. De fato, o conceito de legislação tributária 
é bastante amplo, porque abarca, nos termos do artigo 98 do CTN, “as leis, os tratados e as 
convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou 
em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes”. 
O parágrafo único reitera que todos têm o dever de se submeter à fiscalização 
tributária, independentemente de ser ou não contribuinte de determinado tributo. Assim, o 
fato de uma entidade ser isenta ou imune não significa que ela não terá que se sujeitar à 
fiscalização tributária. 
O artigo 195 traz regras sobre o exame de livros, mercadorias e registros contábeis do 
sujeito passivo,ao dispor no seguinte sentido: 
Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer 
disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, 
livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes 
industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los. Parágrafo único. Os 
livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos 
lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos 
créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. 
 
Portanto, os agentes da administração tributária podem fiscalizar as mercadorias, 
livros, arquivos, documentos e papéis do sujeito passivo, independentemente de qualquer 
autorização judicial, mas desde que haja pertinência entre o objeto de análise e a finalidade da 
fiscalização. 
Nesse sentido, não é oponível ao fisco o direito ao sigilo dos livros fiscais, como 
inclusive deixa claro o artigo 1.193 do Código Civil: 
Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em 
parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da 
fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis 
especiais. 
 
20 
 
A insubmissão ao disposto no artigo 195 do Código Tributário Nacional pode justificar 
a imposição de multa e o lançamento por arbitramento do tributo, sem prejuízo de a Fazenda 
Pública requerer judicialmente a exibição da documentação. 
O parágrafo único determina que os livros obrigatórios de escrituração comercial e 
fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados sejam conservados até que ocorra a 
prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Assim, é 
importante frisar: o prazo de conservação não é de cinco anos, mas até que ocorra a extinção 
do crédito pela prescrição. 
Na prática, portanto, o prazo de conservação pode ser bem mais longo, pela 
possibilidade de o prazo prescricional ser interrompido ou suspenso. O artigo 196 possui a 
seguinte redação: 
Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer 
diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o 
início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo 
para a conclusão daquelas. Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo 
serão lavrados, sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando 
lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujeita à fiscalização, cópia 
autenticada pela autoridade a que se refere este artigo. 
 
De fato, o processo administrativo fiscal é orientado pelo princípio documental, 
porque seus atos devem ser formalizados. 
O fato de a atividade fiscalizatória ser documentada não só é importante para 
possibilitar o controle da sua legalidade, inclusive no âmbito judicial, mas também pelo fato de 
que o seu início se constitui em um importante marco no Direito Tributário, por impedir a 
realização da denúncia espontânea. 
O artigo 197 arrola uma série de pessoas e entidades que são obrigadas a prestar ao 
fisco as informações de que disponham, com relação aos bens, negócios ou atividades de 
terceiros: 
Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade 
administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, 
negócios ou atividades de terceiros: 
I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício; 
 II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras; 
III - as empresas de administração de bens; 
IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; 
 V - os inventariantes; 
VI - os síndicos, comissários e liquidatários; 
VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo, 
ofício, função, ministério, atividade ou profissão. 
 Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a prestação de 
informações quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado 
a observar segredo em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou 
profissão. 
21 
 
 
Como se pode observar, as pessoas arroladas pelo artigo 197 são terceiros, ou seja, 
não são sujeitos passivos da relação obrigacional principal para cuja fiscalização devem 
contribuir. Não obstante, têm a obrigação acessória de prestar informações ao fisco, em razão 
de manterem informações relevantes sobre as atividades do sujeito passivo. 
Apesar disso, se as informações estiverem legalmente sob sigilo, em razão do cargo, 
ofício, função, ministério, atividade ou profissão, esses terceiros não são obrigados a repassá-
la, conforme deixa claro o parágrafo único do artigo 197. 
Questão polêmica sobre o tema dizia respeito a possibilidade de o fisco examinar 
documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de 
depósitos e aplicações financeiras. De fato, o artigo 6º da Lei Complementar 105/2001 autoriza 
essa possibilidade, ao dispor no seguinte sentido: 
Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e 
registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e 
aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou 
procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela 
autoridade administrativa competente. (Regulamento) Parágrafo único. O resultado 
dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão 
conservados em sigilo, observada a legislação tributária. 
 
A dúvida que pairava era sobre a constitucionalidade do dispositivo, em razão de 
existir entendimento no sentido de que o sigilo bancário seria matéria sujeita à reserva de 
jurisdição, o que implicaria na necessidade de obtenção de ordem judicial para o acesso a tais 
informações. 
O Supremo Tribunal Federal, no entanto, pacificou a questão em sentido contrário, ao 
fixar a seguinte tese de Repercussão Geral, quando do julgamento do RE 601.314: “O art. 6º da 
Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em 
relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece 
requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 
Assim, a administração tributária pode requisitar diretamente às instituições 
financeiras os dados bancários dos seus correntistas, desde que preenchidos os seguintes 
pressupostos, previstos pelo artigo 6º da Lei Complementar 105/01: 
a) houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso; 
b) tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. 
Além disso, as informações obtidas devem ser mantidas sob sigilo, conforme determina o 
parágrafo único do artigo 6º da Lei Complementar 105/01. Quanto ao tema atinente ao sigilo 
fiscal, dispõe o artigo 198 do Código Tributário Nacional: 
Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por 
parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do 
22 
 
ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e 
sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. 
 
Portanto, a regra é que os dados do sujeito passivo sejam conservados pela fazenda 
pública respectiva, configurando infração administrativa o repasse dessas informações a 
terceiros. 
Há, no entanto, uma série de exceções a essa regra. O parágrafo primeiro do artigo 
198, por exemplo, dispõe no seguinte sentido: 
Art. 198 [...] § 1o Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos previstos no 
art. 199, os seguintes: (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001) 
I – requisição de autoridade judiciária nointeresse da justiça; (Incluído pela Lcp nº 
104, de 2001) 
 II – solicitações de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública, 
desde que seja comprovada a instauração regular de processo administrativo, no 
órgão ou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que 
se refere a informação, por prática de infração administrativa. (Incluído pela Lcp nº 
104, de 2001) 
 
O inciso I autoriza o compartilhamento das informações sigilosas com o Poder 
Judiciário, nos casos em que haja decisão judicial autorizando. Esse dispositivo também se 
aplica às Comissões Parlamentares de Inquérito, que possuem poderes de investigação 
próprios das autoridades judiciais (art. 58, § 3º, da CF). 
O inciso II concerne àquelas situações em que paira contra o contribuinte um processo 
administrativo com objetivo de investigar a prática de alguma infração administrativa, seja ela 
de natureza ambiental, concorrencial, etc. Nesse caso, é possível que as informações em poder 
do fisco sejam compartilhadas com o órgão responsável pela apuração da infração, desde que 
elas sejam necessárias para a investigação. Além disso, o intercâmbio deve ser realizado com a 
observância das cautelas previstas pelo parágrafo segundo do artigo 198: 
Art. 198 [...] § 2o O intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Administração 
Pública, será realizado mediante processo regularmente instaurado, e a entrega será 
feita pessoalmente à autoridade solicitante, mediante recibo, que formalize a 
transferência e assegure a preservação do sigilo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) 
Também não é vedada a permuta de informações entre as entidades federativas, na 
forma estabelecida pela lei ou convênio: 
Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos 
respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou 
específico, por lei ou convênio. 
O parágrafo único deste dispositivo autoriza ainda que a União possa permutar 
informações com Estados Estrangeiros, na forma estabelecida em tratados, acordo ou 
convênios. 
23 
 
Por fim, o parágrafo terceiro do artigo 198 estabelece uma série de informações que 
não são protegidas pelo sigilo: 
Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por 
parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do 
ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e 
sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. 
 § 3o Não é vedada a divulgação de informações relativas a: (Incluído pela Lcp nº 
104, de 2001) 
 I – representações fiscais para fins penais; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001). 
II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) 
 III – parcelamento ou moratória. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) 
 
Finalmente, dispõe o artigo 200 do Código Tributário Nacional quanto à requisição de 
força pública pelas autoridades administrativas: 
Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxílio da 
força pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quando vítimas de 
embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário à 
efetivação dê medida prevista na legislação tributária, ainda que não se configure 
fato definido em lei como crime ou contravenção. 
 
Essa regra, por óbvio, não autoriza ao fisco o ingresso no domicílio residencial ou 
profissional do contribuinte sem a prévia autorização judicial, conforme salvaguarda prevista 
pelo artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal.( HC 93050, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, 
Segunda Turma, julgado em 10/06/2008, DJe-142 DIVULG 31-07-2008 PUBLIC 01-08-2008 
EMENT VOL-02326-04 PP-00700) 
5-DÍVIDA ATIVA 
O ente público pode figurar como credor ou devedor em uma relação obrigacional. 
Quando figura no polo passivo, a legislação lhe confere diversas prerrogativas para o 
pagamento do seu débito, do que é exemplo o precatório. Quando aparece no polo ativo, 
também há um caminho privilegiado para cobrança da prestação a que faz jus. Uma dessas 
prerrogativas da Fazenda Pública é apurar os créditos devidos e inscrevê-los em um livro 
chamado de “Dívida Ativa”, que tem como função organizar e racionalizar a cobrança desses 
créditos 
A dívida ativa pode ser de natureza tributária ou não tributária, conforme enuncia o 
artigo 39 da Lei 4.320/64: 
Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, 
serão escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas 
respectivas rubricas orçamentárias. 
§ 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, 
proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas, e 
Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os 
provenientes de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, 
24 
 
multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, 
alugueis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados por 
estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances dos 
responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de 
obrigações em moeda estrangeira, de subrogação de hipoteca, fiança, aval ou outra 
garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações legais. 
 
Embora o parágrafo segundo do artigo 39 diga o oposto, não há dúvidas de que, a 
partir da Constituição Federal, os créditos provenientes de empréstimos compulsórios e 
contribuições especiais possuem natureza tributária. 
Uma vez inscrito o crédito em dívida ativa, seja ele de natureza tributária ou não 
tributária, faz-se possível a emissão de certidão que espelhe as informações constantes da 
inscrição, a qual é um título executivo extrajudicial, conforme enuncia o inciso IX do artigo 784 
do CPC: 
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: X - a certidão de dívida ativa da 
Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; 
De posse dessa certidão, a Fazenda Pública pode ingressar com a ação de execução 
fiscal contra o sujeito passivo. 
Feitas essas considerações, voltemos nossa atenção para o artigo 201 do Código 
Tributário Nacional, que dispõe sobre a dívida ativa tributária: 
Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza, 
regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado 
o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo 
regular. Parágrafo único. 
A fluência de juros de mora não exclui, para os efeitos deste artigo, a liquidez do 
crédito. 
 
Do ponto de vista da União Federal, a autoridade administrativa competente para 
realizar a inscrição em dívida ativa é a Procuradoria da Fazenda Nacional, a quem compete 
realizar o controle de legalidade da constituição do crédito tributário: 
Lei Complementar 73/1993 Art. 12 - À Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, 
órgão administrativamente subordinado ao titular do Ministério da Fazenda, 
compete especialmente: I - apurar a liquidez e certeza da dívida ativa da União de 
natureza tributária, inscrevendoa para fins de cobrança, amigável ou judicial; 
 
Como se pode observar do caput do artigo 201, constituído o crédito e esgotado o 
prazo para pagamento voluntário, pode a autoridade administrativa competente inscrever o 
crédito tributário em dívida ativa. O gráfico abaixo ajuda a visualizar o momento a partir do 
qual a inscrição se torna possível 
 
25 
 
 
 
O parágrafo único apenas diz o óbvio: O fato de o crédito ter sido inscrito em dívida 
ativa não impede que os juros moratórios continuem fluindo até que ocorra o pagamentoda 
prestação, e essa circunstância não retira a liquidez do crédito apurado. 
 O artigo 202 traz os requisitos do termo de inscrição em dívida ativa: 
Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade 
competente, indicará obrigatoriamente: 
I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, 
sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros; 
 II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos; 
III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição 
da lei em que seja fundado; 
IV - a data em que foi inscrita; 
V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o 
crédito. 
 
Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a 
indicação do livro e da folha da inscrição. 
 
Trata-se de requisitos obrigatórios, sem os quais a inscrição perde a presunção de 
liquidez e certeza. 
O inciso I determina que conste do termo de inscrição o nome do devedor e dos 
corresponsáveis, bem como o domicílio e residência de cada um. 
Apesar disso, não impede o redirecionamento da execução fiscal o fato de o 
corresponsável não constar na CDA, desde que o fisco comprove no bojo da ação de execução 
PROCESSO DE 
POSITIVAÇÃO 
FASE 1: OBRIGAÇÃO 
TRIBUTÁRIA 
FASE 2: CONSTITUIÇÃO 
DO C.T. 
FASE 3: ESGOTAMENTO 
DO PRAZO PARA 
PAGAMENTO 
VOLUNTÁRIO 
FASE 4:INSCRIÇÃO EM 
DÍVIDA ATIVA 
FASE 5: AJUIZAMENTO DA 
AÇÃO DE EXCUÇÃO 
FISCAL 
26 
 
uma das hipóteses que autoriza a responsabilização (STJ, 2ª T., EDcl no REsp 863.334/RS, Rel. 
Min. Humberto Martins, julgado em 3-5-2007, DJ 15-5-2007, p. 265). 
O inciso II determina que conste do termo da inscrição a quantia devida e a maneira de 
calcular os juros de mora, e o inciso III que haja a descrição da origem e natureza do crédito, 
com a indicação da disposição da lei em que seja fundado. 
Nessa perspectiva, não há a obrigatoriedade de a ação de execução fiscal ser 
acompanhada da memória de cálculo, porque a lei exige que conste tão somente a forma de 
calcular o débito e seus fundamentos. 
Quanto ao tema, há inclusive súmula do Superior Tribunal de Justiça sobre o assunto: 
Súmula 559: Em ações de execução fiscal, é desnecessária a instrução da petição 
inicial com o demonstrativo de cálculo do débito, por tratar-se de requisito não 
previsto no art. 6º da Lei n. 6.830/1980. 
 
O inciso IV determina que conste a data da inscrição e o inciso V o número do processo 
administrativo de que se originar o crédito. 
Não há, assim, a obrigatoriedade de que ação de execução seja acompanhada do 
processo administrativo fiscal, porque basta que conste na inscrição o seu número. 
 Por fim, dispõe o parágrafo único que a certidão de dívida ativa deve conter todos os 
requisitos desse artigo, além da indicação do livro e da folha de inscrição. 
O artigo 203 regulamenta as consequências da não observância do disposto no artigo 
anterior: 
Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro 
a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela 
decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, 
mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou 
interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte 
modificada. 
 
A interpretação literal desse dispositivo conduziria à conclusão de que qualquer 
omissão ou erro acarretaria na nulidade do termo de inscrição e do processo de cobrança dele 
decorrente. No entanto, não é isso o que ocorre, porque a jurisprudência abrandou o rigor 
desse dispositivo, ao firmar posição no sentido de que a nulidade somente deve ser 
reconhecida nos casos em que o sujeito passivo demonstrar que o equívoco prejudicou a sua 
defesa (STJ, 1ª T., AGRGAI 485.548/RJ, Min. Luiz Fux, maio 2003) 
Em existindo um erro grave, que prejudique a defesa do executado, é possível ainda 
que a Fazenda Pública substitua a CDA até a data da sentença dos embargos à execução, 
corrigindo o defeito. Nessa hipótese, no entanto, é devolvido ao sujeito passivo o prazo para 
defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada. 
27 
 
Essa possibilidade, de saneamento da nulidade mediante substituição da CDA, 
somente é possível nos casos em que o vício atinge o termo de inscrição. 
Quando a nulidade atinge o próprio lançamento, não há como saneá-la, porque a 
própria constituição do crédito se encontra maculada. 
Por esse motivo, é inviável a substituição da certidão de dívida ativa quando a correção 
pretendida objetivar a modificação do sujeito passivo da execução, existindo inclusive súmula 
acerca do tema: 
Súmula 392: A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a 
prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou 
formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução. 
 
Assim, se determinado Município ingressar com ação de execução fiscal contra o 
contribuinte A cobrando o IPTU inadimplido, não pode no curso da execução, ao verificar que 
o imóvel era de propriedade do contribuinte B, substituir a certidão e pedir o 
redirecionamento da execução contra este último. O vício atingiu o próprio lançamento, que 
teve como destinatário o contribuinte A. 
Esse raciocínio, no entanto, não se aplica nos casos em que consta na CDA pessoa 
jurídica empresarial cuja falência foi decretada antes da propositura da ação executiva. Nessas 
hipóteses, o Superior Tribunal de Justiça firmou jurisprudência no sentido da possibilidade de 
correção da petição inicial e da CDA, não sendo correta a imediata extinção do feito (0 REsp 
1372243/SE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro OG 
FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/2013, DJe 21/03/2014). 
Por fim, dispõe o artigo 204 que a dívida regularmente inscrita goza de presunção de 
certeza e liquidez e tem o efeito de prova constituída. 
 De fato, como mencionado, a certidão de dívida ativa é título executivo extrajudicial, 
autorizando o manejo da ação de execução fiscal. 
 No entanto, essa presunção não é absoluta, podendo ser ilidida por prova a cargo do 
sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite. Por ser ônus do sujeito passivo comprovar a 
inexatidão das informações registradas, cabe a ele juntar o processo administrativo fiscal no 
processo de embargos à execução.( AgInt no REsp 1619983/PB, Rel. Ministro FRANCISCO 
FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/02/2018, DJe 14/02/2018). 
6-CERTIDÕES NEGATIVAS 
O capítulo atinente às certidões negativas regula a forma pela qual o contribuinte 
comprova a regularidade da sua situação perante o fisco. O artigo que inaugura o tema é o 205 
do Código Tributário Nacional: 
Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando 
exigível, seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do 
interessado, que contenha todas as informações necessárias à identificação de sua 
28 
 
pessoa, domicílio fiscal e ramo de negócio ou atividade e indique o período a que se 
refere o pedido. 
 Parágrafo único. A certidão negativa será sempre expedida nos termos em que 
tenha sido requerida e será fornecida dentro de 10 (dez) dias da data da entrada do 
requerimento na repartição. 
 
O artigo 205 trata da Certidão Negativa de Débitos Tributários, que atesta que o 
contribuinte não tem pendências com o fisco, tendo adimplido com todas as suas obrigações 
tributárias. Deve ser emitida nos casos em que não há crédito constituído contra o sujeito 
passivo. 
 Em existindo crédito constituído, seja por meio de lançamento tributário ou confissão 
do próprio sujeito passivo, é inviável a emissão dessa modalidade de certidão, 
independentemente de o referido crédito ter ou não sido inscrito em dívida ativa. Fazendo jus 
o sujeito passivo à emissão dessa certidão, deve ela serexpedida no prazo máximo de 10 dias 
contados da entrada do requerimento na repartição, conforme enuncia o parágrafo único do 
dispositivo. 
Na prática, no entanto, a certidão negativa é expedida imediatamente pela internet, 
sendo dispensável o comparecimento do contribuinte à repartição fiscal. 
O artigo 206 do Código Tributário Nacional afirma que “tem os mesmos efeitos 
previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em 
curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade 
esteja suspensa”. 
Esse dispositivo trata da Certidão Positiva com Efeitos de Negativa, e o nome já revela 
a sua finalidade. Essa certidão é emitida nos casos em que a lei considera que o sujeito passivo, 
embora possuidor de débitos tributários, encontra-se regular perante o fisco, em razão do 
preenchimento de alguns dos requisitos previstos pelo artigo 206. 
 Para que o sujeito passivo faça jus à emissão dessa certidão, é necessária a presença 
de um dos seguintes requisitos: 
1º - Os créditos não estejam vencidos: 
A razão é óbvia. Se não ocorreu o vencimento, não há mora do sujeito passivo. Assim, muito 
embora o crédito já esteja constituído, não há como considerar que o contribuinte não esteja 
regular. 
2º - A exigibilidade esteja suspensa: 
Caso ocorra qualquer uma das hipóteses do artigo 151 do Código Tributário Nacional, como a 
adesão a parcelamento ou a obtenção de medida liminar em ação judicial, por exemplo, o 
sujeito passivo passa a fazer jus à certidão positiva com efeitos de negativa. 
3º - Tenha sido garantida a dívida com penhora: 
29 
 
Também faz jus à certidão positiva com efeitos de negativa o sujeito passivo que 
garante a dívida tributária com penhora, desde que o bem oferecido seja suficiente para fazer 
frente à integralidade do crédito cobrado. 
Quanto ao tema, merece relevo a circunstância de o Superior Tribunal de Justiça 
admitir o ajuizamento de ação cautelar por parte do contribuinte para antecipar a realização 
da penhora e, assim, autorizar a obtenção da certidão positiva com efeitos de negativa.( REsp 
1123669/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2009, DJe 
01/02/2010.) 
De fato, não é incomum que, entre a constituição do crédito tributário, a inscrição em 
dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, transcorra longo período de tempo. Desse 
modo, caso não se franqueasse o caminho da antecipação da penhora, o contribuinte ficaria 
sem a possibilidade de obtenção da certidão positiva com efeitos de negativa, em situação 
mais gravosa do que aqueles que figuram como executados no processo judicial. 
Com o advento do NCPC, a medida pode ser requerida mediante pedido de tutela 
antecipada em caráter antecedente, nos termos dos artigos 303 a 304. 
O artigo 207, por sua vez, dispõe no seguinte sentido: 
Art. 207. Independentemente de disposição legal permissiva, será dispensada a 
prova de quitação de tributos, ou o seu suprimento, quando se tratar de prática de 
ato indispensável para evitar a caducidade de direito, respondendo, porém, todos os 
participantes no ato pelo tributo porventura devido, juros de mora e penalidades 
cabíveis, exceto as relativas a infrações cuja responsabilidade seja pessoal ao 
infrator. 
Por fim, dispõe o artigo 208 do Código Tributário Nacional: 
Art. 208. A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro 
contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a 
expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade criminal e 
funcional que no caso couber 
 
Trata-se de hipótese de responsabilidade por transferência, na qual o agente é 
responsabilizado pelo pagamento do crédito tributário em razão da emissão de uma certidão 
negativa que contenha erro contra a Fazenda Pública. Como se observa do dispositivo, há a 
necessidade de comprovação do elemento subjetivo, consistente na atuação fraudulenta ou 
dolosa por parte do servidor. 
Uma vez comprovados esses pressupostos, o servidor é responsabilizado pelo 
pagamento do crédito tributário e juros de mora acrescidos, sem prejuízo da responsabilidade 
criminal e funcional que no caso couber. 
7- RESUMO 
Direitos e Privilégios do Crédito Tributário 
30 
 
1. As garantias são os meios jurídicos assecuratórios que o estado pode utilizar para receber a 
prestação do tributo. Os privilégios dizem respeito à posição de superioridade de que desfruta 
o crédito tributário, quando comparado com os demais créditos 
 2. O rol das garantias constantes do Código Tributário Nacional não é exaustivo. Outras mais 
podem ser estabelecidas por meio de leis ordinárias federais, estaduais e municipais. 
3. Por força do artigo 184 do CTN, responde pelo crédito tributário todos os bens do sujeito 
passivo, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou 
impenhorabilidade, excetuados tão somente os bens e rendas que a lei declare absolutamente 
impenhoráveis. Nessa esteira, é irrelevante, por exemplo, que o imóvel do sujeito passivo 
esteja hipotecado por uma dívida bancária (gravado por ônus real), porque isso não impede 
que ele seja excutido para satisfação do crédito tributário. O mesmo ocorre com o bem imóvel 
recebido pelo sujeito passivo em doação, no qual conste cláusula de impenhorabilidade. 
Embora essa circunstância impeça a sua alienação para satisfação de dívidas contraídas com 
particulares, não é óbice à penhora e arrematação para quitação de créditos de natureza 
tributária. 
 4. O artigo 185 do CTN versa sobre fraude à execução fiscal. Como se observa do dispositivo, o 
marco temporal utilizado pela Lei para caracterização da fraude à execução é a inscrição do 
crédito em dívida ativa. Assim, o regramento aplicável ao fisco com relação aos créditos 
tributários é mais favorável do que o existente em favor dos credores privados. Com relação a 
estes últimos, incide o disposto no artigo 792 do CPC, que pressupõe para o reconhecimento 
da fraude à execução a existência de uma demanda judicial ou de uma constrição judicial. 
Ainda quanto ao tema, é importante consignar que o Superior Tribunal de Justiça firmou 
entendimento no sentido da inaplicabilidade da Súmula 375 à fraude à execução fiscal. O 
fundamento é o de que, tratando-se de alienação realizada após a inscrição em dívida ativa 
sem que tenham sido reservados pelo sujeito passivo bens suficientes ao total pagamento da 
dívida, a presunção de fraude à execução é absoluta, sendo irrelevante que o terceiro tenha 
adquirido o bem de boa-fé. 
 5. O artigo 185-A prevê três requisitos para indisponibilização dos bens do sujeito passivo: 
 a) citação do devedor; 
b) ausência de indicação de bens à penhora pelo devedor; 
c) não terem sido encontrados bens penhoráveis pela Fazenda Pública. 
6. Os dois primeiros requisitos não oferecem dificuldades, sendo decorrência do próprio 
procedimento adotado pela Lei de Execuções Fiscais. De fato, no modelo adotado pela Lei 
6.830/80, citado o devedor, este tem o prazo de cinco dias para pagar a dívida ou garantir a 
execução. A interpretação do terceiro requisito foi fixada pelo STJ por meio da Súmula 560. 
Segundo o verbete, "A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art. 
185- A do CTN, pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis, o qual 
fica caracterizado quando infrutíferos o pedido de constrição sobre ativos financeiros e a 
expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado, ao Denatran ou 
Detran". 
31 
 
7. Como regra geral, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza 
ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho 
ou do acidente de trabalho. 
8. Na falência, há a necessidade de fracionamento do crédito tributárioem três partes: 
a) valor do tributo acrescido de correção monetária e juros até a data da falência; 
b) valor das multas tributárias; 
 c) valor dos juros moratórios vencidos após a decretação da falência. 
O valor devido a título de tributo acrescido de correção monetária e juros até a data da 
falência possui preferência sobre a maior parte dos créditos, salvo com relação: 
 i) aos créditos extraconcursais; 
ii) às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei; 
iii) aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; 
iv) aos créditos decorrentes da legislação do trabalho ou de acidente do trabalho, no limite 
estabelecido pela legislação. As multas tributárias preferem apenas aos créditos subordinados. 
Os juros moratórios vencidos após a decretação da falência possuem posição ainda menos 
privilegiada. eles somente são pagos se todos os credores subordinados também o forem, o 
que é algo bastante raro na prática. 
Administração Tributária 
 1. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização 
lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da 
legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas. 
2. O artigo 197 arrola uma série de pessoas e entidades que são obrigadas a prestar ao fisco as 
informações de que disponham, com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros. 
Tais pessoas não são sujeitos passivos da relação obrigacional principal para cuja fiscalização 
devem contribuir. Não obstante, têm a obrigação acessória de prestar informações ao fisco, 
em razão de manterem informações relevantes sobre as atividades do sujeito passivo. 
3. Questão polêmica sobre o tema dizia respeito a possibilidade de o fisco examinar 
documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de 
depósitos e aplicações financeiras. A dúvida que pairava era sobre a constitucionalidade do 
dispositivo, em razão de existir entendimento no sentido de que o sigilo bancário seria matéria 
sujeita à reserva de jurisdição, o que implicaria na necessidade de obtenção de ordem judicial 
para o acesso a tais informações. O Supremo Tribunal Federal, no entanto, pacificou a questão 
em sentido contrário, ao fixar a seguinte tese de Repercussão Geral, quando do julgamento do 
RE 601.314: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, 
pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade 
contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da 
esfera bancária para a fiscal”. 
32 
 
4. O ente público pode figurar como credor ou devedor em uma relação obrigacional. Quando 
figura no polo passivo, a legislação lhe confere diversas prerrogativas para o pagamento do seu 
débito, do que é exemplo o precatório. Quando aparece no polo ativo, também há um 
caminho privilegiado para cobrança da prestação a que faz jus. Uma dessas prerrogativas da 
Fazenda Pública é apurar os créditos devidos e inscrevê-los em um livro chamado de “Dívida 
Ativa”, que tem como função organizar e racionalizar a cobrança desses créditos. A dívida ativa 
pode ser de natureza tributária ou não tributária, conforme enuncia o artigo 39 da Lei 
4.320/64. 
5. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando exigível, seja 
feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha 
todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de 
negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido. 
 6. O artigo 206 do Código Tributário Nacional afirma que “tem os mesmos efeitos previstos no 
artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de 
cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja 
suspensa”.Esse dispositivo trata da Certidão Positiva com Efeitos de Negativa, e o nome já 
revela a sua finalidade. Essa certidão é emitida nos casos em que a lei considera que o sujeito 
passivo, embora possuidor de débitos tributários, encontra-se regular perante o fisco, em 
razão do preenchimento de alguns dos requisitos previstos pelo artigo 206. 
 
8-QUESTÕES 
1. (VUNESP/Procurador Jurídico /2018) No âmbito das relações dos particulares com a 
Administração Pública, é comum a exigência por parte desta da apresentação de certidões que 
atestem a regularidade fiscal do cidadão em face de suas obrigações. A esse respeito, é correto 
afirmar que 
 a) a certidão positiva expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda 
Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e 
juros de mora acrescidos. 
 b) a certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido requerida e será 
fornecida dentro de vinte dias da data da entrada do requerimento na repartição. 
 c) a lei não poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo seja feita por 
certidão negativa expedida pela Fazenda Pública, para além dos casos expressamente 
previstos pela Constituição Federal. 
d) a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança 
executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa, tem 
efeitos de certidão positiva de débitos, impedindo o exercício dos direitos sujeitos à 
comprovação de regularidade fiscal. 
33 
 
e) independentemente de disposição legal permissiva, será dispensada a prova de quitação de 
tributos, quando se tratar de prática de ato indispensável para evitar a caducidade de direito, 
respondendo, porém, todos os participantes no ato pelo tributo porventura devido. 
2. (FUNRIO/Técnico Legislativo/2018) A alternativa que assegura ao contribuinte o direito de 
obter Certidão Positiva de Débito com Efeito de Negativa é a seguinte: 
a) quando apesar de declarado o tributo devido e não pago, o contribuinte ainda não tenha 
sido intimado sobre a inscrição do referido crédito tributário em Dívida Ativa. 
 b) quando o contribuinte tenha impetrado mandado de segurança, ainda que a liminar não 
tenha sido concedida pelo juízo. 
c) nos casos em que houver penhora de bens do contribuinte no valor equivalente ao total do 
débito exequendo. 
d) após o encerramento do processo administrativo fiscal, mas antes da execução fiscal. 
3. (NUCEPE/Delegado de Polícia Civil/2018) Considerando o previsto no Código Tributário 
Nacional sobre as garantias e privilégios do crédito tributário, assinale a alternativa CORRETA 
a) Responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de 
qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, ressalvados 
apenas os gravados por cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade. 
 b) Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por 
sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente 
inscrito como dívida ativa, salvo se houverem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas 
suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. 
c) A enumeração das garantias e privilégios contidas no Código Tributário Nacional tem caráter 
exaustivo, sendo vedada, ainda que por lei, a criação de outras. 
 d) O crédito tributário prefere sempre a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo 
de sua constituição, ressalvados, unicamente, os créditos decorrentes da legislação do 
trabalho ou do acidente de trabalho. 
e) São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos antes 
do processo de falência, e concursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores 
ocorridos no curso do processo de falência. 
4. (CESPE/Procurador do Município/2018) Julgue o item que se segue à luz do que dispõe

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