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75Ano VIII • Nº 13 • Janeiro de 2006 • Salvador, BARDE - REVISTA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Resumo O artigo realiza uma análise es- trutural do setor de supermercados em Salvador, apresentando conside- rações teóricas, legais e mercadoló- gicas, relativas ao nível de rivalida- de, aos padrões de concorrência, concentração do mercado, níveis de barreiras à entrada, e levantamento das técnicas de defesa da concorrên- cia utilizada pelos órgãos regulató- rios, numa tentativa de compreen- der as razões para a fraca penetra- ção das grandes cadeias de varejo internacional e nacional no merca- do relevante de Salvador, em função do amplo processo de expansão, ado- ção de estratégias competitivas e internacionalização vigente no setor de supermercados. Neste sentido, são apresentadas as condições con- correnciais, efetivas e potenciais do referido mercado relevante, na ten- tativa de obter informações e estabe- lecer relações de causalidade que possam identificar e responder aos questionamentos acima apresenta- dos. Para tanto, torna-se imprescin- dível analisar o contexto na qual es- tão inseridas as empresas supermer- cadistas de Salvador, a partir do es- tudo das forças estruturais que condicionam as estratégias e o com- portamento das firmas atuantes nes- ta indústria. Palavras-chave: Entrantes potenciais; Barreiras à entrada; Concentração do mercado, Mercado relevante; Oligo- pólio; Estrutura de mercado. Abstract: This article presents a structural analysis of the supermarket sector, presenting theoretical, legal and market considerations related to the level of rivalry, to the competition patterns, market concentration, level of barriers to new entrances and a presentation of the competition defense techniques used by the regu- latory organs, in an attempt to under- stand the reasons for the weak pene- tration of the big chains of national and international retail in the rele- vant market of Salvador, regarding the ample process of expansion, adoption of competitive strategies and internationalization in vigor in the supermarket sector. This way, it is presented herein effective and potential competition conditions of the referred relevant market, in the attempt to obtain information and establish causality relationships which can identify and respond the questions presented above. In order to do that it is essential to analyze the context in which the supermarket firms in Salvador are inserted, from the study of structural forces which condition the strategies and the behavior of the acting firms in this industry. Key-words: Potential newcomers; Bar- riers to entrance; Market concentration; Relevant market; Oligopoly; Market structure. 1. Introdução Neste artigo pretende-se analisar a estrutura de mercado e os padrões de concorrência vigentes no setor de supermercados em Salvador, a par- tir das tendências de internacionali- zação do varejo. Neste sentido, ini- cialmente são feitas considerações e apresentados alguns fatos estiliza- dos que condicionam o processo evo- lutivo e das transformações estrutu- rais ocorridas na indústria de super- mercados nos últimos tempos. Com essas referências procura-se estabe- lecer uma análise do mercado rele- vante do setor supermercadista em Salvador, definindo-se a dimensão do produto e o mercado geográfico, que fazem parte do raio de abran- gência desta indústria2 em Salvador. Complementarmente, faz-se uma revisão da literatura de alguns aspec- tos concernentes à rivalidade e aos padrões de concorrência nos merca- dos e sua aplicabilidade no setor de supermercados em Salvador para, a posteriori, considerando-se as técni- cas utilizadas pela SEAE (Secretaria de Acompanhamento Econômico) e pelo CADE (Conselho Administrati- vo de Defesa Econômica) na avalia- ção de práticas anticompetitivas, ve- rificar se existe nexo causal entre o nível de concentração do setor super- mercadista de Salvador e as barrei- ras à entrada de novas firmas. Neste contexto, são apresentados alguns aspectos que constituem fa- tores determinantes e explicativos da rivalidade no setor de supermerca- dos no Brasil, utilizando-se como referencial teórico a literatura de Organização Industrial (visão mi- croeconômica) e da Legislação Bra- sileira Antitruste (pareceres da Se- ESTRUTURA DE MERCADO E PADRÕES DE CONCORRÊNCIA: BARREIRAS À ENTRADA NO SETOR DE SUPERMERCADOS EM SALVADOR Cláudio Damasceno Pinto1 1 Economista –FCE-UFBA, Especialista em Finanças –EPGE-FGV e Mestrando em Análise Regional – UNIFACS, Coordenador do Curso de Gestão Mercadológica e Professor da disciplina Economia e Mercado dos Cursos de Graduação Tecnológica da IBES. Email: damasceno-pinto@uol.com.br; Telefone (71) 9967 2521 2 Conceito da microeconomia, caracterizado pelo conjunto de firmas atuantes num mesmo mercado. 76 Ano VIII • Nº 13 • Janeiro de 2006 • Salvador, BA RDE - REVISTA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO cretaria de Acompanhamento Eco- nômico sobre atos de concentração e defesa da concorrência no setor supermercadista brasileiro e análise econômica de práticas ou condutas limitadoras da concorrência, funda- mentada na Lei n° 8.884, de 11 de junho de 1994). Esses trabalhos são fortemente influenciados pela corren- te neo-schumpeteriana da firma, ver- tente do pensamento econômico que direciona seus estudos para as ques- tões relacionadas à competitividade nos mercados, sobretudo em estrutu- ras oligopolísticas, destacando tam- bém aspectos da teoria da firma e da regulação econômica. 2. Principais aspectos e con- dicionantes do varejo bra- sileiro As operações do setor varejista, tradicionalmente, se caracterizavam por atributos pouco difundidos, re- duzido poder de mercado, pouca disputa concorrencial e competên- cias gerenciais limitadas. O setor industrial dominava e coordenava toda a cadeia produtiva, de tal ma- neira que, aos varejistas, cabiam ape- nas a função de agente intermediá- rio entre a indústria e o mercado, re- passando para os consumidores os produtos que ali chegavam. Esta situação começou a ser mo- dificada pelo poder emergente das grandes cadeias de varejo como a Sears, nos Estados Unidos, ou a Marks & Spencer na Inglaterra que, em âmbito nacional, dominavam uma grande parcela do mercado, sendo capaz de gerenciar a distri- buição dos produtos que negocia- vam. Essas grandes operações de varejo, tendo em vista a concentra- ção de mercado estabelecida, deslo- caram o poder de mercado do forne- cedor para o varejista (DIB, 1997). Assim, na década de noventa, o setor supermercadista ganha impor- tância, ocorrendo uma transferência de poder da indústria para o varejo. Algumas cadeias de supermercados têm superado, em tamanho ou em faturamento, diversas firmas do se- tor industrial, consideradas, ao lon- go da história, como as principais responsáveis pelo crescimento das economias capitalistas. O tamanho crescente das cadeias de varejo esti- mulou as estratégias de expansão internacional, de tal maneira que as receitas obtidas nos mercados do- mésticos e a própria magnitude das transações realizadas permitiram o desenvolvimento de competências gerenciais específicas, capaz de ala- vancar a internacionalização das grandes empresas do referido setor. O varejo internacional, portanto, deixou de ser algo impulsionado apenas pelas limitadas perspecti- vas de crescimento doméstico. Do ponto de vista das firmas, a inter- nacionalização passou a se consti- tuir numa oportunidade de expan- são da base operacional para no- vos mercados, nos quais, os pro- dutos e serviços são valorizados por uma intocada base de consu- midores, possibilitando maiores economias de escala e incremento dos lucros (DIB, 1997, p.4). O aprofundamento da interna- cionalização, sobretudo no Brasil, provocou profundas transformações na estrutura do mercado nacional e no interior das firmas, que estavam acostumadas a uma concorrência doméstica, muitas vezes regional, apresentando atributos pouco sofis- ticados, sem muita inovação, e es- trutura administrativa baseada na gestão familiar. Com a entrada deredes estrangeiras no setor as cadei- as varejistas nacionais sentiram a necessidade de se adequar ao novo cenário competitivo que se configu- rava já no início da década de no- venta. Nos últimos anos, o número de fusões3 e aquisições no varejo de ali- mentos cresceu rapidamente e o mer- cado brasileiro vem sendo uma das alternativas para o aumento da par- ticipação externa. O crescimento ex- terno está associado a estratégias de diversificação, tendo em vista a pe- netração em mercados pouco explo- rados, mas com amplo potencial a ser desenvolvido, conjugada a pró- pria necessidade de conseguir eco- nomias de escala e escopo. Desde o começo da década de 1990, com a entrada do grupo va- rejista Wal- Mart, até os dias atuais, percebe-se profundas transforma- ções que influenciam diretamente na configuração e dinamismo do setor supermercadista no Brasil. A chegada deste grupo no Brasil pode ser considerada como uma terceira revolução no mercado, se- melhante à introdução do auto-ser- viço na década de 1950 com a rede Peg-Pag, do grupo Pão de Açúcar e a chegada dos hipermercados Carrefour na década de setenta (PINTO, 2000 p.5). A concentração do capital, fun- damentada no processo de globali- zação econômica, reduz o número de firmas atuantes no mercado, estimu- lando a competição entre as empre- sas “sobreviventes” que, em geral, possuem vantagens absolutas de custo, aporte financeiro, maiores economias de escala e vantagens de diferenciação de produtos e servi- ços. Por outro lado, a diminuição de empresas na indústria através de fusões e aquisições das redes meno- res pelas empresas competitivas do mercado cria barreiras à entrada de novos concorrentes e, conseqüente- mente, permite a formação de oligo- pólios bastante concentrados. Assim, como os investimentos em modernização e expansão deman- dam muitos recursos, a abertura de capital e associação com empresas As operações do setor varejista, tradicionalmente, se caracterizavam por atributos pouco difundidos, reduzido poder de mercado, pouca disputa concorrencial e competências gerenciais limitadas... ” “ 3 A fusão se caracteriza pela união de duas ou mais empresas, formando uma grande firma, cujo controle administrativo geralmente é designado pela maior empresa (envolvida no processo) ou para a organização melhor posicionada economicamente (SANDRONI, 1999). 77Ano VIII • Nº 13 • Janeiro de 2006 • Salvador, BARDE - REVISTA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO estrangeiras são algumas das estra- tégias que vem sendo adotada pelas redes domésticas. Para as empresas estrangeiras, a penetração em mer- cados internacionais via aquisição ou fusão é mais vantajosa, pois ace- lera o conhecimento do mercado e dos hábitos dos consumidores, ad- quirindo uma rede ou participando de uma firma já estabelecida no mer- cado, sem a necessidade de incorrer em vultosos custos de publicidade e propaganda na divulgação e fide- lização da marca. Da mesma forma, esse processo de associação facilita a exploração de sinergias, a conquista de market share e a entrada em novos merca- dos, no qual as empresas adquiri- das possuíam significativas partici- pações, superando rapidamente a etapa, em geral demorada, de culti- var o nome, fidelizar os clientes e, principalmente, formar canais de distribuição e suprimento. No caso do setor de supermer- cadista brasileiro, a luta competiti- va encontra-se diretamente associa- da a globalização da concorrência que impôs dificuldades e desafios para as redes domésticas que tive- ram de realizar grandes investimen- tos ou alianças estratégicas para manter e ampliar seu posicionamen- to no mercado. Neste contexto, exis- te uma relação de causalidade entre o processo de internacionalização e a formulação de estratégias na in- dústria de supermercados, mostran- do que são as estruturas de mercado que condicionam as decisões de in- vestimento das firmas. No tocante ao setor supermercadista, são as forças estruturais do mercado que determi- nam a conduta das empresas no in- terior da indústria. As modificações provocadas nas estruturas da indústria de supermer- cados no Brasil, a partir da concen- tração do varejo, culminando com o número cada vez maior de firmas es- trangeiras disputando o mercado com as redes nacionais, tem estabe- lecido um ambiente seletivo, no qual somente as firmas bem posicionadas, com maior disponibilidade de fun- dos para a expansão, condutoras de inovações organizacionais e tecno- lógicas, conseguem permanecer no mercado. A dimensão da concorrência é o parâmetro que orienta e condicio- na os movimentos competitivos das firmas rivais e o próprio funci- onamento da economia capitalis- ta. O esforço relevante para a aná- lise da concorrência não se consti- tui num elemento estático, sendo constantemente redelineado, a par- tir da evolução da indústria e con- seqüentemente das transformações ocorridas no comportamento dos agentes econômicos, os quais, de acordo com o cenário econômico, estabelecem novas metas, táticas e estratégias (POSSAS, 1999, p.69). A estrutura de mercado se consti- tui num fator importante na análise da decisão de investimento da firma, principalmente em indústrias extre- mamente concentradas, nas quais as empresas podem utilizar o investi- mento em capital fixo para impedir a entrada de novos competidores no mercado, ou seja, o investimento pode ser utilizado como uma fonte de bar- reira à entrada. Assim, as inversões em capital fixo pode sinalizar para as entrantes potenciais que as firmas estabelecidas estão dispostas a reta- liar a entrada de qualquer novo con- corrente (OREIRO, 1997). Em nível regional, percebe-se uma maior competição entre as em- presas localizadas no Centro-Sul do país através de uma vigorosa dispu- ta por consumidores. Redes como Carrefour, Pão de Açúcar e Wal-Mart adotam estratégias ousadas para atrair compradores em suas lojas, envolvendo até guerra de preços en- tre as firmas varejistas. Entretanto, as armas usadas nesta disputa não se resumem apenas a preços e pro- moções, existindo atributos como a qualidade no atendimento aos clien- tes, automação e modernização das lojas, criação e expansão de novos formatos de lojas e facilidade nas formas de pagamentos. 3. Estrutura do setor de super- mercados no mercado rele- vante de Salvador No Estado da Bahia, mais preci- samente em Salvador, grande centro varejista, não se verifica muita com- petição entre as redes varejistas. O reduzido número de grandes cadei- as existentes e a própria concentra- ção do Bompreço nesta área impe- dem o desenvolvimento de uma maior competitividade e movimen- tos estratégicos agressivos em bus- ca de novos consumidores. Neste sentido, a análise estrutu- ral da indústria de supermercados em Salvador permite identificar um mercado caracterizado por um oligo- pólio4 concentrado e com pequenas franjas (formada por pequenas lojas de vizinhança que não possuem os mesmos atributos das principais re- des pertencentes ao mercado rele- vante), existindo a presença de fir- mas estrangeiras, a exemplo do Wal- Mart, cuja entrada foi realizada via aquisição da rede Bompreço em 2004, sem provocar grandes altera- ções na estrutura de mercado vigen- te em função de que, nesta transa- ção, houve apenas a mudança do agente econômico.O processo de con- centração deste setor em Salvador não se constitui num movimento re- cente, sendo estabelecida ao longo do tempo, onde o Bompreço aden- trou neste mercado comprando a rede Paes Mendonça5 e a posteriori promoveu, a partir de estratégias empresarias e influenciada pelo pro- cesso de concentração dos merca- dos, um movimento de expansão, adquirindo firmas médias locais como o PetiPreço, além da firma G. Barbosa que possuía uma loja nesta cidade. Esse processo de concentração estabelecido pelo Bompreço em Sal- vador produz dois efeitos sobre o 4 Tipo de estrutura de mercado na qual poucas empresas detém o controle da maior parcela do mer- cado. Reflete a tendência à concentração da propriedade em poucas empresas de grande porte, pela fusão entreelas, incorporação ou eliminação das pequenas firmas (por compra, dumping e outras práticas restritivas. Tipo de mercado caracterizado pela existência de barreiras à entrada, na qual as firmas atuantes normalmente competem via diferenciação do produto ou vantagem de custo, apresen- tando economias de escala, acesso aos canais de distribuição e não há perfeita mobilidade dos fatores de produção. (SANDRONI, 1999). 5 Na década de 1980, a rede de supermercados Paes Mendonça dominava cerca de 80% do setor de supermercados em Salvador. 78 Ano VIII • Nº 13 • Janeiro de 2006 • Salvador, BA RDE - REVISTA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO aspecto concorrencial e competitivo do setor supermercadista soteropoli- tano, tendo em vista que a aquisição de empresas locais (ainda que não possuam o porte da firma líder, com- petiam em determinadas áreas geo- gráficas da cidade compreendida pelo mercado relevante) impede a penetração de potenciais entrantes e ao mesmo tempo elimina um con- corrente, o qual foi absorvido no pro- cesso de aquisição. Ao analisar as estratégias empre- sariais adotadas pelo Bompreço nos últimos tempos, observa-se que esta empresa mantém uma posição de- fensiva em relação à concorrência, na medida em que possui cresci- mento restrito a região nordeste, não se expandindo a outras áreas do país, para disputar novos consumi- dores. Assim, além de não atuar em outros mercados, o Bompreço pos- sui condições de estabelecer barrei- ras estruturais à entrada de novas firmas que possam ocupar sua lide- rança, seja através de economias de escala, vantagens de custo ou até mesmo pelo poder da marca, fideli- zando clientes. Desta forma, como até então não existe grande rivalidade entre as re- des no mercado soteropolitano, é correto afirmar que as decisões de investimento do Bompreço estão di- retamente condicionadas aos movi- mentos dos entrantes potenciais que sinalizam uma provável penetração no setor supermercadista nordesti- no. Entretanto, a inexistência de ou- tras grandes e médias redes de su- permercados disponíveis para a re- alização de fusão ou aquisição por parte de uma grande cadeia varejis- ta nacional ou internacional, bem como a concentração de mercado exercida pelo Bompreço, dificulta a entrada de novas firmas no merca- do relevante de Salvador. Definido como o menor grupo de produtos e/ou serviços e a menor área geográfica necessária para que uma suposta firma esteja em condições de impor aumentos de preço, o mercado relevante se constitui num atributo crucial para a análise dos efeitos anticompetitivos potenciais de ope- rações que impliquem concentração de mercado e/ou condutas pratica- das por empresas que se supõem de- tentoras de poder de mercado, cujo exercício abusivo incumbe à legisla- ção antitruste e às agências de defesa da concorrência, estabelecendo me- canismos regulatórios que visam as- segurar o bem-estar econômico6. Na determinação do mercado re- levante7 da cidade de Salvador, uti- lizamos as orientações e os parâ- metros adotados pela SEAE (Secre- taria de Acompanhamento Econô- mico do Governo Federal) nos pare- ceres sobre atos de concentração do setor de supermercados. Este tipo de comércio varejista é conhecido como de auto-serviço ou auto-atendimen- to, em que o consumidor escolhe os produtos que deseja adquirir, que se encontram acondicionados em gôn- dolas, e efetuam o pagamento dire- tamente nos caixas (BRASIL, 2004). Neste sentido, caracteriza-se um supermercado como um estabeleci- mento que apresenta suas principais áreas de vendas constituídas de mercearia, bazar e perecíveis, cerca de 1.500 a 5.000 itens em exposição; de 3 a 40 check-outs8 e mais de 300m² de áreas de vendas e um faturamento anual acima de R$ 1 milhão de reais; enquanto que um hipermercado é definido como a unidade em que suas principais seções de vendas são constituídas de mercearia, bazar, pe- recíveis, têxteis e eletrodomésticos, compreendendo mais de 5.000 itens em exposição, mais de 40 check-outs e mais de 5.000 m² de áreas de ven- das e um faturamento anual de no mínimo R$ 12 milhões de reais (BRASIL, 2003). O horizonte de análise estudado é o setor de super e hipermercados, de modo que o conceito de lojas de vizinhança, mercearia, feiras, açou- gues e correlatos, ainda que possam representar uma concorrência par- cial com o referido setor, não fazem parte do mercado relevante. Isto por- que, o tipo de consumo que se prati- ca nesses pequenos estabelecimen- tos, via de regra, é o de conveniên- cia, na qual são realizadas peque- nas compras que suprem necessida- des imediatas, de tal maneira que os consumidores não podem efetuar o mesmo tipo de compra integrada pro- porcionada pelo supermercado ou hipermercado, se defrontado, por- tanto, com uma situação de substitu- tibilidade incompleta ou de menor grau (BRASIL, 2003). Do ponto de vista do espaço geo- gráfico, o mercado relevante de Sal- vador, compreende uma população de 2.443.107 habitantes, de acordo com dados do IBGE em 2000, distri- buídos numa área de 325 km², ca- racterizada por uma população com diferentes faixas de renda. Do ponto de vista estratégico, as lojas de su- permercados apresentam localiza- ções privilegiadas, existindo uma estratégia de segmentação de merca- do em função de determinadas loca- lidades, fundamentado na deman- da e no perfil do consumidor. Partindo de uma percepção me- nos restritiva, em 2003, a SEAE defi- niu para o mercado relevante de Sal- vador a hipótese de que o consumi- dor típico desloca sua demanda em direção a outros estabelecimentos situados em um raio de 5 Km, a par- tir do ponto médio da área de con- centração das lojas, tendo em vista que segundo esses estudos, essa é a distância máxima capaz de motivar o deslocamento do consumidor, uma vez que corresponde ao raio de in- fluência de um hipermercado, con- forme tabela 1. A análise dos dados acima, con- jugada com a concentração do setor de supermercados soteropolitano, favorecida também pelo processo de aquisição de redes médias e peque- 6 Por essas razões, a finalidade da política de defesa da concorrência é assegurar condições estru- turais para o adequado funcionamento dos mercados, preservando a livre iniciativa dos agentes econômicos. Em última análise, o controle de concentrações deve restringir-se a evitar a formação de estruturas de mercado capazes de gerar prejuízos à eficiência econômica e/ou ao bem-estar social (BRASIL, 2004). 7 Cabe destacar que o conceito de poder de mercado afeta diretamente a própria delimitação do mercado relevante, tendo em vista que o mesmo é definido como um lócus (produto/região) em que o poder de mercado possa ser hipoteticamente exercido, de tal maneira que as elasticidades-preço da demanda e da oferta são os principais fatores dessa delimitação. 8 Caixas, pontos de vendas onde são registradas as mercadorias vendidas aos consumidores. 79Ano VIII • Nº 13 • Janeiro de 2006 • Salvador, BARDE - REVISTA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO nas na cidade de Salvador, nos últi- mos cinco anos, sobretudo por parte do Bompreço, possivelmente, afetou o comportamento do consumidor, no sentido de que antes das operações de compra e venda, a exemplo dos negócios envolvendo a rede PetiPreço e G. Barbosa, o cliente tinha a opção de realizar suas compras nas referi- das firmas, no Bompreço e nos con- correntes, e após as mesmas, o clien- te passou a ter uma opção a menos, encontrando-se, a partir daí, em pior situação. Do mesmo modo, com 45 lojas espalhadas pela cidade, a rede de supermercados Bompreço domi- na a indústria de Salvador, de tal ma- neira que só existe competição em pe- quenos espaços compreendidos pelo mercado relevante. A competição em preços é um ele- mento fundamental no setor super- mercadista, visto que o consumidor, ao efetuar suas compras, costuma fazer suas escolhas sobre a econo- mia que, potencialmente, pode rea- lizar. A acentuada rivalidade entre os concorrentes no que tange à com- petição em preços favorece ao bem- estar social e econômico dos consu- midores. Entretanto,no mercado re- levante de Salvador, a intensidade da rivalidade é relativamente baixa, não existindo guerra de preços en- tre as redes, que apresentam partici- pações desiguais no mercado. Pre- sente em quase todos os estados nor- destinos, o Bompreço é líder absolu- to em Salvador e não há grandes competidores para disputar o mer- cado em igualdade de forças. Outro fator fundamental que in- fluencia a rivalidade, é o grau de di- ferenciação do produto ou serviço criado pelas estratégias das empre- sas. No setor supermercadista, a di- ferenciação se constitui numa estra- tégia convergente entre as firmas, as quais investem cada vez mais no marketing voltado para os clientes, otimização da área de vendas, melhorias na qualidade do atendi- mento, ampliação das formas de cré- dito, que se constituem em atributos importantes para conquista de no- vos consumidores (PINTO, 2000). A partir de uma perspectiva di- nâmica, o desempenho no mercado e a eficiência produtiva decorrem da capacitação acumulada pelas fir- mas, que, por conseguinte, reflete as estratégias competitivas adotadas em função de suas percepções quan- to ao processo concorrencial e ao meio ambiente no qual estão inseri- das. Os padrões de concorrência9 são influenciados pelas características estruturais e comportamentais do ambiente competitivo da firma, se- jam as referentes ao setor (mercado de atuação), sejam relacionados ao próprio sistema econômico (FER- RAZ et alii, 1995). O setor supermercadista de Sal- vador, ao longo dos anos, não tem sido alvo das grandes cadeias vare- jistas nacionais e internacionais, as quais tem realizado pesados inves- timentos para disputar fatias do mercado brasileiro. Isto porque, em função do grande participação exercida pelo Bompreço nesta cida- de, historicamente, não há grande interesse das empresas em adentrar neste mercado. Além da falta de es- paço físico, a consolidação do Bom- preço em quase todas as áreas do mercado relevante tem inibido supos- tas tentativas de potencias entrantes nesta região. 4. Concentração do mercado A concentração do mercado é uma condição necessária para deter- minar a possibilidade estrutural de existência de poder de mercado. A literatura econômica define que o poder de mercado é função crescen- te da concentração, em função da possibilidade de maior colusão e domínio do setor. Entretanto, esta relação de causalidade não se cons- titui numa condição suficiente para a verificação do exercício do poder de mercado, existindo outras variá- veis e métodos de avaliação para a comprovação efetiva de práticas anticompetitivas por parte de uma determinada firma. Do mesmo modo, acredita-se existir uma correlação positiva entre a concentração do mercado e os níveis de barreiras à entrada como instrumentos de infe- rência e análise da existência efeti- va de poder de mercado. De acordo com Possas et alii (1998), uma condição adicional de- cisiva para a avaliação do poder de mercado é o nível das barreiras à entrada, apesar de não ser mensu- rável diretamente. Afirma-se que na ausência de barreiras à entrada, por exemplo, se não houver custos irre- cuperáveis numa indústria, não é possível fixar preços acima dos cus- tos de forma persistente e significa- tiva. Desta forma, o nível das bar- reiras à entrada se constitui numa variável fundamental de análise antitruste, não apenas para atos de concentração (fusões e aquisições), horizontais e verticais, como tam- bém para condutas, já que a sua presença constitui um segundo fa- tor necessário, ainda que não sufi- ciente, para o exercício de poder de mercado. A Secretaria de Acompanhamen- to Econômico do Governo Federal através do embasamento legal do Art. 20 da Lei 8.884/94 define crité- rios para identificar se a concentra- ção gera o controle de parcela de mercado elevada: • considera-se que uma concentra- ção gera o controle de participa- ção de mercado suficientemente alta para viabilizar o exercício unilateral do poder de mercado Tabela 1 -– Dimensões típicas da área de influência de supermercados Tipo de loja Nº de check-outs Área de influência (Km) Supermercado pequeno De 03 a 19 1.8 Supermercado grande De 20 a 39 2.5 Hipermercado 40 ou mais 5.0 Fonte: SEAE, 2003 9 Os níveis de competição em indústrias concentradas podem se alterar como resultado de modifica- ções nas posições relativas das firmas. O corolário deste processo é a diminuição do número de firmas atuantes no mercado, realização de fusões, joint venture e aquisições entre firmas indepen- dentes, de modo que apenas as maiores empresas sobrevivem na arena competitiva (KON, 1994). 80 Ano VIII • Nº 13 • Janeiro de 2006 • Salvador, BA RDE - REVISTA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO sempre que resultar numa parti- cipação igual ou superior a 20% do mercado relevante; • admite-se que uma concentração gera o controle de parcela de mer- cado suficientemente alta para viabilizar o exercício coordenado do poder de mercado sempre que: a concentração tornar a soma da participação de mercado das qua- tro maiores empresas (C4) igual ou superior a 75%; a participação da nova empresa formada for igualou superior a 10% do merca- do relevante. De acordo com Possas et alii (1998), uma estrutura de mercado somente será eficiente, do ponto de vista da maximização do bem estar- social, se a entrada for possível, sen- do impedida apenas pela política de preços das empresas presentes no mercado. Neste sentido, a efi- ciência da estrutura de mercado dependerá do nível das barreiras à entrada10 e a saída na indústria, ou seja, de seu grau de contestabi- lidade11. De acordo com (FARINA, 1990 apud BASSO; SILVA, 2000, p. 1): Considera-se um mercado como sendo contestável, quando não houver barreiras à entrada nem custos à saída (sunk-costs) para as firmas que eventualmente nele de- sejem ingressar. As empresas nele atuantes não estão protegidas de eventuais entradas do tipo hit and run, firmas de fora que, atraídas por lucros extra-econômicos desse mercado, nele ingressem e obte- nham lucro, isso ocorrendo antes que as firmas estabelecidas te- nham tempo de sair do negócio ou mesmo alterar seu preços. Para que um determinado mercado seja con- testável, é necessária a maior homogeneização possível dos pro- dutos e o livre acesso aos métodos de produção para todos os produ- tores, que devem ter acesso à mes- ma tecnologia e possuírem a mes- ma demanda de mercado. A análise das firmas atuantes no setor supermercadista de Salvador, permite observar a desproporção do mercado em termos de market share, demonstrando uma dificuldade de se implementar uma maior rivalida- de inter-firmas e uma maior compe- tição neste mercado. Algumas supo- sições e considerações podem ser feitos em relação às firmas atuantes no setor de supermercados em Sal- vador e ao potencial destas empre- sas em estabelecer uma competição mais vigorosa com as principais re- des atuantes neste mercado, sobre- tudo em relação ao Bompreço, con- forme se observa na tabela 2. Neste sentido, a rede de super- mercados Extra, bandeira pertencen- te a Companhia Brasileira de Distri- buição, maior empresa do setor de supermercados do Brasil, poderia estabelecer uma disputa mais acir- rada com o Bompreço, mas em fun- ção do reduzido número de lojas desta firma em Salvador (apenas 3 unidades), verifica-se que a disputa concorrencial com o Bompreço apre- senta um reduzido efeito. Do mes- mo modo, apesar da boa infra-estru- tura da empresa Atakarejo e das in- serções publicitárias na mídia tele- visiva realizadas por esta firma, ope- rando com prazos longos e aceita- ção de cheques pré-datados em suas vendas, a sua atuação em Salvador com apenas uma loja, não consegue rivalizar com o Bompreço que pos- sui uma grande quantidade de lojas nesta cidade. Em relação à rede Perini, as três lojas que esta firma possui no mer- cado relevante em questão é consi- derada uma parcela muito baixa, e apesar de estarem revestidas de ca- racterísticas especiais (segmentação de mercado, marcas próprias, ope- rando fundamentalmente para umconsumidor com perfil de renda ele- vado, infra-estrutura razoável), per- tence uma rede local, com operações restrita a cidade de Salvador, não possui porte para rivalizar com as maiores redes pertencentes a esta indústria. No tocante às redes Makro (duas lojas), Atacadão13 (1 loja) e Mercantil Rodrigues (1 loja), pode- se afirmar que as mesmas detém uma parcela muito pouco expressiva do mercado, fundamentadas no sistema Tabela 2 – Participação (nº de lojas) das principais redes no Mercado Relevante de Salvador Empresa Nº de lojas Participação de mercado (%) Bompreço 4 5 64,29 Companhia Brasileira de Distribuição 3 4,29 Hiper Ideal 2 2,86 Atakarejo 1 1,43 Super Monteiro 1 1,43 Perini Delicatessen 3 4,29 Makro –Atacadista S/A 2 2,86 Atacadão 1 1,43 Ebal – Cesta do Povo 7 10,00 Ponto Verde Supermercado 3 4,29 G. Barbosa 0 1 1,43 Mercantil Rodrigues 0 1 1,43 Total 100,00 Nota: Elaboração própria, a partir dos dados divulgados pela SEAE (2003) e pela ABASE12 em 2005. 10 A depender da magnitude das barreiras à entrada e da elasticidade-preço da demanda, uma firma pode exercer o seu poder de mercado praticando preços além dos níveis competitivos (preços acima do custo médio de produção), auferindo lucros supra-normais, sem tornar convidativa a entrada de novas firmas no mercado. 11 No tocante a política antitruste, na década de 80 foi criada a teoria dos mercados contestáveis, estabelecendo condições nas quais uma determinada estrutura de mercado pode apresentar de- sempenho competitivo nos preços (conduta) e nos custos (eficiência) apenas sob a ameaça de entrada da concorrência potencial. Ver POSSAS, 2002. 12 Associação Baiana de Supermercados 13 Cabe salientar que a 2ª loja do Atacadão localiza-se no município de Lauro de Freitas, não fazendo parte do mercado relevante de Salvador. 81Ano VIII • Nº 13 • Janeiro de 2006 • Salvador, BARDE - REVISTA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO atacadista, superando as vendas no varejo, de tal maneira que as mes- mas não tem condições de competir em igualdades de condições com o Bompreço (BRASIL, 2003). Além dos concorrentes mais ex- pressivos já mencionados, verifica- se a presença de outras duas redes, quais sejam Ponto Verde e Cesta do Povo-Empresa Baiana de Alimentos S/A (EBAL). A empresa Ponto Ver- de, rede varejista de pequeno porte, conta três lojas, em toda a cidade de Salvador, possuindo em suas lojas de 6 a 7 check–outs. O reduzido ta- manho da rede e das respectivas lo- jas denotam as limitações do Ponto Verde14 em termos de competição no mercado considerado, concluindo- se pela sua incapacidade de plena concorrência com a firma líder des- ta indústria (BRASIL, 2003). Do mesmo modo, a rede Cesta do Povo apresenta-se como uma alter- nativa de compras, fundamental- mente para clientes com perfil de baixa renda, ainda que nos últimos tempos tenha diversificado o seu mix de produtos e a aceitação de cartões de crédito para a realização de com- pras. Sendo assim, o pequeno porte de suas lojas, combinado ao tipo de estratégia comercial pouco agressi- va da empresa, não credencia esta firma como um concorrente efetivo no mercado relevante de Salvador (BRASIL, 2003). Neste sentido, percebe-se uma elevada participação do Bompreço15 no setor de supermercados e hiper- mercados em Salvador e uma inca- pacidade das empresas concorren- tes disputarem o mercado em condi- ções equilibradas com esta empresa. Desta forma, cabe correlacionar o nível de concentração do mercado e a existência de barreiras à entrada nesta indústria, fato que pode sina- lizar para o exercício do poder de mercado e adoção de práticas anti- competitivas vis-à-vis consumidores e fornecedores. 5. Barreiras à entrada Por barreiras à entrada entende- se como qualquer fator em um mer- cado que ponha um potencial com- petidor eficiente em desvantagem, em relação aos agentes econômicos estabelecidos. O principal fator estrutural a afe- tar o grau de coordenação das con- dutas das empresas estabelecidas é o nível de concentração da produ- ção e das vendas, visto ser razoável supor que comportamentos colusi- vos serão mais facilmente imple- mentados quando um reduzido nú- mero de firmas domina o mercado. Em mercados concentrados, a inten- sidade da concorrência potencial, inversamente proporcional à magni- tude das barreiras à entrada existen- tes, é um elemento crucial na deter- minação do desempenho observado. (PINTO, 2000). Neste sentido, Possas (1990) des- tacou o consenso dos teóricos do paradigma Estrutura-Conduta- De- sempenho em utilizar a concentração econômica como elemento básico da estrutura do mercado e a intensida- de das barreiras à entrada como um elemento chave do poder de mercado das firmas oligopolísticas e co- determinante do nível de preços, des- tacando que é possível estabelecer relações e generalizações teóricas entre preços e barreiras à entrada. Para Bain (1958), citado por Gon- çalves (2003) a condição de entrada16 de uma firma no mercado pode ser definida como o estado de concor- rência potencial de possíveis novos produtores/vendedores, podendo ser avaliada pelas vantagens que as firmas estabelecidas possuem sobre os competidores potenciais, sendo que estas vantagens se refletem na capacidade de elevar persistente- mente os preços acima do nível com- petitivo sem atrair novas firmas para a indústria em questão. Do mesmo modo, uma entrada consiste no es- tabelecimento de uma nova empre- sa que constrói ou introduz uma nova capacidade produtiva em uma indústria/mercado. A ameaça de entrantes em um mercado depende das barreiras à entrada existentes, conjugada a reação que o novo con- corrente pode esperar dos competi- dores já estabelecidos. Segundo Bain (1958) citado por Gonçalves (2003), Porter (1986) e ba- seando-se nos estudos da Secretaria de Acompanhamento Econômico (BRASIL, 2003), as principais fontes de barreiras à entrada são: • custos irrecuperáveis (sunk costs) – Se constituem em custos que não podem ser recuperados quando a empresa decide sair do mercado. A extensão dos sunk-costs depen- de principalmente em função do grau de especificidade do uso do capital; da existência de mercados para máquinas e equipamentos usados; da existência de mercado para o aluguel de bens de capital; de volume de investimentos ne- cessários para garantir a distri- buição do produto (gastos com promoção, publicidade e forma- ção da rede de distribuidores); • diferenciação de produtos – Ca- racterizado pelo controle de aces- so a tecnologia para projetar pro- dutos por parte das firmas já atu- antes no mercado; elevados gas- tos com propaganda e vendas para garantir a fidelidade dos cli- entes, impondo aos potenciais entrantes elevadas despesas para tornar seu produto conhecido e aceito no mercado; reputação da empresa perante os consumidores através da durabilidade e comple- xidade dos produtos; acesso a ca- nais de distribuição que limitam a utilização de determinadas for- mas de acesso ao consumidor para novos concorrentes; A dife- renciação, portanto, estabelece uma barreira à entrada, exigindo que as firmas entrantes incorram em custos elevados de publicida- de, serviços, para superar os vín- culos dos clientes junto às firmas fixadas no mercado; • economias de escala – Se consti- tuem numa forma de barreiras à 14 O Ponto Verde recentemente passou a integrar a Redemix, uma aliança estratégica estabelecida por pequenos supermercados, com a finalidade de obter maior economia de escala nas compras e poder de negociação junto aos fornecedores, além de tentar fortalecer o poder da marca. 15 Market Share (participação relativa) calculado baseado no número de lojas estabelecido no mercado relevante de Salvador. 16 Sendo assim, a compra do Bompreço pelo Wal-Mart em 2004 não se configura como uma entrada, tendo em vista que se constituiu num processo de aquisição de uma firma já estabelecida nesta indústria. 82 Ano VIII • Nº 13 • Janeiro de 2006 • Salvador, BA RDE - REVISTA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO entrada, pois a sua utilização exi- ge que as empresas entrantesaden- trem em larga escala, arriscando- se a uma forte reação das firmas existentes ou ingressem no merca- do em pequena escala, incorrendo em desvantagens de custo; • necessidade de capital – A neces- sidade de investir altos recursos financeiros em tecnologia e mar- keting para competir em igualda- de de condições com as empresas atuantes cria uma barreira à en- trada de novas firmas, sobretudo se o capital for utilizado em ativi- dades arriscadas e irrecuperáveis, tais como publicidade e pesqui- sas em P & D; • custos de mudança – Custos en- frentados pelo comprador quan- do muda de fornecedor. São con- siderados custos de mudança, os custos auferidos de um novo trei- namento dos empregados, custo de implementação de uma nova tecnologia, novo equipamento au- xiliar, custos psíquicos de desfa- zer um relacionamento, havendo, portanto, custos de transação ex- ante e ex-post. A elevação destes custos, exige que as firmas entran- tes ofereçam um aperfeiçoamento considerável em custo ou desem- penho, de modo que o comprador decida abandonar um produtor já fixado na indústria; • acesso aos canais de distribuição – Torna-se uma fonte de barreira à entrada, dada a necessidade da empresa entrante de garantir a distribuição de seus produtos. Ad- mitindo-se que os canais de dis- tribuição da indústria já estão sendo utilizados pelas firmas atu- antes, a recém-chegada organiza- ção precisa convencer os canais a aceitarem seus produtos através de descontos, verbas para campa- nha publicitária, etc., o que reduz o lucro e inibe a entrada das em- presas no mercado; • desvantagens de custo indepen- dentes de escala – As firmas atu- antes podem ter vantagens de cus- tos (know-how, localização estra- tégica, subsídios governamentais, utilização da curva de aprendi- zagem, etc.) irrecuperáveis pelas empresas entrantes, independen- tes do tamanho e das economias de escala das mesmas, se consti- tuindo numa barreira à entrada; • política governamental - O gover- no tem o poder de regular, limitar ou impedir a entrada de firmas numa indústria, defendendo os interesses sociais, impedindo prá- ticas oportunistas e anticompetiti- vas por parte dos agentes econô- micos, que possa afetar o funcio- namento dos mercados, bem como evitar atos de concentração que possibilitem a criação de empre- sas monopolistas em determina- do setor; • localização estratégica – proximi- dade dos consumidores (enfati- zada pelo cliente em sua decisão de escolha de um determinado estabelecimento para realizar suas compras) e fornecedores (re- dução de custos de transportes, agilidade no processo de logística e necessidade mínima de acumu- lar estoques). Neste sentido, em cidades com escassez de terrenos (vazios ou ocupados), o preço da localização tende a ser elevado, se constituindo numa barreira à en- trada; • fidelidade dos consumidores – Caracteriza-se como uma impor- tante fonte de barreira à entrada no setor supermercadista, na me- dida em que os consumidores in- correm em custos ao mudarem de supermercados, condição que gera um efeito de aprisionamento (lock-in) dos consumidores nas redes estabelecidas. Associa-se também a indisposição do consu- midor de se locomover para ou- tras lojas, aos hábitos e costumes, localização das gôndolas onde estão os produtos nas lojas em que determinados clientes costumam realizar suas compras, ou até mes- mo imagem ou reputação que se tem da firma; • ameaça de retaliação por parte das firmas atuantes no mercado – As empresas pertencentes à in- dústria podem baixar seus preços e mantê-los, por no mínimo um ano, em níveis inferiores aos vi- gentes antes da entrada. Este mo- vimento pode sinalizar para às potenciais entrantes que as opor- tunidades de vendas serão inferi- ores àquelas que vigoram atual- mente, impedindo e/ou dificul- tando a entrada. A partir destas considerações te- óricas apresentadas em relação aos principais tipos de barreiras à en- trada é possível identificar e correla- cionar tais atributos com algumas características observadas no setor de supermercados em Salvador. As- sim, os principais tipos de barreiras à entrada identificados no mercado relevante de Salvador via concentra- ção do mercado são: • economias de escala – associadas à racionalização da estrutura de logística, tendo em vista que o maior volume de vendas permite, por exemplo a centralização do abastecimento das lojas em um único centro de distribuição, in- correndo em redução de custo. Ademais, a existência de um cen- tro de distribuição e o processo de automação do setor de supermer- cados permitem às redes aumen- tar a área de vendas das lojas, ocu- pando espaços que normalmente se destinam aos estoques de mer- cadorias. Neste sentido, o Bompre- ço possui uma vantagem compe- titiva em relação à concorrência e isto pode inibir a entrada das prin- cipais redes de varejo em Salva- dor, na medida em que esta em- presa possui um centro de distri- buição nesta cidade, como tam- bém investe cada vez mais no pro- cesso de automação de suas lojas; • diferenciação do serviço – Atra- vés do atributo de desenvolvimen- A necessidade de investir altos recursos financeiros em tecnologia e marketing para competir em igualdade de condições com as empresas atuantes cria uma barreira à entrada de novas firmas... ” “ 83Ano VIII • Nº 13 • Janeiro de 2006 • Salvador, BARDE - REVISTA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO to de marcas próprias, o Bompreço estabelece a diferenciação da mar- ca em relação à concorrência, con- quistando a lealdade do consu- midor e realizando uma integra- ção vertical para trás, estabelecen- do concorrência com firmas posi- cionadas à montante da cadeia produtiva. Por outro lado, o Bom- preço pode ser caracterizado como um comprador com forte poder de negociação junto aos fornecedo- res, tendo em vista o seu tamanho e a escala de compras que realiza. O desenvolvimento de programas de fidelização17 pode ser entendi- do como uma estratégia de marke- ting, na medida em que permite a segmentação do mercado, bem como a escolha do mix de produ- tos que serão oferecidos num de- terminado mercado ou numa loja específica; • necessidade de elevados investi- mentos em capital – Pertencente a maior rede de varejo do mundo, o Bompreço possui acesso a fontes de capital de modo a promover o seu processo de expansão e con- solidação do mercado, exercendo a sua liderança e dificultando a penetração de novas empresas nesta indústria. Num setor em que as condições de crescimento imponham a necessidade de con- sideráveis economias de escala, as firmas estabelecidas podem considerar lucrativo acumular uma quantidade de capital sufi- ciente para tornar não lucrativa a entrada de uma nova firma no mercado, conseguindo, com isso, manter seus lucros a um nível mais alto do que obteriam caso permitissem a entrada de um novo competidor (OREIRO, 1997). Localização estratégica – se cons- titui numa barreira à entrada tendo em vista a escassez de terrenos ade- quados para a instalação de empreen- dimentos da magnitude de um super- mercado ou hipermercado, tendo em vista a característica estratégica des- te atributo, como também o fato de grande maioria das lojas das firmas já atuantes no setor supermercadista em Salvador possuírem localizações privilegiadas e definidas em função do perfil do consumidor. Desta forma, apenas no sentido Norte da cidade (região compreen- dida pela avenida Paralela, no sen- tido do Aeroporto), é possível encon- trar disponibilidades de terrenos, dificultando a penetração via cons- trução de unidades próprias neste mercado. A liderança absoluta e o tamanho ocupado pelo Bompreço em Salvador se constituem, portan- to, em entraves ao desenvolvimento e a consolidação de forma agressiva de grandes cadeias (tais como Carre- four, Pão de Açúcar, etc) nesta região, sendo que todas estas empresas es- tão acostumadas a disputar a lide- rança dos mercados em que operam, possuindo elevadas participações nas regiões Centro-Sul do Brasil. A grande diferença das partici- pações relativas das empresas nestemercado e a eficiente logística do Bompreço, possuindo lojas em diver- sos bairros da cidade de Salvador, todas localizadas estrategicamente para atender os mais variados seg- mentos da sociedade, dificultam o desenvolvimento e a inserção de novas empresas neste mercado. Face à inexistência de redes atra- tivas para a aquisição em Salvador, as empresas entrantes no referido mercado, terão que adquirir redes menores, ou construir unidades pró- prias, o que requer pesados investi- mentos em marketing para conquis- tar clientes (que podem de constituir em sunk costs, custos irrecuperáveis, para determinada firma), podendo ainda incorrer em retaliações dos principais competidores. Além dis- so, existe a possibilidade de recusa dos consumidores, que estão acos- tumados com as bandeiras locais18, sobretudo com a marca Bompreço, que possui forte identidade junto aos consumidores de Salvador, se cons- tituindo também numa barreira à entrada. 6 Conclusões O presente trabalho ao analisar a estrutura de mercado e os padrões de concorrência vigentes no setor de supermercados em Salvador, tem como finalidade entender, analisar e fomentar a discussão sobre as ra- zões pelas quais as grandes redes de supermercados nacional e interna- cional, tendo em vista o processo de expansão e de internacionalização dos mercados, não conseguem pene- trar de forma agressiva no setor de supermercados em Salvador, estabe- lecendo uma competição mais vigo- rosa com a firma Bompreço. Neste sentido, o alto grau de con- centração do mercado, a elevada participação do Bompreço nesta in- dústria e as barreiras à entrada exis- tentes constituem condições neces- sárias, contrariando, inclusive o Art. 20 da Lei 8884/94, porém não sufi- cientes para configurar o exercício do poder de mercado no setor de supermercados em Salvador. Uma das justificativas que a lite- ratura econômica relativa ao tema deste trabalho admite para o eleva- do tamanho e concentração de uma determinada firma é o grau de efici- ência decorrente do ato de concen- tração. De acordo com a Secretaria de Acompanhamento Econômico (BRASIL, 2003), tais eficiências apre- sentadas devem ser específicas da operação, não podendo ser obtidas de outra forma menos restritiva à concorrência, que não por intermé- dio da operação. Do mesmo modo, as eficiências devem derivar tão so- mente de economias reais, devendo 17 Em 1996, o Bompreço criou o Bomclube, um sistema de premiação à fidelização dos clientes, no qual os consumidores recebem uma bonificação (o cliente junta os pontos e depois troca por mercado- rias, sendo que cada um Real em compras vale um ponto). Esta estratégia além de se constituir numa fonte de barreiras à entrada (a partir do fortalecimento da marca), possibilita a formação de um banco de dados com as informações específicas de cada consumidor, se constituindo num processo de customização. Com isso, é possível identificar o perfil da demanda e a freqüência de cada cliente na realização de compras, podendo desenvolver um posicionamento específico para cada segmen- to-alvo (PINTO, 2000). 18 O atributo da fidelidade da marca é tão significante para o Bompreço em relação aos consumidores que mesmo após ser vendido para o Wal-Mart, esta firma adotou a estratégia de manter a bandeira Bompreço, aproveitando o poder da marca fortemente consolidada no mercado de Salvador, além do elevado custo de mudança que teria que incorrer, mesmo se tratando da maior rede de varejo do mundo. 84 Ano VIII • Nº 13 • Janeiro de 2006 • Salvador, BA RDE - REVISTA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ser apresentadas de forma clara e precisa, como também compensar os efeitos anti-competitivos resultantes da concentração, gerando eficiênci- as consideráveis. Como forma de caracterizar e exemplificar as considerações acima mencionadas explicitaremos abaixo algumas eficiências apresentadas pela Secretaria de Acompanhamen- to Econômico relativa ao setor de supermercados em Salvador, decor- rente do ato de concentração nº 08012006976/01-58 referente à aqui- sição do Bompreço/Royal Ahold (BR Participações e Empreendimen- tos S/A dos ativos operacionais e estoques do G. Barbosa & Cia Ltda, tais como: Economia de escala, eco- nomias de escopo, transferências de melhores práticas e de melhores tecnologias, aumento do número de produtos oferecidos e criação de um poder de mercado compensatório por meio de utilização de marcas próprias, melhorias da qualidade de produtos e serviços ofertados e ge- ração de externalidades positivas (BRASIL, 2003). Cabe salientar que a análise do referido ato, bem como do parecer da SDE (Secretaria de Direito Econômi- co) nº 08012005104/99-51 relativo à aquisição pelo Bompreço de seis es- tabelecimentos comerciais do Peti- Preço, permite concluir que as infor- mações apresentadas pelas firmas envolvidas nas operações não foram suficientes para comprovar que as eficiências previstas não poderiam ser obtidas de outra forma que não através da concentração (eficiênci- as específicas do ato), caracterizan- do-se como dados insuficientes e vagos, sem apresentar justificativa técnica plausível para a viabilidade das operações. Entretanto, apesar das restrições, ambas as transações foram aprovadas pela SEAE (Secre- taria de Acompanhamento Econô- mico e pelo CADE (Conselho Admi- nistrativo de Defesa Econômica), após a apresentação, por parte do Bompreço, firma adquirente, de es- tudos técnicos detalhados certifica- dos por auditores independentes. Tais documentos possuem caráter confidencial, não sendo de fácil aces- so, nem tampouco se encontram dis- poníveis ao público na internet. Sendo assim, tendo em vista as considerações, características e par- ticularidades inerente aos setor supermercadista de Salvador apre- sentadas neste trabalho, fundamen- tada na concentração do mercado e na existência de barreiras à entrada, configura-se que a identificação de tais variáveis no mercado relevante de Salvador limitam a conduta de potenciais concorrentes e o próprio desempenho das firmas rivais, seja em razão do seu reduzido porte e ou da pequena participação relativa (market share) que exercem em rela- ção ao Bompreço (líder do setor). O fator mais preocupante, é que algumas empresas incluídas no cál- culo da participação do mercado pelo nº de lojas, a exemplo da Cesta do Povo e da firma Ponto Verde, não reúnem todas as características do mercado relevante de supermercado e hipermercado de Salvador, sendo acrescentados na pesquisa tão so- mente porque exercem parcialmente concorrência (substitutibilidade de menor grau) com o Bompreço, de tal maneira que a concentração do se- tor, considerando-se apenas as re- des de super e hipermercados con- forme definição da Secretaria de Acompanhamento Econômico (2003), deve apresentar índice ainda mais elevado. Por essas razões, se faz necessá- rio à realização de uma ampla e mi- nuciosa pesquisa com a finalidade de verificar, de forma técnica e empí- rica, se existe excessiva concentra- ção de mercado sem a existência de eficiências econômicas que compen- sem ou suplantem tal condição, fa- vorecendo a probabilidade do exer- cício do poder de mercado de forma unilateral ou coordenada, ou se o oligopólio concentrado verificado neste setor se adequa às especifi- cidades técnicas e mercadológicas referentes a esta indústria em Salva- dor (aplicação do princípio da razoa- bilidade). Referências BAIN, J. Workable competition in oligopoly: theoretical considerations and some empirical evidence. The American Economic Review, v. 40, 1950. BASSO, L. F. C.; SILVA, M. R. Refle- xões sobre a Regulamentação. RAC, v. 4, n. 2, Maio/Ago, 2000. BRASIL. Ministério da Fazenda. SEAE. Guia para análise econômica de atos de concentração horizontal. Brasília, 01 de agosto de 2001. 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