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{ ANTIMICOBACTERIANOS } Grande índice: imunocomprometidos e população pobre/carcerária (aglomeração) Problemas: poucas opções (pouca inovação e pesquisa); resistência natural (baixo crescimento / taxa metabólica - dificulta ação dos ATB); eficácia questionável (monoterapia); tratamento longo; resistência adquirida (seleção) Antibioticoterapia racional: antibiograma e cultura *As letras ao lado dos fármacos são utilizadas! *O gráfico 1 demonstra a alta seleção de bactérias com o uso de monoterapias *Gráfico 2: protocolo mínimo para tratamento da tuberculose tentativa de reduzir a seleção bacteriana e também ter um tratamento mais efetivo As micobactérias utilizam mecanismos do sistema imune para entrar nas células que serão parasitadas (dificulta acesso dos fármacos) » Natural: baixa taxa de crescimento, formas latentes e parede micólica Fármacos incapazes de atravessar a parede celular pH baixo deixa o fármaco inativo (Streptomicina) - Ineficiente para erradicar as formas intracelulares das bactérias - Dificuldade de se manterem em fagossomos (onde as bactérias podem estar) » Adquiridas: surgem por pressão gerada no ambiente Fármaco exportado para a célula antes de alcançar o alvo (Streptomicina, Isoniazida, Etambutol) - Bombas de efluxo Mutações nos genes de reparo do DNA levam à resistência a múltiplos fármacos Condições anaeróbicas levam ao estado de dormência/não replicante: fármacos que bloqueiam processos metabólicos não apresentam efeito durante o estado de dormência - Exceções: Rifamicina, Fluoroquinolona Alteração da enzima impede a conversão do pró- fármaco à forma ativa (Pirazinamida, Isoniazida) Alteração na estrutura da proteína-alvo impede o reconhecimento do fármaco (impede o sítio de ligação ao fármaco / Rifamicina, Etambutol, Streptomicina, Fluoroquinolona, Macrolídeo) Bactericida + bacteriostático + esterilizante Bactericida: baciloscopia no escarro - Capaz de matar as micobactérias (em tecido vivo) - Menor contágio (15d) - Rifampicina, Pirazinamida, Isoniazida, Estreptomicina Bacteriostático: susceptibilidade do bacilo (ao fármaco a ao sistema imune) - Reduzir a chance de resistência - Mesmo que incapaz de matar as bactérias, deveria ser capaz de torná-las inativas (reduzir ainda mais o metabolismo dessas bactérias) - Reduzir proliferação, propagação de cepas resistentes, aumentar o tempo para reação do sistema imune - Etambutol, Rifampicina, Isoniazida Esterilizante: baciloscopia em lesões - Recidiva - Capacidade de erradicar bactérias (mesmo em tecidos mortos) - Rifampicina, Pirazinamida 1. Isoniazida (INH) e correlatos Altamente hidrossolúvel Pró-fármaco de ativação seletiva (KatG/ micobactérias) - Precisa ser acetilada (organismo não possui a enzima para ativá-la) para ser excretada na urina - No bacilo, há enzimas que são capazes de ativar esse fármaco formação de radicais livres, culminando na redução da síntese de ácido micólico e ativação de tetra-hidrofolato - KatG é fonte de mutação (resistência) Bacteriostático (latentes) e bactericida Diminui a integridade da parede celular Biodisponibilidade oral (aproximadamente 100%) Alta penetração em lesões (caseosas) Etionamida: alternativa em algumas situações de impedimento do uso da Isoniazida Análoga da Piridoxina (vit B6 importante para o metabolismo celular e síntese do GABA) - Assim, a Isoniazida pode contrapor os efeitos da vit B6 pode ocupar seu lugar nas reações, sem exercer seus efeitos - Seu uso pode simular uma situação de deficiência vitamínica Problemas: - Hepatite tóxica (náusea, icterícia e pouco apetite) - Hemólise em deficiência de G6Pd (desbalanço de antioxidantes) - Neuropatia periférica e anemias ( [vit B6]) › Tecidos com alta demanda energética sofrem mais com a falta de B6 (redução da atividade metabólica) - Acúmulo no SNC (amnésia, convulsão, psicose / [vit B6]) › Isoniazida tem alta capacidade de chegar ao SNC › Como a B6 é um cofator importante para a síntese de GABA, pode haver uma queda na sua produção e uma hiperestimulação do SNC (convulsões) - Isoniazida e Iproniazida são inibidores da MAO › MAO é uma enzima responsável pela degradação de catecolaminas - Interação com simpatomiméticos (iMAO) › Aumento da ação dos simpatomiméticos passa a ser muito grande: pode causar elevação da PA, taquicardia... › “Reação do queijo” - Risco de overdose - Polimorfismo genético e metabolismo › Nos humanos, é depurada pela sua acetilação e eliminação renal há pessoas que fazem isso de forma rápida (perde a capacidade do fármaco entrar na micobactéria e exercer seu efeito), outras de forma lenta Interações medicamentosas: - Com várias isoformas da CYP450 - Maioria: efeito inibidor na isoforma - Anticonvulsivantes (Carbamazepina e Fenitoína): aumenta sua concentração e potencializa a toxicidade neurológica - Paracetamol: hepatotoxicidade (aumento de produção de radicais livres do Paracetamol) 2. Rifampicina (RMP) e outras rifamicinas macrolíticas Bactericida (inclusive Gram+) e esterilizante Inibe a RNA polimerase bacteriana (impede a transcrição, alterando o metabolismo bacteriano) Penetração em fagócitos e abscessos Efetivo em M. leprae (hanseníase) Excreção biliar (60%) e renal levar mais em conta o critério hepático Problemas: - Náusea, vômito e hepatotoxicidade - Exantema, febre, eosinofilia e mialgia - Hemólise, hematúria, hemoglobinúria - Insuficiência renal aguda (necrose tubular) - Secreções laranja (suor, saliva, lágrimas) - “Síndrome do homem vermelho” (overdose) - Indução enzimática CYP450 (interações) Interações - Reduz níveis plasmáticos (diminui efeito) de: anticoncepcionais; anticoagulantes orais; Cetoconazol; corticoides (pensar em rejeição de transplantes); hipoglicemiantes orais; AINES; agonistas -adrenérgicos; digitálicos; Enalapril; Quinidina; Metadona; Opioides; Teoflina; Propafenona - Potencializa a hepatotoxicidade se associada a: Cetoconazol; Fenitoína; Etionamida; sulfas e sulfonas; Isoniazida (normalmente é associada à Rifampicina) - Sulfanilureias: hipoglicemia - Ritonavir, Indinavir, Saquinavir (antivirais): toxicidade da Rifampicina e os próprios níveis séricos dos antivirais Outras rifamicinas (comparação com Rifampicina): - Rifabutina: boa escolha para pacientes HIV+ t ½ maior; baixa interação da CYP3A - Rifapentina: absorção aumentada com a refeição; menor autoindução de metabolismo 3. Pirazinamida (PZA) Bacteriostático e bactericida - É ativada em meio ácido (pH <5,5) intracelular (fagócitos), necrose Ativado por enzimas micobacterianas Inibe a síntese de ácido micólico (?) Interrompe transporte da membrana (?) pH micobacteriano (?) Problemas: - Hepatotoxicidade (dose) - Hiperuricemia (gota) 4. Etambutol (EMB) Bacteriostático (pouca resistência) Seletivo para micobactérias Inibe a arabinosil-transferase III (parede celular) Problemas: - Interação com etanol (ALDH) compete com ele pelo metabolismo; acúmulo do aldeído - Resistência por bombas de efluxo - Alteração na percepção de cores - Diminuição da acuidade visual (progressiva) - Neuropatias 5. Estreptomicina (SM) ou outros aminoglicosídeos Bactericida em bactérias de multiplicação rápida (restringe a atuação do fármaco para bactérias presentes nos meios extracelulares, ou seja, com multiplicação mais intensa) Inibe irreversivelmente a síntese proteica (pós- antibiótico) ° Bloqueia a iniciação da síntese de proteínas ° Bloqueia a posterior tradução e estimula a terminação prematura ° Incorporação de aminoácidos incorretos (formação de proteínas não funcionais) Efetivo em Gram - aeróbicos Na tuberculose, é agente de substituição (R/H) Ionizada em meioácido (protonação) se ministrada por via oral, perde efeito no TGI; não consegue atingir micobactérias extracelulares Problemas: - Não há absorção oral (baixa adesão) uso por via parenteral - Nefrotoxicidade reversível (leve) - Ototoxicidade irreversível (vestibular ou coclear) - Aumenta o bloqueio neuromuscular ( Ca+2 e ACh) Efeitos adversos menores ao tratamento (não suspender) Efeitos adversos maiores ao tratamento antiTB (suspender) Terapia de “curso rápido” (6 meses) Adultos e adolescentes Para crianças, além de mudar a dose, o Etambutol é retirado (neurite retrobulbar perda da visão) Esquemas diferenciados em reincidência, HIV, multirresistência, etc » Vantagens Mecanismos diferenciados (sinergismo e múltiplos alvos) 1. Fármacos que atuam no meio intracelular (macrófagos) *Característica bacilar: crescimento lento *Justificativa: pH ácido; ação enzimática celular; baixa oferta de O2 *Ação medicamentosa: R; Z; H; E 2. Fármacos que atuam em lesões caseosas (fechadas) *Característica bacilar: crescimento intermitente *Justificativa: pH neutro ou ácido (necrose tecidual, acúmulo de CO2 e ácido lático) *Ação medicamentosa: R; H; Z 3. Fármacos que atuam na parede da cavidade pulmonar *Característica bacilar: crescimento geométrico *Justificativa: pH neutro; boa oferta de O2; presença de nutrientes *Ação medicamentosa: R; H; S; E Baixa indução de resistência Compensação farmacocinética Menor duração do tratamento ( eficácia e doses) Em situações de muito alto risco, é possível fazer profilaxia com H (300mg/dia/6 meses) ou com R (10mg/kg/dia/4 meses) Menos opções e maior duração do tratamento Forma paucibacilar - <5 lesões (tuberculoides) - Esquema terapêutico: 6 cartelas (em até 9 meses) - Dose mensal supervisionada: Rifampicina (2x 300mg) e Dapsona (100mg) - Doses diárias de Dapsona (100mg) Nos EUA, + Dapsona 100mg por 3-5 anos Forma multibacilar - >5 lesões (lepromatosas) - Esquema terapêutico: 12 cartelas (até 18 meses) - Dose mensal supervisionada: Clofazimina (3x 100mg) + Rimfampicina (2x 300mg) + Dapsona (100mg) - Doses diárias: Clofazimina (50mg) + Dapsona (100mg) Nos EUA, +Dapsona 100mg por até 10 anos 1. Dapsona Inibe a síntese de folato nas bactérias (possui configuração semelhante ao PABA) Gram +/-, malária e toxoplasmose Tempo ½: 24-48h (adesão) Problemas: - Hepatotoxicidade - Hemólise (G6PD) e metemoglobinemia - Aumenta as reações hansênicas (associada a uma grande carga de micobactérias sua morte leva a uma resposta imune exacerbada contra seus componentes) 2. Clofazimina Agente corante (urina e pele vermelha/negra) Promove alterações do DNA (?) Aumenta radicais livres (?) Bloqueio no transporte de elétrons (?) Anti-inflamatório (inibe macrófagos, LyT...) - ajuda nas reações hansênicas Tempo ½: 4-8 semanas (reservatórios) Problemas: - Efeito lento (6-7 semanas) - Descoloração das lesões (pele) - Dor, diarreia, náuseas e vômito Hipersensibilidade tardia por exposição antigênica (morte maciça das bactérias) Tipo I: reação reversa - Piora de alterações cutâneas (em PB) dor, edema, infiltração, neurite Tipo II: eritema nodoso hansênico, EDH - Novos nódulos eritematosos e doloridos (em MB) vesículas, pústulas, bolhas e úlceras - Efeitos sistêmicos: febre, mialgia, náusea, artralgia, edema e neurite Tratamento (emergência) - Corticoides: Prednisona (1mg/kg/dia) ou Dexametasona (0,15 mg/kg/dia) tipos I e II - Tipo II: associar com Talidomida (100-400 mg/dia) - TNF (reduz os sintomas sistêmicos)
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