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DIREITO CIVIL – Parte Geral ALYNE RIBEIRETE PELISSON 2 Retomando... a pessoa jurídica é a soma de esforços humanos ou patrimoniais tendente a uma finalidade lícita, específica e, constituída na forma da lei, se torna sujeita de direitos e obrigações em seu nome na ordem civil. Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Tem independência patrimonial 3 Retomando... art. 45, CC - Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo 4 Retomando... Consequências: Capacidade jurídica (princípio da especialização) Autonomia Direitos da personalidade - (Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.) Patrimônio próprio Responsabilidade civil, administrativa e penal.. Titularidade processual Representação - Pessoa jurídica adquire personalidade com o registro civil, assim passa a ser titular de direitos - Tem capacidade jurídica especial – deve atuar dentro dos limites - Precisa de órgãos que a (re)presentem “Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo 5 - Na omissão dos atos constitutivos todos os integrantes estarão aptos a representar a pessoa jurídica - É possível ter (re)presentação coletiva “Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso”. Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório. 6 E SE NÃO CUMPRIR OS PRESSUPOSTOS? 7 Vamos pensar... Sociedade Irregular ou de Fato - Sociedade sem existência legal - A irregularidade de sua constituição organizacional prejudica o reconhecimento de direitos e prerrogativas. - Sociedade sem personalidade mas com capacidade de se obrigar perante terceiros (princípio da responsabilidade) - Disciplinada no código civil, a partir do art. 986 sob denominação “Da Sociedade não Personificada” 8 Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. O sócio representante - que contrata pela sociedade - tem responsabilidade direta enquanto os outros continuarão a ter a responsabilidade subsidiária, tal como dispõe o art. 990 CC. 9 Consequências da falta de registro - a sociedade irregular ou de fato não pode pleitear direito próprio, por lhe faltar capacidade jurídica para tanto. - Não se admite a postulação de um ente social, em juízo, sem que se faça prova de sua constituição social. As demandas devem ser em nome do sócio de fato O registro posterior não tem efeito retro -operante para legitimar os atos praticados nesse interstício. 10 É POSSÍVEL TER CAPACIDADE SEM TER PERSONALIDADE? 11 Vamos pensar... ENTES DESPERSONALIZADOS - não tem personalidade jurídica, são meros conjuntos de pessoas ou bens , constituídos para a consecução do fim comum - Conjunto de direitos e obrigações de pessoas e devem sem personalidade jurídica com capacidade processual, mediante representação - ex: espolio, herança, família, massa falida 12 Entes despersonalizados Serão representados em juízo, ativa e passivamente: (...) V - a massa falida, pelo administrador judicial; VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador; VII - o espólio, pelo inventariante; IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens; XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico. 13 - Massa falida: é um conjunto patrimonial, criado pela lei, para exercer os direitos do falido. Surge com a prolação da sentença declaratória de falência, que importa na perda do direito à administração e à disposição dos bens pelo devedor. - Espólio: conjunto de direitos e obrigações do falecido, uma massa patrimonial deixada pelo autor da herança. - Condomínio: possibilita a titularidade coletiva de determinado bem, cabendo a qualquer dos coproprietários igual direito sobre o todo e cada uma das partes - Heranças (1819 a 1823, CC) A) jacente: acervo patrimonial deixado pelo de cujus, sem testamento ou herdeiro legítimo notoriamente conhecido, que deverá ser arrecadado, ficando sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância. B) Vacante declarada quando, praticadas todas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário não haja herdeiro habilitado ou penda habilitação. 14 Pessoa Jurídica CLASSIFICAÇÃO ESPÉCIES 15 Classificação Pessoas jurídicas de direito público (interno ou externo) e de direito privado . Quanto à nacionalidade podem ser nacionais ou estrangeiras. Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. 16 17 Função Pública Externa Nação Organismos Internacionais Interna Adm. Direta Adm. Indireta Privada Fundação Corporação Associação Sociedade Simples Empresária Pessoas Jurídicas de Direito Público Pessoa Jurídica de Direito Público interno (art. 41) Compõe a estrutura federativa do Estado e a organização político-administrativa I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. 18 Pessoa Jurídica de Direito Público externo (art. 42) Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público Ex: Os Estados soberanos, as organizações internacionais (ONU, OIT...), a Santa Sé, etc. 19 Pessoas Jurídicas de Direito Privado Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; (conjunto de pessoas) II - as sociedades; (conjunto de pessoas) III - as fundações. (conjunto de bens) IV - as organizações religiosas; (conjunto de pessoas) V - os partidos políticos. (conjunto de pessoas) VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. § 1 o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) § 2 o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) § 3 o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) 20 Rol exemplificativo ou exaustivo? Contemporaneamente entende-se queo rol é meramente exemplificativo Enunciado 144, CJF - A relação das pessoas jurídicas de direito privado constante do art. 44, incs. I a V, do Código Civil não é exaustiva. Enunciado 90 CJF - Deve ser reconhecida personalidade jurídica ao condomínio edilício nas relações jurídicas inerentes às atividades de seu peculiar interesse. 21 NOVIDADES DO CÓDIGO 1) Distinção de sociedades para associações, reservando às sociedades o termo daquelas restritas exclusivamente à atividade empresarial, comercial e industrial e às associações aquelas uniões de natureza civil, piedosa, científica, cultural e esportiva. 2) Organizações religiosas e Partidos políticos antes eram associações - Foram incluídos pela lei 10.825/2003 - são corporações especiais com autonomia em relação ao CC e tratamento próprio na Legislação (sui generis) 3) Incluiu-se a EIRELI, com o intuito de formalizar as prestações de serviço por pessoas individuais, por questões tributárias (12.441/2011) 22 POR QUE PARTIDOS POLÍTICOS E ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS TEM MAIS AUTONOMIA? O ROL É EXAUSTIVO? 23 Por causa do artigo 2031 Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores, bem como os empresários, deverão se adaptar às disposições deste Código até 11 de janeiro de 2007. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às organizações religiosas nem aos partidos políticos. Ambos tem imunidade tributária e natureza jurídica de associações Lei 10825/03: Art. 1o Esta Lei define as organizações religiosas e os partidos políticos como pessoas jurídicas de direito privado, desobrigando-os de alterar seus estatutos no prazo previsto pelo art. 2.031 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil. 24 Controle da finalidade: Controle da finalidade: Enunciado 143, III Jornada de Direito Civil, “A liberdade de funcionamento das organizações religiosas não afasta o controle de legalidade e legitimidade constitucional de seu registro, nem a possibilidade de reexame pelo Judiciário da compatibilidade de seus atos com a lei e com seus estatutos.” 25 Rol exemplificativo ou exaustivo? Contemporaneamente entende-se que o rol é meramente exemplificativo Enunciado 144, CJF - A relação das pessoas jurídicas de direito privado constante do art. 44, incs. I a V, do Código Civil não é exaustiva. Enunciado 90 CJF - Deve ser reconhecida personalidade jurídica ao condomínio edilício nas relações jurídicas inerentes às atividades de seu peculiar interesse. 26 NOVIDADES DO CÓDIGO 1) Distinção de sociedades para associações, reservando às sociedades o termo daquelas restritas exclusivamente à atividade empresarial, comercial e industrial e às associações aquelas uniões de natureza civil, piedosa, científica, cultural e esportiva. 2) Organizações religiosas e Partidos políticos antes eram associações - Foram incluídos pela lei 10.825/2003 - são corporações especiais com autonomia em relação ao CC e tratamento próprio na Legislação (sui generis) 3) Incluiu-se a EIRELI, com o intuito de formalizar as prestações de serviço por pessoas individuais, por questões tributárias (12.441/2011) 27 28 Vamos falar de cada uma delas! SOCIEDADES - Conjunto de pessoas, com personalidade jurídica própria, instituída por meio de um contrato social, que se unem com o objetivo de exercer atividade econômica e obter lucros. Art. 981, CC. Celebram contrato de sociedade as pes soas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Pode ser: - Sociedade simples: sem fins empresariais (cooperativas, sociedade de profissionais liberais) - Sociedades empresariais: com fins empresariais, prática de atos que visam promover a produção e circulação de riquezas (ex: sociedade anônima) Sociedade empresária art. 982 CC, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro. E o que se entende por empresário? “Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços” 29 De acordo com FÁBIO ULHOA COELHO: “é a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade econômica de produção ou circulação de bens ou serviços. Essa pessoa pode ser tanto física, que emprega seu dinheiro e organiza a empresa individualmente, como a jurídica, nascida da união de esforços de seus integrantes” - Deve realizar o registro na Junta Comercial - Marca da impessoalidade: empresários são meros articuladores do capital, trabalho, matéria prima e tecnologia. - Formas: sociedade em nome coletivo; sociedade em comandita simples; sociedade limitada; sociedade anônima; sociedade em comandita por ações 30 Sociedade simples - Perseguem proveito econômico mas não empreendem atividade empresarial - Não tem obrigação legal de inscrever os seus atos constitutivos no Registro Público de Empresas Mercantis, mas somente no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas Ex: sociedades de profissionais liberais, instituições de ensino, entidades de assistência médica, social... - Marca da pessoalidade: a atuação pessoal de cada sócio importa para o exercício da própria atividade desenvolvida 31 EIRELI Criado pela A Lei n. 12.441, de 11 de julho de 2011, consiste em pessoa jurídica constituída por apenas uma pessoa natural, sem a necessidade de conjunção de vontades, com responsabilidade limitada ao capital integralizado a “pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade” (art. 980-A, § 2.º) Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100(cem) vezes o maior salário mínimo vigente no País” 32 - A instituição da EIRELI pode ser originária ou superveniente (resultando da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio) - Estímulo à conversão Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: IV - Falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias” Parágrafo único: Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade limitada..” 33 34 Associações - Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas. É um direito fundamental, previsto no art. 5º , CF. XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 35 XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; Conceitos e noções (art. 53 a 61 cc) Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos (finalidade não lucrativa) Pode ter fim educacional, lúdica, profissional, reli giosa, recreativa, etc... Geralmente é em grande números de associados e constituem-se por estatuto Exemplos clubes recreativos e esportivos 36 De acordo com MARIA HELENA DINIZ: “Tem-se a associação quando não há fim lucrativo ou intenção de dividir o resultado, embora tenha patrimônio, formado por contribuição de seus membros para a obtenção de fins culturais, educacionais,esportivos, reli giosos, recreativos, morais etc.” A renda deve ser revertida à própria finalidade da associação ou para custear É uma corporação de associados, sem relação entre si Seu ato constitutivo deve ser levado ao registro no cartório de pessoas jurídicas (art. 114 , I, Lei 6.015/73) 37 Composição do estatuto O estatuto das associações conterá, sob pena de nulidade (art. 54) a) a denominação, os fins e a sede da associação; b) os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; c) os direitos e deveres dos associados; d) as fontes de recursos para sua manutenção; e) o modo de cons tuição e funcionamento dos órgãos delibera tivos f) as condições para a alteração das disposições estatutárias e para sua dissolução. g) A forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas 38 Qual a natureza jurídica do Estatuto? - Estatuto das associações tem natureza de negócio jurídico coletivo, que prevê regras básicas com força vinculativa e obrigatória – pacta sunt servanda, - Deve, porém, respeitar os princípios constitucionais e as normas de ordem pública sob pena de nulidade (art. 166, CC) 39 Regras básicas - Na ausência de fins lucrativos não há entre associados direitos e deveres recíprocos. Cuidado! Entre os associados e associações há. - (Art. 55) Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. - (Art. 56) A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário (qualidade personalíssima) Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si , na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. 40 41 Exclusão do associado - (art.57) A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Composição A associação é formada por um conselho deliberativo, um conselho fiscal, presidência e assembleia geral de associados, que pode privativamente em convocação específica para esse fim, com quórum previamente estabelecido em estatuto: I – destituir os administradores; II – alterar o estatuto. 42 Dissolução art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. § 1 o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. § 2 o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. 43 Organizações Religiosas De acordo com Pablo Stolze: “Juridicamente, podem ser consideradas organizações religiosas todas as entidades de direito privado, formadas pela união de indiví duos com o propósito de culto a determinada força ou forças sobrenaturais, por meio de doutrina e ritual próprios, envolvendo, em geral, preceitos éticos” Art, 44 § 1 o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento 44 - Liberdade de crença, culto e organização religiosa, com previsão constitucional Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; 45 Partidos Políticos De acordo com Maria Helena Diniz são: “entidades integradas por pessoas com ideias comuns, tendo por finalidade conquistar o poder para a consecução de um programa.” - São associações civis, que visam assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal. 46 - Adquirem personalidade jurídica com o registro de seus estatutos mediante requerimento ao cartório competente do Registro Civil das pessoas jurídicas da capital federal e ao Tribunal Superior Eleitoral.” - os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. - São livremente criados e têm autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento 47 Art. 17, CF. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. (...) 48 Fundações Privadas - As fundações são conjuntos de bens arrecadados e afetados por escritura pública ou testamento para uma finalidade específica. - Tem interesse social e coletivo envolvido -Não tem fins lucrativos. - Para Caio Mário “é a atribuição de personalidade jurídica a um patrimônio, que a vontade humana destina a uma fina lidade social” Patrimônio Personalizado Vinculado a uma finalidade social 49 Instituição/ Finalidade Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos IX – atividades religiosas 50 Criação 1) Afetação de bens livres - o patrimônio pode ser constituído por qualquer conjunto de bens móveis ou imóveis (propriedades, créditos, dinheiro), que o fundador destine a uma finalidade não econômica, com a intenção de criar um ente autônomo e permanente 2- Instituição por escritura ou testamento Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade,ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial. 3- Elaboração dos Estatutos - Pode ser feito diretamente pelo testador ou de modo fiduciário 51 art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público 52 4- Aprovação dos estatutos - Cabe ao MP que verificar se foram observadas as bases da fundação, se os bens dotados são suficientes ao que se destinam. Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante” 5- Realização do registro civil art. 114. lei 6015/73 -No Registro Civil de Pessoas Jurídicas serão inscritos: I – os contratos, os atos cons titutivos, o estatuto ou compromissos das sociedades civis, religiosas, pias, morais, científicas ou literárias, bem como o das fundações e das associações de utilidade pública” 53 Curadoria das Fundações - É Exercida pelo Ministério Público Estadual Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. § 1 º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. § 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. 54 Atribuições: - Aprovar, fiscalizar e pleitear a dissolução - Não se admite a alienação injustificada dos bens componentes de acervo patrimonial da fundação. Toda alienação demanda alvará judicial, devendo ser devidamente motivada, em procedimento com a indispensável intervenção do Ministério Público. - De acordo com Lincoln Antônio de Castro: - “Dependem de prévia autorização do Ministério Público (...) a alienação de bens do ativo permanente, a constituição de ônus reais, a prestação de garantia a obrigações de terceiros, a aceitação de doações com encargos, a celebração de operações financeiras. O mesmo tratamento aplica-se aos negócios jurídicos celebrados com os participantes ou administradores da fundação, ou com empresas ou entidades em relação às quais os mesmos detêm interesses, direta ou indiretamente, como sócios, acionistas ou administradores” 55 Alteração do Estatuto Requisitos: - Deliberação por 2/3 dos administradores (ou representantes). - Manutenção da sua principal finalidade (sem desvirtuar) - Aprovação pelo MP - O MP tem 45 dias para manifestação, sob pena de suprimento judicial. Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. 56 Recurso É possível impugnação da minoria vencida art. 68: “Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias 57 Extinção da Fundação - Pode ser promovida por qualquer interessado ou pelo MP Art. 765, CPC. Qualquer interessado ou o Ministério Público promoverá em juízo a extinção da fundação quando: I – se tornar ilícito o seu objeto; II – for impossível a sua manutenção; III – vencer o prazo de sua existência” 58 Destinação dos bens Ocorrendo a dissolução das fundações, o patrimônio que sobrar será destinado: •1º: outra entidade prevista no ato constitutivo ou no estatuto. •2º: outra fundação, designada pelo juiz, que tenha fim igual ou semelhante 59 Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. 60 Pessoa Jurídica DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 61 Desconsideração da Personalidade Jurídica - Quebra da autonomia - Desconsideração da regra segundo o qual a pessoa jurídica não se confunde com os seus membros ampliação de responsabilidade - Espécie de “sanção” aplicada a um comportamento abusivo por membros de pessoas jurídicas - Superamento episódico da personalidade jurídica da sociedade, em caso de fraude, abuso, ou simples desvio de função, objetivando a satisfação do terceiro lesado junto ao patrimônio dos próprios sócios, que passam a ter responsabilidade pessoal pelo ilícito causado - Ocorre a suspensão episódica da eficácia do ato constitutivo da pessoa jurídica para verificar se ela foi utilizada como instrumento para a realização de fraude ou abuso de direito 62 Outras denominações: - disregard of the legal entity - levantamento do véu - teoria da superação da pessoa jurídica - teoria da penetração. * Na desconsideração da personalidade jurídica, não há a extinção da pessoa jurídica, mas apenas uma ampliação de responsabilidades. 63 Modalidades a) Desconsideração direta ou regular : os bens dos sócios ou dos administradores respondem por dívidas da pessoa jurídica. Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso 64 O que caracteriza o desvio de finalidade e a confusão patrimonial? Desvio de finalidade: desvirtuou-se o objetivo social, para se perseguirem fins não previstos contratualmente ou proibidos por lei, com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. Confusão patrimonial: a atuação do sócio ou administrador confundiu-se com o funcionamento da própria sociedade, utilizada como verdadeiro escudo, não se podendo identificar a separação patrimonial entre ambos 65 b) Desconsideração indireta, inversa ou invertida (CPC, art. 133, § 2º ): bens da pessoa jurídica respondem por dívidas dos sócios ou administradores. (aplicável em direito de família e sucessões ) Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. § 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica. 66 Novas modalidades Enunciado 11, da I jornada de Direito Civil : “Aplica-se o disposto nos arts. 133 a 137 do CPC às hipóteses de desconsideração indireta e expansiva da personalidade jurídica.” c) Desconsideração expansiva: possibilidade de desconsiderar uma pessoa jurídica para atingir um sócio oculto (não declarado). d) Desconsideração indireta: é aquela desconsideração de uma pessoa jurídica para outra. 67 Teorias Teoria maior - Foi adotada pelo art. 50, CC: - Exige abuso da personalidade jurídica (desvio de finalidade ou confusão patrimonial) + prejuízo ao credor. Teoria menor - basta o prejuízo ao credor. - Adotada pelo CDC e em questões ambientais 68 Art.28, CDC -§ 5º, CDC - Também poderá ser desconsiderada apessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Lei n. 9.605/98, art. 4º: “Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente” 69 STJ, REsp 279.273/SP Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso especial. Shopping Center de Osasco-SP. Explosão. Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério Público. Legitimidade ativa. Pessoa jurídica. Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de responsabilização dos sócios. Código de Defesa do Consumidor. Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º (...) A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração). - A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. - Para a teoria menor, o risco empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta, ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores da pessoa jurídica. - A aplicação da teoria menor da desconsideração às relações de consumo está calcada na exegese autônoma do § 5º do art. 28, do CDC, porquanto a incidência desse dispositivo não se subordina à demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo indicado, mas apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa jurídica, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. - Recursos especiais não conhecidos"(STJ, REsp 279.273/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/12/2003, DJ 29/03/2004, p. 230) 70 Pessoa Jurídica RESPONSABILIDADE 71 Fundamento Independentemente da natureza da pessoa jurídica (direito público ou privado), estabelecido um negócio jurídico com a observância dos limites determinados pela lei ou estatuto, com deliberação do órgão competente e/ou realização pelo legítimo representante, deve ela cumprir o quanto pactuado, respondendo, com seu patrimônio, pelo eventual inadimplemento contratual, na forma do art. 389 do cc/2002 72 Divisão Contratual: dever de cumprir com o previsto Ex: responsabilidade do CDC por fato e vício do produto ou do serviço. “não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado” 73 Subjetiva: quando houver a necessidade de se estabelecer o nexo causal entre o dano e o ato ilícito praticado pelo agente Objetiva: o agente deve indenizar, independentemente da existência de culpa, como no caso do fato de terceiro 74 Extracontratual: contra a prática de atos ilícitos, impondo-se o dever de indenizar em caso de dano Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 75 Responsabilidade do Estado Art. 43, CC as pessoas jurídicas de Direito Público Interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que, nessa qualidade, causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte desses, culpa ou dolo 76 Art. 37, §6 º CF, As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa 77 Elementos necessários a comprovar a responsabilidade do Estado: - conduta, dano, e nexo - Não importa se o ato é lícito ou ilícito - Não importa se houve dolo ou culpa - É possível haver excludentes de responsabilidade (ex: excludentes de nexo: caso fortuito, força maior, culpa exclusiva da vítima) 78 - A responsabilidade do Estado é, em regra, objetiva , com base na teoria do risco administrativo - A do agente que atua em nome do Estado é subjetiva , - Existem hipóteses de responsabilidade subjetiva do Estado, em caso de omissão , quando o não fazer do Estado seja a causa direta e imediata do dano (teoria da culpa anônima da administração) 79 PESSOA JURÍDICA EXTINÇÃO 80 Fim da pessoa jurídica Pessoa natural: • A) adquire personalidade com o nascimento • B) extingue a personalidade com a morte Pessoa jurídica • A) adquire personalidade com a inscrição do ato constitutivo • B) extingue a personalidade com o fim da pessoa jurídica 81 Fim da pessoa jurídica de direito privado Exemplos (art. 1033 do CC) A0 decurso do prazo de sua duração b) Consenso unanime dos sócios c) Deliberação dos sócios Falta de pluralidade dos sócios e) Extinção ou cassação da autorização para o funcionamento 82 Causas Voluntárias: leva em conta o aspecto volitivo. As partes resolvem dissolvê-la por simples vontade Automáticas: previstas anteriormente no ato constitutivo, operam de pleno direito Administrativas: restrições/ cassação advindas da administração pública, de órgãos do Poder Executivo (por vontade do Estado) 83 De acordo com Maio Mário: “se praticam atos opostos a seus fins, ou nocivos ao bem coletivo, a administração pública, que lhes dera autorização para funcionamento, pode cassá-la, daí resultando a terminação da entidade, uma vez que a sua existência decorrera daquele pressuposto” Judiciais: insolvência, falência, declaração de nulidade Legais: morte (prevista no art. 1028, CC) 84 Previsão legal Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. - Não ocorre imediatamente. - Depende de prévia liquidação 85 § 2º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. 86 Fases da extinção 1) Dissolução: ocorrência da causa 2) Liquidação: cobrança de créditos e pagamento de débitos, zerando o patrimônio líquido 3) Cancelamento: extinção formal do registro 87 Desconsideração X extinção da pessoa jurídica Despersonificação ou despersonalização • há liquidação e depois cancelamento do registro (art.51) Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. Desconsideração da personalidade jurídica • desconsideração da personalidade jurídica: não há a extinção da pessoa jurídica, mas apenas uma ampliação de responsabilidades. 88 Local de averbação - Art 51 do CC, § 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução. Ex: sociedade de advogados: no conselho seccional da OAB Sociedade anônima, sociedade empresária: na junta comercial Associações: no cartório de registro civil de pessoas Jurídicas 89 Pessoa Jurídica DOMICÍLIO 90 Domicílio da PessoaJurídica Relembrando: domicílio é o local onde se responde pelas obrigações 91 Domicílio da Pessoa Jurídica de Direito Privado - O domicílio da pessoa jurídica de direito privado é a sua sede - Deve estar indicado no ato constitutivo. Na ausência de indicativo, será o local onde funcionar as respectivas diretorias ou administração) - art. 75, IV, CC 92 Classificação Doutrinária Domicílio Natural: local de funcionamento da diretoria ou administração Domicílio Convencional: eleito nos atos constitutivos Domicílio Legal: imposto por lei, caso a administração ou diretoria funcionem no estrangeiro (art. 75§2ºCC) 93 Artigo 75 § 2ºSe a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. 94 Pluralidade de domicílios § 1 o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. Súmula 363, STF A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou estabelecimento, em que se praticou o ato. 95 Domicílio da Pessoa Jurídica de Direito Público - Da União: Distrito Federal - Dos Estados Membros: Respectivas Capitais - Município: sede da administração - Demais pessoas jurídicas: local indicado nos Estatutos ou onde funcionarem as respectivas diretorias e administraçoes 96 Poder de representação Pessoas jurídicas de direito privado: as indicadas nos atos constitutivos. Na ausência, todos respondem Pessoas Jurídicas de direito público União Estados Municípios Demais pessoas Internamente: Presidente ou Advogado Geral da União Externamente: chefe do poder executivo ou embaixador Procuradores do Estado Prefeito ou Procurador Indicados no estatuto ou na lei Orgânica 97 COLOQUE V OU F... Vamos Praticar? 98 COLOQUE V ou F A pessoa jurídica pode ser demandada no domicílio de qualquer de seus estabelecimentos, independente do local onde for praticado o ato gerador de sua responsabilidade ( ) Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes seu domicilio será sempre a sede prevista no seu estatuto ou ato constitutivo ( ) 99 DIREITO CIVIL Parte Geral BENS 100 BENS - Bens são coisas materiais ou imateriais, corpóreos ou incorpóreos que possuem conteúdo econômico e são suscetíveis de apropriação, servindo a uma relação jurídica (utilidades). - Bens Jurídicos: Bem que o Estado considera relevante, posto que fazem partes das relações jurídicas, funcionando como o objeto sobre o qual as partes exercem direitos subjetivos 101 Coisa x Bens - Coisa é tudo que existe na natureza e que não são pessoas. Os bens jurídicos são uma espécie de coisa, que tem valor econômico, utilidade e suscetibilidade de apropriação. COISAS BENS (valor econômico) 102 Bens corpóreos e incorpóreos 103 Classificação dos bens 1) Bens em si mesmos considerados • Levam em conta apenas o próprio bem, considera-se apenas o bem individualmente para sua classificação 2) Bens reciprocamente considerados • Só é possível classificar ao comparar um bem com outro bem. (Principal e acessório) 104 Bens em si mesmo considerados SUBCLASSIFICAÇÃO 105 Subclassificações - 1) Bens móveis e imóveis (Artigos 79 a 84 CC) - 2) Bens fungíveis e infungíveis (art. 85) - 3) Bens consumíveis e inconsumíveis (art. 86) - 4) Divisíveis e indivisíveis (art. 87) - 5) Singulares e coletivos (art. 89) 106 1) Imóveis Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. 1.1) Imóveis por natureza fundamental, o solo. Não pode ser movido sem que perca suas características essenciais. 1.2) Bens imóveis por acessão física. Aquilo que se liga ao solo permanentemente. (ex: semente, construção) de modo que não se possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou dano 107 1.3) Bens imóveis por disposição legal Para os efeitos legais são tratados como bens imóveis. Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram II - o direito à sucessão aberta. Obs: O direito à sucessão aberta será sempre imóvel, independente dos tipos de bens que o componham 1.4) Imóveis temporariamente mobilizados Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem 108 2) Móveis Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. 2.1) Bens móveis por natureza. São suscetíveis de movimento próprio ou movidos por força alheia sem que percam suas características essenciais. Ex. cadeira, computador, caneta, gato (semoventes). 109 2.2) Móveis por disposição legal: O intuito do legislador foi conferir maior segurança jurídica a determinados bens incorpóreos e regular as relações jurídicas Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; ex: energia elétrica II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 110 2.3 Móveis por destinação Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. 111 Bens fungíveis e infungíveis (art. 85): 112 Bens consumíveis e inconsumíveis (art. 86): 113 Bens divisíveis e indivisíveis (art. 87): 114 Bens singulares e coletivos (art. 89): 115 Bens reciprocamente considerados SUBCLASSIFICAÇÃO 116 Bens reciprocamente considerados Só conseguimos aplicar essa classificação ao comparar um bem com o outro. 1. BENS PRINCIPAIS: São os bens que existem de maneira autônoma e independente, art. 92, CC 2. BENS ACESSÓRIO: São bens cuja existência e finalidade dependem de um outro bem, o principal. Pelo princípio da gravitação jurídica, o acessório segue o principal, salvo disposição em contrário. Para existir depende do bem principal 117 Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal 118 A ÁRVORE É ACESSÓRIO OU PRINCIPAL? Vamos pensar... 119 Depende Pode-se dizer apenas que o solo é sempre principal Quanto aos demais bens, depende! Sempre pergunte em relação a que 120 Classificação dos bens acessórios • PRODUTO • FRUTO • PERTENÇA • BENFEITORIAS 121 • PRODUTO: São aqueles que saem do bem principal, diminuindo sua substância e quantidade, esgotando em razão da exploração. Ex: pepita de ouro retirada de uma mina. Não são renováveis. • FRUTO: São aqueles que mantém a integridade do bem principal, sem a diminuição da sua substância ou quantidade. Ex: frutas de uma árvore. São renováveis. Subdividem se em: A) Naturais: Renovam-se por si só. (Leite da vaca) B) Industriais: Dependem de produção. (Estoque fabril) C) Civis: São derivados da utilização de terceiros. (Aluguel, juros) Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico 122 • Q • PERTENÇAS: São as coisas destinadas a conservar ou facilitar o uso o serviço, ou embelezamento dos bens principais, sem que destas sejam parte integrante, conservando sua individualidade e autonomia. art. 93, CC. Ex: A mobília de uma casa Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro O acessório pertença, em regra, não segue o principal. Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal nãoabrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. 123 • BENFEITORIAS: São bens acessórios introduzidos em um bem móvel ou imóvel, visando a sua conservação ou a melhora da sua utilidade. As benfeitorias são introduzidas no bem principal, passando a ser parte integrante Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. 1. NECESSÁRIAS: São as que tem por objetivo conservar ou evitar que o bem se deteriore. São essenciais ao bem principal. Ex: reforma do telhado da casa. 2. ÚTEIS: São as que ampliam ou facilitam o uso da coisa, tornando-a mais útil. Ex: Construir uma garagem. 3. VOLUPTUÁRIAS: São as de mero deleite, que não facilitam a utilidade da coisa, apenas as tornando mais agradáveis. Ex: construção de uma churrasqueira na casa 124 § 1 o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. § 2 o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. § 3 o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor 125 Classificação dos Bens BENS PÚBLICOS 126 Bens públicos Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. 127 Bens de uso comum I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças - Bens destinados ao uso da coletividade, à disposição da sociedade. O ente não usufrui - Fruição ampla e isonômica: podem ser usados e fruídos, geralmente de forma gratuita, por toda a coletividade, de forma proporcional e em igualdade de condições;- 128 Características dos Bens de uso comum - Ente político titular do bem do uso comum dispõe de competência para disciplinar sua destinação; - São indisponíveis - São inalienáveis - São impenhoráveis - São não onerosos 129 Bens de uso especial II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias - São de usufruto do ente estatal, utilizado pela administração pública para o desempenho das atividades estatais, configurem elas ou não serviço público; 130 Características dos Bens de Uso Especial -Abrangem bens imóveis (repartições estatais) e bens móveis necessários ao desempenho da atividade administrativa estatal; -Podem ser de titularidade de pessoa pública ou privada. - São indisponíveis - São inalienáveis - São impenhoráveis - São não onerosos 131 Bens Dominicais III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. 132 Características dos bens comunicáveis - Bens móveis ou imóveis de domínio das pessoas jurídicas (patrimônio), que não se constituem em efetivo instrumento de satisfação de necessidades coletivas - dinheiros, terras que não tem finalidade específica (identificação por exclusão) - Podem ser ociosos (ex: terras e imóveis sem destinação específica), também podem ser utilizados pelo Estado com o objetivo de obter renda (investimento ou exploração de minérios) -Podem ser alienados, observados os requisitos legais (art. 17 a 19, Lei 8666/93) – avaliação, demonstração de interesse, licitação, autorização legislativa prévia (somente para bens imóveis pertencentes a órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais). -uso privativo de bens dominicais pode ser celebrado mediante contratos de locação, arrendamento e comodato. 133 Dispositivos Pertinentes Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 134 Bens QUADROS RESUMOS 135 Bens considerados em si mesmos BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS Imóveis Móveis Bens imóveis por natureza, bens imóveis por imposição legal. Bens móveis por natureza ou por imposição legal, bens móveis por antecipação, semoventes. Fungíveis Infungíveis Bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Bens móveis que não podem ser substituidos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Consumíveis Inconsumíveis Bens móveis cujo uso ocasiona destruição imediata do próprio bem, sendo também considerados tais os destinados à alienação. São os bens que admitem uso constante como, por exemplo, um notebook Divisíveis Indivisíveis Bens que podem ser fracionados sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Não é possível ser dividido sem a perda da essência do bem. Singulares Coletivos Bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. São representados pelas universalidades de fato e de direito. 136 Bens reciprocamente considerados BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS Principais Acessórios São os bens que têm existência própria. Bens que não possuem existência própria. A partir do princípio dagravitação jurídica, o acessório segue o principal. BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO SUJEITO Bens públicos Bens privados Bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno. Os bens de uso comum do povo, bens dominicais e bens de uso especial. São conceituados por exclusão, ou seja, o que não é bem público é privado. 137 REFERÊNCIAS DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 1 : teoria geral do direito civil. São Paulo: Saraiva, 2018 FIGUEIREDO, Luciano; FIGUEIREDO, Roberto. Direito Civil. Parte Geral. 5 ed. Salvador: JusPodivm, 2015 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro - Parte geral . Vol.1.18. ed. São Paulo : Saraiva, 2020 JANKOVIC, Elaine Karina. Direito Civil: pessoas e Bens. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2015. GAGLIANO Pablo Stolze, Rodolfo Pamplona Filho. Novo Curso de Direito Civil. Vol I. São Paulo: Saraiva, 2004 TARTUCE, Flávio. Direito civil: lei de introdução e parte geral . 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. 138
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