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COMENTÁRIO CRÍTICO DE DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA ENVOLVENDO O CRIME DE TRABALHO ESCRAVO

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COMENTÁRIO CRÍTICO DE DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA ENVOLVENDO O CRIME DE TRABALHO ESCRAVO.
 O presente texto propõe-se a tecer breves comentários sobre a decisão de primeira instância do juízo da 1ª Vara do Trabalho de Americana/SP, Processo nº 0002084-28.2011.5.15.0007, onde se condenou a construtora MRV Engenharia e Participações ao pagamento de R$ 4 milhões em indenização por danos morais pela prática de trabalho escravo, em ação civil pública do Ministério Público do Trabalho.
Na decisão proferida consta que foram apuradas irregularidades praticadas pela reclamada em dois inquéritos civis que versavam sobre irregularidade nas terceirizações, degradação do meio ambiente do trabalho e trabalhadores em condição análoga à de escravo. 
Na ocasião da fiscalização, foram resgatados 64 trabalhadores laborando em condições análogas às de escravo. Esses trabalhadores foram trazidos de regiões miseráveis do Norte e Nordeste com a promessa de que teriam a viagem inteiramente custeada pela empresa e que ganhariam um salário que, mesmo parecendo pouco para os padrões do Estado de São Paulo, seria bastante significativo. A realidade, no entanto, mostrou-se completamente diferente. Ao desembarcarem na cidade de Americana foram informados que a dívida pela viagem seria descontada do salário de cada um. Entregaram suas carteiras de trabalho, na esperança da efetivação do registro, porém, os prepostos da ré se apossaram indevidamente dos documentos, retirando o livre arbítrio dos operários de não mais se sujeitarem à situação. E não foi só. A empresa não pagava os salários combinados, e quando os pagava, ou estavam atrasados ou com descontos indevidos. Havia supressão total ou parcial do intervalo intrajornada, bem como a comida servida tinha de ser complementada pelos próprios operários, que gastaram todo o dinheiro que haviam guardado para a viagem. Os trabalhadores não tinham dinheiro para sair da cidade, por isso acabaram por ficar presos àquela situação até a data da denúncia perante o órgão do MTE. (TRT, 2013)
Essa sentença nos leva a analisar que de acordo com o artigo 149 do código penal, a Redução análoga à condição de escravo é crime, sendo demostrado os aspectos de jornada exaustiva, trabalho forçado, condição degradante e servidão por dívida. 
A sentença ainda poderia ter usado como referência para condenação as convenções da OIT de nº 29 e 105, que definem o trabalho análogo à escravidão, como sendo o trabalho forçado ou compulsório e trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob a ameaça de uma sanção e para o qual a pessoa não se ofereceu espontaneamente. Ambas as Convenções possuem ratificação quase universal, o que significa que quase todos os Estados-membros da OIT são legalmente obrigados a respeitar as suas disposições e reportar à Organização regularmente sobre seu cumprimento.
Percebe-se que o trabalho escravo é uma grave violação aos direitos humanos que restringe a liberdade do individuo e atenta contra a sua dignidade. Na decisão em questão, agiu com acerto o magistrado, ao considerar as situações degradantes de trabalho, que são caracterizadas por péssimas condições de labor, inclusive sem a observância das normas de segurança e medicina do trabalho, pois os empregados trabalhavam em jornada exaustiva, tendo seu direito de locomoção prejudicado pela ausência de pagamento e a retenção da CTPS, o que se configura como coação moral e física. 
Desse modo, o exercício de atividade profissional em condições sub-humanas, em ambiente de trabalho degradado, sem instalações higiênicas dignas, sem água potável, sem local para refeição, sem acomodação para todos e, acima de tudo, restringindo-lhes a liberdade de locomoção, já que não lhes pagava o salário, resultou na inscrição da MRV na “Lista Suja”, que é o cadastro de empregadores flagrados explorando pessoas em situação análoga à de escravos. 
E por fim, conclui-se, que no presente caso, fica evidente a existência de trabalho escravo, sendo confirmado em sentença, sendo assim, quando uma pessoa é resgatada de situação de trabalho análogo à escravidão, o governo federal oferece três meses de seguro-desemprego, como uma alternativa para a reconstrução da vida após o período de exploração, de acordo com a lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, em seu artigo 2o-C. Portanto diante de todos os motivos expostos, deve recair punição severa sobre aquele que se beneficia do trabalho em tais condições, pois não estar sujeito a trabalho forçado é um direito humano fundamental. 
Referências 
Revista da faculdade de Direito-UFPR |CURITIBA, vol.62, n.1, jan./abr.2017|p113–136.
BRASIL. 1ªVara do Trabalho de Americana. Sentença do Processo nº 0002084-28.2011.5.15.0007. Autor: Ministério Público do Trabalho da 15ª Região. Réu: MRV Engenharia e Participações. Juíza Sentenciante: Natália Scassiotta Neves Antoniassi. Americana, 1de agosto de 2013.
COMENTÁRIO 
CRÍTICO DE DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA 
ENVOLVENDO O CRIME DE TRABALHO ESCRAVO.
 
 
 
O presente texto propõe
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se a tecer breves comentários sobre
 
a decisão de primeira 
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Processo nº 0002084
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28.2011.5.15.0007
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ao pagamento de R$ 4 milhões em indenização por danos morais pela prática de 
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Norte e Nordeste com a promessa de que teriam a viagem inteiramente custeada pela 
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riam um salário que, mesmo parecendo pouco para os padrões do 
Estado de São Paulo, seria bastante significativo. A realidade, no entanto, mostrou
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se 
completamente diferente. Ao desembarcarem na cidade de Americana foram 
informados que a dívida pela viagem 
seria descontada do salário de cada um. 
Entregaram suas carteiras de trabalho, na esperança da efetivação do registro, porém, os 
prepostos da ré se apossaram indevidamente dos documentos, retirando o livre arbítrio 
dos operários de não mais se sujeitarem à
 
situação. E não foi só. A empresa não pagava 
os salários combinados, e quando os pagava, ou estavam atrasados ou com descontos 
indevidos. Havia supressão total ou parcial do intervalo intrajornada, bem como a 
comida servida tinha de ser complementada pelo
s próprios operários, que gastaram todo 
o dinheiro que haviam guardado para a viagem. Os trabalhadores não tinham dinheiro 
para sair da cidade, por isso acabaram por ficar presos àquela situação até a data da 
denúncia perante o órgão do MTE.
 
(TRT, 2013)
 
Essa sentença nos leva a analisar 
que de acordo com o artigo 149 do código penal, a 
Redução análoga à condição de escravo é crime, sendo demostrado os aspectos de 
jornada exaustiva,
 
trabalho forçado, 
condição degradante e 
servidão por dí
vida. 
 
COMENTÁRIO CRÍTICO DE DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA 
ENVOLVENDO O CRIME DE TRABALHO ESCRAVO. 
 
 O presente texto propõe-se a tecer breves comentários sobre a decisão de primeira 
instância do juízo da 1ª Vara do Trabalho de Americana/SP, Processo nº 0002084-
28.2011.5.15.0007, onde se condenou a construtora MRV Engenharia e Participações 
ao pagamento de R$ 4 milhões em indenização por danos morais pela prática de 
trabalho escravo, em ação civil pública do Ministério Público do Trabalho. 
Na decisão proferida consta que foram apuradas irregularidades praticadas pela 
reclamada em dois inquéritos civis que versavam sobre irregularidade nas 
terceirizações, degradação do meio ambiente do trabalho e trabalhadoresem condição 
análoga à de escravo. 
Na ocasião da fiscalização, foram resgatados 64 trabalhadores laborando em condições 
análogas às de escravo. Esses trabalhadores foram trazidos de regiões miseráveis do 
Norte e Nordeste com a promessa de que teriam a viagem inteiramente custeada pela 
empresa e que ganhariam um salário que, mesmo parecendo pouco para os padrões do 
Estado de São Paulo, seria bastante significativo. A realidade, no entanto, mostrou-se 
completamente diferente. Ao desembarcarem na cidade de Americana foram 
informados que a dívida pela viagem seria descontada do salário de cada um. 
Entregaram suas carteiras de trabalho, na esperança da efetivação do registro, porém, os 
prepostos da ré se apossaram indevidamente dos documentos, retirando o livre arbítrio 
dos operários de não mais se sujeitarem à situação. E não foi só. A empresa não pagava 
os salários combinados, e quando os pagava, ou estavam atrasados ou com descontos 
indevidos. Havia supressão total ou parcial do intervalo intrajornada, bem como a 
comida servida tinha de ser complementada pelos próprios operários, que gastaram todo 
o dinheiro que haviam guardado para a viagem. Os trabalhadores não tinham dinheiro 
para sair da cidade, por isso acabaram por ficar presos àquela situação até a data da 
denúncia perante o órgão do MTE. (TRT, 2013) 
Essa sentença nos leva a analisar que de acordo com o artigo 149 do código penal, a 
Redução análoga à condição de escravo é crime, sendo demostrado os aspectos de 
jornada exaustiva, trabalho forçado, condição degradante e servidão por dívida.

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