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Doenças do sistema genital masculino (penis) As principais enfermidades do pe ̂nis são: anomalias congênitas, alterac ̧ões do tamanho, estenose do meato uretral externo, fimose e parafimose, balanite, postite, tumores, doenc ̧a de Peyronie, hipospadia e epispadia. Anomalias conge ̂nitas. Ause ̂ncia completa do pênis, ou agenesia do pe ̂nis, e ́ uma anomalia extremamente rara, resultante de falha no desenvolvimento do tube ́rculo genital. O pe ̂nis duplo ou difalo e ́, tambe ́m, uma rara anomalia. Alteraço ̃es do tamanho. O aumento do tamanho do pe ̂nis (macropenissomia ou megalope ̂nis) pode ser observado em crianças que apresentam neoplasia ou hiperplasia das ce ́lulas de Leydig (“virilização precoce”) ou hiperplasia conge ̂nita das suprarrenais (“pequeno Hércules”). A diminuição do tamanho do pe ̂nis (micropenissomia ou micropênis) e ́ observada nos estados intersexuais que exibem traços feminilizantes, no infantilismo e no hipogenitalismo. Estenose do meato uretral externo. A estenose do meato uretral externo, comum em crianças, pode ter repercussões graves sobre o aparelho urinário, pois, tal como em um sistema de vasos comunicantes, a estenose do orifi ́cio uretral externo altera as características hidrodinâmicas ao longo de todo o sistema formado pelas vias urinárias, levando a dilatac ̧ão da uretra, bexiga de esforço, trabeculac ̧ão vesical, divertículos vesicais, ureteropielocaliectasia, culminando com hidronefrose. Fimose e parafimose. A fimose e ́ uma afecção na qual o orifício prepucial e ́ tão pequeno que não se consegue expor a glande. Pode ser congênita ou adquirida; o tipo conge ̂nito e ́ o mais comum e, quando adquirida, origina‐se, em geral, de um processo inflamatório acompanhado de edema e formação de tecido cicatricial. Não se deve confundir a fimose com a exuberância ou hipertrofia prepucial, condic ̧ão em que o prepú‐ cio é longo, mas não impede que se exponha com facilidade a glande. Parafimose e ́ o estrangulamento do pe ̂nis por um anel fibrótico, provocando dor de intensidade progressiva. Se a pele for retraída à força, o anel constritivo pode estrangular a glande, tornando difícil ou impossível o retorno à situac ̧ão primitiva. A glande ingurgitada edemacia, fica túrgida e torna‐se cianó‐ tica. Lesões isque ̂micas prolongadas podem redundar em gangrena seca da glande. Nessas condições, em geral, e ́ necessário o tratamento de urge ̂ncia. Balanite e postite. Balanite e ́ a inflamac ̧ão aguda ou crônica da glande; postite, a do prepúcio. Em geral, apresentam‐se juntas (balanopostite). Balanite isolada pode ser observada em pa‐ cientes circuncidados. As principais causas são: reac ̧ão ale ́rgica ou irritac ̧ão química (preservativo de látex, geleia contraceptiva); infecções fúngicas (Candida albicans), bacterianas (estafilococos, estrep‐ tococos, Borrelia vicentii), afecções mucocutâneas (líquen plano, psoríase, eritema fixo, doença de Behçet), reação medicamentosa (sulfas, tetraciclinas, barbitúricos). Na maioria dos casos de balanopostite, constatam‐se condições higie ̂nicas precárias, sobretudo quando o paciente sofre de fimose ou apresenta exuberância prepucial, as quais dificultam a retração da pele. A balanopostite costuma causar distúrbios miccionais e até corrimento uretral profuso; adenopatia inguinal dolorosa pode estar presente. A ̀s vezes, por detrás de uma balanopostite recidivante, esconde‐se um processo diabe ́tico. Tumores. Com a denominação de tumores do pe ̂nis, incluem‐se lesões neoplásicas e não neoplásicas. As lesões benignas incluem os cistos, os angiomas, os nevos, os condilomas acuminados e os papilomas hirsutos. Os cistos penianos podem ser congênitos ou adquiridos. Os conge ̂nitos aparecem na rafe penoescrotal‐perineal em conseque ̂ncia de seu fechamento incompleto. O tipo dermoide e ́ o mais frequente. Os cistos epiteliais originam‐se de traumatismo ou após postectomia. A papilomavirose humana, provocada por alguns tipos de Papillomavirus humano (HPV) – do qual se conhecem atual‐ mente mais de 60 tipos –, apresenta‐se mais comumente de maneira vegetante (Figura 139.2), denominada condiloma acuminado (“crista de galo”); no entanto, pode aparecer de outras maneiras, com crescimento plano (não vegetante) ou invertido (endofítico). Está relacionada com a neoplasia intra‐ epitelial peniana. Não obstante ser sexualmente transmissível, sabe‐ se hoje que existe transmissão não sexual, ate ́ mesmo transplacentária. Este fato explica, por exemplo, o encontro do vírus no produto de circuncisão de rece ́m‐nascidos. Os papilomas hirsutos (papilomas coronais ou pápu‐ las penianas peroladas) são diminutas pápulas de coloração cinza‐avermelhada ou branco‐ esverdeada, que se dispõem em fileiras irregulares ao longo da corona da glande. Em geral, são assintomáticos e acometem preferencialmente adultos jovens. Os papilomas hirsutos penianos são desprovidos de importân‐ cia clínica, considerados hipertrofia das glândulas de Tyson. Das neoplasias malignas do pe ̂nis, a mais frequente e ́ o car‐ cinoma escamoso ou de células epidermoides, cujo pico de incidência está em torno dos 60 anos de idade. Doença de Peyronie. A doença de Peyronie, também denomina‐ da induratio penis plastica, cavernosite fibrosa, fibrose do pe ̂‐ nis e síndrome do pe ̂nis encurvado, e ́ de causa desconhecida, ocorrendo geralmente em homens de 40 a 50 anos. Caracteriza‐se por infiltrac ̧ão fibrosa das bainhas que reco‐ brem os corpos cavernosos, causando contratura da fáscia que reveste o corpo cavernoso. Seus sintomas são dor e encurvamento do pe ̂nis durante a erec ̧ão, reduc ̧ão da capacidade eretora distal à placa de fibrose, interfere ̂ncia com o coito e impote ̂ncia sexual gradativa. A curvatura do pe ̂nis se faz no sentido da lesão. A dor e ́ diretamente proporcional à extensão da fibrose e menos intensa nos pacientes mais idosos. Hipospadia e epispadia. Na hipospadia, o meato uretral externo localiza‐se na face ventral ou inferior do pe ̂nis, ou mesmo no períneo. É a anomalia congênita mais comum da uretra. O pe ̂nis hipospádico apresenta excesso de prepúcio na superfície dorsal – “pe ̂nis encapuc ̧ado” – e acúmulo de tecido fibroso na superfície ventral, distalmente ao meato uretral. Na epispadia, o meato uretral externo localiza‐se na face dorsal ou superior do pe ̂nis. As epispadias masculinas classificam‐se em balânica, peniana, penopúbica e completa. As características da epispadia masculina são pe ̂nis redu‐ zido de tamanho, encurvado para cima e com excesso de pre‐ púcio em sua face ventral ou inferior. (bolsa escrotal) As afecções escrotais mais comuns são: edema, gangrena, elefantíase, abscessos, fístulas e neoplasias. (Testiculos) As afecções testiculares compreendem a anorquia, a poliorquia, as distopias (criptorquidia e ectopia), a hidrocele, a hematocele, a quilocele, a torção do testículo, a orquite e as neoplasias. Anorquia. Anorquia e ́ a ause ̂ncia conge ̂nita dos testículos. As crianc ̧as anórquicas desenvolvem, em conseque ̂ncia da falta de secreção testicular, trac ̧os eunucoides, com ause ̂ncia dos caracteres sexuais secundários e alterac ̧ões da estrutura esquele ́tica, representadas por aumento da estatura e da envergadura, ale ́m de alongamento desproporcional das extremidades inferiores em relação ao tronco. Poliorquia. Poliorquia e ́ a presença de mais de 2 testículos no mesmo indivíduo. É uma anomalia congênita extremamente rara. Não há alterac ̧ões funcionais. Distopias testiculares (criptorquidia e ectopia). No início do desenvolvimento fetal, os testículos te ̂m localização lombar. Por volta do terceiro mês da vida intrauterina, deslocam‐se para a fossa ilíaca, em consequência, sobretudo, de um rearranjo corporal. No quinto mês, situam‐se no nível do anel inguinal interno. A partir do se ́timo mês, migram ao longo do canal inguinal para se fixarem no fundo da bolsa escrotal. A criptorquidia ou criptorquia e ́ um defeito de desenvolvimento, no qual o testículo fica retido em alguma parte de seu trajeto normal. Em outras palavras, o testículo encontra‐se na sua via anatômica, mas sem chegar à bolsa escrotal. Conforme o local da parada, a criptorquidia pode ser lombar, ilíaca ou inguinal. É possível classificá‐la, tambe ́m, em intra‐abdominal e intra‐ canalicular. Na ectopia testicular, condição que não deve ser confundida com a criptorquidia, a gônada localiza‐se fora de seu trajeto normal. Testículo ectópico, portanto, e ́ aquele que migrou para uma posic ̧ão anatômica anormal. As apresentac ̧ões mais comuns de ectopia testicular são: inguinal, superficial, perineal, pubiana, crural, peniana e no hilo esple ̂nico. Na ectopia inguinal superficial, a mais comum, após ultrapassar o anel inguinal externo, o testículo migra superolateral‐ mente ate ́ uma posic ̧ão superficial à aponeurose do músculo oblíquo externo. Ao contrário do testículo retrátil, quando acessível à palpac ̧ão, não e ́ possível levar o testículo criptorquídico para o interior da bolsa escrotal. Testículos retráteis ou migratórios (pseudocriptorquidia ou criptorquidia fisiológica) ascendem ao conduto inguinal pela contrac ̧ão intermitente do músculo cremaster. Hidrocele. É o acúmulo do líquido seroso no interior da túnica vaginal do testículo ou nas bainhas do funículo es‐ permático por hiperproduc ̧ão (inflamação do testículo e seus ape ̂ndices) ou reabsorc ̧ão diminuída (obstruc ̧ão linfática ou venosa do cordão espermático) Pode ser primária ou secundária (traumática, infecciosa ou neoplásica). As hidroceles primárias são mais frequentes nos indiví‐ duos acima de 40 anos e desenvolvem‐se vagarosamente, tornando‐se, com o passar do tempo, grandes e tensas. As secundárias, mais comuns nos indivíduos entre 20 e 40 anos de idade, são quase sempre de aparecimento súbito, com sintomas e sinais que denunciam sua causa. Nos recém‐nascidos, cujos processos vaginais se acham fechados, observam‐se, com frequência, resquícios de líquido peritoneal no interior da túnica vaginal do testículo. Este e ́ o tipo comum de hidrocele, chamada não comunicante ou infantil, a qual se manifesta clinicamente como tumefação ovoide, translúcida e flutuante. Quando uma hidrocele aparece pela primeira vez em crian‐ ças com mais de 2 anos de idade, e ́ possível notar que ela apresenta variac ̧ão volume ́trica ao longo do dia, estando ausente ou diminuta pela manhã e maior à tarde. Essas variac ̧ões de tamanho ocorrem em razão da perviedade e da tortuosidade da conexão tubular entre o peritônio e o testículo, que tornam possível o retorno do líquido ao interior da cavidade peritoneal durante a noite, enquanto a criança permanece deitada. É chamada hidrocele comunicante ou congênita. Hematocele. É o acúmulo de sangue no interior da túnica vaginal, em geral em decorrência de lesão dos vasos espermáticos. A hemorragia pode ser de origem cirúrgica, traumática ou neoplásica. Em pacientes com escorbuto, pode ocorrer espontanea‐ mente diabetes, sífilis, discrasias sanguíneas, orquites e epididimites. Hematocele transitória, consequente a traumatismo de parto, com escurecimento da bolsa escrotal, é comum em recém‐nascidos. Na hematocele aguda, a tumoração apresenta características semiológicas idênticas às da hidrocele, salvo que não e ́ transparente à transiluminac ̧ão e pode ser dolorosa. Quilocele. É o depósito de quilo – cujo aspecto é o de emulsão branca, leitosa, contendo glóbulos de gordura – na cavidade da túnica vaginal do testículo. Nas regiões tropicais, a quilocele é ocasionada princi‐ palmente pela obstruc ̧ão dos vasos linfáticos do escroto, especialmente da túnica vaginal, por microfilárias. Pode ser tambe ́m de origem inflamatória ou conge ̂nita. Torc ̧ão do testículo. A torc ̧ão do testículo – rotac ̧ão axial, torc ̧ão ou vólvulo do cordão espermático – e ́ um acidente vascular que pode produzir isquemia, atrofia e gangrena da gônada. A torc ̧ão testicular pode ser intra ou extravaginal. Na torc ̧ão extravaginal, ou torc ̧ão do cordão espermático propriamente dita, o testículo e sua túnica ficam torcidos no nível do anel inguinal externo. É o tipo de torc ̧ão menos comum, ocorrendo preferencialmente na primeira infância. A torc ̧ão testicular intravaginal, ou torc ̧ão testicular propriamente dita, aparece com mais frequência entre 10 e 15 anos de idade, ou seja, em torno da puberdade; raramente ocorre acima dos 35 anos.A torc ̧ão testicular surge após traumatismo, durante esforço exagerado ou, mais raramente, durante atividades normais e ate ́ mesmo durante o sono. Manifesta‐se clinicamente por dor lancinante, de apareci‐ mento súbito, podendo às vezes ser precedida de dor abdominal, imprecisa, que se irradia para a virilha. O paciente pode referir‐se a crises dolorosas anteriores que desaparece‐ ram espontaneamente ou após a palpac ̧ão e/ou manipulac ̧ão do testículo (“torc ̧ão intermitente”) ou mencionar uma crise dolorosa do outro lado que necessitou de tratamento ou seguiu‐se de atrofia testicular. Ao exame físico, a pele escrotal pode ser normal ou aver‐ melhada, quente e edemaciada. A tumefação e ́ confinada ao escroto; todo o testículo apresenta‐ se tumefato, extremamente doloroso, com superfície lisa, não sendo possível palpar o epi‐ dídimo em sua posic ̧ão habitual. O testículo comprometido acha‐se caracteristicamente mais elevado que o oposto, devido ao encurtamento do cordão espermático e ao espasmo dos músculos cremastéricos (sinal de Brunzel). Este dado semio‐ lógico e ́ mais significativo quando percebido à esquerda, pois, como se sabe, a gônada esquerda tem uma posic ̧ão mais baixa. A hiperestesia testicular torna difícil a palpac ̧ão e impede que se procurem os sinais indicativos da natureza da tumefação intraescrotal. O testículo e o epidídimo aumentam de tama‐ nho rapidamente, constituindo, no prazo de poucas horas, uma volumosa e única tumefação, não sendo possível distinguir as diferentes estruturas. A torção testicular pode ser indistinguível da epididimite ou da orquite aguda. Orquite. Orquite é a inflamação aguda ou crônica do testículo. Orquite aguda, envolvendo apenas o testículo, constitui uma entidade rara. Quase sempre ela e ́ conseque ̂ncia da extensão de um processo inflamatório epididimário, o que caracteriza a epidídimo‐orquite. Na orquite pioge ̂nica, pode haver formação de abscesso, o qual, quando roto, dá origem à chamada piocele. A orquite aguda aparece de modo súbito e, na maioria das vezes, e ́ acompanhada de febre alta, náuseas e vômitos. A dor testicular e ́ intensa e irradia‐se para a virilha; a pele escrotal apresenta‐ se avermelhada e edemaciada. O testículo com‐ prometido aumenta de volume e fica doloroso a ̀ palpac ̧ão; a elevac ̧ão manual do testículo reduz a dor. Cumpre salientar, entretanto, que este sinal não e ́ infalível – nota‐se frequentemente hidrocele aguda concomitante. Na orquite traumática, que pode aparecer após vasectomia, traumatismo, manipulac ̧ão cirúrgica sem história pre ́via de infecção, verifica‐se uma reação granulomatosa testicular provavelmente resultante do extravasamento de proteínas e espermatozoides destruídos. Os testículos apresentam‐se aumentados de volume e dolorosos. Não se deve esquecer que o aparecimento de um “caroço” no testículo após traumatismo, por mínimo que seja, pode ser manifestac ̧ão deneoplasia maligna preexistente. (Epididimo) As principais doenc ̧as do epidídimo são as epididimites, a espermatocele e as neoplasias epididimárias. Epididimite. é a mais comum das afecções intra‐ escrotais, podendo afetar todos os grupos etários, sendo mais comum no jovem e no homem de meia‐ idade. Os germes chegam ao epidídimo pelos vasos deferentes, a partir de infecções urinárias, uretrais, prostáticas ou vesicos‐ seminais. As epididimites, quase sempre, são pioge ̂nicas. Surgem na vige ̂ncia de estenose da uretra, cistite, uretrite, prostatite e vesiculite. As epididimites específicas podem ser de origem gonocócica, tuberculosa, sifilítica, blastomicótica, brucelótica ou esquistos‐ somótica. Com o advento dos antibióticos, a epididimite blenorrágica tornou‐se menos comum, bem como a lue ́tica. Na epididimite aguda, o paciente apresenta dor intensa, de aparecimento súbito, em um ou em ambos os testículos, com ou sem febre. Sintomas de infecção urinária podem tambe ́m ocorrer, incluindo polaciúria, disúria, nictúria e ardor à mic‐ ção. Pode haver sintomas siste ̂micos indicativos de processo infeccioso, tais como astenia, anorexia, sudorese e mal‐estar. A pele escrotal torna‐se quente, avermelhada e brilhante. Como o epidídimo situa‐se por trás do testículo, a epididi‐ mite compromete a pele dorsal do escroto. Daí a necessidade de examinar sempre a superfície posterior da bolsa escrotal. Transcorridos alguns dias, a pele adquire colorac ̧ão bronzeada e as camadas cutâneas mais superficiais passam a descamar. Ao fazer uma palpac ̧ão cuidadosa – e delicada –, é possível individualizar o epidídimo, que se encontra extremamente doloroso e aumentado de volume 2 a 3 vezes. Quando não se consegue distinguir o epidídimo do testículo, provavelmente e ́ pelo desenvolvimento de uma hidrocele secundária. Na epididimite tuberculosa, o comprometimento do órgão e ́ lento, o que a diferencia da epididimite aguda. A maioria dos pacientes queixa‐se de tumefac ̧ão intraescrotal, dor surda e imprecisa. A principal característica semiológica da epididi‐ mite tuberculosa e ́ a ause ̂ncia de hiperestesia ou de dor aguda. O epidídimo apresenta‐se com consiste ̂ncia endurecida, nodular, aumentado de tamanho de 2 a 3 vezes, opaco à transiluminação e fixo. Havendo hidrocele secundária, torna‐se flutuante, embora não seja transparente ao teste de transiluminac ̧ão. O canal deferente torna‐se irregular, espessado, assemelhando‐se a um rosário ou anel de contas. Este dado e ́ altamente sugestivo de tuberculose. Espermatocele. Espermatocele é uma formação cística intraescrotal resultante da obstruc ̧ão dos túbulos epididimários responsáveis pelo transporte dos espermatozoides. As espermatoceles são indolores, irredutíveis, de consiste ̂ncia mole, flutuantes, translúcidas e de superfície lisa, de evolução lenta. (cordao espermatico) As doenc ̧as do cordão espermático compreendem as vasi‐ tes, as funiculites e a varicocele. Vasite e funiculite. A infecção do cordão espermático pode compreender o ducto deferente isoladamente – vasite – ou parte de seus componentes anatômicos – funiculite –, o que é mais comum. Tais processos infecciosos, em geral, são inespecíficos e prove ̂m de prostatite, vesiculite, epidídimo‐orquite ou, mais raramente, de infecção em outras regiões do organismo. Na vasite tuberculosa, o deferente encontra‐se espessado e com aspecto que lembra um “colar de pe ́rolas”. A vasite nodosa e ́ uma inflamação do canal deferente que pode ocorrer após a vasectomia, caracterizando‐se por reação aos espermatozoides, com formac ̧ão de granulomas. CC Varicocele. é a dilatac ̧ão e tortuosidade das veias do plexo pampiniforme do cordão espermático. Caracteristicamente, é uma afecção da puberdade, que vai se tornando incomum com o passar dos anos. As varicoceles primárias são de aparecimento lento, geral‐ mente em indivíduos com menos de 40 anos de idade, desapa‐ recendo o novelo venoso quando o paciente fica deitado. As varicoceles secundárias surgem repentinamente, acometendo com mais frequência indivíduos acima de 40 anos de idade. O novelo venoso não desaparece na posic ̧ão deitada. Podem resultar da compressão venosa por neoplasias renais, hidronefrose, arte ́rias renais acessórias ou neoplasias retroperitoneais. Os pacientes podem ser assintomáticos ou se queixar de dor testicular de intensidade e características variáveis, sensac ̧ão de peso ou de desconforto intraescrotal, sobretudo quando as veias ficam túrgidas. Principais afeccões em que há aumento da bolsa escrotal. • Edema escrotal: a pele da bolsa fica tensa e e ́ possível comprovar depressão do edema à compressão. Costuma associar-se ao edema generalizado (insuficie ̂ncia cardíaca, síndrome nefrótica). Não transilumina • Orquite: a pele da bolsa pode tornar-se avermelhada com outros sinais inflamatórios. O testículo fica doloroso e hipersensível à palpac ̧ão. Processo agudo. Não transilumina • Torc ̧ão do cordão espermático: aumento do volume, edema e pele avermelhada. Dor espontânea e à palpac ̧ão. Trata-se de uma urge ̂ncia que precisa de diagnóstico rápido, em virtude do comprometimento da circulação • Cistos epidermoides: presença de lesões císticas indolores na pele da bolsa escrotal, apresentam consiste ̂ncia firme e não há sinais inflamatórios. Transiluminam • Epididimite tuberculosa: o aumento da bolsa deve-se ao aumento do epidídimo. Pode ser dolorosa. Não transilumina • Varicocele: as veias varicosas do cordão espermático provocam, à palpac ̧ão, a sensac ̧ão de “saco de minhocas”. Consiste ̂ncia mole, distinguindo-se a estrutura firme dos testículos. Nítido predomínio no lado esquerdo (95% dos casos) • Espermatocele: massa cística indolor e móvel, logo acima do testículo. Transilumina • Tumor testicular: no início, quase sempre tem aspecto de um nódulo duro e irregular. A ̀ medida que cresce, pode substituir a totalidade do testículo. Não transilumina • Hidrocele: massa indolor, que ocupa o espac ̧o dentro da túnica vaginal. Os dedos do examinador conseguem penetrar acima da massa na bolsa escrotal. Transilumina • Hérnia escrotal: em geral, corresponde a hérnia inguinal indireta. Como se exterioriza pelo anel inguinal externo, os dedos do examinador não conseguem penetrar acima da massa. Pode ser reduzida, com desaparecimento da massa. (prostata) As doenças da próstata compreendem a hiperplasia benigna, o câncer, o sarcoma, a prostatite, os abscessos e a litíase. CC Hiperplasia benigna da próstata. Sintomas irritativos (fase de compensação): polaciúria, nictúria, urge ̂ncia urinária, incontine ̂ncia ou urge ̂ncia ocasional. A ̀ medida que os lobos prostáticos se hiperplasiam, estreita‐se o lúmen da uretra, o que implica aumento do resíduo urinário, diretamente proporcional à obstruc ̧ão. Para vencer o obstáculo, o músculo detrusor contrai‐se cada vez com mais força, acarretando hipertrofia de suas fibras. No início, há equilíbrio entre a capacidade expulsiva da bexiga e a resiste ̂ncia uretral (fase de compensação). A bexiga torna‐se hipersensível e, à medida que ela se distende, o paciente sente necessidade de urinar. Durante certo tempo, esta vontade inicial de urinar e ́ passível de inibic ̧ão. Então, a bexiga relaxa e passa a ter capacidade para receber mais urina. Havendo hipertrofia do músculo detrusor, suas fibras contraem‐se vigorosamente e entram em espasmo, originando os sintomas de bexiga irritável (nictúria, polaciúria, urge ̂ncia urinária e incontine ̂ncia urinária de urge ̂ncia). A ̀ proporc ̧ão que o processo obstrutivo avanc ̧a, na tentativa de assegurar o esvaziamento da bexiga, as fibrasmusculares do detrusor tornam‐se cada vez mais hipertrofiadas. Nesta fase de compensac ̧ão, o paciente apresenta dificuldades para começar a micção e, para efetuá‐la, e ́ necessário algum esforço. O jato urinário fica diminuído quanto à forc ̧a e ao calibre. Com o agravamento da obstruc ̧ão, o músculo detrusor entra em exaustão, tornando‐se incapaz de esvaziar adequada‐ mente a bexiga (fase de descompensação). O resíduo urinário aumenta cada vez mais e surgem manifestac ̧ões clínicas mul‐ tiformes. O paciente queixa‐se de sensac ̧ão de incompleto esvaziamento da bexiga, gotejamento terminal, incontine ̂ncia urinária paradoxal ou de transbordamento. O paciente levanta mais vezes à noite para urinar, e encurta o espac ̧o entre as micções diurnas. O jato urinário fica mais fino e mais fraco. Há urge ̂ncia para urinar e, às vezes, o paciente urina nas calças antes de chegar ao sanitário. etrusor e a resiste ̂ncia uretral pode conduzir ao quadro de retenção aguda de urina. E ́ necessário lembrar‐se de que um resíduo urinário elevado e ́ sinônimo de urina estagnada, condic ̧ão que favorece a proliferação bacteriana. Ao cortejo sintomatológico, são acrescidas, então, as manifestações da infecção urinária (disúria, ardor a ̀ micção, urina turva e malcheirosa). Na hiperplasia dos lobos laterais (hiperplasia bilobular), a próstata apresenta‐se, em seu conjunto, sime ́trica, elástica, lisa, regular, saliente, arredondada, lembrando uma “bola de te ̂nis”. A ̀ palpac ̧ão, a hiperplasia da próstata e ́ comparável à consistência da região tenar em estado de contratura, com o polegar completamente oposto ao dedo mínimo. O aumento isolado do lobo mediano não e ́ adequadamente avaliado ao toque retal. O lobo anterior costuma permanecer rudimentar e o lobo posterior é a sede habitual de alterac ̧ões malignas. É oportuno mencionar que o toque retal não fornece informações seguras sobre o tamanho da próstata e de seus efeitos obstrutivos. Vale dizer, o grau de crescimento prostático e ́ avaliado mais pelas queixas do paciente e pelo resíduo urinário do que pelo tamanho da glândula à palpação. Nas fases mais avanc ̧adas, aparecem sinais e sintomas indicativos de complicações por obstruc ̧ão urinária ou pelo esforc ̧o para urinar, destacando‐se he ́rnia inguinal, hemorroidas, anemia e insuficie ̂ncia renal. Câncer da próstata. A neoplasia maligna da próstata mais frequente e ́ o adenocarcinoma (95% das neoplasias prostáticas). Quanto mais idoso o paciente, maior a probabilidade de apresentar adenocarcinoma prostático. A disseminac ̧ão linfática e ́ responsável pelo acometimento precoce dos linfonodos ilíacos internos e obturadores. As metástases ósseas disseminam‐se atrave ́s das veias periprostáticas ou do sistema venoso vertebral, o que explica a pre‐ ferência pelos ossos da bacia, coluna lombossacra e cabeças femorais. Aproximadamente 80% dos adenocarcinomas são, no início, androge ̂nio‐dependentes. Isto e ́, seu crescimento e ́ acelerado pelos androge ̂nios e inibido pelos estroge ̂nios. O adenocarcinoma da próstata pode ser inteiramente assintomático – nos estágios iniciais, quase sempre e ́ – ou apresentar sintomas urinários ou siste ̂micos. Nos casos avançados, os sintomas são decorrentes da dificuldade de eliminação da urina, de infecção urinária ou de ambos. Na verdade, os sintomas são ide ̂nticos aos observados na hiperplasia benigna da próstata. Hematúria total ou terminal costuma ocorrer tardiamente. Sintomas de insuficie ̂ncia renal, consequentes à obstruc ̧ão dos orifícios ureterais pela neoplasia primária ou à compressão extrínseca dos ureteres por linfonodos compro‐ metidos, podem dominar o quadro clínico. Aliás, em alguns pacientes, os primeiros sintomas dependem a metástases. Dor na coluna lombar, nas costelas, nos ossos sacroilíacos e ao longo dos nervos espinais pode ser consequente a metástases do câncer prostático. Essas metástases tambe ́m podem oca‐ sionar ciatalgia uni ou bilateral O quadro clínico do adenocarcinoma da próstata pode ter como características: gânglios supraclaviculares esquerdos (“gânglios‐sentinela”) aumentados de volume e de consiste ̂ncia endurecida, fraturas patológicas, hepatomegalia nodular ou paraplegia abrupta em conseque ̂ncia de colapso de um corpo vertebral. As características do carcinoma da próstata ao toque retal variam conforme o estágio da neoplasia. Nos estágios iniciais, a próstata e ́ inteiramente normal. Os estágios intermediários caracterizam‐se pela presenc ̧a de nódulos circunscritos, duros, cuja consiste ̂ncia lembra a sensa‐ ção tátil provocada pelas articulac ̧ões dos dedos. Nos estágios avanc ̧ados, a próstata e ́ de consiste ̂ncia lenhosa, pe ́trea, irregular, assime ́trica, fixa, com apagamento do sulco mediano. Prostatite. A prostatite e ́ um processo inflamatório, agudo ou crônico, da glândula prostática, causado por microrganismos, notadamente gram‐negativos. Os germes – Escherichia coli, Neisseria gonorrhoeae, Pseudomonas, Klebsiella, Proteus, estreptococos, estafilococos, clamídia – alcançam a próstata por via hematogênica (após infecção aguda do trato respiratório superior, extrac ̧ão de dentes infectados), por via ascendente, a partir da uretra (uretrite por gonococos, clamídia, ureaplasma), ou a partir do reto, por extensão direta do processo inflamatório ou atrave ́s dos vasos linfáticos. O diagnóstico de prostatite aguda e ́ essencialmente clínico. Febre, calafrios, dor lombossacra e perineal, mialgia, artralgia, corrimento uretral, sintomas de irritac ̧ão vesical (polaciúria, urge ̂ncia, nictúria, disúria, arde ̂ncia miccional) são os principais sintomas. Pode haver hematúria inicial ou terminal, quase sempre acompanhada de dor. O toque retal mostra uma próstata aumentada de volume, mole, quente e extremamente dolorosa. Quando há suspeita clínica de prostatite aguda, não e ́ conveniente massagear a próstata, em virtude do risco de septicemia. A prostatite crônica e ́ bem mais modesta em suas manifestações clínicas, podendo, inclusive, permanecer assintomática. Alguns indivíduos queixam‐se de uma vaga sensac ̧ão dolorosa, desconforto perineal, arde ̂ncia ejaculatória ou corri‐ mento uretral aquoso pela manhã. Sintomas leves de irritac ̧ão vesical e distúrbios sexuais, às vezes, fazem parte do quadro. Ao toque retal, a próstata apresenta‐se de tamanho normal com áreas de fibrose, diagnosticadas pela consiste ̂ncia física.
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