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NEONATOLOGIA 1. Infecções congênitas 2. Distúrbios respiratórios 3. Reanimação neonatal 4. Icterícia CLASSIFICAÇÃO DO RN IDADE GESTACIONAL Prematuro ( <37 sem ) Termo ( 37 - 41s6d ) Pós-termo ( ≥ 42sem) PESO Baixo peso ao nascer (<2500g) Muito baixo peso ao nascer (<1500g) Baixo peso extremo (<1000g) PESO x IG Gráfico de crescimento – Lubchenco PIG (pequena para IG) <p10 GIG (grande para IG) >p90 AIG (adequada para IG): entre p10-90 PIG ≠ CIUR PIG = peso para a IG está abaixo do percentil 10 – existem bebês que são constitucionalmente pequenos e que não sofreram crescimento restrito intra-útero. CIUR = pode ser simétrico ou assimétrico ● CIUR SIMÉTRICO = é o bebê que “todo pequeno” (peso, perímetro cefálico e comprimento) – em geral é resultado de algo que afetou o crescimento fetal precocemente (no 1º. Trimestre) – ex.: infecções congênitas de 1º. Trimestre, anomalias cromossomiais ● CIUR ASSIMÉTRICO = criança cujo perímetro cefálico é desproporcionalmente grande em relação ao restante do corpo (o PC é normal para a IG, mas é maior que o restante do corpo) – geralmente é resultado de uma insuficiência placentária de 3º, trimestre (o crescimento cerebral é preservado, mas o crescimento do restante do corpo é comprometido) Um dos principais efetores do crescimento na vida intraútero é a insulina – por isso diante de um GIG, devemos pensar se esse feto era hiperinsulinêmico >> grande preocupação: pode apresentar hipoglicemia nas primeiras horas de vida devido ao excesso de insulina. Bebê a termo <2 kg 🡪 PEQUENO PARA A IG INFECÇÕES CONGÊNITAS São aquelas que se estabelecem por VIA HEMATOGÊNICA TRANSPLACENTÁRIA Quando suspeitar? Maioria das crianças: assintomáticas 🡺 Suspeita com doença ou sorologia materna ATENÇÃO: IgM no RN = INFECÇÃO IgG no RN = PODE SER MATERNA SINTOMÁTICAS ● Quadro antenatal (abortamento, CIUR, prematuridade) ● Quando inespecífico ou específico Visceral (hepatomegalia) – Ocular (coriorrenitite, catarata, microftalmia) – Neurológico – Cutâneo (icterícia, exantema maculopapular, exantema petequial ou purpúrico) – Medula (plaquetopenia) ● Sequelas (neurológica/visual/ auditiva) O maior risco de transmissão dos agentes infecciosos se estabelece no 3º trimestre (quando a placenta é mais vascularizada); porém, no 3º. Trim, a criança já está totalmente formada, logo, ao nascer, não apresentará clínica. Já aquelas crianças infectadas no 1º. Trimestre, devido ao fato de estarem ainda em formação, irão apresentar clínica ao nascer, porém, a transmissão durante o 1º. Trimestre é mais difícil. SÍFILIS CONGÊNITA Treponema pallidum Maior risco de transmissão da mãe-filho = na sífilis primária, mas pode haver transmissão em qualquer estágio da doença materna. CLÍNICA SÍFILIS PRECOCE (<2 anos) RINITE SIFILÍTICA = obstrução nasal muito importante, secreção nasal sanguinolenta LESÕES MUCOSAS = placas mucosas CONDILOMA PLANO = lesão condilomatosa, tipicamente orificial (principalmente perianal) LESÕES CUTÂNEAS = pênfigo palmo-plantar (exantema vésico bolhoso, principalmente em palmas e planta) LESÕES ÓSSEAS – osteocondrite (inflamação localizada na região adjacente à cartilagem de crescimento)/ são lesões bastante dolorosas (pseudoparalisia de Parrot); periostite (inflamação do periósteo da diáfise dos ossos longos ou dos ossos do crânio) – no raio-x= duplo contorno Obs.: essas lesões são ricas em treponema ! AVALIAÇÃO DO RN ● Avaliação clínica ● VDRL (de sangue periférico) Em algumas situações, ainda que a criança esteja assintomática, é necessária uma pesquisa mais aprofundada: Hemograma Anemia plaquetas ou WBC Punção lombar VDRL Celularidade aumentada (>25/mm³) Proteínas (>150mg/dL) Raio-x de ossos longos Osteocondrite/ periostite Obs.: se havia indicação de puncionar e não foi possível = considera-se como líquor com resultado alterado. TRATAMENTO Como foi o tratamento da gestante? TRATAMENTO INADEQUADO ● Tratamento não penicilínico ● Inadequado para a fase PENICILINA BENZATINA – 2,4 milhões UI 1ª., 2ª. ou latente recente: 1x 3ª. ou latente tardia ou ignorada: 3x ● Incompleto ● Menor ou = 30 dias antes do parto ● Parceiro com sífilis não tratado Mãe NÃO TRATADA/ INADEQUADAMENTE TRATADA Realizar todos os exames e tratar todos os casos! LÍQUOR ALTERADO Penicilina cristalina IV 10 dias LÍQUOR NORMAL E OUTRA ALTERAÇÃO Penicilina cristalina IV 10 dias OU Penicilina procaína IM 10 dias ASSSINTOMÁTICO E TODOS OS EXAMES NORMAIS (VRDL NR) Penicilina benzatina em dose única (acompanhamento) MÃE ADEQUADAMENTE TRATADA VDRL do RN sempre! RN SINTOMÁTICO ou VDRL maior que o materno Todos os exames e tratar Penicilina cristalina ou penicilina procaína RN ASSINTOMÁTICO e VDRL menor ou igual ao materno Acompanhamento Ou (se não for possível): exames + tratamento RN ASSINTOMÁTICO e VDRL não reagente Acompanhamento ou Penicilina benzatina ACOMPANHAMENTO ● Acompanhamento clínico ● VDRL seriado ● Punção lombar a cada 6 meses (se alterado) ● Avaliação auditiva e visual (semestralmente nos primeiros dois anos de vida) TOXOPLASMOSE CONGÊNITA Toxoplasma gondii Quem transmite ? Apenas a mulher que adquire a infecção aguda durante a gestação ... ou gestantes imunossuprimidas que tenham sido infectadas antes da gestação (por reativação da infecção latente) DIAGNÓSTICO DA GESTANTE ● IgM IgG ● Índice de avidez de IgG * Alguns dias após a infecção = IgM (+) >> pode permanecer detectável por até 1 ano Cerca de 2 semanas após a infecção = IgG (+) >> permanece positiva pelo resto da vida (*) IgG com alto índice de avidez = indica que a infecção ocorreu ocorreu há mais de 3-4 meses (12- 16 semanas) INVESTIGAÇÃO DO FETO ● USG ● Amniocentese (PCR do LA – identificação do DNA do toxoplasma no líquido amniótico) TRATAMENTO NA GESTANTE No momento do diagnóstico ESPIRAMICINA Principal objetivo: evitar a infecção fetal Infecção fetal documentada SULFADIAZINA + PIRIMETAMINA + ÁCIDO FOLÍNICO (após 1º. Trim) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS TRÍADE DE SABIN 🡺 Coriorretinite 🡺 Hidrocefalia 🡺 Calcificações difusas INVESTIGAÇÃO DO RN ● SOROLOGIA ● FUNDO DE OLHO ● IMAGEM DO SNC ● AVALIAÇÃO LCR TRATAMENTO ● Sulfadiazina + Pirimetamina + Ácido folínico >> 1 ANO (no primeiro ano de vida) – objetivo: diminuir a parasitemia no primeiro ano de vida (que pode ter consequências mais graves) ● Corticoide: - Coriorretinite grave - Proteína no LCR >1g/dL CITOMEGALIA Vírus da família dos herpes vírus O bebê em 90% dos casos de citomegalovirose é assintomático. Existem 3 manifestações inespecíficas que podem aparecer com mais frequência ● MICROCEFALIA ● PIG ● EXANTEMA PETEQUIAL PURPÚRICO MANIFESTAÇÕES ESPECÍFICAS ● CALCIFICAÇÕES PERIVENTRICULARES TRATAMENTO ● Ganciclovir IV Duração do tratamento; 6 semanas Atualmente existe uma alternativa de tratamento oral por 6 meses com outra medicação – porém, trata-se de uma medicação cara. O tratamento reduz o risco de sequelas: sequelas neurológicas e surdez neurossensorial SEQUELAS ● Surdez Infecção congênita pelo CMV é a principal causa de surdez neurossensorial não hereditária na infância RUBÉOLA CONGÊNITA Só irá transmitir o vírus da rubéola a mulher que é primoinfectada durante a gestação. A mulher que é infectada no primeiro trimestre neste caso tem grandes chances de infectar o concepto, e, o problema é que infecções nesse período têm grandes chances também de repercussões clínicas, com consequências graves. CLÍNICA ● Catarata 🡪 pesquisa do reflexo vermelho (alteração: reflexo assimétrico/ reflexo branco/ leucocoria) ● Surdez (é uma das manifestações mais frequentes nas crianças sintomáticas) ● Cardiopatia congênita (só estará presente quando a infecção tiver ocorrido nas primeiras semanas degestação – particularmente nas primeiras 8 semanas) 🡪 principais: PCA e estenose de artéria pulmonar Atenção: RN/ lactente com síndrome da rubéola congênita: excreção prolongada do vírus (essa criança não pode ter contato com uma gestante suscetível) VARICELA CONGÊNITA Vírus varicela-zoster Em qualquer momento da gestação que a mulher tenha varicela, ela pode transmitir o vírus para o feto. A síndrome da varicela congênita só estará presente se a infecção ocorrer nas primeiras 20 semanas de gestação. CLÍNICA ● Lesões cicatriciais (seguindo trajeto de um dermátomo) ● Hipoplasia dos membros ● Doença neurológica Obs.: criança pequena que fica ‘cansada’ durante as mamadas => pensar em insuficiência cardíaca RESUMO: SÍFILIS Rinite Condiloma anal Lesões ósseas Pênfigo palmoplantar TOXOPLASMOSE Calcificações difusas RUBÉOLA Cardiopatia congênita (PCA e estenose de artéria pulmonar) CMV Calcificações periventriculares DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS 1. Síndrome do desconforto respiratório 2. Pneumonia (sepse neonatal) 3. Taquipneia transitória 4. Síndrome de aspiração meconial HISTÓRIA ● Idade gestacional ● Forma de parto (vaginal/ cesárea eletiva ou após TP) ● Fatores específicos (ex.: mecônio no líquido amniótico) CLÍNICA Achados inespecíficos Desconforto respiratório: ● Taquipneia ● Tiragem (retração)/ batimento de asa nasal/ gemidos/ cianose EVOLUÇÃO DO QUADRO Algumas doenças pioram e outras melhoram nas primeiras horas de vida RADIOGRAFIA ● Padrão do infiltrado ● Expansibilidade pulmonar SD DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO (DOENÇA DA MEMBRANA HIALINA) ETIOPATOGENIA Diminuição da concentração de surfactante pulmonar SURFACTANTE = lipídios (fosfatidilcolina) + proteínas ESTABILIDADE ALVEOLAR 🡺 O surfactante é produzido pelo pneumócito tipo II que surge a partir da 20ª. sem de gestação; porém, somente a partir de 34-35 semanas é que existe uma quantidade de surfactante adequada – o surfactante é importante para manter a estabilidade alveolar (o alvéolo estável é aquele que consegue permanecer aberto durante todo o ciclo respiratório) NORMAL ... Inspiração: processo ativo >> contração da musculatura respiratória >> diminui a pressão no interior da caixa torácica >> gradiente de pressão entre o ar atmosférico e a caixa torácica >> o ar entra nos pulmões Expiração: processo passivo >> para a contração da musculatura respiratória >> o pulmão tem uma propriedade elástica que faz com que ele volte para sua configuração normal >> diminuição do calibre dos alvéolos O interior dos alvéolos é revestido por uma fina camada de água – as moléculas de água possuem uma propriedade de tensão superficial. O alvéolo é uma estrutura esférica revestida por uma camada de água, cujas moléculas exercem uma força de atração entre si, cuja resultante aponta para o interior do alvéolo. Seria esperado que na expiração os alvéolos colabassem, porém, isso não ocorre devido à presença do surfactante que diminui a tensão superficial, mantendo o alvéolo aberto tanto na inspiração quanto na expiração. DOENÇA ... INSTABILIDADE ALVEOLAR Diminuição do tempo de troca gasosa Aumento do trabalho respiratório Diminuição do tempo de troca gasosa = o RN rapidamente desenvolve hipoxemia Aumento do trabalho respiratório = é muito mais trabalhoso encher um alvéolo colabado; o RN evolui com falência e fadiga respiratória, de maneira que os alvéolos acabam ficando permanentemente fechados >> microatelectasias >> não ventila >> retenção de CO2 >> acidose respiratória QUANDO PENSAR? FATORES DE RISCO ● Prematuridade (<34-35 sem) – quanto mais prematuro maior o risco e maior a gravidade ● Asfixia – um quadro de asfixia aguda pode levar à destruição do pneumócito ● Sexo masculino – a maturação no sexo masculino é mais lenta do que no sexo feminino ● Diabetes materno - a insulina retarda a maturação pulmonar Obs.: a insulina retarda a maturação pulmonar fetal; por outro lado, o cortisol acelera a maturação pulmonar fetal. FATORES DE REDUÇÃO DO RISCO (obs.: na prova não devemos descartar o diagnóstico de doença da membrana hialiana diante da presença de um desses fatores) ● Ruptura prolongada ● Estresse crônico (insuficiência placentária) CLÍNICA ● Início das primeiras horas ● Desconforto respiratório clássico Piora nas primeiras 24-48h. A partir do 3º. dia de vida espera-se que ocorra uma melhora RADIOGRAFIA ● Infiltrado reticulogranular difuso/ vidro moído (aerobroncograma – árvore brônquica que permanece ventilada e contrasta com áreas de atelectasia) ● Volume pulmonar reduzido Alvéolos com atelectasia adjacentes a alvéolos que permanecem ventilados (insuflados) –não existe uma opacidade homogênea, mas sim uma opacidade heterogênea (aspecto de vidro moído) Se a criança for radiografada logo após o nascimento, não iremos encontrar esses achados – a radiografia pode ser normal nas primeiras 6-12 horas de vida. TRATAMENTO ● Oxigênio por capacete (hood) ● CPAP nasal (principal medida) >> no período neonatal faz-se CPAP nasal porque o RN é um respirador nasal “obrigatório” (o CPAP serve para evitar o colapso dos alvéolos e também para estabilizar o alvéolo) Obs.: o circuito inspiratório fica conectado a uma fonte de gás com a concentração de oxigênio desejada. O RN irá inspirar o gás proveniente desse fluxo contínuo. No momento em que ele exalar pela narina, o ar não conseguirá seguir contra o fluxo de gás, mas irá seguir para o circuito expiratório (o qual fica mergulhado em uma coluna de água, o que cria uma resistência para a saída de ar de dentro do alvéolo). ● Ventilação mecânica: o Acidose respiratória o Hipoxemia com CPAP o Apneia persistente ● Surfactante exógeno – é feito pela traqueia. A criança deve estar intubada. ● Antibióticos – por via das dúvidas é feito (não sabemos se a criança tem apenas doença da membrana hialina ou se tem também pneumonia associada) PREVENÇÃO ● Corticoide antenatal (dexametasona/betametasona) >> entre 24-34 semanas com risco de dar a luz na semana seguinte ● Surfactante profilático na sala de parto ● CPAP na sala de parto PNEUMONIA/ SEPSE NEONATAL Quando pensar? SEPSE PRECOCE Nas primeiras 48h de vida ● Ascendente ● Intraparto Estreptococo do grupo B (S. agalactiae) – a sepse pelo GBS é doença muito grave, Enterobactérias (E. coli) SEPSE TARDIA Manifesta-se a partir do 7º. dia ● Nosocomial ● Comunitária Estafilococos (coagulase negativo e S. aureus), Enterobactérias Obs.: entre 48 horas e 7 dias – depende de autor para autor FATORES DE RISCO ● Bolsa rota prolongada ● Corioamnionite ● Colonização materna por germes patogênicos ● Prematuridade >> fator de risco tanto para sepse precoce quanto para sepse tardia (as demais são fatores de risco para sepse precoce) QUADRO CLÍNICO ● Pode haver período assintomático ● Desconforto respiratório ● Sinais de doença sistêmica o Distermia o Alteração do estado de alerta o Alteração cardiocirculatória o Alteração gastrointestinal RADIOGRAFIA Infiltrado reticulogranular difuso = DMH EXAMES ADICIONAIS ● Hemograma ● PCR Sugerem infecção bacteriana: Neutropenia Aumento da relação I/T (neutrófilos imaturos / neutrófilos totais) maior ou igual a 0,2 Até então podemos dizer que há sepse suspeita Podemos confirmar quando: IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE: ● Hemocultura ● Cultura do LCR ● Urinocultura (infecção tardia) TRATAMENTO Infecção precoce: AMPICILINA + AMINOGLICOSÍDEO Infecção tardia: esquema com cobertura anti- estafilocócica e com cobertura para gram-negativo >> irá depender do perfil de resistência encontrados na UTI do serviço. PREVENÇÃO SEPSE POR GBS CONDUTA NO RN ASSINTOMÁTICO: CORIOAMNIONITE? -- sim 🡪 avaliação limitada +ATB não Havia indicação de --- não 🡪 cuidados de rotina profilaxia? sim Mãe recebeupen/ amp/ -- sim 🡪 observação ≥48h cefaz via IV > ou = 4h? não IG > ou = 37 semanas e -- sim 🡪 observação ≥48h Bolsa rota < 18 horas? não Avaliação limitada (hemograma e hemocultura) E observação ≥ 48 horas TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA ETIOPATOGENIA: retardo da absorção do líquido pulmonar FATORES DE RISCO ● Ausência de trabalho de parto ● Cesariana eletiva ● Termo (pois a cesariana eletiva é feita com o RN a termo) Durante o trabalho de parto o feto começa a secretar alguns mediadores que fazem com que o epitélio pulmonar pare de secretar líquido, mas comece a reabsorvê-lo. CLÍNICA ● Início nas primeiras horas de vida ● Desconforto leve/ moderado ● Rápida resolução (<72h) RADIOGRAFIA ● Congestão hilar ● Aumento da trama vascular ● Líquido cisural ● Derrame pleural ● Cardiomegalia discreta ● Hiperinsuflação (aumento dos espaços intercostais) TRATAMENTO ● Oxigenioterapia (<40%) ● Suporte nutricional (por sonda orogástrica) ● NÃO FAZER DIURÉTICOS PREVENÇÃO EVITAR CESARIANAS ELETIVAS SÍNDROME ASPIRAÇÃO MECONIAL Mecônio: descamação epitelial + líquido amniótico deglutido + enzimas digestivas. Na maioria das vezes ele só é eliminado após o nascimento (durante a vida intrauterina, o esfíncter anal do feto permanece contraído). O grande fator de risco para eliminação do mecônio e SAM é a asfixia. ASFIXIA: ● Eliminação de mecônio ● Aumento dos movimentos respiratórios ● Mecônio na traqueia >> aspiração VA inferiores ▪ Obstrução expiratória ▪ Pneumonite química ▪ Infeção secundária QUANDO PENSAR? HISTÓRIA ● Sofrimento fetal ● Termo e pós-termo ● LA meconial CLÍNICA ● Início nas primeiras horas ● Desconforto GRAVE RADIOGRAFIA ● Infiltrado GROSSEIRO ● Pneumotórax ● Volume pulmonar aumentado TRATAMENTO ● Suporte ventilatório ● Surfactante (o surfactante acaba sendo consumido pelo intenso processo inflamatório que a criança apresenta) COMPLICAÇÃO Hipertensão pulmonar persistente pré-natal REANIMAÇÃO NEONATAL 1 a cada 10 RN precisam de alguma ‘ajuda’ para respirar 3 perguntas: 1) RN a termo? 2) Respirando ou chorando? 3) Tônus adequado? Se SIM ... clampeamento tardio do cordão >> colo materno Se NÃO para alguma delas ... o RN será conduzido à mesa de reanimação onde será realizada alguma intervenção. Se a criança não for a termo, mas estiver respirando e com tônus adequado >> pode-se aguardar um pouco (até 60 segundos) para realização do clampeamento do cordão Se não respira/ não tem tônus adequado >> clampeamento imediato e manobras de reanimação Aquecer Posicionar Aspirar (se necessário – boca/ narinas) Secar Até 30 segundos para realização desses passos AVALIAR FREQUÊNCIA CARDÍACA E RESPIRAÇÃO FC < 100 bpm/ apneia/ respiração irregular VPP (deve ser realizada no primeiro minuto de vida – THE GOLDEN MINUTE) ---------------------------------------------------- ● Oxímetro (MSD)/ monitor cardíaco ● O2 ● < 34 semanas = 30% ● ≥34 semanas = ar ambiente ---------------------------------------------------- Ao iniciar a VPP => solicitar a alguém que monitorize o paciente – oxímetro em MSD e monitor cardíaco para avaliar a FC FC < 100 CHECAR A TÉCNICA ... se a técnica está correta e a criança não está melhorando ... considerar IOT FC < 60 MASSAGEM CARDÍACA EXTERNA (3:1) Ainda que a criança esteja intubada, deve-se manter a coordenação entre a compressão e ventilação Tempo: 60 segundos FC < 60 CHECAR TÉCNICA ... EPINEFRINA E QUANDO TEM MECÔNIO? RN A TERMO VIGOROSO = colo materno ! RN DEPRIMIDO = clampeamento imediato do cordão + aquecer/ posicionar/ aspirar/ secar + sequência normal (não existe mais a indicação de fazer aspiração da traqueia antes de ventilar a criança) .. depois de ventilar, se a criança não tiver melhorado, pode-se intubar a criança para aspirar a traqueia. ICTERÍCIA NEONATAL ICTERÍCIA FISIOLÓGICA ● Produção exagerada de bilirrubina 🡪 a Bb é proveniente da degradação do heme da Hb (que leva à formação da bilirrubina indireta) – o RN possui muitas hemácias (pelo reflexo da hipóxia intra- uterina) e a meia-vida de suas hemácias é mais curta ● Captação e conjugação deficientes (pela diminuição da atividade da glicuroniltransferase) 🡪 durante a vida fetal quem excreta a bilirrubina é a placenta (e a placenta excreta a bilirrubina indireta), logo, os mecanismos de captação/ conjugação precisam amadurecer nos primeiros dias de vida, pois na vida intra-útero, a conjugação não é útil, uma vez que a Bb é excretada em sua forma indireta ● Aumento do ciclo êntero-hepatico (aumento da atividade da betaglicuronidase)🡪 nos primeiros dias de vida, o trânsito intestinal é mais lento, o que proporciona maior tempo para a ação da betaglicuronidase AUMENTO DA BILIRRUBINA INDIRETA NOS PRIMEIROS DIAS DE VIDA !! Quando pensar que não é fisiológica? ● Início < 24 h (24h-36h) – só conseguimos detectar icterícia no RN quando o nível sérico de bilirrubina é de pelo menos 5mg/dL / os mecanismos citados anteriormente promovem um acúmulo diário de bilirrubina de 3mg/dL (a icterícia fisiológica no RN a termo tipicamente surge no segundo-terceiro dia de vida) ● Velocidade de acumulação > 5mg/dL/dia ● Nível elevado de bilirrubina (>12-13mg/dL no RNT/ >14-15mg/dL no RNPMT) ● Alcança ou ultrapassa a zona 3 de Kramer (cicatriz umbilical) ● Alteração clínica ● Icterícia persistente (RNT > 7-10 dias/ RNPTM > 10-14 dias) ● Colestase (acolia fecal/ colúria) ZONAS DE KRAMER: a icterícia tem uma progressão crânio-caudal = quando se preocupar: quando alcança ou ultrapassa a zona 3 de Kramer (que é marcada pela cicatriz umbilical) Obs.: isso não deve substituir a avaliação complementar ICTERÍCIA PRECOCE ANEMIA HEMOLÍTICA Mais comuns: imunomediadas por incompatibilidade materno-fetal ● Isoimune = incompatibilidade ABO e Rh Obs.: na incompatibilidade ABO tipicamente temos mãe: O e RN: A ou B 🡪 mulher com TSM: O tem acs anti-A e anti- B, que irão promover a destruição das hemácias do feto. A incompatibilidade também pode ocorrer quando mãe: B e RN: A ou mãe: A e RN: B – mas essas outras situações não são comuns Na incompatibilidade Rh, a mãe sempre será Rh negativo e o RN 🡪 além disso, essa mãe deve ter sido previamente sensibilizada, pois ela só irã produzir os anticorpos anti- Rh caso tenha tido contato prévio com hemácias Rh+ 🡪 Como saber se ela foi sensibilizada? Coombs indireto (avalia o plasma do paciente e identifica a presença de anticorpos anti-Rh) ● Esferocitose ● Deficiência de G6PD ICTERÍCIA PRECOCE INVESTIGAÇÃO ● Bilirrubina total e frações ● Hematócrito (ou Hb) e reticulócitos (na anemia hemolítica = reticulocitose) ● Tipagem sanguínea e fator Rh ● Coombs direto (avalia a presença de anticorpos ligados à superfície das hemácias do paciente) Incompatibilidade Rh: Coombs direto (+) Incompatibilidade ABO: Coombs direto (+) ou (-) 🡪 devido à presença de pequena quantidade de determinante antigênico ● Hematoscopia: policromasia (indicador de reticulocitose), esferócitos (pode estar presente em: esferocitose hereditária e incompatibilidade ABO), corpúsculos de Heinz (deficiência de G6PD) Esferócitos e CD(+): incompatibilidade ABO Esferócitos e CD(-): inc. ABO ou esferocitose ICTERÍCIA PROLONGADA OU TARDIA ● Sem colestase: o ICTERÍCIA DO LEITE MATERNO (TARDIA): RN em AME e a partir da 2ª. sem de vida, existe alguma substância no leite materno que faz com que ele persista ictérico >> a história natural é que a icterícia desapareça com o tempo >> se a bilirrubina estiver muito alta pode-se suspender a amamentação por 24-48h Obs.: ≠ ICTERÍCIA DO ALEITAMENTO MATERNO: RN que está nos primeiros dias de vida e está sendo mal alimentado (relato de dificuldade com amamentação, perda depeso além do esperado) >> transito intestinal fica lentificado e aumenta a circulação êntero-hepática de bilirrubina >> é o mesmo mecanismo da icterícia fisiológica, mas muito mais exacerbado >> conduta: corrigir a técnica da amamentação (é mais precoce do que a icterícia do leite materno) ● Com colestase: o ATRESIA DE VIAS BILIARES EXTRA-HEPÁTICAS: na forma mais comum dessa doença, temos uma criança que após o nascimento evolui com ma fibrose progressiva da árvore biliar >> interrupção da drenagem biliar >> o acúmulo intra-hepático de bile é lesivo >> se não for restaurado o fluxo, essa criança acabará evoluindo com necessidade de transplante hepático (até o 8º. Semana de vida - deve ser feita cirurgia de KASAI porto-enterostomia, caso contrário, evoluirá com necessidade de transplante) TRATAMENTO FOTOTERAPIA = promove uma FOTOISOMERIZAÇAO ESTRUTURAL (quando a molécula de Bb adsorve um fóton de luz, ela muda sua conformação espacial, o que faz com que ela se torne um composto hidrossolúvel, e assim pode ser eliminada mesmo sem passar pela conjugação) Para garantir a eficácia da fototerapia: ● Irradiância ● Espectro (azul) ● Superfície corporal exposta Excepcionalmente pode ser necessária a EXSANGUÍNEOTRANFUSÃO Obs.: a hemólise da incompatibilidade ABO é mais leve (é mais frequente, porém mais leve, geralmente não há mais nenhum achado além da icterícia) Obs.: 🡺 Criança com icterícia nas primeiras 24h de vida certamente precisa de fototerapia – nas primeiras 24h de vida, qualquer aumento de Bb é potencialmente neurotóxico. 🡺 Sempre que a Bilirrubina total > 17mg/dL deve-se indicar a fototerapia (com predomínio de indireta) – isso não é consenso absoluto