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• • • • • • • • • 1. a. b. 2. a. b. c. d. 3. a. b. c. d. nas mulheres, na vagina. Consumo de líquidos Ingerir muito líquido diariamente para eliminar as bactérias Evitar o consumo de café, chá, refrigerantes do tipo cola, bebidas alcoólicas e outros líquidos que são irritantes para o sistema urinário. Hábitos de micção Urinar a cada 2 a 3 h durante o dia e esvaziar por completo a bexiga. Isso impede a distensão excessiva da bexiga e o comprometimento do suprimento sanguíneo para a parede vesical. Ambos predispõem o cliente à infecção urinária. As precauções especi〼‾camente para mulheres incluem a micção imediatamente depois de uma relação sexual. Intervenções Administrar os medicamentos exatamente conforme prescrito. Podem ser necessários horários especiais para a sua administração Quando as bactérias continuam aparecendo na urina, pode ser necessária terapia antimicrobiana a longo prazo para evitar a colonização da área periuretral e a recidiva da infecção Para a infecção recorrente, considerar a acidi〼‾cação da urina por meio de ácido ascórbico (vitamina C), 1.000 mg/dia, ou suco de cranberry (oxicoco) Quando prescrito, testar a urina a procura de bactérias, de acordo com as instruções do fabricante e do médico Noti〼‾car o médico se ocorrer febre, ou se houver persistência dos sinais e sintomas Consultar regularmente o médico para acompanhamento. Reavaliação Os resultados esperados do cliente podem incluir: Apresenta alívio da dor: Relata ausência de dor, urgência, polaciúria, nictúria ou hesitação na micção. Ingere analgésicos, agentes antiespasmódicos e antibióticos, conforme prescrição. Explica as infecções urinárias e seus tratamentos: Demonstra conhecimento sobre as medidas preventivas e os tratamentos prescritos. Ingere 8 a 10 copos de líquido por dia. Urina a cada 2 a 3 h. Elimina urina clara e inodora. Não apresenta nenhuma complicação: Relata a ausência de sinais/sintomas de infecção (febre, polaciúria). Apresenta função renal normal e culturas de urina e hemoculturas negativas. Exibe sinais vitais e temperatura normais; não há sinais ou sintomas de sepse (urossepse). Mantém débito urinário adequado de mais de 0,5 mℓ/kg/h. Infecções das vias urinárias superiores A pielonefrite é uma infecção bacteriana da pelve renal, dos túbulos e do tecido intersticial de um ou de ambos os rins. As causas envolvem a disseminação ascendente de bactérias a partir da bexiga ou a disseminação de fontes sistêmicas, alcançando o rim por meio da corrente sanguínea. As bactérias patogênicas de uma infecção vesical podem ascender no rim, resultando em pielonefrite. Uma válvula ureterovesical incompetente ou obstrução no sistema urinário aumentam a suscetibilidade dos rins à infecção (ver Figura 55.1), visto que a estase da urina proporciona um meio propício para o crescimento de bactérias. Os tumores de bexiga ou de próstata, as estenoses, a hiperplasia prostática benigna e os cálculos urinários constituem algumas causas potenciais de obstrução que podem levar a infecções. As infecções sistêmicas (como a tuberculose) podem disseminarse para os rins e resultar em abscessos. A pielonefrite pode ser aguda ou crônica. Em geral, a pielonefrite aguda leva ao aumento dos rins, com infiltrações intersticiais de células inflamatórias (Lane & Takhar, 2011). Podese observar a formação de abscessos na cápsula renal ou no seu interior, bem como na junção corticomedular. Por fim, podem ocorrer atrofia e ■ ■ destruição dos túbulos e dos glomérulos. Quando a pielonefrite se torna crônica, os rins desenvolvem fibrose, sofrem contração e perdem o seu funcionamento. A pielonefrite crônica constitui uma causa de doença renal crônica, que pode levar à necessidade de terapias de substituição renal, como transplante ou diálise Pielonefrite aguda Manifestações clínicas O cliente com pielonefrite aguda apresenta calafrios, febre, leucocitose, bacteriúria e piúria. Os achados comuns consistem em dor lombar, dor no flanco, náuseas, vômitos, cefaleia, malestar e micção dolorosa. O exame físico revela dor espontânea e à percussão na região do ângulo costovertebral (ver Figura 53.6). Além disso, é comum da ocorrência de sinais/sintomas de comprometimento das vias urinárias inferiores, como urgência e polaciúria. Avaliação e achados diagnósticos A ultrassonografia ou a TC podem ser realizadas para localizar qualquer obstrução no sistema urinário. O alívio da obstrução é essencial para evitar as complicações e a lesão renal eventual. Podese indicar uma urografia excretora na pielonefrite se houver suspeita de anormalidades renais estruturais e funcionais (Colgan et al., 2011). A cintigrafia utilizando leucócitos marcados com citrato de gálio ou com índio111 (In111) pode ser útil para identificar locais de infecção que não podem ser visualizados na TC ou na ultrassonografia. A cultura de urina e o antibiograma são realizados para determinar o microrganismo etiológico, de modo que possam ser prescritos agentes antimicrobianos apropriados. Manejo clínico Os clientes com pielonefrite aguda não complicada são tratados mais frequentemente de modo ambulatorial se não tiverem sinais/sintomas agudos de sepse, desidratação, náuseas ou vômitos. Além disso, devem ser responsáveis e confiáveis para assegurar que todos os medicamentos serão tomados conforme prescrição. Para clientes ambulatoriais, recomendase um ciclo de 2 semanas de antibióticos, visto que a doença do parênquima renal é mais difícil de erradicar do que as infecções da mucosa vesical. Os agentes comumente prescritos incluem alguns dos mesmos medicamentos prescritos para o tratamento das infecções urinárias (ver Tabela 55.1). As gestantes podem ser hospitalizadas durante 2 ou 3 dias para antibioticoterapia parenteral (Colgan et al., 2011). Podem ser prescritos antibióticos orais quando a cliente estiver sem febre e apresentar melhora clínica. Após o tratamento da pielonefrite aguda, o cliente pode desenvolver infecção crônica ou recorrente assintomática, que persiste por vários meses ou anos. Após o esquema antibiótico inicial, o cliente pode necessitar de antibioticoterapia por até 6 semanas se ocorrer uma recidiva. Obtémse uma cultura de urina de acompanhamento 2 semanas após o término da antibioticoterapia, a fim de documentar a eliminação da infecção. A hidratação com soluções orais ou parenterais é essencial para todos os clientes com infecção urinária quando a função renal é adequada. A hidratação ajuda a facilitar a “lavagem” do sistema urinário e reduz a dor e o desconforto. Pielonefrite crônica Os episódios repetidos de pielonefrite aguda podem levar à pielonefrite crônica. Manifestações clínicas Em geral, o cliente com pielonefrite crônica não apresenta sinais/sintomas de infecção, a não ser que ocorra uma exacerbação aguda. Os sinais e sintomas perceptíveis podem incluir fadiga, cefaleia, apetite diminuído, poliúria, sede excessiva e perda de peso. A infecção persistente e recorrente pode produzir fibrose progressiva do rim, resultando em insuficiência renal (ver Capítulo 54). Avaliação e achados diagnósticos A extensão da doença é avaliada por meio de urografia excretora e pelas determinações da depuração da creatinina e dos níveis séricos de ureia e creatinina. Complicações As complicações da pielonefrite crônica consistem em doença renal em estágio terminal (em consequência da perda progressiva de néfrons secundária à inflamação crônica e fibrose), hipertensão arterial e formação de cálculos renais (devido à infecção crônica por microrganismos degradadores da ureia). Manejo clínico As bactérias, quando detectadas na urina, são erradicadas, se possível. O uso prolongado de terapia antimicrobiana profilática pode ajudara limitar a recidiva das infecções e a cicatrização renal. O comprometimento da função renal modifica a excreção dos agentes antimicrobianos e exige cuidado monitoramento da função renal, particularmente quando os medicamentos são potencialmente tóxicos para os rins. Manejo de enfermagem O cliente pode necessitar de hospitalização, ou pode ser tratado de modo ambulatorial. Se houver necessidade de hospitalização, o equilíbrio hídrico é cuidadosamente medido e registrado. A menos que haja contraindicações, o cliente é incentivado a consumir 3 a 4 ℓ de líquido por dia para diluir a urina, diminuir a sensação de ardência durante a micção e evitar a desidratação. A enfermeira afere a temperatura do cliente a cada 4 h e administra antitérmicos e antibióticos, conforme prescrição. Com frequência, os clientes sintomáticos ficam mais confortáveis com repouso no leito. As orientações ao cliente focalizam a prevenção adicional de infecção por meio de consumo de líquidos adequados, esvaziamento regular da bexiga e realização da higiene perineal recomendada. Ressaltase a importância de ingerir os medicamentos antimicrobianos exatamente conforme prescrito, assim como a necessidade de manter as consultas de acompanhamento. DISFUNÇÃO DA MICÇÃO NO ADULTO Distúrbios tanto neurogênicos quanto não neurogênicos podem causar disfunção da micção no adulto (Tabela 55.2). O processo da micção (eliminação de urina) envolve várias respostas neurológicas bem coordenadas, que medeiam a função vesical. O sistema urinário funcional possibilita o enchimento adequado e o esvaziamento completo da bexiga (ver Capítulo 53). Se a disfunção miccional não for detectada nem tratada, pode ocorrer comprometimento das vias urinárias superiores. O esvaziamento incompleto crônico da bexiga, devido à pressão insatisfatória do detrusor, resulta em infecção vesical recorrente. O esvaziamento incompleto da bexiga devido à obstrução da saída da bexiga (como na hiperplasia prostática benigna), que provoca contrações do detrusor de alta pressão, pode resultar em hidronefrose, devido à pressão elevada do detrusor que se irradia para cima, dos ureteres até a pelve renal. Incontinência urinária Nos EUA, estimase que mais de 25 milhões de adultos apresentam incontinência urinária (perda involuntária de urina da bexiga), dos quais a maioria tem a síndrome da bexiga hiperativa, tornando esse distúrbio mais prevalente do que o diabetes melito ou a doença ulcerosa (Meiner, 2011; Miller, 2012). Apesar da ampla cobertura da mídia, a incontinência urinária permanece subdiagnosticada e insuficientemente relatada. Os clientes podem se sentir muito constrangidos em procurar ajuda, de modo que eles passam a ignorar ou esconder os sintomas. Muitos clientes recorrem ao uso de absorventes ou outros dispositivos, sem ter o distúrbio adequadamente diagnosticado e tratado. Os profissionais de saúde devem ficar atentos para quaisquer indícios sutis de incontinência urinária e permanecer informados sobre as estratégias atuais de manejo. TABELA 55.2 Condições que causam disfunção miccional no adulto. Condição Disfunção da micção Tratamento Distúrbios neurogênicos Ataxia cerebelar Incontinência ou dissinergia Micção programada; agentes anticolinérgicos Acidente vascular encefálico Retenção ou incontinência Agentes anticolinérgicos; retreinamento da bexiga Demência Incontinência Micção imediata; agentes anticolinérgicos Diabetes melito Incontinência e/ou esvaziamento incompleto da bexiga Micção programada; EMG/biofeedback; estimulação nervosa do assoalho pélvico; anticolinérgicos/antiespasmódicos; níveis de glicemia bem controlados Esclerose múltipla Incontinência ou esvaziamento incompleto da bexiga Micção programada; EMG/biofeedback para aprender os exercícios da musculatura pélvica e a inibição da urgência; estimulação nervosa do assoalho pélvico; agentes antiespasmódicos Doença de Parkinson Incontinência Agentes anticolinérgicos/antiespasmódicos Disfunção da medula espinal Lesão aguda Retenção urinária Cateter de demora Doença degenerativa Incontinência e/ou esvaziamento incompleto da bexiga EMG/biofeedback; estimulação nervosa do assoalho pélvico; agentes anticolinérgicos Distúrbios não neurogênicos “Bexiga tímida” Incapacidade de iniciar a micção em banheiros públicos Terapia de relaxamento; EMG/biofeedback Bexiga hiperativa Urgência, polaciúria e/ou incontinência de urgência EMG/biofeedback; estimulação nervosa do assoalho pélvico; treinamento da bexiga (ver Boxe 55.8); agentes anticolinérgicos Após cirurgia geral Retenção urinária aguda Cateterismo Pós-prostatectomia Incontinência Leve: biofeedback; treinamento da bexiga (ver Boxe 55.8); estimulação nervosa do assoalho pélvico Moderada/grave: cirurgia – esfíncter arti〼‾cial Incontinência de estresse Incontinência com tosse, riso, espirro, mudança de posição Leve: biofeedback; treinamento da bexiga (ver Boxe 55.8); aplicação periuretral com colágeno Moderada/grave: cirurgia EMG, eletromiograma. Nos EUA, o custo com os cuidados urológicos ultrapassa $11 bilhões de dólares (Omli, Skotnes, Romild et al., 2010). Os custos dos cuidados de clientes com incontinência urinária incluem as despesas com produtos absorventes, medicamentos e modalidades de tratamento cirúrgicas ou não cirúrgicas, bem como os custos psicossociais (i. e., vergonha, perda da autoestima e isolamento social). Embora a incontinência urinária seja comumente considerada uma condição que acomete multíparas idosas, pode ocorrer em jovens nulíparas, sobretudo durante uma atividade vigorosa de alto impacto. A idade, o sexo e o número de partos vaginais constituem fatores de risco estabelecidos, que explicam em parte, a incidência aumentada em mulheres (Boxe 55.6). A incontinência urinária é uma manifestação de muitos distúrbios possíveis. • • • • • • • • • • • • • • Tipos de incontinência urinária Esta seção fornece alguns termos comuns que são empregados para descrever os numerosos tipos de incontinência urinária. A incontinência de estresse referese à perda involuntária de urina através de uma uretra intacta, em consequência de espirro, tosse ou mudança de posição (Meiner, 2011; Miller, 2012). Afeta predominantemente as mulheres que tiveram partos vaginais, e acreditase que seja o resultado de uma diminuição da sustentação da uretra pelos ligamentos e assoalho pélvico e por níveis decrescentes de estrogênio ou a sua ausência nas paredes uretrais e na base da bexiga. Nos homens, a incontinência de estresse é observada frequentemente após prostatectomia radical para o câncer de próstata, devido à perda da compressão uretral exercida pela próstata antes da cirurgia e, possivelmente, devido à irritabilidade da parede vesical. A incontinência de urgência referese à perda involuntária de urina associada a uma forte necessidade de urinar, que não pode ser suprimida (Meiner, 2011; Miller, 2012). O cliente tem consciência da necessidade de urinar, porém é incapaz de chegar a tempo a um vaso sanitário. O fator precipitante consiste na contração não inibida do detrusor. Isso pode ocorrer em um cliente com disfunção neurológica que compromete a inibição da contração vesical, ou em um cliente sem disfunção neurológica franca. Boxe 55.6 FATORES DE RISCO Incontinência urinária Gravidez – parto vaginal, episiotomia Menopausa Cirurgia geniturinária Fraqueza da musculatura pélvica Uretra incontinente, devido a traumatismo ou relaxamento do esfíncter Imobilidade Exercício de alto impacto Diabetes melito Acidente vascular encefálico Alterações do sistema urinário relacionadas com a idade Obesidade mórbida Transtornos cognitivos – demência, doença de Parkinson Medicamentos – diuréticos, sedativos, hipnóticos e opioidesCuidador familiar ou vaso sanitário não disponível Adaptado de Omli R, Skotnes LH, Romild U. et al. Pad per day usage, urinary incontinence and urinary tract infections in nursing home residents. Age and Aging, 2010; 39, 549554. A incontinência funcional referese aos casos em que a função das vias urinárias inferiores está conservada, porém outros fatores, como comprometimento cognitivo grave (p. ex., doença de Alzheimer), dificultam a identificação da necessidade de urinar pelo cliente, ou existência de comprometimento físico, que dificulta ou até mesmo impossibilita o cliente de chegar a tempo ao vaso sanitário para urinar (Specht, 2011). A incontinência iatrogênica referese à perda involuntária de urina, devido a fatores clínicos extrínsecos, predominantemente medicamentos. Um exemplo desse tipo é o uso de agentes alfaadrenérgicos para diminuir a pressão arterial. Em alguns indivíduos com sistema urinário intacto, esses agentes afetam adversamente os receptores alfa responsáveis pela pressão de fechamento do colo da bexiga; o colo da bexiga relaxa até o ponto de incontinência, com aumento mínimo da pressão intraabdominal, simulando, assim, a incontinência de estresse. Uma vez suspenso o medicamento, a incontinência aparente desaparece. A incontinência urinária mista, que engloba vários tipos de incontinência urinária, consiste em vazamento involuntário de urina associado a urgência, bem como a exercício, esforço, espirro ou tosse (Miller, 2012). Somente com o reconhecimento apropriado do problema, a avaliação e o encaminhamento para estabelecimento do diagnóstico e tratamento é que é possível determinar a evolução da incontinência. Todos os indivíduos com incontinência devem ser considerados para avaliação e tratamento. Considerações gerontológicas Embora a incontinência urinária não seja uma consequência normal do envelhecimento, as alterações do sistema urinário relacionadas com a idade predispõem o adulto mais velho à incontinência. Todavia, se as enfermeiras e outros profissionais de saúde aceitarem a incontinência como parte inevitável da doença ou do envelhecimento, ou se a considerarem irreversível e intratável, ela não poderá ser tratada com sucesso. Os esforços interdependentes e interdisciplinares são essenciais na avaliação e no tratamento efetivo da incontinência urinária. A incontinência urinária pode diminuir a capacidade do indivíduo idoso de manter um estilo de vida independente, aumentando a dependência de cuidadores e podendo levar à institucionalização. Entre 25 e 50% de todos os residentes de clínicas geriátricas apresentam incontinência urinária (Omli et al., 2010). Muitos indivíduos idosos apresentam episódios transitórios de incontinência, cujo início tende a ser abrupto. Quando isso ocorre, a enfermeira deve questionar o cliente, bem como a sua família, quando possível, sobre o início dos sintomas e sobre quaisquer sinais ou sintomas de alteração em outros sistemas orgânicos. A infecção urinária aguda, a infecção em qualquer outra parte do corpo, a constipação intestinal, o consumo diminuído de líquido e a alteração no padrão de uma doença crônica, bem como os níveis elevados de glicemia em clientes com diabetes melito ou os níveis diminuídos de estrogênio em mulheres na menopausa, podem provocar o início da incontinência urinária. Se a causa for identificada e modificada ou eliminada precocemente no início da incontinência, a própria incontinência pode ser eliminada. Embora a bexiga do indivíduo idoso seja mais vulnerável a uma alteração na atividade do detrusor, a idade por si só não representa um fator de risco para a incontinência urinária (Ling Man & Le Low, 2010; Stewart, 2012). A diminuição do tônus da musculatura vesical constitui uma alteração normal relacionada com a idade, que ocorre nos indivíduos idosos. Isso leva a uma capacidade diminuída da bexiga, aumento da urina residual e aumento na urgência (Ling Man & Le Low, 2010). Muitos medicamentos propiciam incontinência urinária, além de provocar outros efeitos indesejáveis ou inesperados. Todos os medicamentos precisam ser avaliados quanto às suas interações potenciais. Avaliação e achados diagnósticos Uma vez reconhecida a incontinência, é necessário obter uma história completa, que inclui uma descrição detalhada do problema e uma história do uso de medicamentos. A história miccional do cliente, um diário do equilíbrio hídrico e exames realizados à cabeceira do leito (p. ex., urina residual, manobras de estresse) podem ser utilizados para ajudar a definir o tipo de incontinência urinária envolvida. Podem ser realizados exames urodinâmicos extensos (ver Capítulo 53). São efetuados um exame de urina e cultura de urina para identificar a infecção. A incontinência urinária pode ser transitória ou reversível se a causa subjacente for tratada com sucesso e se houver normalização do padrão de micção. O Boxe 55.7 fornece as causas da incontinência transitória. Manejo clínico O manejo depende do tipo de incontinência urinária e de suas causas. O manejo da incontinência urinária pode ser comportamental, farmacológico ou cirúrgico. Terapia comportamental As terapias comportamentais constituem a primeira escolha para diminuir ou eliminar a incontinência urinária (Boxe 55.8). Ao utilizar essas técnicas, os profissionais de saúde ajudam os clientes a evitar os efeitos adversos potenciais das intervenções farmacológicas ou cirúrgicas. Os exercícios da musculatura do assoalho pélvico (algumas vezes designados como exercícios de Kegel) representam a base da intervenção comportamental para a abordagem dos sintomas de incontinência de estresse, de urgência e mista (Agency for Healthcare Research and Quality [AHRQ], 2012). Outros tratamentos comportamentais incluem o uso de um diário de micção, biofeedback, instrução verbal (micção orientada) e fisioterapia (Ling Man & Le Low, 2010). Boxe 55.7 Causas de incontinência transitória Delirium ou confusão Infecções urinárias Vaginite atró〼‾ca, uretrite, prostatite Agentes farmacológicos (agentes anticolinérgicos, sedativos, álcool, agentes analgésicos, diuréticos, relaxantes musculares, agentes adrenérgicos) Fatores psicossociais (depressão, regressão) Produção excessiva de urina (consumo aumentado de líquido, diabetes insípido, cetoacidose diabética) Atividade limitada ou restrita Impactação fecal ou constipação intestinal Terapia farmacológica A terapia farmacológica funciona melhor quando usada como auxiliar das intervenções comportamentais. Os agentes anticolinérgicos inibem a contração da bexiga e são considerados os medicamentos de primeira linha para a incontinência de urgência. Vários antidepressivos tricíclicos (p. ex., amitriptilina, amoxapina) também podem diminuir as contrações da bexiga, além de aumentar a resistência do colo da bexiga (Karch, 2012). O sulfato de pseudoefedrina, que atua sobre os receptores alfaadrenérgicos, provocando retenção urinária, pode ser utilizado para tratar a incontinência de estresse; precisa ser usado com cautela nos homens com hiperplasia prostática e nos clientes com hipertensão. A terapia hormonal (p. ex., estrogênio), administrada por via oral, transdérmica ou por meios tópicos, era antigamente o tratamento de escolha para a incontinência urinária em mulheres na pós menopausa, visto que ela restaura a integridade vascular, muscular e da mucosa da uretra. Entretanto, as pesquisas realizadas sugerem que a incontinência aumenta em mulheres que só tomam estrogênio, em comparação com o placebo (Weinstein, 2012). Manejo cirúrgico A correção cirúrgicapode estar indicada para clientes que não conseguiram a continência com a terapia comportamental e farmacológica. As opções cirúrgicas variam de acordo com a anatomia subjacente e o problema fisiológico. A maioria dos procedimentos envolve elevar e estabilizar a bexiga ou a uretra para restaurar o ângulo uretrovesical normal ou alongar a uretra. As mulheres com incontinência de estresse podem se submeter a reparo vaginal anterior, suspensão retropúbica ou suspensão por agulha para reposicionar a uretra. Os procedimentos para comprimir a uretra e aumentar a resistência ao fluxo de urina incluem procedimentos de tipoia e aplicação de agentes periuretrais de preenchimento, como colágeno artificial. O preenchimento periuretral é um procedimento semipermanente, que consiste na colocação de pequenas quantidades de colágeno artificial nas paredes da uretra para aumentar a pressão de fechamento da uretra. O procedimento, cuja duração é de apenas 10 a 20 min, pode ser realizado sob anestesia local ou sedação moderada. Um cistoscópio é inserido na uretra. Um instrumento é introduzido através do cistoscópio para liberar uma pequena quantidade colágeno na parede uretral, em locais selecionados pelo urologista. Em geral, o cliente recebe alta após urinar. Não existem restrições após o procedimento; todavia, em certas ocasiões, pode haver necessidade de mais de uma sessão de preenchimento com colágeno quando o procedimento inicial não interrompe a incontinência de estresse. A aplicação de colágeno em qualquer local do corpo é considerada semipermanente, visto que a sua durabilidade alcança, em média, 12 a 24 meses, até que o organismo absorva o material. O preenchimento periuretral com colágeno constitui uma alternativa para a cirurgia, como no indivíduo idoso debilitado (Keegan, Atiemo, Cody et al., 2012). Ele também oferece uma opção para indivíduos que estão procurando ajuda com incontinência de estresse, que preferem evitar a cirurgia e que não tem acesso às terapias comportamentais. Podese utilizar um esfíncter urinário artificial para fechar a uretra e promover a continência. Dois tipos de • • • • esfíncteres artificiais são um manguito periuretral e uma bomba de insuflação de manguito. Os homens com incontinência por transbordamento e de estresse podem se submeter a uma ressecção transuretral para aliviar os sintomas da hipertrofia prostática. Podese utilizar um esfíncter artificial depois da cirurgia de próstata para a incontinência do esfíncter (Figura 55.2). Depois da cirurgia, podem ser injetados agentes de preenchimento periuretral na área periuretral para aumentar a compressão da uretra. Boxe 55.8 PROMOÇÃO DA SAÚDE Intervenções para incontinência urinária As estratégias comportamentais são realizadas, coordenadas e monitoradas, em grande parte, pela enfermeira. Essas intervenções podem ou não ser ampliadas pelo uso de medicamentos. Manejo hídrico Um consumo diário adequado de líquido, aproximadamente 1.500 a 1.600 mℓ, ingeridos aos poucos entre o desjejum e a refeição da noite, ajuda a reduzir a urgência urinária relacionada com a produção de urina concentrada, diminui o risco de infecção urinária e mantém o funcionamento intestinal. (A constipação intestinal, em decorrência de consumo diário inadequado de líquido, pode aumentar a urgência urinária e a retenção de urina.) O melhor líquido é água. Os líquidos contendo cafeína, as bebidas gasei〼‾cadas, as bebidas alcoólicas ou os adoçantes arti〼‾ciais devem ser evitados, visto que irritam a parede vesical, resultando em urgência urinária. Alguns clientes que apresentam insu〼‾ciência cardíaca ou doença renal terminal precisam discutir seus limites diários de líquido com o médico. Frequência padronizada da micção Após estabelecer as tendências naturais de micção e incontinência urinária do cliente, a micção em horários agendados pode ser muito efetiva para aqueles com ou sem comprometimento cognitivo, embora os clientes com comprometimento cognitivo possam necessitar do auxílio de pro〼‾ssionais de enfermagem ou de familiares para a implementação dessa técnica. O objetivo consiste em esvaziar propositadamente a bexiga antes que ela alcance o volume crítico que causaria um episódio de incontinência de urgência ou de estresse. Essa abordagem envolve o seguinte: A micção programada envolve estabelecer determinada frequência de micção (como, por exemplo, a cada 2 h quando os episódios de incontinência tendem a ocorrer em 2 h ou mais após a micção). O indivíduo escolhe “urinar com base no relógio” no intervalo estabelecido enquanto está acordado, em lugar de aguardar o aparecimento de urgência de micção A micção orientada é uma micção programada, que é realizada pela equipe ou por familiares quando o indivíduo apresenta di〼‾culdades cognitivas que o impedem de se lembrar de urinar nos intervalos estabelecidos. O cuidador familiar veri〼‾ca se o cliente permaneceu seco e, em caso positivo, o ajuda a usar o banheiro enquanto fornece um reforço positivo por ter permanecido seco A reeducação consiste em micção programada a determinado intervalo, que é mais frequente do que o indivíduo habitualmente escolheria. Essa técnica ajuda a restaurar a sensação de necessidade de urinar nos indivíduos que apresentam uma sensação diminuída de enchimento da bexiga, devido a várias condições clínicas, como acidente vascular encefálico A reeducação vesical, também conhecida como “treinamento da bexiga”, incorpora um horário programado de micção e exercícios de inibição da urgência de urinar para inibir a micção, ou o vazamento de urina, em uma tentativa de permanecer seco por determinado tempo. Quando o primeiro intervalo programado é facilmente alcançado de maneira consistente, sem urgência nem incontinência urinária, um novo intervalo de micção é estabelecido, habitualmente 10 a 15 min além do último. Mais uma vez, o indivíduo pratica os exercícios de inibição da urgência para retardar a micção ou evitar a incontinência até alcançar o próximo intervalo preestabelecido. Uma vez alcançado um intervalo de micção aceitável, o cliente continua a sequência de micção programada durante todo o dia. Exercício da musculatura pélvica Também conhecido como exercícios de Kegel, o exercício da musculatura pélvica (EMP) tem por objetivo fortalecer os músculos voluntários que auxiliam na continência vesical e intestinal em ambos os sexos. As pesquisas mostram que as instruções verbais ou por escrito por si só são habitualmente inadequadas para ensinar o indivíduo a identi〼‾car e fortalecer o assoalho pélvico para um controle su〼‾ciente da bexiga e do intestino. O EMP assistido por biofeedback utiliza a eletromiogra〼‾a ou a manometria para ajudar o indivíduo a identi〼‾car os músculos pélvicos quando tenta aprender qual o grupo muscular envolvido durante a realização do EMP. O método de biofeedback também possibilita uma avaliação da força dessa área muscular. O EMP consiste em contrair suavemente os mesmos músculos utilizados para interromper os 〰㰊atos ou o jato de urina durante intervalos de 5 a 10 segundos de uma fase de repouso de 10 segundos. Para serem efetivos, esses exercícios precisam ser realizados 2 ou 3 vezes/dia, durante pelo menos 6 semanas. Dependendo da força da musculatura pélvica quando inicialmente avaliada, são prescritas 10 a 30 repetições de EMP em cada sessão. Os idosos podem precisar fazer exercícios por um período ainda mais longo para fortalecer os músculos do assoalho pélvico. Os exercícios da musculatura pélvica são valiosos para mulheres com incontinência de estresse, de urgência ou mista e para homens que se submeteram à cirurgia de próstata. Exercícios de retenção de cone vaginal Os exercícios de retenção de cone vaginal constituem um adjunto para os exercícios de Kegel. Cones vaginais de peso variável são introduzidos na vagina 2 vezes/dia. A cliente tenta retero cone durante 15 min contraindo os músculos pélvicos. Estimulação elétrica transvaginal ou transretal A estimulação elétrica, que é comumente utilizada no tratamento da incontinência urinária, é conhecida pela sua capacidade de provocar uma contração passiva da musculatura do assoalho pélvico, reeducando, assim, esses músculos a fornecer níveis aumentados de continência. Essa modalidade é frequentemente utilizada com o treinamento com exercícios da musculatura pélvica assistidos por biofeedback e horários programados de micção. Em altas frequências, essa modalidade mostra-se efetiva para a incontinência de estresse. Em baixas frequências, a estimulação elétrica também pode aliviar os sintomas de urgência urinária, polaciúria e incontinência de urgência. São utilizadas faixas intermediárias para a incontinência mista. Neuromodulação A neuromodulação por meio de estimulação nervosa transvaginal ou transretal do assoalho pélvico inibe a hiperatividade do detrusor e os sinais de bexiga hipersensível e fortalece os músculos esfíncteres fracos. Adaptado da Agency for Healthcare Research and Quality. Experts seek better diagnosis and treatment for women’s urinary incontinence and chronic pelvic pain. Research Activities, 2012; (383), 1-4; and Sangsawang B, Serisathien Y. Effect of pelvic 〰㰊oor muscle exercise programme on stress urinary incontinence among pregnant women. Journal of Advanced Nursing, 2012; 68(9), 1997-2007. Manejo de enfermagem O manejo de enfermagem baseiase na premissa de que a incontinência não é inevitável quando existe doença ou em decorrência do envelhecimento e que, com frequência, é reversível e passível de tratamento. As intervenções de enfermagem são determinadas, em parte, pelo tipo de tratamento realizado. Para que a terapia comportamental seja efetiva, a enfermeira precisa fornecer apoio e incentivo, visto que é fácil que o cliente fique desanimado se a terapia não melhorar rapidamente o nível de continência. As instruções ao cliente são importantes e devem ser fornecidas verbalmente e por escrito (Boxe 55.9). O cliente deve ser instruído a desenvolver e a utilizar um diário para registrar os horários dos exercícios da musculatura do assoalho pélvico, a frequência das micções, quaisquer alterações da função vesical e quaisquer episódios de incontinência. Figura 55.2 Esfíncter urinário artificial masculino. Um manguito insuflável é inserido cirurgicamente ao redor da uretra ou do colo da bexiga. Para esvaziar a bexiga, o manguito é esvaziado ao comprimir a bomba de controle localizada na bolsa escrota. Boxe 55.9 ORIENTAÇÕES AO CLIENTE Estratégias para promover a continência urinária • • • • • • • • • • • • • Aumentar a percepção da quantidade e o horário de todo consumo de líquidos Evitar tomar diuréticos depois das 16 h Evitar irritantes da bexiga, como cafeína, bebidas alcoólicas e aspartame Empreender etapas para evitar a constipação intestinal: beber líquidos em quantidades adequadas, consumir uma dieta bem balanceada rica em 〼‾bras, fazer exercícios regularmente e tomar emolientes fecais, quando recomendados Urinar regularmente, 5 a 8 vezes/dia (aproximadamente a cada 2 a 3 h): Logo ao levantar pela manhã Antes de cada refeição Antes de deitar Uma vez durante a noite, se necessário Realizar todos os exercícios da musculatura do assoalho pélvico, conforme prescrição, todos os dias Abandonar o tabagismo (os fumantes habitualmente tossem com frequência, o que aumenta a incontinência). Se o tratamento farmacológico for utilizado, a sua finalidade é explicada ao cliente e à sua família. É importante explicar aos clientes que apresentam incontinência mista que a administração de agentes anticolinérgicos e antiespasmódicos pode ajudar a diminuir a urgência urinária, a polaciúria e a incontinência de urgência, mas que eles não diminuem a incontinência urinária relacionada com a incontinência de estresse. Se for realizada uma correção cirúrgica, o procedimento e seus resultados desejados são descritos ao cliente e à sua família. O contato de acompanhamento com o cliente permite que a enfermeira responda às perguntas e dúvidas do cliente e forneça reforço e incentivo. Retenção urinária A retenção urinária referese à incapacidade de esvaziar a bexiga por completo durante as tentativas de urinar. A retenção urinária crônica leva frequentemente à incontinência de transbordamento (perda involuntária de urina associada à hiperdistensão da bexiga). A urina residual referese à urina que permanece na bexiga depois da micção. No adulto saudável com menos de 60 anos de idade, deve ocorrer esvaziamento completo da bexiga a cada micção. Nos adultos com mais de 60 anos de idade, 50 a 100 mℓ de urina residual podem permanecer depois de cada micção, devido à contratilidade diminuída do músculo detrusor. Pode ocorrer retenção urinária no período pósoperatório em qualquer cliente, particularmente se a cirurgia tiver afetado as regiões perineal ou anal e resultou em espasmo reflexo dos esfíncteres. A anestesia geral reduz a inervação muscular vesical e suprime a necessidade de urinar, impedindo o esvaziamento da bexiga. Fisiopatologia A retenção urinária pode resultar de diabetes melito, hipertrofia da próstata, patologia uretral (infecção, tumor, cálculo), traumatismo (lesões pélvicas), gravidez ou distúrbios neurológicos (p. ex., acidente vascular encefálico, lesão da medula espinal, esclerose múltipla ou doença de Parkinson). Alguns medicamentos provocam retenção urinária ao inibir a contratilidade da bexiga ou ao aumentar a resistência da saída vesical (Karch, 2012). Avaliação e achados diagnósticos A avaliação de um cliente para retenção urinária é multifacetada, visto que a detecção dos sinais e sintomas representa um desafio. As seguintes perguntas servem de guia no processo de avaliação: Qual foi a hora de sua última micção e qual foi o volume de urina eliminado? O cliente está urinando pouco e frequentemente? O cliente apresenta gotejamento de urina? O cliente queixase de dor ou de desconforto na parte inferior do abdome? (O desconforto pode ser relativamente leve se houver distensão lenta da bexiga.) A área pélvica está arredondada e intumescida (podendo indicar retenção urinária e bexiga distendida)? A percussão da região suprapúbica provoca macicez (indicando, possivelmente, retenção de urina e distensão da
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