Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
• O armazenamento e o esvaziamento da bexiga dependem de complexa interação entre o encéfalo, a medula espinal, a bexiga, a uretra e o assoalho pélvico (AP). • A bexiga é um órgão complexo, cuja função é relativamente simples: armazenar urina, sem dor e sem perda, bem como eliminar urina de maneira voluntária, completa, indolor e sem esforço para isso, é preciso que a bexiga tenha sustentação anatômica e função neurofisiológica normal. • É mantido por uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos os fatores extrínsecos incluem os músculos levantadores do ânus, a fáscia parietal da pelve e suas fixações às paredes laterais da pelve e à uretra essa estrutura forma uma rede sob a uretra, que se tensiona em resposta à elevação da pressão intra-abdominal, o que possibilita o fechamento da uretra contra uma base de sustentação posterior. • A deficiência desse mecanismo de sustentação, seja por desprendimento da fáscia parietal da pelve de seus pontos normais de fixação, enfraquecimento da sustentação muscular ou uma combinação desses dois processos isso pode gerar a perda da sustentação normal e a hipermobilidade anatômica da uretra e do colo vesical em muitas mulheres, essa perda de sustentação é suficiente para impedir o fechamento durante períodos de aumento da pressão intra-abdominal, com consequente IUE, entretanto, muitas mulheres permanecem continentes apesar da perda da sustentação uretral. • Os fatores intrínsecos que contribuem para o fechamento uretral incluem a ação dos músculos estriado e liso da parede uretral e vasos sanguíneos associados, a congestão vascular do plexo venoso da submucosa, a coaptação epitelial das pregas do revestimento uretral, a elasticidade uretral e o tônus da uretra mediado por receptores alfa-adrenérgicos do sistema nervoso simpático (SNS). • O fechamento uretral eficaz é mantido pela interação entre a sustentação uretral extrínseca e a integridade uretral intrínseca, cada uma delas influenciada por vários fatores (tônus e força muscular, inervação, integridade fascial, elasticidade uretral, coaptação das pregas uroteliais, vascularização uretral). • Trata-se de uma bolsa de músculo liso que armazena urina e se contrai para expeli-la sob controle voluntário é um sistema de baixa pressão que se expande para acomodar volumes crescentes de urina sem elevação considerável da pressão essa função parece ser mediada principalmente pelo SNS durante o enchimento vesical, há um aumento associado da resistência à saída de urina. • O músculo vesical (detrusor) deve permanecer inativo durante o enchimento da bexiga, sem contrações involuntárias quando esse enchimento alcança determinado volume, a repleção é registrada por receptores de tensão-estiramento, que enviam sinais ao encéfalo para iniciar o reflexo de micção, controlado por mecanismos corticais, dependendo das circunstâncias sociais e da integridade do sistema nervoso da paciente. • A micção normal ocorre por relaxamento voluntário do AP e da uretra, acompanhada de contração contínua do músculo detrusor, que leva ao esvaziamento vesical completo. • A inervação do sistema urinário inferior tem três origens: 1- simpática, 3- parassimpática do sistema nervoso autônomo e 3- neurônios do sistema nervoso somático (esfíncter externo da uretra). • O sistema nervoso autônomo é constituído de todas as vias eferentes com sinapses ganglionares situadas fora do sistema nervoso central (SNC) o SNS controla o armazenamento vesical, e o sistema nervoso parassimpático (SNP) controla o esvaziamento da bexiga o sistema nervoso somático tem função apenas periférica no controle neurológico das vias urinárias inferiores mediante inervação do AP e do esfíncter externo da uretra. • A estimulação dos receptores a aumenta o tônus uretral e, assim, promove o fechamento, enquanto os bloqueadores dos receptores alfaadrenérgicos têm o efeito oposto (SNS) o SNP controla a função motora vesical – contração e esvaziamento da bexiga. • A acetilcolina é o principal neurotransmissor usado na contração da musculatura vesical, praticamente todos os fármacos usados para controlar a hiperatividade do músculo detrusor têm propriedades anticolinérgicas. • O armazenamento e o esvaziamento da bexiga exigem a interação do SNS e do SNP A modulação dessas atividades parece ser influenciada por diversos neurotransmissores não adrenérgicos, não colinérgicos e por neuropeptídios, que fazem o ajuste preciso do sistema em vários níveis de facilitação e inibição na medula espinal, bem como em áreas superiores do SNC. • A micção é desencadeada pelo sistema nervoso periférico, sob o controle do SNC. • A medula espinal e os centros superiores do sistema nervoso têm padrões complexos de inibição e facilitação o centro facilitador mais importante acima da medula espinal é a substância cinzenta pontino-mesencefálo do tronco encefálico, muitas vezes denominada centro de micção pontino, que atua como a via comum final para todos os neurônios motores vesicais. • O cerebelo é um importante centro de coordenação do relaxamento do AP e da frequência, força e amplitude das contrações do detrusor, havendo várias interconexões entre o cerebelo e os centros reflexos do tronco encefálico. • O córtex cerebral e as estruturas relacionadas exercem influências inibitórias sobre o reflexo da micção assim, o córtex superior exerce influências facilitadoras que liberam a inibição, possibilitando que o centro de micção pontino anterior envie impulsos eferentes pelas vias complexas da medula espinal, na qual uma contração reflexa no centro sacral da micção ocasiona uma contração do músculo detrusor que causa o esvaziamento vesical. • O sistema urinário inferior normal é aquele em que a bexiga e a uretra armazenam urina sem dor até surgirem ocasião e local socialmente aceitáveis, quando há micção coordenada e completa os distúrbios das vias urinárias inferiores incluem problemas do armazenamento (como incontinência urinária), do esvaziamento (como hesitação e retenção urinária) e da sensibilidade (como urgência ou dor). • Definida como a perda involuntária de urina pelo indivíduo alguns só consideram incontinência se houver queixa por parte do paciente, o que é um grande problema diagnóstico já que nem todo paciente se sente à vontade para relatar perda urinária ao médico, e também por ser um problema que acomete com muita frequência idosos, que nem sempre são lúcidos. • Acomete aproximadamente 30% das mulheres acima de 55 anos e traz consequências importantes para o paciente como úlceras de decúbito, infecção urinária recorrente podendo levar a sepses, além de problemas psicológicos como baixa de autoestima, isolamento social e/ou sexual e depressão. • A incontinência urinária é comum em mulheres e, geralmente, tratada com êxito por meio de diversas condutas cirúrgicas e não cirúrgicas a incontinência urinária de esforço (IUE) ocorre quando há elevação da pressão abdominal (como ao tossir, correr ou levantar peso), e seu tratamento pode empregar exercícios musculares pélvicos, dispositivos vaginais, mudanças do estilo de vida e cirurgia a incontinência urinária de urgência (IUU) é uma sensação súbita de urgência (como no trajeto até o banheiro ou ao se lavar as mãos), e seu tratamento pode ser feito com fisioterapia, medicamentos, modificações do estilo de vida e neuromodulação. A dor de origem vesical ainda é um desafio e um distúrbio mal compreendido. • A etiologia da incontinência urinária é multifatorial, podendo ser causada por doenças do trato urinário baixo como anomalias estruturais, desordens da função muscular, do sistema nervoso ou do controle psicológico, como também por uma gama de fatores externos por isso, o diagnóstico correto do tipo de incontinência, assim como o reconhecimento do fator ou fatores etiológicos envolvidos, constituem achave do sucesso para o tratamento eficaz da incontinência urinária. • Inicialmente é importante afastar as perdas urinárias devidas a processos inflamatórios, infecciosos ou neoplásicos. • A bexiga é um órgão impar do corpo humano, desempenha duas funções antagônicas: Na primeira fase, a de enchimento ou de armazenamento da urina, nos permite o convívio social, não permitindo as perdas ou escapes; e posteriormente, e na segunda fase sob nosso comando e controle voluntário, esvazia o seu conteúdo, voltando novamente a acumular urina. • Pode ser ocasionado por alguns mecanismos distintos como: Incompetência de fechamento do esfíncter uretral incontinência urinária enfraquecimento da musculatura do assoalho pélvico com hipermobilidade do colo vesical/uretral obstrução uretral com incompetência do músculo detrusor instabilidade do detrusor (contrações involuntárias não inibidas). • • Incontinência de Urgência: Incapacidade de reter a urina até o local adequado para micção após a sensação de desejo miccional é a forma que mais acomete idosos e é muito frequentemente acompanhada de noctúria e dificuldade de locomoção pelo paciente. • É a perda involuntária de urina acompanhada, ou imediatamente precedida, de urgência as mulheres podem ter outros problemas relacionados, como urgência, noctúria (acordar uma ou mais vezes durante a noite para urinar) e aumento da frequência diurna. • Quando a mulher procura tratamento, costuma descrever uma necessidade impertinente, incômoda e persistente de urinar, que desvia a atenção de outras atividades com frequência, a paciente se queixa de polaciúria quando há uma alteração do próprio padrão miccional. • Incontinência de Esforço: A incontinência de esforço (IUE) ou de estresse ocorre durante períodos de aumento da pressão intra-abdominal (p. ex., espirros, tosse ou exercício) quando a pressão intravesical supera a pressão que o mecanismo de fechamento uretral é capaz de suportar. • É o tipo mais comum de incontinência urinária em mulheres, sobretudo em jovens, sendo mais provável de ocorrer em mulheres ativas dados do tratado: de 144 atletas universitárias, 27% queixaram-se de IUE durante a prática de esportes, as atividades mais associadas à perda de urina foram o salto, exercícios associados à aterrissagem de alto impacto e à corrida. • A IUE é uma patologia interessante, pois os mesmos sintomas têm efeitos variados em diferentes mulheres o melhor método de análise do distúrbio é um modelo biocomportamental que avalia a interação de três variáveis: 1- a força biológica do mecanismo esfincteriano uretral; 2- o nível de estresse físico imposto ao mecanismo de fechamento; e 3- as expectativas da mulher em relação ao controle urinário a modificação de qualquer um desses fatores pode influenciar a condição clínica da paciente. • A limitação das atividades pode eliminar o problema de incontinência, mas tem um custo para a qualidade de vida, muitas pacientes abandonam determinadas atividades físicas (p. ex., corrida, dança, ginástica aeróbica) quando apresentam IUE outras mulheres aprendem a lidar com a IUE e adotam, durante as atividades físicas, novas posturas corporais, que impedem a perda de urina ou fortalecem os músculos pélvicos para compensar o aumento do esforço. • Em qualquer caso, a interação desses três fatores biopsicossociais admite várias estratégias para o tratamento da IUE a intervenção cirúrgica é somente uma dessas estratégias, que trata apenas da competência biológica do mecanismo esfincteriano, sem abordar nenhum dos outros fatores que interagem para causar o problema clínico. • Incontinência mista: As mulheres com incontinência mista têm sintomas de IUE e IUU é mais provável as mulheres jovens terem apenas IUE, enquanto nas mulheres idosas há predomínio de incontinência mista e IUU em uma revisão de 15 estudos populacionais de mulheres de todas as idades com incontinência urinária, uma média de 49% (variação de 24 a 75%) tinha IUE, 21% (variação de 7 a 49%) tinham IUU, e 29% (variação de 11 a 61%) tinham incontinência urinária mista. • Transbordamento: Perda urinária por excesso ao volume máximo de capacidade da bexiga. Isso pode ocorrer por dissinergia entre a musculatura do detrusor e o esfíncter uretral levando a obstrução uretral ou por perda da propriocepção vesical acomete mais homens que mulheres e tem relação a quadros neurológicos como a bexiga neurogênica. • Incontinência funcional e transitória: É mais comum em mulheres idosas e refere-se à incontinência causada por fatores não relacionados com o mecanismo fisiológico da micção muitas vezes, uma mulher que não consegue chegar a tempo ao banheiro pode tornar-se incontinente a incontinência funcional pode estar relacionada com fatores como diminuição da mobilidade, dor musculoesquelética ou dificuldade visual. • Os fatores que causam incontinência urinária transitória são, como indica o nome, distúrbios clinicamente reversíveis esses fatores são: delirium, infecção, uretrite e vaginite atróficas, causas farmacológicas e psicológicas, excessiva produção de urina, restrição da mobilidade e impactação fecal esses fatores justificam uma avaliação clínica completa como parte do exame de qualquer paciente com incontinência urinária. • Incontinência extrauretral: Embora a maioria dos casos de incontinência urinária represente perda de urina indesejada através da uretra (incontinência transuretral), a perda de urina também pode ocorrer por “aberturas” anormais, criadas por anomalias congênitas ou algum traumatismo as causas congênitas de incontinência urinária não são comuns, e o diagnóstico costuma ser fácil. • Os casos mais extremos são originados por extrofia vesical, nos quais há ausência congênita da parede anteroinferior do abdome e da porção anterior da bexiga, com abertura de toda a bexiga diretamente para o exterior esses casos são diagnosticados por ocasião do nascimento. Antes do advento da cirurgia moderna de reconstrução, esses lactentes geralmente morriam muito cedo por sepse. • O ureter ectópico, uma anomalia congênita sutil que causa perda urinária extrauretral, costuma ser detectado no início da vida, embora às vezes escape à detecção até a adolescência ou o início da vida adulta. • A causa mais comum de fístula vesicovaginal no mundo é a obstrução ao parto vaginal isso ocorria nos países ocidentais há 150 anos, mas os avanços dos serviços obstétricos básicos e a intervenção obstétrica avançada praticamente eliminaram esse problema nos países desenvolvidos a obstrução ao trabalho de parto ocorre em áreas rurais, em que as meninas costumam casar-se jovens (às vezes, com apenas 9 ou 10 anos de idade), o transporte é precário e o acesso aos serviços médicos é limitado entra outros problemas nesses casos, como o abandono da família, rejeição do bebê, entre outros problemas sociais e também culturais (machismo). • A maioria dos dados sobre fatores de risco para incontinência urinária provém de estudos clínicos ou estudos transversais que usam o modelo de levantamento de casos alguns fatores de risco foram estudados com mais rigor que outros por isso, as informações disponíveis são limitadas em sua aplicabilidade geral, e não se pode concluir a causalidade a partir delas. • Apesar disso, há alguns indícios de que a idade, a gravidez, o parto, a obesidade, o comprometimento funcional e o comprometimento cognitivo estão associados a maiores taxas de incontinência ou sua maior intensidade. • Na maioria dos estudos, há elevada associação entre paridade e incontinência urinária em jovens. • Em estudos de mulheres a partir de 60 anos, a paridade não é mais um fator de risco independente para incontinência a razão disso não está bem esclarecida, mas pode ser porque as alterações do músculo, do nervo, do tecido conjuntivo e dafunção hormonal decorrentes do envelhecimento fazem outras mulheres “alcançarem” aquelas que desenvolveram incontinência mais jovens em razão de traumatismo no parto. • É possível que distúrbios mais comuns em mulheres idosas sejam responsáveis por uma maior proporção do risco de incontinência à medida que as mulheres envelhecem. • A obesidade merece menção especial por seu papel na produção ou exacerbação da IUE. • É um deslocamento da bexiga fora de sua localização natural (pélvis) portanto, é uma hérnia da bexiga. Na maioria dos casos, a bexiga migra para o órgão genital feminino e isso é chamado de prolapso órgão genital feminino anterior. • Classificação: 1º grau: Até a parte superior da vagina – a bexiga cai apenas um pouco no órgão genital feminino; 2º grau: Até o introito vaginal - mais severo, a bexiga afundou no órgão genital feminino o suficiente para alcançar a abertura do mesmo; 3º grau: além do introito vaginal - mais avançado, a bexiga se projeta através da abertura do órgão genital feminino. • Prolapso – é a queda ou saída de um órgão de sua posição normal. Apical - terminado em ápice é o prolapso de um órgão pélvico, qualquer projeção descendente do útero ou da parede vaginal anterior ou posterior ou apical para dentro do espaço potencial da vagina (sintomático x assintomático) alguns tipos: cistocele: a bexiga urinária aparece na face anterior da parede vaginal retocele: o reto (o segmento final do intestino grosso ao chegar ao ânus) desce sobre a face vaginal posterior prolapso uterino: o útero desce, aparecendo primeiro o colo e depois o corpo uterino enterocele: as asas intestinais herniadas através do fundo posterior da vagina prolapso da cúpula vaginal: observa-se em mulheres que foram submetidas a uma cirurgia para extirpação do útero (histerectomia). A vagina, que é um saco cego, dá a volta como se invertesse a sua posição, de dentro para fora. • Anamnese completa de todas as pacientes incontinentes, com revisão de sintomas, história clínica geral, revisão de intervenções cirúrgicas passadas e medicamentos atuais é preciso identificar os sintomas que mais incomodam a mulher – a frequência da incontinência, a quantidade de urina perdida, o que provoca a perda, o que alivia ou agrava o problema e que tratamentos ela fez no passado (se fez algum) a história clínica geral pode revelar doenças sistêmicas que tenham relação direta com a incontinência urinária, como diabetes melito (que provoca diurese osmótica se não houver controle adequado da glicose), insuficiência vascular (capaz de causar incontinência à noite quando o edema periférico é mobilizado para o sistema vascular, com aumento da diurese), doença pulmonar crônica (que pode levar à IUE por tosse crônica) ou uma grande variedade de distúrbios neurológicos que podem afetar o eixo neurourológico em qualquer ponto desde o córtex cerebral até o sistema nervoso periférico. • Avaliação da qualidade de vida: Os médicos devem perguntar às mulheres como os efeitos específicos da incontinência afetam suas vidas e o grau de perturbação causado algumas podem ficar completamente satisfeitas se puderem assistir a um filme sem correr para o banheiro, mesmo havendo perda de urina em outros momentos outras podem ficar satisfeitas apenas se houver 100% de controle além disso, essa abordagem é importante porque muitas vezes a IU causa transtorno, vergonha para as pacientes. • O exame físico da paciente com incontinência deve concentrar-se em afecções clínicas gerais que possam afetar o sistema urinário inferior e em problemas relacionados com a incontinência urinária esses distúrbios incluem insuficiência cardiovascular, doença pulmonar, processos neurológicos ocultos (p. ex., esclerose múltipla, AVC, doença de Parkinson e anomalias da coluna vertebral e da região lombar), massas abdominais e mobilidade. • É usado por alguns clínicos para avaliar a mobilidade da parede anterior da vagina com a manobra de Valsalva. • Diário miccional: O quadro de frequência/volume vesical (muitas vezes denominado “diário miccional”) é inestimável na avaliação de pacientes com incontinência urinária é um registro das micções que a paciente mantém durante vários dias, as pacientes são instruídas a anotar o horário de cada micção no quadro e a medir a quantidade de urina eliminada deve registrar o horário dos episódios de incontinência, bem como as atividades específicas associadas à perda de urina o quadro de frequência/volume contém informações vitais sobre a função vesical não fornecidas por estudos urodinâmicos formais: débito urinário de 24 h, número total de micções diárias, número de micções noturnas, volume médio eliminado e capacidade vesical funcional (maior volume eliminado na vida diária normal) com essas informações, o clínico pode confirmar queixas de polaciúria com dados objetivos e verificar se parte do problema da paciente é um aumento (ou uma diminuição) anormal do débito urinário. • O exame da urina por teste com fita e por microscopia é necessário para que se excluam infecção, hematúria e anormalidades metabólicas não é possível diagnosticar hematúria com base nos resultados do teste com fita; é obrigatória a confirmação por exame microscópico se houver comprovação de infecção urinária no exame microscópico ou cultura, é razoável verificar se os sintomas urinários melhoraram com o tratamento da infecção. • O esvaziamento incompleto da bexiga pode causar incontinência pacientes com grande volume de urina residual pós-miccional (RPM) têm diminuição da capacidade vesical funcional em função do “espaço morto” na bexiga ocupado pela urina retida. • Esse acúmulo de urina estagnada também é uma fonte frequente de infecções urinárias, porque a principal defesa da bexiga contra infecção é o esvaziamento frequente e quase completo. • Um grande RPM contribui para a incontinência urinária de duas maneiras: em caso de distensão excessiva da bexiga, aumentos da pressão intra- abdominal podem forçar a passagem da urina pelo esfíncter uretral, causando IUE (às vezes denominada “incontinência por transbordamento” no caso de grande RPM); em alguns casos, é possível a hiperdistensão vesical provocar contração não inibida do músculo detrusor, levando à perda esses distúrbios podem coexistir, complicando ainda mais o problema o RPM pode ser avaliado por cateterismo direto ou ultrassonografia (US). • As pacientes devem ser examinadas com a bexiga cheia, sobretudo se houver suspeita de IUE, sendo comprovada quando sair urina da uretra ao tossir caso não seja observada perda de urina com a mulher em decúbito dorsal, ela deve ficar de pé, com os pés afastados na largura dos ombros, e tossir várias vezes. • A pesagem de absorventes menstruais ou urinários antes e após atividade é outro método objetivo de calcular a perda de urina os testes do absorvente são muito usados em pesquisas com pacientes para que se avalie a eficácia do tratamento, mas raras vezes são adotados na prática clínica. • Podem ser divididos em exames de curta duração, geralmente realizados em condições padronizadas no consultório, e de longa duração, os quais costumam ser feitos em casa durante 24 a 48 h de modo geral, são feitos com a bexiga sintomaticamente cheia ou com a instilação de determinado volume de soro fisiológico na bexiga antes que se inicie a série de exercícios. • Para avaliar a função miccional, o exame urodinâmico geralmente começa com a urofluxometria, um estudo em que há representação do volume de urina eliminado em relação ao tempo. O tempo de fluxo, a vazão máxima e o tempo para alcançar o fluxo máximo geralmente aumentam com a elevação do volume eliminado. • A cistometria é realizada para avaliar a função vesical e uretral durante o enchimento vesical a cistometria simples (canal simples) é realizada quando se medeapenas a pressão vesical durante o enchimento como a bexiga é um órgão intra-abdominal, a pressão registrada na bexiga é uma combinação de várias outras pressões, sobretudo a pressão criada pela atividade do próprio músculo detrusor e a pressão exercida sobre a bexiga pelo peso do conteúdo intra-abdominal adjacente (p. ex., útero, intestino, esforço ou exercício) por isso, a técnica de cistometria complexa (também denominada multicanal ou subtraída) é usada para tentar se aproximar da pressão real exercida na bexiga pela atividade isolada do músculo detrusor. • Vários exames da função uretral, entre eles perfil pressórico uretral, pressão de perda urinária durante manobra de Valsalva e avaliação fluoroscópica e cistoscópica do colo vesical, são usados na tentativa de guiar o tratamento em mulheres com IUE. • Acredita-se que aquelas com função uretral inadequada – evidenciada por baixas pressões de perda durante manobra de Valsalva, baixas pressões máximas de fechamento uretral ou visualização de colo vesical aberto – correm maior risco de fracasso do tratamento com uretropexia retropúbica tradicional. • Em geral, os exames urodinâmicos são concluídos com um estudo miccional com instrumentos (também conhecido como estudo de pressão-fluxo ou cistometrograma miccional), no qual se faz a medida simultânea das pressões vesical, abdominal e uretral durante o esvaziamento vesical vários estudos identificaram a micção com a manobra de Valsalva, o baixo fluxo e as altas pressões pré-operatórias do detrusor durante a micção como fatores de risco para disfunção miccional pós-operatória; no entanto, os achados costumam ser contraditórios. • Ainda não foi estabelecido o papel dos exames de imagem no estudo da incontinência urinária feminina os pesquisadores estão avaliando os possíveis papéis da USG, fluoroscopia, neuroimagem funcional e ressonância magnética (RM) esses exames, embora não devam fazer parte da rotina, são úteis em alguns casos, exemplo: se os sintomas como disúria, gotejamento pós-miccional e dispareunia ou no exame sugerir divertículo uretral, a RM é o exame de escolha. • A função neuromuscular do AP depende da integridade do sistema nervoso pode haver lesão em qualquer parte desses nervos, desde a parte ventral da medula até a junção neuromuscular o exame neurofisiológico do AP emprega técnicas aplicadas aos nervos e músculos esqueléticos de outras partes do corpo para documentar a integridade neuromuscular ou sinais de lesão esses exames não fazem parte da rotina da avaliação clínica da maioria das mulheres com incontinência. • O tratamento da incontinência urinária pode ser ou cirúrgico ou não a conduta baseia-se nos achados clínicos e no grau de desconforto da paciente, que deve ser completamente informada sobre os riscos e o resultado esperado. • As intervenções no estilo de vida reduzem a ocorrência da IUE em muitas mulheres mudanças posturais (como cruzar as pernas durante períodos de aumento da pressão intra-abdominal) costumam evitar a IUE há algumas evidências de que a redução do consumo de cafeína melhora a continência; no entanto, o consumo de líquidos aparentemente tem pequeno papel na patogenia da incontinência embora o risco de incontinência seja maior em fumantes, não há dados sobre a resolução da incontinência com o abandono do tabagismo. • Evidências médicas de ensaios clínicos randomizados bem delineados mostram que os exercícios supervisionados da musculatura do AP (exercícios de Kegel) são um tratamento eficaz na IUE é essencial a mulher fazer os exercícios de maneira correta, regular e durante o tempo necessário com base nos exercícios dos músculos esqueléticos de outras partes do cor.po, muitos fisioterapeutas recomendam sessões 3 a 4 vezes/semana, com três séries de oito a dez contrações prolongadas. • O treinamento vesical baseia-se na modificação da função vesical por mudança dos hábitos miccionais a terapia comportamental concentra-se na melhora do controle voluntário, e não da função vesical o principal componente do treinamento vesical é a micção programada a principal técnica de treinamento comportamental é o treinamento da musculatura do AP, o domínio das contrações voluntárias da musculatura do AP ajuda a fortalecer a via de saída (reduz a perda de urina) e a inibir as contrações do detrusor. • Existem dispositivos vaginais (pessários) e obturadores uretrais usados no tratamento da IUE obturadores uretrais são tampões estéreis introduzidos na uretra pela paciente e retirados antes da micção, sendo depois introduzido um novo obturador estéril esses obturadores são apropriados para mulheres com IUE relativamente pura, sem história de infecções urinárias recorrentes e sem contraindicações graves à bacteriúria. • O Estudo Urodinâmico é ferramenta fundamental para a diferenciação entre os tipos de incontinência e o estadiamento. • Os tratamentos disponíveis variam segundo a etiopatologia e a gravidade do quadro versus a condição clínica geral do paciente e o nível de incômodo. • A principal vantagem deste teste é a definição entre a urgeincontinência, a incontinência genuína de esforço causada por incompetência do esfíncter uretral e a causada por hipermobilidade vesical. • Avaliação neurológica e mental costumam ser necessárias em pacientes com sinais de acometimento motor, confusão mental ou quadros uretrais obstrutivos. • Exercícios fisioterápicos de Kergel são indicados como adjuvantes aos demais tipos de intervenção assim como orientações sobre micção frequente e programada. • Mudanças da rotina de ingestão fluida ajudam a minimizar problemas como noctúria e necessidade de uso de fraldas. • A reposição estrogênica tópica melhora significativamente a atrofia de mucosa uretral e vaginal melhorando, portanto, as perdas mínimas por diminuição do tônus. • As drogas anticolinérgicas como a oxibutinina, assim como os alfa- agonistas e os inibidores da 5-alfa-redutase podem ser usados nos casos de instabilidade do detrusor e nos casos de dissinergia. Quando o caso é muito grave e acomete pacientes jovens, a cirurgia de miotomia do detrusor pode trazer benefícios. • Para os casos de incompetência do esfíncter uretral tem-se usado, com muito sucesso, a injeção de compostos químicos cimentificantes na submucosa uretral ou mesmo a inserção de esfíncteres artificiais, ambos por via cistoscópica. • Se a causa é a hipermobilidade vesical as cirurgias de sustentação do colo vesical têm altos índices de cura e baixa recidiva, especialmente o sling transobturatório. Se a paciente apresenta contraindicação à abordagem cirúrgica pelo quadro clínico geral comprometido ou risco cirúrgico muito elevado, os pessários são a opção de escolha.
Compartilhar