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Sinais e Sintomas Síncope Síncope é a perda de consciência (PC) súbita e breve com perda do tônus postural seguida de restabelecimento espontâneo. O paciente fica imóvel e flácido e geralmente com membros frios, pulso fraco e respiração superficial. Às vezes ocorrem movimentos musculares abruptos involuntários breves, que lembram uma convulsão. Quase síncope é a tontura e a sensação de desmaio iminente, sem perda da consciência. Geralmente é classificada e discutida com a síncope, pois as causas são as mesmas. Lipotimia: pré-sincope. Constitui-se, então, na perda súbita e transitória, parcial ou total, da consciência; deve-se levar em consideração a situação em que ocorreu; a duração; as manifestações que antecederam o desmaio e que vieram depois. Alguns autores consideram síncope e desmaio como sendo iguais, porém, a síncope é mais rápida. DICA: distinguir de tontura e vertigem. Febre Febre é definida como a elevação da temperatura corporal ou uma elevação de temperatura acima da variação diária normal. A febre ocorre quando o termostato do corpo (localizado no hipotálamo) é redefinido Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina Sensação subjetiva sentida pelo paciente e não visualizada pelo examinador. Exemplos: dor, náuseas, dormência, insônia. Dado objetivo observado/notado pelo paciente e observado pelo examinador. Exemplos: tosse, edema, cianose hematúria, condensação pulmonar na radiografia. Conjunto de sinais e sintomas associados, podem ser determinados por diferentes causas. Exemplos de síndrome febril: hipertermia, taquicardia, sudorese, tremor, mialgia. Sintoma Síndrome Sinal em uma temperatura mais alta, principalmente em resposta a uma infecção. A elevação da temperatura corporal que não é causada pela redefinição da temperatura corporal no ponto de equilíbrio é chamada hipertermia. A febre pode ser definida, então, pela sensação de aumento da temperatura corporal acompanhada ou não de outros sintomas (cefaleia, calafrios, sede etc.). Edema Edema é o intumescimento de partes moles decorrente do aumento de líquido intersticial. O líquido predominante é água, mas pode haver acúmulo de líquido rico em células e proteínas, se houver infecção ou obstrução linfática. O edema pode ser generalizado ou local (p. ex., limitado a um único membro ou a parte deste). Às vezes, surge abruptamente, provocando nos pacientes a queixa de que o membro inchou repentinamente. Com maior frequência, o edema desenvolve-se insidiosamente, iniciando-se por ganho de peso, olhos inchados ao despertar pela manhã e sapatos apertados no final do dia. O edema de desenvolvimento lento pode tornar-se maciço antes de os pacientes procurarem atenção médica Dor Torácica Dor torácica é a sensação de dor ou desconforto, localizada na região anterior do tórax. Muitas doenças causam dor ou desconforto torácico. Essas doenças podem envolver os sistemas cardiovascular, GI, pulmonar, neurológico ou musculoesquelético. Algumas doenças põem a vida em risco imediatamente, como as síndromes coronarianas agudas (infarto agudo do miocárdio/angina instável), a dissecção da aorta torácica, pneumotórax hipertensivo, ruptura esofágica e embolia pulmonar (EP). Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina Em geral, as causas mais comuns são: doenças da parede torácica (aquelas que comprometem músculo, arco costal ou cartilagem), doenças pleurais, doenças GI (p. ex., doença do refluxo gastroesofágico, espasmo esofageano, doença ulcerosa, colelitíase), síndromes coronarianas agudas e angina estável. Em alguns casos, não se pode determinar nenhuma etiologia da dor torácica. Dor Articular A dor articular (artralgia) pode ou não estar acompanhada de inflamação da articulação (artrite). O sintoma mais comum de inflamação da articulação é a dor. As articulações inflamadas também podem ficar quentes e inchadas e, menos frequentemente, a pele pode ficar avermelhada. A dor articular pode ser aguda (gota, bursite, artrite séptica) ou crônica (artrite reumatoide, artrose), em peso (artrose) ou cruciante (gota, artrite séptica). Por vezes, a dor vem acompanhada de outros sintomas, como parestesias (formigamentos) decorrentes da compressão de raízes nervosas na coluna cervical ou lombar. A localização das parestesias torna possível diagnosticar o nível da compressão na coluna. Nestes casos, sempre se suspeita de hérnia de disco intervertebral. Deve-se caracterizar a localização da dor, sua irradiação, seu início, intensidade, evolução, relação com outras queixas, situação atual, características do sintoma e fatores de melhoram ou pioram. Dor Lombar Também conhecida por lombalgia, trata-se de dor na região lombar. O exame clínico é fundamental, devendo-se dar destaque à idade, à profissão e às características semiológicas da dor. Entre essas, o tipo do início da dor (abrupto ou insidioso), a localização e a eventual irradiação pelo trajeto do nervo ciático (ciatalgia) e a relação com esforço físico ou com movimentação da coluna lombar são dados importantes. Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina Duas síndromes dolorosas podem ser reconhecidas: a lombalgia comum ou lumbago, e a lombociatalgia ou ciática. Em ambas, a dor tem localização lombar ou sacrolombar, quase sempre bilateral, porém predominando em um dos lados. Na lombalgia comum, a dor não apresenta irradiação importante, enquanto na lombociatalgia ela se irradia para a nádega e para face posterior da coxa, podendo estender-se até o pé. A intensidade da dor é variável, desde a sensação de desconforto até a dor lancinante. A dor pode ser aguda, desencadeada por um esforço físico (p. ex., levantar um peso) ou surgir gradativamente. É comum a presença de rigidez matinal, que melhora com a movimentação. Mudanças de posição, o ato de sentar, deambulação, tosse, espirros e pequenos esforços provocam dor. Durante o exame físico observam-se limitação da mobilidade da coluna, dor à palpação da região lombar, podendo haver uma área extremamente sensível. A compressão da região lombar pode despertar dor pelo trajeto do nervo ciático. Isso denomina-se sinal da campainha (Putti). As lombalgias são ocasionadas por processos inflamatórios ou degradativos, por alterações da mecânica da coluna vertebral (posturas defeituosas, escoliose), por malformações e por sobrecarga da musculatura lombar Ademais, a dor lombar ou no flanco, ou mesmo nas costas, costuma ser interpretada pelos pacientes como originária dos rins. No entanto, com muita frequência, ela é de natureza extrarrenal, provocada por espasmo da musculatura lombar, alterações degenerativas das vértebras (espondiloartrose) ou comprometimento de disco intervertebral. Sinais de alerta: associação com dor torácica, febre, perda de peso, disfunção da bexiga ou intestino, história pregressa de tumor, déficit neurológico, distúrbio da marcha, alteração da sensibilidade do períneo e dor abdominal. L.M x L.I Lombalgia Mecânica Lombalgia Inflamatória Idade de início Qualquer < 40 anos Dor noturna Não Sim Dor alternante nádegas Não Sim Melhora com movimento Não Sim Melhora com repouso sim Não Deve-se caracterizar a localização da dor, sua irradiação, seu início, intensidade, evolução, relação com outras queixas, situação atual, características do sintoma e fatores de melhoram ou pioram. Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina Icterícia Refere-se a coloração amarelada da pele, das mucosas visíveis e da esclerótica, resultante de acúmulo de bilirrubina no sangue. A icterícia deve ser diferenciada de outras condições em que a pele, mas não as mucosas, pode adquirir coloração amarelada: uso de determinadas substâncias que impregnam a pele (p. ex., quinacrina), uso excessivo de alimentos ricos em carotenos (cenoura,mamão, tomate) (ver Mucosas, neste capítulo). A coloração ictérica pode ser desde amarelo-clara até amarelo-esverdeada. As principais causas são: hepatite infecciosa, hepatopatia alcoólica, hepatopatia por medicamentos, leptospirose, malária, septicemias, lesões obstrutivas das vias biliares extra-hepáticas (litíase biliar, câncer da cabeça do pâncreas) e algumas doenças nas quais ocorra hemólise (icterícias hemolíticas). A icterícia é a coloração amarelada da pele, das escleras e de outros tecidos causado pelo excesso de bilirrubina circulante. Icterícia torna-se visível quando o nível de bilirrubinas se encontra entre 2 e 3 mg/dL (34 a 51 μmol/L). Ascite Popularmente conhecida por “barriga d’água”. Por ascite entende-se o líquido na cavidade abdominal/peritoneal. Quando é de origem hepática, vários fatores concorrem para que ocorra. A cirrose é uma das causas mais comuns e serve como modelo para o estudo dos elementos implicados na sua formação. Outra causa bastante comum é a hipertensão portal (em geral por causa de cirrose). Os sintomas geralmente decorrem da distensão abdominal. O diagnóstico é alcançado com base em exame físico, ultrassonografia, ou tomografia computadorizada (TC). O tratamento é feito com restrição alimentar de sódio, diuréticos e paracentese terapêutica. O líquido ascítico pode se infectar (peritonite bacteriana espontânea), quadro frequentemente acompanhado de dor e febre. O diagnóstico da infecção do líquido ascítico é dado por meio de análises laboratoriais e cultura do líquido. A infecção é tratada com antibióticos apropriados. Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina Dispneia A dispneia é a respiração desconfortável ou desagradável. É experienciada e descrita de diferentes formas, dependendo da causa. A dispneia tem muitas causas pulmonares, cardíacas e outras, que variam de acordo com o modo de início (algumas causas da dispneia aguda, algumas causas de dispneia subaguda e algumas causas da dispneia crônica). As causas mais comuns incluem: • Asma • Pneumonia • DPOC • Isquemia do miocárdio • Descondicionamento físico A causa mais comum de dispneia em pacientes com doenças crônicas pulmonares ou cardíacas é: • Exacerbação de sua doença No entanto, esses pacientes também podem desenvolver outra condição aguda (p. ex., um paciente com asma pode sofrer um infarto do miocárdio; um paciente com insuficiência cardíaca crônica pode desenvolver pneumonia). Dispneia aguda: < 30 dias ou início súbito Dispneia crônica: > 30 dias Relacionando a dispneia com as atividades físicas, pode-se classificá-la em dispneia aos grandes, médios e pequenos esforços. Dispneia de repouso é a dificuldade respiratória mesmo em repouso. A dispneia pode acompanhar-se de taquipneia (frequência aumentada) ou hiperpneia (amplitude aumentada). Ortopneia é a dispneia que impede o paciente de ficar deitado e o obriga a sentar-se ou a ficar de pé para obter algum alívio. Trepopneia é a dispneia que aparece em determinado decúbito lateral, como acontece nos pacientes com derrame pleural que se deitam sobre o lado são. Além da tradicional classificação em dispneia de grandes, médios e pequenos esforços, a dispneia pode ser mensurada de diversas maneiras: (1) por escalas categóricas, que se concentram no tipo e na quantidade de esforço para desencadear a dispneia; (2) por escalas analógicas visuais, quando o paciente aponta em uma linha, em geral de 100 mm, a magnitude de sua dispneia em repouso ou realizando alguma atividade; (3) por escalas multidimensionais, quando o instrumento de medida se concentra na limitação funcional e na magnitude do esforço. Para situações especiais foram propostas classificações com mais detalhes como a Escala de dispneia do Medicai Research Council (MRC). As causas de dispneia podem ser divididas em (1) atmosféricas, (2) obstrutivas, (3) pleurais, (4) toracomusculares, (5) diafragmáticas, (6) teciduais ou (7) ligadas ao sistema nervoso central. 1. Atmosféricas: Quando a composição da atmosfera for pobre em oxigênio ou quando sua pressão parcial estiver diminuída. Nesses casos, o organismo reage, de início, com taquipneia, mas, desde que tal situação perdure, aparece a sensação de falta de ar. Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina 2. Obstrutivas: As vias respiratórias, da faringe aos bronquíolos, podem sofrer redução de calibre. Tais obstruções podem ser intraluminais, parietais ou mistas. 3. Pleurais: A pleura parietal é dotada de inervação sensitiva e sua irritação provoca dor que aumenta com a inspiração. Para evitá-la, o paciente procura limitar ao máximo seus movimentos, bem como deitar sobre o lado que o incomoda. 4. Toracomusculares: As alterações capazes de modificar a dinâmica toracopulmonar, reduzindo sua elasticidade e sua movimentação, ou provocando assimetria entre os hemitórax, podem provocar dispneia. Nessas condições se incluem as fraturas dos arcos costais, a cifoescoliose e as alterações musculares, tais como miosites, pleurodinias ou mialgias intensas. 5. Diafragmáticas: Sendo o diafragma o mais importante músculo respiratório, contribuindo com mais de 50% da ventilação pulmonar, toda afecção que interfira com seus movimentos pode ocasionar dispneia. As principais são paralisia, hérnias e elevações uni ou bilaterais. 6. Teciduais: O aumento do consumo celular de oxigênio é uma resposta fisiológica normal ao aumento de atividade metabólica. Praticamente basta intensificar a atividade muscular para condicionar o aparecimento de dispneia (exercício físico, tetania, crises convulsivas). 7. Ligadas ao SNC: Podem ser separadas em dois grupos: as de origem neurológica por alterações do ritmo respiratório, como ocorre em certos tipos de hipertensão craniana, e as psicogênicas, que se manifestam sob a forma de dispneia suspirosa. As dispneias psicogênicas graves (síndrome de hiperventilação) se acompanham de modificações somáticas decorrentes da alcalose respiratória que provocam especialmente espasmos musculares e dormências, podendo chegar à perda da consciência. Deve-se caracterizar a localização da dor, sua irradiação, seu início, intensidade, evolução, relação com outras queixas, situação atual, características do sintoma e fatores de melhoram ou pioram. Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina Cianose Significa cor azulada da pele e das mucosas. Manifesta-se quando a hemoglobina reduzida (tem coloração azulada) alcança no sangue valores superiores a 5 g/100 m.t. A cianose deve ser pesquisada no rosto, especialmente ao redor dos lábios, na ponta do nariz, nos lobos das orelhas e nas extremidades das mãos e dos pés (leito ungueal e polpas digitais). Nos casos de cianose muito intensa, todo o tegumento cutâneo adquire tonalidade azulada. Quanto à localização, a cianose diferencia-se em: • Generalizada: observada em toda a pele, embora predomine em algumas regiões • Localizada ou segmentar: apenas segmentos corporais adquirem coloração anormal, significando sempre obstrução de uma veia que drena uma região, enquanto a cianose generalizada ou universal pode ser causada por diversos fatores. É importante saber se a cianose é generalizada ou segmentar, porque o raciocínio clínico é completamente diferente em uma ou outra situação. Quanto à intensidade, a cianose é classificada em três graus: • Leve • Moderada • Intensa Caracterizada a cianose como generalizada ou localizada, procura-se definir o tipo de cianose em questão. Há quatro tipos fundamentais: • Cianose central: Nesses casos, há insaturação arterial excessiva, permanecendo normal o consumo de oxigênio nos capilares. Ocorre principalmente nas seguintes situações: (1) diminuição da tensão do oxigênio no ar inspirado, cujo exemplo é a cianose observada nas grandes altitudes; (2) hipoventilação pulmonar,quando não há ar atmosférico em quantidade suficiente para que se faça a hematose, por obstrução das vias respiratórias, diminuição da expansibilidade toracopulmonar, aumento exagerado da frequência respiratória ou por diminuição da superfície respiratória ( atelectasia, pneumotórax); e (3) curto-circuito (shunt) venoarterial, como se observa em algumas cardiopatias congênitas (tetralogia de Fallot e outras). • Cianose periférica: Ocorre em consequência de perda exagerada de oxigênio na rede capilar, devido a estase venosa ou diminuição funcional ou orgânica do calibre dos vasos da microcirculação • Cianose mista: Assim chamada quando se associam mecanismos responsáveis por cianose central e periférica. Exemplo típico é a cianose em consequência de insuficiência cardíaca congestiva grave, na qual se relatam congestão pulmonar, impedindo adequada oxigenação do sangue, e estase venosa periférica, com perda exagerada de oxigênio • Cianose por alteração da hemoglobina: Alterações bioquímicas da hemoglobina podem impedir a fixação do oxigênio neste pigmento. O nível de insaturação eleva-se até alcançar valores capazes de ocasionar cianose. É o que ocorre nas metemoglobinemias e sulfonoglobinemias provocadas por ação medicamentosa (sulfas, nitritos, antimaláricos) ou por intoxicações exógenas. Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina Tosse A tosse é uma manobra expiratória explosiva que é reflexa ou intencionalmente executada para limpar as vias respiratórias. As possíveis etiologias/causas da tosse diferem na dependência de o sintoma ser agudo (presente < 3 semanas) ou crônico. Na tosse aguda, as causas mais comuns são: • Infecções das vias respiratórias superiores • Secreção pós-nasal • Exacerbações de DPOC • Pneumonia Na tosse crônica, as causas mais comuns são: • Bronquite crônica • Secreção pós-nasal • Hiper-reatividade das vias respiratórias após a resolução de uma infecção respiratória viral ou bacteriana (i.e., tosse pós-infecciosa) • Refluxo gastroesofágico As causas da tosse em crianças são semelhantes às dos adultos, mas asma e aspiração de corpo estranho podem ser mais comuns em crianças. Muito raramente, a presença de cerume impactado ou corpo estranho no meato acústico externo desencadeia um reflexo de tosse pela estimulação do ramo auricular do nervo vago. A tosse psicogênica é ainda mais rara e é um diagnóstico de exclusão. Pacientes com tosse crônica podem desenvolver um componente reflexo ou psicogênico secundário à tosse. Além disso, a tosse prolongada pode lesionar a mucosa bronquial, o que pode desencadear mais tosse. Classificação da Tosse Duração Principais Causas Tosse aguda Até 3 semanas Resfriado comum Rinite alérgica Bronquite aguda Pneumonia adquirida na comunidade Tosse subaguda Entre 3 e 8 semanas Coqueluche Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina Tosse crônica Mais de 8 semanas Síndrome da tosse de vias aéreas superiores Asma Bronquite eosinofílica não-asmática Doença do refluxo gastroesofágico Bronquite crônica Doença pulmonar obstrutiva crônica Bronquiectasia Aspiração de corpo estranho Problemas cardíacos Deve-se caracterizar a localização da dor, sua irradiação, seu início, intensidade, evolução, relação com outras queixas, situação atual, características do sintoma e fatores de melhoram ou pioram. Disúria, Polaciúria e Poliúria 1. Disúria: Disúria corresponde à micção dolorosa ou desconfortável, tipicamente uma sensação aguda de queimação. Algumas doenças podem causar dolorimento sobre a bexiga e períneo. Disúria é um sintoma extremamente comum em mulheres, mas pode ocorrer em homens e em qualquer idade. A disúria resulta da irritação da bexiga, trígono ou uretra. A inflamação ou estenose da uretra causa dificuldade em iniciar a micção e a sensação de queimação ao urinar. A irritação do trígono causa contração da bexiga, levando à micção frequente e dolorosa. A disúria resulta mais frequentemente de infecção no trato urinário inferior, mas também pode ser causada por uma ITU superior. A incapacidade de concentrar a urina é a principal razão para a micção frequente nas ITU superiores. A disúria é tipicamente causada por inflamação vesical ou uretral, apesar de lesões perineais em mulheres (p. ex., vulvovaginitite ou infecção pelo herpes-vírus simples) poderem ser dolorosas quando em contato com a urina. A maioria é causada por infecção, mas, algumas vezes, derivam de doenças não infecciosas inflamatórias. No geral, as causas mais comuns de disúria são: • Cistite Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina • Uretrite devido à doença sexualmente transmissível (DST) 2. Polaciúria: Caracteriza-se pelo aumento da frequência miccional, com intervalo entre as micções inferior a 2 h e sem que haja concomitante aumento do volume urinário; traduz irritação vesical. Esses sintomas são provocados por redução da capacidade da bexiga, dor à distensão vesical ou por comprometimento da uretra posterior. Decorrem de várias causas, tais como infecção, cálculo, obstrução, alterações neurológicas e em várias condições psicológicas e fisiológicas, principalmente o frio e a ansiedade. 3. Poliúria: Corresponde a um volume urinário superior a 2.500 ml dia (ou 3L). Como o volume de cada micção está limitado pela capacidade vesical, verifica-se maior número de micções, inclusive à noite. A medida do volume urinário de 24h é importante para confirmar a ocorrência de poliúria. Existem 2 mecanismos básicos de poliúria: por diurese osmótica, decorrente da excreção de um volume aumentado de solutos, determinando maior excreção de água (p. ex., diabetes melito descompensado), ou por incapacidade de concentração urinária (p. ex., diabetes insípido, hipopotassemia). Na insuficiência renal crônica, quando o comprometimento renal ainda é moderado, também ocorre poliúria, seja por diurese osmótica (em razão de uremia) ou por incapacidade de concentração urinária, quando as lesões comprometem a medula renal, como ocorre na pielonefrite crônica. Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina Tenesmo Vesical, Urgência Miccional e Retenção Urinária 1. Tenesmo Vesical: Também conhecido por estrangúria. É perceptível quando há inflamação vesical intensa, podendo provocar a emissão lenta e dolorosa de urina, chamada estrangúria, e que é decorrente de espasmo da musculatura do trígono e colo vesical. É caracterizado pela sensação de não esvaziamento completo da bexiga, o que pode trazer desconforto, tendo em vista que se sente necessidade de ir ao banheiro mesmo que a bexiga não esteja cheia. 2. Urgência Miccional: A incontinência urinária é a perda involuntária de urina; alguns especialistas consideram sua presença apenas quando o paciente acredita que seja um problema. A doença muitas vezes não é reconhecida e relatada. Muitos pacientes não relatam o problema a seus médicos e muitos médicos não questionam sobre incontinência especificamente. A incontinência pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum entre idosos e mulheres, afetando cerca de 30% das mulheres idosas e 15% dos homens idosos. A incontinência pode se manifestar como gotejamento constante ou micção intermitente, com ou sem percepção da necessidade de urinar. Alguns pacientes apresentam urgência extrema (necessidade incontrolável de urinar) com pouco ou nenhum aviso e podem ser incapazes de inibir a micção até chegar ao banheiro. A incontinência pode ocorrer ou ser agravada por manobras que aumentam a pressão intra- abdominal. Gotejamento pós-miccional é extremamente comum e provavelmente uma variante normal em homens. A identificação do padrão clínico algumas vezes é útil, mas as causas se sobrepõem com frequência e a maioria dos tratamentos é igual. Sinais e Sintomas - Cricia Daniely@diadia.medicina • Incontinência de urgência: perda não controlada de urina (de volume moderado a grande), que ocorre imediatamente após uma necessidade urgente e incontrolável de urinar. Noctúria e incontinência noturna são comuns. A incontinência de urgência é o tipo de incontinência mais comum em idosos, mas pode afetar indivíduos mais jovens. Em geral, é precipitada pela utilização de diuréticos e exacerbada pela incapacidade de chegar rapidamente a um banheiro. Em mulheres, a vaginite atrófica, comum com o envelhecimento, contribui para o afilamento e a irritação da uretra e para a urgência. • Incontinência de esforço (ou de estresse): perda de urina decorrente de aumentos abruptos da pressão intra-abdominal (p. ex., tosse, espirros, risadas, curvar o corpo, ou erguer pesos). O volume perdido é habitualmente pequeno a moderado. É o 2º tipo mais comum de incontinência em mulheres, principalmente em decorrência de complicações de partos e de desenvolvimento de uretrites atróficas. Homens podem desenvolver incontinência urinária por estresse após procedimentos como a prostatectomia radical. A incontinência de estresse é tipicamente mais grave em indivíduos obesos em razão da pressão do conteúdo abdominal sobre a bexiga. • Incontinência por transbordamento: gotejamento de urina de uma bexiga muito cheia. O volume habitualmente é pequeno, mas as perdas podem ser constantes, resultando em perdas totais grandes. A incontinência por transbordamento é o 2º tipo mais comum de incontinência em homens. • Incontinência funcional: perda de urina decorrente de alterações cognitivas e físicas (p. ex., demência ou acidente vascular encefálico) ou de barreiras ambientais que interfiram com o controle da micção. Por exemplo, o paciente pode não reconhecer a necessidade de urinar, pode não saber onde está o banheiro, ou não ser capaz de caminhar até um banheiro localizado mais longe. Os mecanismos neurais e do trato urinário que mantêm a continência podem ser normais. • Incontinência mista: qualquer das combinações dos tipos citados anteriormente. As associações mais comuns são de incontinências de urgência e esforço e incontinências de urgência ou esforço e funcional. 3. Retenção Urinária: Retenção urinária é o esvaziamento incompleto da bexiga ou a cessação da micção, pode ser: • Aguda • Crônica As causas são alteração da contratilidade vesical, obstrução do colo vesical, dissinergia detrusor-esfincteriana (falta de coordenação entre a contração da bexiga e o relaxamento do esfíncter), ou uma combinação. A retenção é mais comum entre homens, nos quais anormalidades da próstata e estreitamento uretral causam obstrução do colo vesical. Em qualquer dos sexos, a retenção pode decorrer de fármacos (em particular aquelas com efeitos anticolinérgicos, incluindo vários fármacos vendidos em farmácias e sem receita médica), impacção fecal grave (que pode aumentar a pressão sobre o trígono vesical) ou bexiga neurogênica em Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina pacientes com diabetes, esclerose múltipla, doença de Parkinson, ou cirurgia pélvica anterior resultando em desnervação da bexiga. A retenção urinária pode ser assintomática ou causar frequência urinária, uma sensação de esvaziamento incompleto, e incontinência de urgência ou transbordamento. Pode causar distensão abdominal e dor. Quando a retenção se desenvolve de modo lento, pode não haver dor. Hematêmese, Melena, Hematoquezia e Enterorragia 1. Hematêmese: A hematêmese ou vômito com sangue caracteriza a hemorragia digestiva alta, assim entendida aquela em que a sede do sangramento se localiza desde a boca até o ângulo de Treitz (transição duodenojejunal). A causa mais comum de sangramento de origem esofágica são as varizes do esôfago. A hematêmese por ruptura de varizes é, na maioria das vezes, volumosa e contém sangue ainda não alterado por ação do suco gástrico. A hematêmese de menor volume, de origem esofágica, pode ocorrer no câncer do esôfago, nas úlceras esofágicas e em outras condições mais raras. A hematêmese é a hemorragia que mais facilmente se confunde com as hemoptises. Na hematêmese, o sangue eliminado tem aspecto de borra de café, podendo conter ou não restos alimentares, de odor ácido, e não é arejado. Na história pregressa desses pacientes, na maioria das vezes, há referência a úlcera gastroduodenal, esofagite ou melena. Quando as hematêmeses são de grande volume, o diagnóstico diferencial torna-se difícil. A hemorragia digestiva alta (HDA) é causada, frequentemente, por lesões do estômago e duodeno. Pode ocorrer de forma aguda, súbita, manifestando-se por hematêmese, melena e, nas formas mais graves, enterorragia e sinais de hipovolemia; ou de forma crônica, causando sinais de anemia e/ou episódios transitórios de melena. É importante diferenciar a hematêmese de epistaxe e de hemoptise. Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina 2. Melena: Melena é a eliminação de sangue digerido juntamente com as fezes, que então ficam pastosas, de cor escura (tipo borra de café) e de odor fétido. É sinal de hemorragia digestiva alta (do intestino delgado ou do estômago, por exemplo) ou de sangramento inferior, mas lento o bastante para permitir oxidação do sangue. O principal sinal da melena é constituído por fezes muito escurecidas, uma vez que o sangue já se encontra quimicamente alterado (oxidado) pela ação de enzimas e bactérias existentes no trato digestivo. A presença de sangue mais avermelhado nas fezes sinaliza sangramento baixo, geralmente do reto ou do próprio ânus. A melena (fezes escuras) pode corresponder a hemorragias gastrintestinais altas ou a excesso de urobilinogênio fecal, como ocorre nas anemias hemolíticas. 3. Hematoquezia e Enterorragia: Evacuações com sangue vivo, em geral com origem no cólon, reto ou ânus, ou seja, são um sinal de hemorragia digestiva baixa. Contudo, hemorragias altas, volumosas ou associadas a rapidez no trânsito intestinal, também podem se manifestar desta forma. Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina Anotações: Sinais e Sintomas - Cricia Daniely @diadia.medicina