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Introdução ao Conceito de Cuidado em Saúde

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O cuidador e o cuidado não são símbolos de 
interações quaisquer, mas sim, de uma interação 
especial, na qual o “afetar-se” consolida-se no 
querer bem ao outro. Isto só é possível quando 
se entende o que é bem para o outro, e isto 
requer uma cosmovisão do universo do outro. 
O cuidado é uma função que deve perpassar 
todas as categorias profissionais inseridas no 
âmbito da saúde, logo, todas devem deter o 
cuidado como objeto de sua práxis. 
Considerar que o entendimento da expressão 
deter saúde depende de condições políticas, 
econômicas, ideológicas e tecnológicas e, assim 
sendo, poder reconfigurar o que se entende por 
objeto da prática profissional da prática 
profissional de cada categoria. 
O cuidado é o zelo, a dedicação, a afeição, o 
preocupar-se com o outro. Nessa compreensão, 
o cuidado requer do profissional que deseja 
prestá-lo alguns atributos necessários, sendo 
eles: a ética nas relações humanas, a 
solidariedade e a confiança. 
“Todo cuidado tem como objetivo o alívio, o 
conforto, podendo promover a cura, o bem estar 
e até, a mudança de estilo de vida”. 
O senso comum considera o cuidado em saúde 
como um conjunto de procedimentos 
tecnicamente orientados para o bom êxito de 
uma certo tratamento. Tal entendimento mantém 
a noção de cuidado em torno dos recursos e 
medidas terapêuticas e, também, nos 
procedimentos aplicados. Uma definição de 
cuidado inclui toda forma de trabalho centrado 
nas pessoas. 
O termo cuidado é frequentemente utilizado na 
discussão sobre integralidade e humanização 
das práticas de saúde: 
└ Ao refletir sobre a Política Nacional de 
Humanização da Atenção e da Gestão na 
Saúde (PNH), aponta-se que a humanização 
"se constrói com as direções da 
inseparabilidade entre atenção e gestão e 
da transversalidade”, e como o fazer desta 
política se concretiza como "tecnologias 
relacionais", onde a inseparabilidade das 
práticas de cuidado e de gestão do 
cuidado é central. 
HUMANIZASUS 
 O cuidado é uma noção central para 
pensar na técnica e, nesse sentido: 
└ A ideia de cuidado vem justamente 
tentar reconstruir, a partir dos problemas 
e tensões apontados, uma atenção 
integral à saúde de indivíduos e 
comunidade, buscando recompor 
competências, relações e implicações 
ora fragmentadas, empobrecidas ou 
desconexas. 
 Gestão colaborativa do cuidado: os 
profissionais de saúde deixam de ser 
prescritores para se transfomarem em 
parceiros das pessoas usuárias dos sistemas 
de atenção à saúde. 
O CUIDADO NA ÓTICA DE UMA PESQUISA 
O trabalho de Rodrigues et al. (2008), 
envolvendo um estudo empírico sobre 
representação social do cuidado (compreender 
o que é cuidado para os participantes da 
pesquisa e relacionar a compreensão sobre o 
cuidado com as condições de vida) no PSF em 
Natal: 
└ Os autores identificam que o cuidado é 
representado como atenção, amor e 
acolhimento e sugerem levar em 
consideração o referido núcleo central das 
representações sobre o cuidado na 
formação e capacitação dos profissionais 
de saúde. 
É preciso compreender cuidado e autocuidado, 
especialmente quando se constata a 
corresponsabilização do paciente no sucesso 
ou malogro da ação terapêutica. 
As teorias sobre o autocuidado sinalizavam 
prescrições, verticalizadas e normativas. Nessa 
ótica, o autocuidado simbolizava aquilo que o 
profissional de saúde desejava que o paciente 
fizesse em sua ausência, e não necessariamente 
o que o paciente podia e queria fazer 
enquanto sujeito desejante. 
AUTOCUIDADO 
Atualmente, se discute autocuidado como o 
cuidado de si (FOUCAULT, 2007): 
└ Um modo de revisitar a subjetividade 
envolvida na relação clínica profissional-
usuário; 
└ Como o sujeito que recebe o cuidado 
também deve ser produtor de bem-estar, em 
função dos desejos que o conduzem nas 
suas experiências de vida; 
└ O cuidado de si trabalha a ideia de 
converter-se a partir do que é bom para si 
'pertencer a si mesmo', ou, em síntese, um 
aprender a ser 'seu'. 
└ Preparo e empoderamento das pessoas 
usuárias para que autogerenciem sua saúde 
e a atenção à saúde prestada; 
└ O efetivo autocuidado é muito mais que 
dizer às pessoas usuárias o que devem fazer. 
Significa reconhecer o papel central das 
pessoas usuárias na atenção à saúde e 
desenvolver um sentido de auto-
responsabilidade sanitária. 
└ Assenta-se na utilização de um enfoque de 
cooperação entre a equipe de saúde e as 
pessoas usuárias para, conjuntamente, definir 
os problemas, estabelecer as prioridades, 
propor as metas, elaborar os planos de 
cuidado e monitorar os resultados. 
Vamos especialmente precisar usar a sabedoria 
prática, ou seja, precisaremos fundir horizontes 
entre nossos saberes técnicos e os saberes que 
as pessoas de quem cuidamos acumularam 
sobre si próprias e seus projetos de felicidade, 
com a abertura necessária para que, do 
diálogo entre esses saberes, surjam boas 
escolhas sobre o quê e como fazer nas diversas 
situações de cuidado. 
Tanto a noção de cuidado como horizonte 
normativo para as práticas de saúde, quanto o 
conceito de cuidado como construção de 
projetos de pessoa são desdobramentos do 
Cuidado no sentido ontológico - segundo o 
qual o homem sempre cuida, mesmo nas relações 
de desprezo e descuido. 
Em 1982, Prochaska e Di-Clemente descreveram 
cinco diferentes estágios motivacionais para a 
mudança de comportamento: 
1. PRÉ CONTEMPLAÇÃO: 
 Pessoa não está pronta para mudar 
 Não entende seu problema como problema 
 Hostil, resignada ou racionalizadora 
 É uma etapa de negação, sem 
reconhecimento do problema; não há 
nenhum interesse na mudança 
 Papel do Profissional de Saúde: 
└ Explorar as concepções da pessoa sobre 
o comportamento/riscos/possíveis 
mudanças. 
└ Aumento da consciência da necessidade 
da mudança por meio de informação. 
└ Levantar dúvidas, aumentar a 
percepção da pessoa sobre os riscos e 
os problemas do comportamento atual 
└ Estratégias: Entrevista Motivacional 
2. CONTEMPLAÇÃO (PENSANDO EM MUDAR): 
 Estágio caracterizado pela ambivalência 
 Contemplador crônico – pensa em mudar! 
 Reconhece o problema; balanceamento dos 
riscos e benefícios da mudança, mas 
pensando em mudança. 
 Papel do Profissional de Saúde: 
└ Técnicas como a balança decisória; 
└ Prós e contras do comportamento; 
└ Prós e contras da mudança. 
└ Fortalecer a auto-suficiência da pessoa 
para a mudança do comportamento 
atual. 
└ Aumento da motivação e confiança e 
criação de expectativas positivas. 
3. PREPARAÇÃO 
(PREPARANDO-SE PARA MUDAR): 
 Ambivalência diminui 
 Desejo de mudar está mais presente 
 Planejamento para a mudança, início de 
algumas mudanças e construção de 
alternativas. 
 Papel do Profissional de Saúde: 
└ Avaliar a força e níveis de 
comprometimento; 
└ Elaborar planos de ação com metas – 
colaborativo; 
└ Pensar nas armadilhas e antecipar 
problemas. 
4. AÇÃO (REALIZANDO A MUDANÇA): 
 Pessoa engaja-se na mudança 
 Assume atitudes para alcançá-la 
 As mudanças ocorrem e os novos 
comportamentos aparecem; mudando numa 
ação específica 
 Papel do Profissional de Saúde: 
└ Dá rumo às mudanças, oferece 
informações; 
└ Valoriza as atividades bem sucedidas; 
└ Reafirma permanentemente suas decisões. 
5. MANUTENÇÃO (INTEGRAÇÃO DA MUDANÇA 
A ESTILO DE VIDA): 
 Pessoa no estágio de mudança; 
 Os novos comportamentos continuam com 
confiança crescente e a superação das 
barreiras ocorre 
 Desafio: Persistir no novo comportamento; 
Aprender a lidar com deslizes/recaídas 
 Papel do Profissional de Saúde: 
└ Sustentabilidade da motivação e 
aumento da autoeficácia; 
└ Auxiliar a pessoa a consolidar o 
processo; 
└ Paciência, persistência e 
conscientização da necessidade de 
mudança; 
└ Manejar deslizes e recaídas; 
└ Utilizar estratégias de prevenção dos 
mesmos; 
└ Fortalecer o grau de confiança.DESLIZES E RECAÍDAS 
 Deslizes: Eventos esperados nos estágios da 
mudança; Retomada automática do 
problema; Falha no autocontrole. 
 Recaídas: Retorno ao padrão inicial; Ocorre 
anos deslize inicial; 
 Pensamentos de culpa, fracasso, Impotência 
vergonha. 
 Papel do Profissional de Saúde: 
└ Entendimento das causas da recaída e 
aprendizagem sobre a sua superação. 
└ Apoiar a pessoa a renovar os processos 
de contemplação, preparação e ação, 
incentivando-a a afastar-se da 
imobilidade e da desmoralização da 
recaída. 
COMEÇO – RECOMEÇO – PROGRESSÕES – 
REGRESSÕES  TÉRMINO: 
└ Pessoa integra a mudança ao seu estilo de 
vida 
└ Não apresentar deslizes frequentes 
└ Comportamento atual é duradouro 
Processo de mudança terminou! 
 Estilo de aconselhamento; negociação. 
 Tem foco na mudança de comportamentos 
das pessoas, especialmente aquelas que 
não desejam mudar ou fazer um tratamento 
ou, ainda, que estejam numa situação de 
ambivalência entre mudar e não mudar. 
 Caráter colaborativo e de respeito a 
autonomia. 
 Evocar os valores, desejos, o saber e as 
habilidades 
 Papel do Profissional de Saúde; 
└ Compreender limites e liberdade de 
escolha 
└ Trabalhar sua própria tolerância e 
frustração. 
TRABALHAR A AMBIVALÊNCIA 
 Envolve quatro conflitos: desejo, 
capacidade, razões e necessidades. 
 "Eu realmente deveria (necessidade), mas 
não consigo (capacidade), ou eu quero 
(desejo), mas é muito difícil (razão). 
TRABALHAR A RESPONSABILIZAÇÃO 
 Quando o profissional de saúde assume pelo 
outro a responsabilidade do tratamento. 
PREVENIR RECAÍDAS 
 Faz parte do processo de mudança e pode 
ser usada a favor do mesmo. 
FORTALECER O COMPROMISSO COM A 
MUDANÇA 
 O profissional deve criar uma atmosfera 
positiva. 
EXPRESSAR EMPATIA 
 Entender o que é estar na situação do outro. 
DESENVOLVER DISCREPÂNCIA 
 Avaliar a distância, onde a pessoa está e 
onde quer chegar; 
 Os argumentos para a mudança devem ser 
da própria pessoa. 
EVITAR ARGUMENTAÇÃO 
 Quando o profissional apresenta 
argumentos é ele quem está prescrevendo, 
isto aumenta argumentos contra a mudança. 
FAZER PERGUNTAS ABERTAS 
 Fale-me sobre o seu problema! 
 O que está lhe incomodando? 
DESENVOLVER DISCREPÂNCIA 
 Se eu entendi bem, você quis dizer que ..., é 
isso? 
RESUMIR 
 Estamos no final da nossa conversa e vamos 
fazer um resumo para ver se entendi certo (É 
isso?) 
O coração da gestão da condição de saúde 
está na elaboração do plano de cuidado para 
cada pessoa usuária do sistema de atenção à 
saúde. Em alguns casos, envolverá o grupo 
familiar e a rede de suporte social da pessoa 
usuária. 
Esse plano de cuidado é elaborado, 
conjuntamente, pela equipe da ESF e cada 
pessoa usuária e envolve metas a serem 
cumpridas ao longo de períodos determinados. 
É o plano de cuidado que coloca, efetivamente, 
o usuária como o centro da atenção à saúde, 
com a colaboração da equipe da ESF e com o 
apoio de um sistema de informações em saúde. 
É ele que traz os elementos para uma 
participação proativa das pessoas usuárias em 
sua atenção, que recolhe e acolhe seu grau de 
confiança em cumprir as metas e que permite um 
monitoramento conjunto desse plano. 
Um plano de cuidado robusto deve ter três 
atributos: o enfoque de trabalho em equipe; a 
participação proativa das pessoas usuárias; e 
o suporte de um sistema de informações em 
saúde eficaz. O plano de cuidado é parte 
fundamental do prontuário clínico eletrônico. 
ROTEIRO 
 Diagnóstico físico, psicológico e social 
└ Condição de saúde do paciente, 
potencialidades e vulnerabilidades; 
 Explicitação das intervenções de curto, 
médio e longo prazo 
└ Estabelecer as intervenções, conforme 
estabelecido no Protocolo da Clínica, 
classificando o que é de curto, médio e 
longo prazo. 
 Definição dos responsáveis 
└ Identificar o responsável por cada 
ação/meta 
 Elaboração conjunta das metas 
└ Construção das metas (o que será feito) 
juntamente com o paciente. 
└ Ex: quantas restaurações, quantas 
atividades no Espaço de Promoção. 
 Definição dos passos para alcançar essas 
metas 
└ Ex: Realizar atividade de orientação e 
escovação no Espaço para contribuir 
para o ISG, ... 
 Identificação dos obstáculos ao alcance 
das metas 
└ Ex: paciente tem dificuldade de utilizar o 
fio dental, ... 
 Ações para superar esses obstáculos 
└ Ações para superar o não uso do fio 
dental por exemplo, ... 
 Suporte e recursos necessários para 
alcançar as metas 
└ Ex: paciente necessita de uma avaliação 
médica pelo SUS 
└ Suporte da ESF 
 Estabelecimento do nível de confiança da 
pessoa para alcançar as metas 
└ Em uma escala de 0 a 10, qual o nível de 
confiança em realizar as práticas 
necessárias a sua saúde. 
└ Grau de confiança 
 Monitoramento conjunto das metas ao longo 
do tempo 
└ Monitorar por parte do CD e seu 
paciente o conjunto de metas obtidos.

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