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www.ctrhzootecnia.com.br Silagem de Milho na Alimentação de Vacas Leiteiras A produção de milho (Zea mays) está associada a várias indústrias como a da alimentação humana, alimentação animal e da produção de etanol. A amplitude de uso do grão na alimentação animal é muito grande, sendo que o uso de grãos úmidos, na forma de silagem, também está sendo bastante utilizada na bovinocultura. Como alimento volumoso, o mais tradicional é a silagem da planta toda, mas o uso na forma de silagem de grãos também vem ganhando espaço na produção de bovinos leiteiros. 02 A alimentação é o componente mais importante no custo de produção e a qualidade do volumoso ofertado é de vital importância na viabilidade do processo produtivo. A silagem de milho, um alimento tradicionalmente utilizado na pecuária leiteira no Brasil, deve ser produzida com efi ciência, buscando alta qualidade. O contrário gera baixa produtividade no rebanho e aumento dos custos alimentares, devido à maior necessidade de compra de insumos. A defi nição de silagem de qualidade sofreu transformações ao longo do tempo. Inicialmente, o enfoque era a produção máxima de volume de massa verde por hectare, como forma de obter um alimento de baixo custo. Na década de 60 e 70, com a evolução do nível genético das vacas, passou-se a buscar a produção de uma silagem com maior teor de grãos. Estudos, na época, demonstravam que os grãos eram mais digestíveis que folhas e colmos. Entretanto, não havia um conhecimento da constituição química dessas silagens. Nesse sentido, estudos recentes demonstraram que silagens com menores teores de Fibra em Detergente Neutro (FDN), que representa a fração fi brosa do alimento na parte verde da planta, combinada com alta proporção de grãos, resultam em silagem de melhor qualidade. Mais recentemente foi demonstrado que a constituição do grão de milho infl uenciava a qualidade da silagem, em que híbridos de milho com textura mole têm maior digestibilidade do que os híbridos de milho com textura dura, ou seja, a produção de uma silagem de boa qualidade deve ter alta produção de toneladas por hectare, com alta proporção de grãos de textura mole e com baixo teor de Fibra em Detergente Neutro. Como a qualidade da silagem de milho está bastante relacionada a participação de grão na massa ensilada, para se produzir uma silagem de qualidade é fundamental explorar ao máximo o potencial produtivo da cultivar escolhida. Para tanto adotar um sistema de manejo da cultura compatível com as exigências da cultivar e com a condição edafoclimáticas do local é fundamental. Defi nir o espaçamento entre linhas, densidade e época de semeadura, profundidade de plantio, nível de adubação, controle de plantas daninhas, pragas e doença são alguns aspectos que compõem o sistema de produção. 03 04 A melhor época de plantio de milho para silagem deve ser a mesma recomendada para produção de grãos. Produtores acabam plantando milho para silagem tardiamente para evitar ensilar na época das chuvas, porém diversos estudos revelaram perdas de 24 a 30 Kg de grãos/ ha/dia de atraso após a época ideal de plantio. Plantios tardios acarretam em menor porcentagem de grãos na massa ensilada, as plantas tendem a se estiolarem, maior presença de plantas daninhas, pragas e doenças devido principalmente à alta temperatura e umidade. Todos estes fatores afetam diretamente a produtividade e a qualidade da silagem. Outro aspecto importante na produção de silagem de milho é a densidade de plantio. De maneira generalizada, a causa dos baixos rendimentos de milho, tanto para grãos quanto para forragem, é função do baixo número de plantas por área. Além disso, a densidade de plantio pode também afetar a qualidade da silagem, uma vez que afeta a proporção entre as partes da planta (espiga, colmos e folhas). Resultados de pesquisa mostram que os percentuais de colmo crescem quando ocorre aumento na população de plantas/ ha. Considerando que a maior concentração de fibra (Fibra em Detergente Neutro - FDN) está presente no colmo e que, o excesso de população de plantas propicia maior participação de colmos na planta, o excesso de plantas na área resultará em menor digestibilidade da silagem produzida. Normalmente, a recomendação da densidade de plantas para produzir grãos ou forragem são as mesmas, uma vez que a densidade que proporcionar maior rendimento de grãos por hectare fornecerá também maior rendimento de forragem ou silagem de boa qualidade nutritiva. A participação de colmo na matéria seca da silagem gira em torno de 25% com a pior fração de digestibilidade (51,7%). Isto significa que, com aumento da população de plantas, a porcentagem de colmo pode passar de 30%, aumentando também o valor total das fibras e comprometendo o consumo e a digestibilidade da silagem. Além disso, a chance de ocorrer o acamamento e quebra das plantas aumenta. Em situação onde a população de plantas é maior, a demanda hídrica também sobe. Por isso a recomendação da densidade de semeadura deve levar em consideração o balanço hídrico histórico do local. Neste mesmo conceito, estudos mostram que mesmo utilizando boa adubação não se deve aumentar mais do que 10% a população de plantas por hectare para não comprometer a qualidade final da silagem. Também como ocorre em lavouras para a produção de grãos o plantio com o espaçamento reduzido tem promovido o aumento da produtividade e na qualidade da forrageira. 05 06 Levando em consideração a recomendação de adubação e calagem para o estado de São Paulo do Boletim Técnico 200, tem-se a seguinte recomendação: Equivalente: N=uréia; P e S= Supersimples; K=cloreto de potássio; Ca e Mg=calcário com 23% de CaO e 19% de MgO. Fonte NRC (1989) A cultura de milho para produção de silagem da planta toda é extremamente extrativa com relação a nutrientes, pois toda parte aérea da planta é retirada no processo de colheita. Portanto, faz-se necessário a reposição dos nutrientes para a manutenção da fertilidade do solo e de alta produtividade (Tabela 1). Tabela 1. Extração de nutriente do milho para produção de grãos e silagem. Grãos (9000 kg/ha) Silagem (22500 kg MS/ha) Nutriente Teor (%) Extração (kg/ha) Equiva- lente (kg/ ha) Teor (%) Extração (kg/ha) Equiva- lente (kg/ ha) N 1,60 144 320 1,28 282 626 P 0,29 26 330 0,22 48 611 K 0,38 34 69 1,00 220 447 Ca 0,03 3 16 0,23 51 309 Mg 0,14 13 110 0,19 42 363 S 0,12 11 108 0,15 33 330 Com base na análise química do solo, aplicar calcário antes da safra de verão, para elevar a saturação por bases (V) a 70% e o magnésio a um teor mínimo de 4 mmolc.dm-3. Em solos com mais de 50 mg dm-3 de matéria orgânica, basta elevar V a 50%. Calagem: 07 Aplicar o nitrogênio em cobertura de acordo com a meta de produtividade e o histórico de uso da área, utilizando doses maiores para solos de textura arenosa, com preparo convencional, início de sistema planto direto e grande quantidade de resíduos de gramíneas (alta resposta), e menores doses para solos argilosos, sistema planto direto consolidado e sucessão com leguminosas com grande quantidade de palha (baixa resposta). Para metas de produção de massa verde (35% de massa seca) igual a 38-44, 44-53, 53-59, 59-65 e >65 t ha-1 e solos de alta (a), média (b) e baixa (c) resposta, aplicar 50-80-110-140-170 (a), 30-50-80-110-150 (b) e zero-30-60-80-100 (c) kg ha-1 de N, respectivamente. Doses iguais ou inferiores a 80 ou 110 kg ha-1 em solos arenosos e argilosos, respectivamente, podem ser aplicadas em uma única vez no estádio de 4/5 folhas, e doses superiores devem ser parcelas em duas vezes, sendo a última até o estádio de 8/9 folhas. O potássio deve ser aplicado junto com a primeira cobertura de N, para complementar dose aplicada na pré-semeadura ou no sulco de semeadura. Adubação de cobertura: A adubação do milho silagem é praticamente a mesma do milho para grãos, exceto para os nutrientespotássio e enxofre. Adubar com 30 a 40 kg ha-1 de nitrogênio na semeadura. Utilizar os resultados da análise do solo na camada 0-20 cm e a meta de produtividade para recomendação de fósforo, potássio e micronutrientes. Para metas de produção de massa verde (35% de massa seca) iguais a 38-44, 44-53, 53-59, 59-65 e >65 t ha-1, considerando-se os teores baixo (a), médio (b) e alto (c) de P e K no solo, recomenda-se 60-80- 90-110-120 (a), 40-50-70-90-100 (b) e 30-40-60-70-80 (c) kg ha-1 de P205, respectivamente, e 100-140-160-180- 200 (a), 80-100-120-140-170 (b) e 60-70-90-110-130 (c) kg ha-1 de K20, respectivamente. Aplicar parte do potássio a lanço imediatamente antes da implantação da cultura ou no sulco de semeadura, até dose máxima 50 kg ha-1 de K20, e o excedente em cobertura junto com o N. Independentemente da fertilidade do solo, recomenda- se aplicar 30 kg ha-1 de enxofre na semeadura ou na primeira cobertura de N, e em solos deficientes, 2 a 5 kg ha-1 de zinco e 0,5 a 1,0 kg ha-1 de boro, na semeadura. Adubação de planto: 08 As médias de produção de grãos e de massa, da planta contendo 35% de massa seca são as seguintes: 6-8 (44-53), 8-10 (53-59), 10-12 (59-65), 12-14 (> 65) em toneladas por hectare de grãos e massa verde, entre parênteses, respectivamente. A produção de uma silagem de milho de boa qualidade passa por três fases importantes: Plantio e condução agronômica; Colheita e ensilagem; Desensilagem e fornecimento. Estas três fases são complementares, ou seja, falhas em qualquer uma serão cumulativas na qualidade final do produto. Após a condução da produção de milho de forma a obter alta produtividade, se deve observar posteriormente a forma de se ensilar, a fim de se ter a melhor conservação do material, como será descrito a seguir. Produtvidade: A colheita para ensilagem deve ocorrer quando o teor de matéria seca da planta toda estiver entre 30% e 35%, o que equivale aos grãos no estádio pastoso (linha de leite entre 1/2 a 2/3 do comprimento do grão), o que ocorre depois de 35 a 47 dias após o florescimento (pendoamento) ou 95 a 112 após a semeadura, dependendo da cultivar e da disponibilidade de calor durante o desenvolvimento da cultura. A planta de milho ensilada com menos de 30% de matéria seca possui muita umidade e apresenta maiores perdas de nutrientes através da liberação de efluente, além de favorecer a degradação da massa ensilada, por fermentação indesejável por clostrídios. Ao contrário, plantas com teor de matéria seca acima de 38% dificultam a picagem e a compactação, sendo que o excesso de ar retido no interior da massa favorece o desenvolvimento de fungos e leveduras aeróbicas que aquecem a massa, degradam os nutrientes e empobrecem a silagem final, podendo ser rejeitada pelo animal. Colheita: Colheita e ensilagem 1. PONTO DE COLHEITA O ponto de colheita é uma importante variável na produção de silagem. Vários estudos foram conduzidos buscando determinar qual o melhor momento para colheita do volumoso e qual parâmetro pode ser utilizado para fazer essa determinação. É importante entender que a planta de milho acumula matéria seca com o avançar de sua maturidade, mas também aumenta o seu teor de fibra em detergente neutro e lignina. À medida que o tempo passa, sua digestibilidade diminui. O ponto ideal de colheita é quando a planta possui 30-35% de matéria seca (MS) ou 65 a 70% de umidade. Esse estágio é, geralmente, atingido quando a linha do leite está entre 1/2 e 2/3 do grão. No entanto, a correlação entre linha de leite e porcentagem MS não é muito grande. Existe uma grande variação entre híbridos e anos de plantio e ela serve como uma referência prática. Portanto, a melhor maneira de se determinar o ponto adequado de colheita do milho é através da determinação da matéria seca. Forragens ensiladas com alto teor de umidade (20 a 27% de matéria seca) possuem o processo de fermentação muito ativo e, geralmente, estão associadas a altas perdas de nutrientes por efluentes. Além disso, são consumidas em menor quantidade por animais em relação a forragens ensiladas com teores ótimos de matéria seca (30-35%), além de haver um aumento no teor da matéria seca e amido do milho com o avanço de sua maturidade fisiológica. 09 10 Portanto, com 2/3 da linha do leite é alcançado o máximo de amido na silagem. Por outro lado, o teor de fibra na planta reduz até 2/3 da linha do leite. Esses dois fatores são explicados devido ao aumento da proporção de grãos na planta, que ocorrem até 2/3 da linha do leite. Então, com 2/3 da linha do leite há o maior acúmulo de amido e o menor teor de fibra na silagem de milho. O estádio ideal de colheita do milho tem duração aproximada de dez dias. Após esse período, o teor elevado de MS da planta aumenta as perdas na colheita e dificulta a compactação. Assim, atrasos na colheita por falhas no planejamento, chuvas, quebra de maquinário, entre outros fatores, podem prejudicar sensivelmente a qualidade da silagem produzida, o que certamente será traduzido em menor desempenho dos animais. Quando se corta a planta de milho com o grão ainda leitoso, colhe-se somente o equivalente a 50% do potencial produtivo de grãos e 75% da forragem. Já no ponto ideal de colheita, quando a linha do leite está na metade do grão e a planta apresenta teor de matéria seca próxima a 35%, colhe-se 95% dos grãos e 100% da forragem. 2. ALTURA DE CORTE O aumento na altura de corte pode ser uma estratégia para aumentar a concentração energética e diminuir o teor da Fibra em Detergente Neutro (FDN) na silagem. O teor de FDN está correlacionado à degradabilidade da matéria seca, que determina a quantidade de fibra da planta, correspondente às frações de celulose, hemicelulose e lignina. Os teores de lignina e FDN são inversamente proporcionais à degradabilidade in vitro da matéria seca. Ao aumentar a altura de corte no momento da ensilagem, há redução na relação colmo/espiga, o que faz com que haja melhorias nas características nutricionais do alimento. Portanto, o produtor deve priorizar suas necessidades de obtenção de máxima produção de forragem versus alta qualidade da silagem, para determinar qual altura de corte será adotada, sendo que isso pode variar em diferentes anos em função do potencial produtivo e qualidade da cultura. As perdas na produção de matéria seca deverão ser compensadas pela melhoria na qualidade nutricional da silagem. Para isso é necessário realizar uma análise econômica, e avaliar os custos de produção, para que assim possa haver maior segurança na tomada de decisão. 3. TAMANHO DE PARTÍCULA Em uma silagem de boa qualidade, o que se procura é picar o material em tamanhos de partícula de 6 a 15 mm, mantendo um tamanho médio de 8 mm. Quando o corte da planta é inadequado, as partículas grandes dificultam a compactação, e a menor quebra dos grãos levará a um menor aproveitamento dos mesmos, fazendo com que apareçam inteiros nas fezes dos animais. Silagens com tamanhos de partículas grandes reduzem a ingestão das vacas e, consequentemente, podem reduzir a produção de leite. A solução não está na troca do híbrido ou na antecipação do corte, mas em procedimentos simples como afiar as facas de corte da ensiladeira duas vezes ao dia e aproximá-las das contra-facas. Estas medidas, que não têm custo algum, resolvem facilmente esses problemas. A redução no tamanho de partícula é favorável ao processo de fermentação da massa vegetal no silo pela compactação facilitada, pelo incremento na área de superfície da forragem, permitindo maior interação entre substrato e microorganismo, além de reduzir os custos de estocagem. 4. COMPACTAÇÃO DA SILAGEM DE MILHO O processo de enchimento e compactação deve ser feito de forma a distribuir por todo silo camadas uniformes de espessura média ao redor de 20 a 30 cm. Essas camadas devem ser espalhadas de forma a ficarem inclinadas em direção à entradado silo ou porta. 11 A compactação deverá ser feita com passagens consecutivas do trator ou pá carregadeira sobre a massa já distribuída. O objetivo desta compactação é a expulsão do ar, controlando a respiração, a elevação da temperatura e favorecendo a ação das bactérias produtoras de ácido láctico e do rápido abaixamento do pH do material ensilado. A densidade da silagem vai depender do tipo de implemento usado para compactação, como também do tempo total gasto na compactação por tonelada de forragem. A densidade da compactação é maximizada pela utilização de tratores mais pesados com pneus que aplicam um maior peso por unidade de superfície. Devemos utilizar rodas mais finas para que possam fazer uma maior pressão por unidade de área. 5. FASES DA ENSILAGEM O processo de ensilagem é constituído de quatro fases: a) fase anterior ao fechamento do silo; B) fermentação ativa; c) fase estável; d) pós-abertura. Durante a fase anterior ao fechamento do silo, de pré-vedação, as células da planta e microrganismos aeróbicos presentes consomem o oxigênio, carboidratos solúveis e proteínas são convertidos em água, CO2, calor e amônia livre. Esta fase continua até que todo o oxigênio seja utilizado ou excluído, ou os carboidratos solúveis sejam consumidos. Quando os níveis de oxigênio diminuem, a fase de fermentação ativa inicia. A produção de ácidos reduz o pH, chegando na faixa de 3,4 a 4,5. Nessa faixa baixa de pH, mantendo o material livre de oxigênio, o crescimento de todos os microrganismos é inibido e a silagem entra na fase estável. Nesta fase, a qualidade nutricional da silagem pode ser mantida quase indefinidamente. No entanto, após a abertura do silo e exposição da silagem ao ar, o crescimento de microrganismos (bactérias, leveduras) é retomado com o consumo de ácido láctico, permitindo o aumento do pH e o crescimento de microrganismos que causam a diminuição da qualidade nutricional do material ensilado. Portanto, perdas significativas de matéria seca da silagem podem ocorrer durante a fase pós-abertura. Quanto mais rápido o oxigênio é excluído da massa ensilada, mais rápido é observada a queda de pH durante a fermentação, inibindo o crescimento de microorganismos indesejáveis, que contribuem para diminuição da qualidade nutricional da massa ensilada. 12 Portanto, os processos de colheita da forragem, transporte, compactação e vedação devem ser rápidos visando diminuir as perdas durante a fermentação e a queda do valor nutricional do material ensilado. A densidade e a matéria seca (MS) do material ensilado determinam a porosidade da silagem, afetando a taxa com o que o ar penetra na massa ensilada durante a descarga do silo, deteriorando a silagem. Além disso, quanto maior a densidade, maior a capacidade de estocagem do silo. Portanto, maiores densidades do material ensilado diminuem os custos anuais de estocagem por aumentar a quantidade de silagem estocada e por diminuir as perdas do material ensilado no silo. 6. LONA, ABAULAMENTO E FECHAMENTO DO SILO A contribuição mais expressiva da etapa de vedação do silo está em evitar a penetração de ar do ambiente externo para o interior. A vedação consiste em não permitir a entrada de ar e é feita através da cobertura do silo por uma lona e, sobre ela, uma camada de terra. As lonas pretas comumente usadas nas fazendas têm trazido problemas como rasgos, furos, entre outros. Por isso, lonas de dupla face têm dado um melhor resultado. Além disso, tem a vantagem de refl etir o calor, o que ajuda a não esquentar o material ensilado. As lonas a serem utilizadas devem ter 150 micras ou mais, para que possam durar mais tempo. Outro ponto importante é cobrir a lona com terra, restos de capins e pneus, pois ajudam a protegê-la contra os raios solares, que podem danifi cá-la. Outra operação relevante é cercar os silos com cerca de arame e tela para proteger a lona de possíveis animais que possam furá-la, como tatu, galinha, cães e o próprio rebanho, que pode se soltar e subir sobre os silos. 13 O principal objetivo no processo de ensilagem é maximizar a preservação dos nutrientes originais de uma determinada cultura, para que seja possível utilizá-la posteriormente na alimentação animal. Entretanto, incontestavelmente, o processo de fermentação no silo acarreta perdas progressivas de nutrientes. Assim, espera-se que o uso de aditivos permita reduzir tais perdas durante o processo de fermentação, aumentando o valor nutritivo ou melhorando a estabilidade aeróbia da silagem. A taxa e extensão da fermentação são dependentes das condições dentro da massa de silagem (temperatura, conteúdo de água, pH, etc), da quantidade de substrato disponível, e da quantidade e tipo de bactérias presentes. Os aditivos para silagens devem infl uenciar uma dessas variáveis para afetar a fermentação da silagem e são classifi cados como estimulantes de fermentação, inibidores de fermentação, e modifi cadores nutricionais. Os estimulantes devem aumentar a taxa de extensão da fermentação, e talvez modifi car o tipo de fermentação e os mais comumente utilizados são inoculantes de bactérias do ácido lático homofermentativas, aumentando seu número presente na massa de forragem. A adição dessas bactérias não afeta a extensão da fase aeróbica, mas pode aumentar a taxa de declínio do pH, encurtando a fase de transição. O estágio homofermentativo também pode ser diminuído porque o pH fi nal pode ser atingido mais rapidamente. Enzimas que digerem fi bra e amido podem agir indiretamente como estimulantes. Esses produtos quebram os polímeros de carboidratos (por ex. celulose), o que pode aumentar a quantidade de carboidratos fermentáveis disponíveis para as bactérias homofermentativas do ácido lático. A adição direta de açúcares fermentáveis (açúcares simples, melaço) pode aumentar a taxa e extensão da fermentação. 14 O principal objetivo no processo de ensilagem é maximizar a preservação dos nutrientes originais de uma determinada cultura, para que seja possível utilizá-la posteriormente na alimentação animal. Entretanto, incontestavelmente, o processo de fermentação no silo acarreta perdas progressivas de nutrientes. Assim, espera-se que o uso de aditivos permita reduzir tais perdas durante o processo de fermentação, aumentando o valor nutritivo ou melhorando Figura 01 Fonte: https://www.fundacaoroge.org.br/blog/tipos-diferentes-de-silo-vanta- gens-e-desvantagens O uso de inibidores (ácidos propiônico, acético, fórmico, etc.) em silagens previne o crescimento de microrganismos aeróbios ou reduz a atividade das enzimas das plantas. Seus possíveis benefícios incluem menores perdas por fermentação, menor quebra de proteína, e menor população de microrganismos indesejáveis. Amônia anidra e, em menor extensão uréia, também inibe a fermentação. Mas a amônia (lembrando que uréia é convertida a amônia) é tóxica tanto para os microrganismos desejáveis quanto para os não desejáveis, além de ter alto pH e difi cultar as alterações de pH na silagem. Um ponto importante dentro do processo de ensilagem é que o uso de aditivos deve ser avaliado com base em sua lucratividade e riscos, sendo que os benefícios devem ser maiores do que os custos. O custo dos aditivos, o trabalho e equipamento necessários para sua aplicação são fáceis de determinar, enquanto os benefícios de retorno do investimento são mais difíceis de mensurar. Inoculantes comerciais contém normalmente linhagens de bactérias homofermentativas produtoras de ácido láctico como o Lactobacillus plantarum, Pediococcus deidilactici, Streptococcus faecium e Lactobacillus lactis. Recentemente inoculantes contendo bactérias heterofermentativas, produtoras de ácido acético e propiônico, como o Lactobacillus buchneri, Pediococcus cerevisiae, Propionibacteruim sherman e Propionibacteruim acidipropionii, vem sendo avaliados com objetivo de melhorar a estabilidade aeróbia das silagens,o que implica controle da população de leveduras. Os aditivos microbianos contendo bactérias ácido-lácticas promovem queda acentuada no pH da silagem e rápido acúmulo de ácido-láctico. O crescimento das leveduras não é inibido pelo baixo valor de pH proporcionado, mas pelo aumento da população de bacteriana no início do processo de fermentação, elevando a competição por substrato entre os microrganismos, inibindo assim o desenvolvimento das leveduras em condições de anaerobiose. Os efeitos combinados da planta e enzimas microbianas resultam em grandes mudanças na fração nitrogenada durante o período de ensilagem. 15 1. Aditivos Microbianos no processo de ensilagem fermentação. Mas a amônia (lembrando que uréia é convertida a amônia) é tóxica tanto para os microrganismos desejáveis quanto para os não desejáveis, além de ter alto pH e difi cultar as alterações Um ponto importante dentro do processo de ensilagem é que o uso de aditivos deve ser avaliado com base em sua lucratividade e riscos, sendo que os benefícios devem ser maiores do que os custos. O custo dos aditivos, o trabalho e equipamento necessários para sua aplicação são fáceis de determinar, enquanto os benefícios de retorno do investimento são Figura 02 Fonte: https://www.royalmaquinas.com.br/blog/silo-qual-o-tipo-ideal-para-sua-propriedade/ A proteína presente na planta é degradada em peptídeos e aminoácidos livres através da ação de proteases produzidos pela própria planta enquanto os aa livres são degradados a amônia e outros compostos nitrogenados, principalmente, pela ação de clostridias e enterobacterias na massa ensilada. Infelizmente, a maioria de produtos finais da fermentação de silagens não são componentes normais da análise de alimentos. Por causa disto, o produtor tem pouco conhecimento do que é qualidade de uma silagem a não ser conteúdo de proteína e de fibra. Uma forma de se avaliar a qualidade da silagem, empiricamente, é a avaliação visual e de odor da silagem aberta. Silagens de boa qualidade parecem normais – coloração verde ou verde amarronzada e cheiro de acido lático. Silagens que possuem odor pútrido e coloração de marrom a verde-amarelada, pode estar com fermentação por clostrídeos. Como resultado, a ingestão pode diminuir e o conteúdo de proteína pode ter sido afetado. Em silagens de milho em particular, um forte odor de álcool é um indicador de atividade metabólica de leveduras, que causam perdas. Tais silagens geralmente tem aquecimento no silo e no cocho. Embora não adequadamente documentado, a silagem com deterioração aeróbia provavelmente leva a uma depressão no consumo de MS. Silagens escuras, negras e com odor de açúcar queimado ou tabaco sofreu muito aquecimento. Se a silagem já possui danos pelo calor, o conteúdo energético é reduzido e as frações nitrogenadas prejudicadas. O uso de aditivos em silagens pode ser considerado uma importante ferramenta para melhoria da qualidade da forragem ensilada e conseqüentemente um incremento no desempenho animal, entretanto esta técnica não substitui uma boa prática de manejo, devido ao seu potencial benéfico, independente do tipo de aditivo escolhido, que podem incluir reduções nas perdas fermentativas (antes e/ou após abertura) e possível melhora no valor nutritivo final. Além disso, deve ser levado em conta o custo-beneficio de sua utilização, devendo ser o retorno obtido superior ao investimento (custo do aditivo, mão-de-obra e equipamentos utilizados durante a aplicação). Logo o retorno é dependente do tipo de aditivo e doses utilizados, do manejo e do tipo de forragem adotado na propriedade. 16 2. Qualidade da silagem e uso de aditivos ALLEN, M. S.; MASAHITO, O.; BYUG, R. C. Nutritionist’s perspective on corn hybrids for silage. Northeast Regional Agricultural Engineering Service – Cooperative Extension. Ithaca, New York. P.25-36. 1997. BAL, M. A., COORS, J. G., SHAVER, R. D. Impact of the maturity of corn for use as silage in the diets of dairy cows on intake, digestion, and milk production. Journal of Dairy Science, v. 80, p. 2497-2503, 1997 BEAUCHAMIN, K.A.; RODE, L.M. The potencial use of feed enzymes for ruminants. Cornell Nutrition Conference for Feed Manufacturers, Cornell University, Rochester, NY, USA, p. 131-141, 1996. CAETANO, H. Avaliação de onze cultivares de milho colhidos em duas alturas de corte para a produção de silagem. 2001. 178p. Tese (Doutorado). Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Produtividade de Milho na safra brasileira 2011/12. COOPERATIVA AGRÍCOLA DE BARCELOS. A silagem de milho. 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CURSOS A DISTÂNCIA E PRESENCIAL EM PRODUÇÃO ANIMAL ESALQ/USP Departamento de Zootecnia Avenida Pádua Dias, 11 - Piracicaba/SP - CEP 13418-900 www.ctrhzootecnia.com.br cursos@ctrhzootecnia.com.br (19) 3429-4438 | (19) 99896-5661 E-BOOK DISTRIBUIDO POR CTRH Zootecnia TODOS OS DIREITOS RESERVADOS PROIBIDA A REPRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA DESTE MATERIAL
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