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1 C R I S T I N A V E N S O N 
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Cuidados paliativos são uma abordagem para melhoria da 
qualidade de vida de pacientes e familiares que enfrentam 
uma doença ameaçadora da vida, através da prevenção e 
do alívio o sofrimento, identificação precoce e impecável 
avaliação e tratamento da dor e outros problemas, físicos, 
psicossociais e espirituais (OMS) 
- Enquanto a doença afeta individualmente o paciente, suas 
consequências afetam também a família e todos os que 
vivem ou trabalham com paciente. 
O processo de doença desafia e até pode alterar os papeis 
familiares e a dinâmica do grupo. A formação do grupo 
familiar original desfaz-se conforma a doença ameaçadora 
da continuidade da vida progride até o momento da morte 
do paciente. Mesmo o paciente não estando mais presente, 
suas memorias e seu legado sobrevivem e afeta a todos. 
Quando o grupo familiar consegue lidar com as múltiplas 
mudanças e perdas relacionadas á morte, fazendo uma 
transição saudável através do processo de luto, pode 
reconstruir suas vidas e se reintegrar à sociedade. Se essa 
transição não for bem sucedida, os familiares tendem a 
adoecer, prejudicando sua atividade profissional e 
sobrecarregando o sistema de saúde. 
HISTÓRICO DE CUIDADOS PALIATIVOS E HOSPICE 
Desde a remota antiguidade, a doença, esteve presente no 
cotidiano do ser humano. Enredada nos costumes de cada 
civilização, ela passa a ser vivenciada de formas diferentes, 
despertando em sua trajetória o temor do sofrimento e da 
morte. 
Concomitantemente a evolução das doenças é observada 
ao longo da história, o aparecimento de cuidadores, pessoas 
que, perante o sofrimento e a dor, desenvolviam 
sentimentos de solicitude para com seus semelhantes, 
abrigando-os em locais denominados hospice. 
Entretanto, esses hospice não estavam, de início 
explicitamente associados com o cuidado aos moribundos, 
mas sim acolher o próximo em seu sofrimento. 
Pré história a Era Romana 
Civilizações antigas respondiam de uma forma comunitária 
às doenças ameaçadoras de continuidade da vida uma vez 
que a morte era uma doença ameaça direta a todo o grupo. 
O papel de curandeiro era desempenhado por um homem 
ou uma mulher especialmente designada. Acreditava-se 
que essas pessoas tinham poderes divinos. 
Século IV 
Fabíola, médica religiosa romana, funda um abrigo para 
pobres, doentes, peregrinos, seguindo preceitos cristãos. 
Ela escolhe a palavra hospice, que vem do latim hospes que 
significa hospedar um convidado ou estranho. 
 
Idade média e cruzadas 
Com a difusão do cristianismo, mosteiros começam a acolher 
doentes e pessoas incapacitadas. Durante os séculos VI e VII, 
viúvas e mulheres abastadas trabalham nesses mosteiros 
como as primeiras enfermeiras. 
A época das cruzadas, viajantes chegam doentes e muitos 
passam seus últimos dias sendo cuidados por monges, freiras 
e voluntárias. 
Esse cenário acaba de forma abrupta na Inglaterra e no Norte 
Europeu com a instalação da reforma e a consequente 
dissolução de muitos mosteiros. 
Século XVII - XIX 
Várias instituições de caridade surgem na Europa no século 
XVII. Abrigando pobres, órfãos e doentes. Essa ´prática se 
propaga com organizações religiosas católicas e protestantes 
que no século XIX, passam a ter características de hospitais. 
Em 1842, o termo hospice é aplicado pela primeira vez para 
um lugar dedicado ao cuidado de pessoas que estavam 
morrendo quando Madame Jeanne Garnier funda o Dames de 
Calvaire Lyon, França. 
Esse modelo evolui para a Federation des Associations des 
Dames de Calvaires e uma rede de sete hospice, incluindo o 
Calvary Hospital na cidade de Nova Iorque. 
Em 1897-1905, A Irish Sister of Charity é uma das primeiras 
organizações com missão específica de cuidar de pessoas 
com doença em fase terminal. 1897, funda o Our Lady´s 
Hospice em Dublin, e 1905 o ST. Joseph´s Hospice em 
Londres. 
No ano de 1948, Cicely Saunders, enfermeira e assistente 
social em um hospital de ensino em Londes, cuida do paciente 
David Tasma, um judeu polonês com câncer retal avançado. 
As conversas com ele e seu trabalho de voluntária (St. Luke´s 
Home for the Dying Poor, fundado em 1893 pelo Dr. Howard 
Barrett. 
Cicely Saunders, em 1967 funda o St. Christopher’s Hopsice 
em Londres, sendo o pioneiro no ensino acadêmico. Onde os 
pacientes em fase final de vida encontram alívio da dor total, 
em suas dimensões física, psicológicas, social e espiritual. 
Cicely Saunders é considerada fundadora do movimento 
hospice moderno, graças a missão de assistência, educação 
e pesquisa do St. Christopher’s. 
Inspirada em Saunders, a enfermeira norte-americana 
Florence Wald lidera a fundação do primeiro hospice nos 
Estados Unidos em Branford Connecticut, em 1974. 
Nos EUA os primeiros serviços de hospice foram oferecidos 
quase que exclusivamente nas casas dos pacientes. O 
movimento hospice incipiente era independente do sistema de 
saúde vigente. Ao contrário do que acontecia no Inglaterra, 
essas equipes eram geralmente compostas por enfermeiras e 
voluntários. 
 
 
 
 
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No Canadá, o Dr. Balfour Mount, cirurgião urológico abre 
uma das primeiras unidades de hospice em Montreal. A 
palavra ‘hospice” em francês significa o lugar derradeiro para 
abrigar os doentes pobres e os desvalidos. Por esse motivo 
Balfour Mount cunho a expressão cuidados paliativos. 
Como sinônimo de hospice, mais aceitável tanto para a 
língua inglesa quanto para a francesa. 
1975- O Royal Victoria (Montreal, Canadá) inaugura uma 
unidade de cuidados paliativos e o St. Boniface Hospital, abre 
uma unidade de cuidados terminais com a denominação de 
unidade de cuidados paliativos. 
1977 - Fundação do San Diego Hospice, Califórnia, EUA. 
Década de 90 
Os termos hospice e cuidados paliativos apresentam origens 
históricas variáveis. Para atender as necessidades de 
pacientes familiares que conviviam com doenças avançadas 
em muitos países e culturas, acontece uma evolução no 
desenvolvimento de serviços de saúde. 
Atualmente, hospice e cuidados paliativos evoluíram para 
descrever o mesmo conceito de cuidado que pretende aliviar 
o sofrimento e melhorar qualidade de vida. 
Histórico no Brasil 
Em 1990 o professor Marco Tulio de Assis Figueiredo abre 
os primeiros cursos e atendimento com filosofia paliativa na 
Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São 
Paulo. 
O Instituto Nacional do Cancer (INCA) inaugura o Centro de 
suporte terapêutico oncológico (1996), que veio a se 
transformar em uma unidade de cuidados paliativos no rio de 
janeiro. E hoje é um dos serviços mais completos do país. 
1997 a Fundação da Associação Brasileiras de Cuidados 
Paliativas (ABCP), com papel importante na divulgação de 
cuidados paliativos no país, com suporte de experientes 
profissionais da América do Norte, abriu o primeiro curso de 
cuidados paliativos na Universidade de São Paulo. 
No ano 2000 o hospital do Servidor Público Estadual de São 
Paulo inicia o serviço de cuidados paliativos em modalidade 
de atendimento domiciliar; dois anos depois inaugura uma 
enfermaria para garantir a continuidade do cuidado. 
O Sistema Único de Saúde (SUS) inclui a prática dos 
cuidados paliativos em serviços de oncologia, em 2002. 
A partir desse ano, surgem várias iniciativas de criação de 
serviços ou de grupos de interesse em cuidados paliativos 
por todo o país. 
O Ministério de Saúde cria a câmara técnica de assistência 
em cuidados paliativos. O CFM publica a resolução nº 
1,805/2006, que reconhece a prática de cuidados paliativos. 
2009 - CFM inclui, pela primeira vez na história da Medicina 
brasileira, os cuidados paliativos como princípio fundamental 
no novo Código de Ética Médica. 
 
2011 - A Associação médica Brasileira (AMB) reconhece a 
medicina paliativa como área de atuação deseis 
especialidades médicas: paliativas, medicina de família e 
comunidade, clínica médica, anestesiologia, oncologia e 
geriatria. 
2012 - Certificação dos primeiros médicos brasileiros em 
medicina paliativa como área de atuação, somando 45. 
2014 - A medicina paliativa é conhecida como área de atuação 
de outras duas especialidades médicas: medicina intensiva e 
cirurgia de cabeça e pescoço. 
No Brasil encontra-se 325 locais com enfoque na medicina 
paliativa, 26 no Centro Oeste, e 3 no Mato Grosso. 
A importância dos Cuidados Paliativos 
Aumenta a expectativa de vida de pacientes com doenças 
crônico-degenerativas incapacitantes e incuráveis. 
Com os cuidados paliativos é possível dar mais vida aos dias 
de vida que o paciente tem. 
Quando começam os Cuidados Paliativos 
 
A OMS pontua que se deve iniciar o tratamento paliativo o mais 
precocemente possível, concomitantemente ao tratamento 
curativo, utilizando -se de todos os esforços necessários para 
melhorar a compressão e controle dos sintomas. E que ao 
buscar o conforto e a qualidade de vida por meio de controle 
de sintomas, pode-se também possibilitar mais dias de vida 
(OMS,2017). 
Onde é possível oferecer cuidados paliativos? 
 
 
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Princípios dos cuidados paliativos 
1. A morte deve ser compreendida com um processo 
natural, parte da vida, e a qualidade de vida é o 
principal objetivo clínico. 
2. Os cuidados paliativos não antecipam a morte, nem 
prologam o processo de morrer. 
3. A família deve ser cuidada com tanto desempenho 
como o doente. Paciente e familiares formam a 
chamada Unidade de Cuidados. 
4. O controle de sintomas é um objetivo fundamental 
da assistência. Os sintomas devem ser 
rotineiramente avaliados e efetivamente manejados. 
5. As decisões sobre os tratamentos médicos devem 
ser feitas de maneira ética. Pacientes e familiares 
têm direito a informações acuradas sobre sua 
condição e opções de tratamento, as decisões 
devem ser tomadas de maneira compartilhada, 
respeitando-se valores étnicos e culturais. 
6. Cuidados paliativos são necessariamente providos 
por uma equipe multidisciplinar. 
7. A fragmentação da saúde tem sido uma 
consequência da sofisticação da medicina moderna. 
Em contraposição os cuidados paliativos, englobam, 
ainda, a coordenação doa cuidados e provêm a 
continuidade da assistência. 
8. A experiencia do adoecimento deve ser 
compreendida de uma maneira global, e, portanto, 
os aspectos espirituais também são encorpados na 
promoção do cuidado. 
9. A assistência não se encerra com a morte do 
paciente, mas se encerra com a morte do paciente, 
mas se estende no apoio ao luto da família, pelo 
período que for necessário. 
Dimensões dos Cuidados Paliativos 
 
1. Gestão da doença 
• Diagnóstico principal, prognóstico, evidências. 
• Comorbidades: demência, depressão, 
instabilidade postural, incontinência e 
intercorrências. 
• Delirium, convulsões, quedas, falência de órgãos. 
• Eventos adversos, como efeitos colaterais de 
fármacos. 
 
2. Físico 
• Dor e outros sintomas, nível de consciência, cognição. 
• Função, segurança, órteses e próteses. 
• Motricidade, mobilidade, deglutição e excreção 
• Sensibilidade, sentidos: audição, visão olfato, paladar, 
tato. 
• Funções fisiológicas: respiração e circulação. 
• Atividade sexual 
• Hidratação, nutrição, feridas, hábitos. 
• Alcoolismo, tabagismo. 
 
3. Psicológico 
• Personalidade, capacidades, comportamento, 
motivação 
• Emoções: depressão, ansiedade, raiva, angústia, 
desamparo, solidão, controle, medos, abandono, 
sobrecarga. 
• Medo da morte, dependência, conflito, estresse, 
reações de enfretamento. 
• Auto imagem e auto estima. 
 
4. Social 
• Valores culturais, crenças, hábitos 
• Relacionamentos, papéis com a família, amigos, 
comunidade, isolamento, abandono, reconciliação, 
ambiente seguro e confortável. 
• Privacidade, intimidade, rotinas, rituais, recreação, 
vocação 
• Recursos financeiros, despesas. 
• Aspectos legais, eleição de um procurador, diretivas 
antecipadas de vontade, testamento. 
• Proteção familiar, curatela. 
 
5. Espiritual 
• Significado, sentido da vida. Sentido existencial. 
• Transcendental, valores, crenças, práticas, filiações. 
• Religiosas, conselheiros espirituais, rituais, símbolos, 
ícones. 
 
6. Questões práticas 
• Atividades de vida diária. Cuidado pessoal: caminhar, 
tomar banho, ir ao banheiro, alimentar-se, vestir-se. 
• Atividades domésticas: cozinhar, fazer compras, lavar 
a roupa, limpar a casa, usar banco. 
• Possui cuidadores, dependentes, animais de 
estimação, acesso a telefone. 
• Transporte. 
 
7. Cuidados ao fim da vida - processo de morrer 
• Reconciliações, despedidas. 
• Doação de órgãos e doação de presentes, objetos 
pessoais, dinheiro, legado. 
• Antecipação e gestão das mudanças fisiológicas nas 
últimas horas de vida, reparação para a morte, 
rituais, declaração de óbito. 
• Manipulação do corpo e cuidados com a família. 
Funerais, celebrações. 
8. Perda e luto 
• Dor da perda, tristeza. Processo de luto, luto 
antecipatório. Luto social 
 
 
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Norteadores da assistência em cuidados paliativos 
→ Prevenção e controle de sintomas 
→ Intervenção psicossocial e espiritual 
→ Paciente e família como unidade de cuidados 
→ Autonomia e independência, comunicação e 
trabalho em equipe multiprofissional e 
interdisciplinar. 
Objetivos nos cuidados ao fim da vida 
→ Morte segura e confortável. 
→ Autodeterminação no gerenciamento do processo 
de morrer - resolução de pendências. 
→ Luto eficaz. 
Como apontado por Pessini (2004) na pratica os cuidados 
paliativos buscam se engendrar na visão da ortotanásia por 
tentar promover o morrer com dignidade cercado de ternura 
e amor, sem abreviações de avida ou prolongamento 
artificial da vida. 
 
 
Aqueles que tiveram a força e o amor para ficar ao lado de 
um paciente moribundo com o silencio que vai além das 
palavras saberão que tal momento não é assustador nem 
doloroso, mas um cessar em paz do funcionamento do 
corpo. Observar a morte em paz de um ser humano faz-nos 
lembrar uma estrela cadente. E uma entre milhões de luzes 
do céu imensa, que cintila ainda por um breve momento 
para desaparecer para sempre na noite sem fim. 
Ser terapeuta de um paciente que agoniza é conscientizar-
se da singularidade de cada indivíduo neste oceano imenso 
da humanidade. É uma tomada de consciência de nossa 
finitude, de nosso limitado período de vida. Poucos dentre 
nós vivem além dos setentas anos; ainda assim, nesse 
curto espaço de tempo, muitos dentre nós criam e vivem 
uma biografia única e nós mesmos tecemos a trama da 
história humana. 
O fato de nos concentrarmos em equipamentos e em 
pressão sanguínea não será uma tentativa desesperada de 
rejeitar a morte iminente, tão apavorante e incomoda, que 
nos faz concentrar nossas atenções nas máquinas, já que 
elas estão menos próximas de nós do que o rosto 
amargurado de outro ser humano a nos lembrar, uma vez 
mais, nossa falta de onipotência, nossas limitações, nossas 
falhas e, por último, mas não menos importante, nossa 
mortalidade? 
Sob o ponto psicológico , o homem tem que se defender de 
vários modos contra o medo crescente da morte e contra a 
a crescente incapacidade de prevê-la e precaver-se contra 
ela. Psicologicamente, ele pode negar a realidade de sua 
morte por um certo tempo. Em nosso inconsciente, não 
podemos conceber nossa própria morte, mas acreditamos 
em nossa imortalidade. Contudo, podemos aceitar a morte 
do próximo e as notícias do número dos que morrem nas 
guerras, nas batalhas e nas autoestradas só confirmam a 
crença inconsciente em nossa imortalidade, fazendo com 
que no mais recôndito de nosso inconsciente - alegremos 
com “ainda bem queeu fiz”. 
Elizabeth Kubler-Ross 
1926-2004|Suiça 
• Médica psiquiatra 
• Possivelmente sofreu influências da psicanálise 
• Vivenciou o contexto da Segunda Guerra Mundial 
Filha trigêmea de um casal de suíços, Elisabeth quando 
criança precisou realizar grande esforço para ser reconhecida 
em sua singularidade, já que os valores de sua cultura de 
origem eram comuns tratar as crianças de uma mesma família 
de maneira rigorosamente igual. 
Mostrar a singularidade foi a marca central do que Elisabeth 
Faria mais tarde, ao dar voz ao sofrimento singular de cada 
pessoa que se defrontava com a proximidade da morte, ou com 
o processo de luto. 
Atuando como médica no interior da suíça onde pode se 
aproximar dos pacientes passava horas como médica, 
conversando e escutando pacientes gravemente enfermos, 
sendo despertada para o trabalho pelo qual viria a se 
notabilizar. 
Nos anos que se seguiram, Elisabeth conduziu um seminário 
transformador, que mudou a face dos cuidados em saúde e 
produziu um grande impacto na vida de milhões de pessoas. 
Uma brisa de esperança cuja força ainda experimentamos, 
quase cinquenta anos depois. 
Decorrentes seminários foram feitos por Elizabeth e onde foi 
compilado num livro , o “sobre a morte e o morrer” (1969), 
produziu grande impacto na literatura médica da época. 
Descreveu seu modelo de estágios do processo de morrer, e 
compreendido erroneamente no decorrer dos anos com um 
modelo fechado de fases, que se sucederiam desde o 
diagnostico até a morte. 
Apesar das incompreensões acerca de seu modelo, Elisabeth 
possibilitou uma ampla discussão em ambiente leigo e 
profissional sobre as necessidades das pessoas diante da 
morte e do processo de luto. Sem seu trabalho pioneiro, a 
difusão da tanatologia e dos cuidados paliativos teria sofrido 
grande atraso, não apenas no EUA, mas em todo o mundo. 
No decorrer dos anos, publicou mais de 20 obras, recebeu 
premiações e tornou-se uma das mulheres mais reconhecidas 
do mundo, pelo seu trabalho humanitário de assistência e 
apoio a pessoas gravemente enfermas e seus familiares. 
Noções básicas sobre a morte 
Morte: atribuída a uma intervenção maligna, que gera medo. 
Na infância: a morte, com frequência, é vista como um fato 
não permanente. 
Autopunição: redução do castigo-culpa e meda da própria 
morte. 
Falar sobre a morte sempre foi um tema incomodo para muitas 
pessoas, tendo uma vista os mistérios e tabus que envolvem o 
assunto. Porém “o morrer” vem se transformando com o 
decorrer do tempo. Com as tecnologias cada vez mais 
avançadas é possível retardar, atenuar, diminuir a dor do 
 a morte 
 
 
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individuo terminal. Ou seja, a morte tem deixado de ser um 
episodio para se tornar um processo. 
A morte na idade média era vista como natural e justa. O 
doente era o protagonista da cena e, nos momentos que 
precediam a sua morte, era fundamental que os amigos e 
familiares, incluído crianças, estivessem presentes. Dessa 
forma, poderia pedir perdão aqueles que rodeava e assim 
considerava-se preparado para morrer. 
Durante os séculos XVI, XVII e XVIII, a morte foi 
caracterizada de maneira diferente. O homem começa a 
pensar mais na morte do outro, em virtude das 
transformações que ocorrem na concepção de família, a 
qual passa a ser mais fundada no afeto. A morte passa a 
ser encarada como inimiga, como uma violação que 
arranca o indivíduo do seu seio familiar. 
No século XX a morte deve ser escondida a qualquer custo. 
O luto neste período do século XX é cada vez mais discreto, 
e as formalidades para enterrar o corpo são cumpridas 
rapidamente, como se houvesse uma ânsia por fazer 
desaparecer e esquecer tudo que pode restar do corpo. 
O individuo que antes morria junto aos seus familiares, 
passa a morrer em centros médicos, compreendidos como 
os locais mais apropriados. 
Menezez, (2003) considera que o processo de 
medicalização social teria surgido no século XIX, e se 
desenvolvido no século XX, onde foram criados vários 
recursos para manutenção de vida. Entre eles estão: 
respiradores artificiais, parelhos de dialise, mudanças das 
arquiteturas hospitalares, com a criação das Unidades de 
Terapia Intensiva, Centro de tratamento para queimados, 
aparelhagem moderna e equipes altamente especializadas. 
A filosofia da morte contemporânea ainda é recente e será 
necessário um bom tempo para estruturar, não somente na 
sociedade brasileira, mas no mundo como um todo, tendo 
em vista a dificuldade para o ser humano lidar com um 
assunto que, mais cedo ou mais tarde passará também por 
ele. 
Cuidados paliativos 
Os cuidados paliativos preconizam humanizar a relação 
equipe de saúde-paciente-família, e proporcionar uma 
resposta razoável para as pessoas portadoras de doenças 
que ameaçam a continuidade da vida, desde o diagnostico 
dessa doença até seus momentos finais. 
A medicina paliativa busca o seu espaço, para que não 
somente o paciente com possibilidades de cura seja 
atendido, mas os que sofrem com doenças em que a morte 
é inevitável. 
A morte digna é de grande significado para o doente e para 
o profissional que é compreensivo e solidário.

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