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Análise do conto O Menino de Lygia Fagundes Telles

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Governo do Estado do Rio Grande do Norte
Secretaria do Estado, de Educação e da Cultura – SEEC
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN
 Faculdade de Letras e Artes – FALA
Departamento de Letras Estrangeiras – DLE
Disciplina Literatura Luso-Brasileira
Aluno (a): Cecilia Carolina Lamas Zamorano
Análise do conto O Menino de Lygia Fagundes Telles
 Nesta narrativa podemos constatar que devido a os fatos ocorridos no decorrer da história que esta se desenvolve em um período de algumas horas, que englobam os preparativos para o passeio, a caminhada até o cinema, mais ou menos duas horas para a projeção do filme, e o retorno para casa que foi realizado a pé. Com o título, imaginamos que o enredo irá se desenvolver em detalhes que nos levariam a infância desse menino, mas percebe-se com os desfecho desta história, que não é bem assim. Apresentando uma família típica da classe média, (se constata pelo aparecimento de uma empregada) da época da década dos 40 a 50 onde o chefe e provedor do lar era o marido, a esposa rainha desse lar e seu pequeno filho, época onde geralmente nessa classe social primava as aparências. Apesar do menino ser o protagonista da história, o tema principal do conto não é infantil, sendo uma pista falsa o título e algo interessante é que as personagens principais, a mãe e o menino, não apresentam nome próprio.
 No primeiro momento do conto a narrativa é leve, alegre, uma noite de entretenimento, onde o narrador nos fornece uma riqueza de detalhes sobre as personagens principais que vão sendo construídas ao longo da história, por meio dos elementos internos e externos de cada uma, onde, por exemplo, podemos dizer que a mãe é uma mulher de trinta e poucos anos, bonita, vaidosa. Ela é caracterizada por elementos externos, “cabelos muito louros e curtos”, cujos anéis formam uma “coroa de caracóis sobre a testa”. (p.70) A figura da coroa está ligada à imagem de rainha; onde deixa com clareza a admiração que o menino tem por sua mãe que a vê como se ela fosse uma rainha, uma figura de força e poder. Aqui já vemos a aparição dos elementos internos onde o narrador mostra desde a perspectiva de como o menino vê a sua a mãe. Para ele, ela é a perfeição e sente muito orgulho dela podendo constatar isto quando ele está radiante pelo passeio que fará com a mãe, a quem admira principalmente pela beleza física, deixando isto evidente no trecho “O menino fez questão de cumprimentá-los em voz alta para que todos ficassem assim mudos olhando. Vejam esta é minha mãe! – teve vontade de gritar-lhes. Nenhum tem uma mãe linda assim”. (p.71).
 O narrador aparece de forma rápida, fazendo uma descrição, por exemplo. Logo em seguida, “esconde-se” através da utilização do discurso indireto livre, por meio do qual há o registro de reflexões ou pensamentos das personagens, com as quais o narrador passa a se confundir, como pode ser observado no trecho a seguir:
Na rua, ele andava pisando forte, o queixo erguido, os olhos acesos. Tão bom sair de mãos dadas com a mãe. Melhor ainda quando o pai não ia junto porque assim ficava sendo o cavalheiro dela. Quando crescesse haveria de se casar com uma moça igual. ( p.71). O efeito disso é a sensação que, na maior parte do tempo, o narrador se mantém afastado e são as próprias personagens que falam por si nas aparições de diálogos. Isso leva a uma proximidade com as personagens, como se o leitor estivesse presente às cenas, observando-as enquanto acontece, este ademais 
 Neste momento temos uma antecipação do que será o desfecho desta história quando ao chegar ao cinema, a mãe passa a se comportar de forma estranha, incompreensível. O clima entre os dois muda, torna-se tenso. Cabe mencionar que neste momento mostra-se que o menino parece conhecer muito bem a sua mãe, “os olhos tinham aquela expressão que o menino conhecia muito bem”; “Mas ele sabia que quando ela falava assim”. (p.72) Quando a mãe começa a explicar a história do filme ao filho. O leitor percebe, então, que a mulher já conhece o filme e que ela mentiu para o filho ao afirmar que não sabia qual a fita que iriam assistir, além disso, o leitor também passa a perceber que ela queria a companhia do filho porque o menino serve como um álibi e com esse intuito, não revela que estão indo ver um filme de amor (para não correr o risco do menino recusar-se a acompanhá-la). Ela é uma mulher astuta, articula o plano pensando em todos os detalhes.
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 A partir deste momento, aparece o clímax da narrativa já que aqui ocorre o impacto da descoberta: “Então viu: a mão pequena e branca, muito branca, deslizou pelo braço da poltrona e pousou devagarinho nos joelhos do homem que acabara de chegar” (p. 75). O menino a partir deste momento fica desnorteado e está confuso, não consegue compreender completamente a abrangência do que está acontecendo. “Por que a mãe fazia aquilo?! Por que a mãe fazia aquilo?!...” (p.75) praticamente permaneceu imóvel por bastante tempo “redondo e estáticos os olhos, se encravaram na tela”, moviam-se as imagens sem sentido num sonho fragmentado” (p.75). O leitor pode perceber porque o narrador nos oferece detalhes dos fragmentos do filme em: “Os letreiros dançavam se fundiam pesadamente se moviam [...]um bar em Tóquio, brigas a fuga do moço [...]torturas e gritos nos corredores paralelos da prisão [...]o carro derrapando sem freios. Tiros” (p.75,76). Mas o menino permanecia no mesmo estado ao final quem estava passando por uma tortura emocional era ele. O menino ao descobrir 'tudo', sente vontade de enfrentá-lo “Fechou os punhos. ‘Eu pulo no pescoço dele, eu esgano ele!’” (p. 76). Quer brigar com o homem, mas percebe que não pode, sente-se impotente. “Aquele contato foi como ponta de um alfinete num balão de ar. (...). Encolheu-se murcho no fundo da poltrona e pendeu a cabeça para o peito” (p. 76).
 Já neste momento temos a aparição de uma mistura de narrador e o diálogo entre as personagens, a narrativa deixa bem explicita a hipocrisia da mãe, quando está lhe faz a pergunta: “Mas que é o que você tem filho?” produzindo neste instante uma certa empatia do leitor com a personagem do menino, (p.77) .Quando retornam à casa onde fizeram o mesmo percurso a pé ocorre uma mudança de sentimentos , o menino já não era mais aquele que sentia orgulho dessa mãe tão bela fisicamente como já mencionado anteriormente. Ele, que antes sentia orgulho da mulher, agora sente raiva e nojo. Chega a invejar o amigo Júlio e a mãe que tem. No instante em que o narrador disse “Diante a casa de Júlio instintivamente retardou o passo” (p.77) temos a impressão que o leitor obrigatoriamente deve parar para refletir e perguntar-se qual é realmente a beleza que importa a externa ou a interna.
 No momento de desfecho no qual as personagens principais chegam em casa, neste momento temos a aparição do chefe do lar, o pai desse menino que em sua inocência espera por sua amada e seu filho, descansando de sua jornada diária de trabalho, lendo o jornal como de costume. Neste instante o menino acredita que sabendo o que tinha presenciado um ato grave e vergonhoso, ficou com medo pensando que algo terrível iria acontecer,” O menino estancou na porta. A certeza de uma coisa terrível ia acontecer, paralisou-a atônito, obumbrado.” (p.78), mais nada acontece! é neste instante em que se faz a retomada da hipocrisia dela quando esta fala a seu esposo: “Então, meu amor, lendo o seu jornalzinho? Perguntou ela beijando o homem na face Mas a luz não está muito fraca?” e depois perguntando ao filho “Ah, confessa filhote, você detestou, não foi?” (p.78). Neste momento vemos que aquele menino que antes tão orgulhoso de sua mãe ao presenciar tal ato de traição, este no final amadurece de forma forçada demonstrando-o na decisão que teve de tomar de não contar-lhe nada a seu pai, em vez disso o guarda para se.
 O conto O Menino pode ser considerado uma narrativa de aprendizagem. O protagonista passa por uma experiência dolorosa,que faz com que perca a inocência típica da criança e, além disso, veja ruir a imagem da mãe, o ídolo que adorara até então. Nesta narrativa podemos encontrar uma intertextualidade com a tragédia grega “Édipo Rei” onde o amor que o filho possui pela mãe é tão grande e a via tão perfeita que ele queria si pudesse casaria com uma igual a ela, onde o pai seria o considerado o adversário dele: “Tão bom sair de mãos dadas com a mãe. Melhor ainda quando o pai não ia junto” (p.71), mas depois da traição e onde se vê impotente de não poder agir como homem, este passa a mudar em relação com o pai a respeito de ser seu adversário.
 A simbologia das mãos se faz presente em quase toda a narrativa, as mãos das personagens são enfocadas durante toda ela, Enquanto mãe e filho caminham rumo ao cinema, num clima alegre e harmônico, vão de mãos dadas. No clímax do conto, a mão simboliza a traição: o menino vê “a mão pequena e branca” da mãe pousando “nos joelhos do homem que acabara de chegar” e “as mãos grandes e morenas do homem” tomando “avidamente a mão pequena e branca” (p. 75). Depois disso, o menino compara a mão da mãe a “um bicho”, que desliza no escuro (p.76) antes de acabar a sessão “ele sentiu, mais que sentir adivinhou a mão pequena e branca desprender-se da mão morena” (p.76) quando ela o toca no ombro, na saída do cinema e depois “De assalto a mão dela agarrou a sua” (p.77) Ao chegarem em casa, o garoto “tem a certeza de que alguma coisa terrível vai acontecer” e, com “o olhar em pânico procurou as mãos do pai” (p. 78). Ainda com relação às atitudes das mãos, o pai “estendeu a mão ao menino e com a outra começou a acariciar o braço nu da mulher” (p. 78) 
 Esta narrativa apresenta três espaços diferentes no desenvolvimento da história. Primeiro temos o quarto da casa, onde, esta narrativa começa a ser contada da perspectiva do menino sobre os detalhes da arrumação da mãe. O segundo seria a rua por onde eles passaram em direção ao cinema, onde se enfoca a casa de Júlio e por último o mais transcendental o cinema onde há uma ambientação muito mais rica que os outros espaços, é onde encontramos o ápice do enredo. 
 A narrativa é heterodiegética e apresenta dois personagens primários o menino e a mãe dele.

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