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AULA 01 - DIREITO INTERNACIONAL CONTEMPOR+éNEO

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DIREITO INTERNACIONAL: 
AULA 01: DIREITO INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO
VERTENTES DE DIREITO INTERNACIONAL: DIPublico e DIPrivado
Ao falarmos em direito internacional, temos subdivisões:
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO. É o conjunto de normas jurídicas que regem as relações públicas da sociedade internacional.
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. CAUSAS MULTICONECTADAS. Conflito de leis no Espaço – qual é a lei aplicável em uma relação jurídica internacional? 
Ex.: contrato entre Gol e Boieng celebrado nos EUA para ser executado no Brasil. Boeing não entrega aviões no prazo e Gol quer propor a ação. A Boeing fica indignada ao saber da ação, pois a Gol havia pedido um extra nos aviões que a faria atrasar, pedindo excesso de prazo. Assim, a Boeing propõe ação em face da GOL por dano a sua imagem. Art. 23 e 24 CPC traz a solução para conflito de jurisdição, mas antes disso deve-se atentar para a pergunta feita, “onde a GOL poderá propor a ação?”, pois cada pais é soberano para dizer até onde vai sua jurisdição, assim, se por acaso o Brasil disser que é competente e os EUA disser que é competente, nesse caso há fórum shopping, possibilidade de escolher foro, sopesar as vantagens de cada foro. O CPC nos diz que a autoridade judiciária brasileira tem competência internacional quando no Brasil tiver de ser executada a obrigação quando se trata de competência internacional, jurisdição. Os EUA adotam um critério que se chama de CONTATOS MINIMOS, MINIMUM CONTACTS, que é critério segundo o qual a autoridade americana terá jurisdição sobre a causa multiconectada se a causa tiver um mínimo de contato com a jurisdição americana. 
Assim, nas causas multiconectadas devemos atentar para duas questões:
Onde pode ser proposta a ação?
Qual será o direito aplicável? 
Diante de uma causa multiconectada cada ordenamento jurídico procura fazer justiça à causa, procurando aproxima-la do ambiente jurídico que serviu para a relação entabulada. Os ordenamentos chegam a soluções distintas e por métodos distintos que tomam conclusões.
VEREMOS DETALHADAMENTE NA AULA 08, 09.
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
A) INTRODUÇÃO – O QUE É DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO? 
Direito internacional é o sistema de regras de direito que regem as relações de direito público da sociedade internacional, entre os múltiplos atores que compõe a sociedade internacional. 
O agrupamento de seres humanos pelas várias regiões do planeta fomentou a criação de blocos de indivíduos com características (sociais, culturais, religiosas, políticas etc.) em quase tudo comuns. Desse agrupamento humano (cuja origem primitiva é a família) nasce sempre uma comunidade ligada por um laço espontâneo e subjetivo de identidade.
Na medida em que essa dada comunidade humana (assim como tudo o que caracterizava a vida na polis, no sentido aristotélico) passa a ultrapassar os impedimentos físicos que o planeta lhe impõe (montanhas, florestas, desertos, mares etc.) e a descobrir que existem outras comunidades espalhadas pelos quatro cantos da Terra, surge a necessidade de coexistência entre elas. Em consequência, a civilização passa a ter por meta a luta constante contra as dificuldades dessa coexistência. Entre povos com características tão diferentes não se vislumbra um vínculo espontâneo e subjetivo de identidade capaz de unir ou conjugar (como nas relações comunitárias) os sujeitos que os compõem. O que passa a existir é uma relação de suportabilidade entre eles, como que numa relação contratual em que se desprezam as características sociais, culturais, econômicas e políticas de cada uma das partes, para dar lugar a uma relação negocial entre elas.
Por isso, desde o momento em que o homem passou a conviver em sociedade, com todas as implicações que esta lhe impõe, tornou-se necessária a criação de determinadas normas de conduta, a fim de reger a vida em grupo - lembre-se da afirmativa de Aristóteles de que o homem é um ser social-, harmonizando e regulamentando os interesses mútuos.
O Direito, entretanto, em decorrência de sua evolução, passa a não mais se contentar em reger situações limitadas às fronteiras territoriais da sociedade, que, modernamente, é representada pela figura do Estado. Assim como as comunidades de indivíduos não são iguais, o mesmo acontece com os Estados, cujas características variam segundo diversos fatores (econômicos, sociais, políticos, culturais, comerciais, religiosos, geográficos
etc.). À medida que estes se multiplicam e na medida em que crescem os intercâmbios internacionais, nos mais variados setores da vida humana, o Direito transcende os limites territoriais da soberania estatal rumo à criação de um sistema de normas jurídicas capaz de coordenar vários interesses estatais simultâneos, de forma a poderem os Estados, em seu conjunto, alcançar suas finalidades e interesses recíprocos.
O Direito, entretanto, em decorrência de sua evolução, passa a não mais se contentar em reger situações limitadas às fronteiras territoriais da sociedade, que, modernamente, é representada pela figura do Estado. Assim como as comunidades de indivíduos não são iguais, o mesmo acontece com os Estados, cujas características variam segundo diversos fatores (econômicos, sociais, políticos, culturais, comerciais, religiosos, geográficos etc.). À medida que estes se multiplicam e na medida em que crescem os intercâmbios internacionais, nos mais variados setores da vida humana, o Direito transcende os limites territoriais da soberania estatal rumo à criação de um sistema de normas jurídicas capaz de coordenar vários interesses estatais simultâneos, de forma a poderem os Estados, em seu conjunto, alcançar suas finalidades e interesses recíprocos.
Verifica-se, com esse fenômeno, que o Direito vai deixando de somente regular questões internas para também disciplinar atividades que transcendem os limites físicos dos Estados, criando um conjunto de normas com aptidão para realizar esse mister. Esse sistema de normas jurídicas (dinâmico por excelência) que visa disciplinar e regulamentar as atividades exteriores da sociedade dos Estados (e também, atualmente, das organizações interestatais e dos próprios indivíduos) é o que se chama de Direito Internacional Público ou Direito das Gentes.2 Mas, como se verá no decorrer deste Curso, o estudo do Direito Internacional Público apresenta questões por demais embaraçosas, que somente podem ser resolvidas com uma parcela de boa vontade dos Estados, aos quais, prioritariamente, esse sistema de normas jurídicas é destinado.
O DIP foi constituído para reger a sociedade de Estados, tendo data, hora e local de nascimento: nasceu na Westfália, no século XVIII, com a Paz de Westfália (1648), decorrente de uma guerra na Europa do Papado versus o Sacro Império Romano-Germânico (guerra dos 30 anos), no qual o papado sustentava sua sobreposição aos Estados porque o braço religioso sempre se sobrepõe ao braço secular, sustentando que os reis deviam obediência à Deus enquanto que o sacro império dizia ser sucessor de Roma e Roma seria suprema. 
Finalizada a guerra há a celebração de dois tratados de Westfália, onde se definiu que cada estado nacional teria um soberano responsável pelo seu comando. SOBERANIA. E com a soberania surge a ideia do direito internacional. Estados apenas eram sujeitos de direito internacional. Isso modifica-se quando as Organizações Internacionais passam a ser sujeitos de DIP. 
B) SOCIEDADE INTERNACIONAL.
A Paz de Westfália é o marco inicial da formação da sociedade internacional do mundo moderno e neste fato reside toda sua importância histórica. É com ela que os Estados aceitam a coexistência de várias sociedades políticas e aceitaram a possibilidade de que estas sociedades tivessem o direito de ser entidades independentes, se reconhece a coexistência de várias unidades políticas sobre a base dos princípios da soberania e da igualdade. 
B.1) CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE INTERNACIONAL. 
Ela é universal. Abrange o mundo inteiro, pois por mais que um Estado adote uma posição isolacionista, ao menos com oEstado fronteiriço terá que se relacionar. 
Aberta. Não existe número determinado de atores que façam parte das relações internacionais. 
É heterogênea. Integram-na atores que podem apresentar significativas diferenças entre si, de cunho econômico, cultural, etc.
Descentralizada. Não possui uma organização institucional a exemplo do que ocorre nos estados. É descentralizada. Não há um poder central internacional ou um governo mundial, mas vários centros de poder como os próprios Estados e as OIs não subordinados a qualquer autoridade maior. 
Paritária. Consagra igualdade jurídica entre seus membros. 
Caracteriza-se pela coordenação de interesses entre seus membros que permite a definição das regras que regulam o convívio entre seus integrantes. 
C) FASES DO DIP. Basicamente temos duas fases do Direito Internacional.
C.1) FASE CLÁSSICA. 1648-1918. Marcada pelo direito à Guerra (JUS AD BELLUM) e a colonização. Aqui o DIP preocupa-se basicamente com o estudo das relações entre estados. 
C.2) FASE MODERNA ou CONTEMPORÂNEA. Inicia com o fim da segunda guerra mundial, tendo como enfoque a proteção internacional da pessoa humana (DIDH), começando a aparecer as limitações ao poder soberano dos Estados, uso da força no cenário internacional passa a ser regulado, a colonização é vedada, havendo exaltação do Direito de Guerra – JUS IN BELLUM – direito de Haia- e do direito Humanitário (Direito de Genebra). Individuo passa a ser SUJEITO DE DIREITO INTERNACIONAL. 
	DIREITO À GUERRA 	DIREITO DE GUERRA 	DIREITO APÓS A GUERRA
	JUS AD BELLUM 	JUS IN BELLUM 	JUS POST BELLUM
	o direito de fazer a guerra quando esta parecesse justa´.
ATENÇÃO: hoje temos o DIREITO CONTRA A GUERRA, busca-se acordos internacionais evitando-a. 	direito da guerra, ao conjunto de normas, primeiro costumeiras, depois convencionais que floresceram no domínio das gentes quando a guerra era uma opção lícita para resolver conflitos entre Estados.	Direito à paz. Engloba o julgamento dos tribunais de guerra. TPI.
	Foi limitado com a carta da ONU. 
Aqui era permitida a legítima defesa preventiva, mas essa foi rechaçada pela Corte Internacional de Justiça, decisão 80 da corte no caso EUA X NICARAGUA.
Contudo essa ideia de legitima defesa preventiva acabou retomando forças com o 11 de setembro. 	Temos:
Direito de Haia: restrições a armas e táticas de Guerra. Seculo XIX e XX.
Direito de Genebra. 1949. Direito humanitário. Proteção dos indivíduos nos conflitos armados. 	
D) FUNDAMENTOS DO DIP. 
O DIPublico é conjunto de normas que regem as relações em direito público da sociedade internacional.
 Os fundamentos do DIP visa determinar o motivo pelo qual as normas internacionais são obrigatórias. 
A questão do fundamento do Direito Internacional Público, ou seja, o porquê de sua existência, tem sido, desde longo tempo, objeto de inúmeros estudos, existindo várias doutrinas que buscam demonstrar o fundamento jurídico de sua obrigatoriedade e eficácia.
Todas elas, entretanto, podem ser enquadradas em duas principais correntes:
A.1) DOUTRINA VOLUNTARISTA. 
Caráter subjetivista. Elemento central é a vontade dos sujeitos de direito internacional.
Tem base positivista.
Para ela, a obrigatoriedade do DIPdecorre sempre da VONTADE, consentimento comum dos estados, da mesma forma que no direito interno tem-se o fundamento no assentimento dos cidadãos.
O direito internacional é obrigatório porque os Estados expressa ou tacitamente assim o desejam e o querem. 
Para essa corrente o DIP repousa no consentimento dos Estados. 
Esse consentimento pode advir:
Dos tratados.
De uma vontade tácita pela aceitação do costume internacional.
Das normas do ordenamento jurídico interno. 
CRÍTICA: o DIDH os Estados devem submeter-se mesmo sem seu consentimento. Seria o jus cogens internacional. 
A.2) DOUTRINA OBJETIVISTA. 
Com a incapacidade do voluntarismo resolver o problema de fundamentação do direito internacional, assim, nasceu a corrente objetivista no século XIX.
Para esta corrente a obrigatoriedade do direito internacional advém da existência de princípios e normas superiores aos do ordenamento jurídico estatal, uma vez que a sobrevivência da sciedade internacional depende de valores superiores que tem prevalência sobre as vontades e interesses dos Estados. Ex.: Direitos Humanos. 
Para essa doutrina as normas que disciplinam e regem as relações internacionais são autonomas e independentes de qualquer decisão estatal. 
Para essa doutrina existem normas superiores que devem ser respeitadas pelos sujeitos de DIP. Ex.: normas de DIDH. 
Ambas as correntes são criticadas. 
Voluntarismo é criticado por condicionar toda a regulamentação internacional, inclusive as matérias de grande importância para a humanidade à vontade do estado. 
A doutrina objetivista ao minimizar o papel da vontade dos atores internacionais na criação de normas internacionais coloca em risco a convivência internacional, pois poderão surgir normas que não correspondem aos anseios legítimos dos povos. 
Em razão dessa crítica, surge uma terceira doutrina, elaborada por Dionísio Anzilotti, fundamentando o DIP na regra PACTA SUNT SERVANDA. 
Para esse autor o direito internacional é obrigatório por conter normas importantes para o desenvolvimento da sociedade internacional. 
Existe uma mistura da teoria voluntarista e objetivista. Os Estados obrigam-se a cumprir as normas internacionais com as quais consentiram, mas o exercício da vontade estatal não pode violar o jus cogens, que é conjunto de preceitos imperativos que limitam a vontade do estado. 
Art. 53 da Convenção de Viena de 1969. É nulo tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma de Direito Internacional aceita e reconhecida pela Comunidade Internacional dos Estados. 
	VOLUNTARISMO 	OBJETIVISMO 
	Caráter subjetivo. 	Caráter objetivo. 
	Papel central da vontade. 	Irrelevância da vontade. 
	A norma é obrigatória pela concordância livre dos Estados. 	A norma é obrigatória pelo caráter de primazia que naturalmente assume. 
PESSOAS INTERNACIONAIS/ ATORES INTERNACIONAIS
Os atores de Direito Internacional Público, para a doutrina clássica, são os Estados e as Ois (a partir do século XX). Para a doutrina moderna, temos como atores os Estados, Ois, indivíduos, empresas (transnacionais), organizações não governamentais (ONGs). 
O Estado manteve-se como o centro das atenções da sociedade internacional do século XX, sendo o mais importante ente de DI. No século XX, em virtude das sérias transformações ocorridas no cenário internacional, o Estado passa partilhar a vida internacional com outros entes, as organizações internacionais e o homem, que volta a ter direitos e deveres perante a sociedade internacional. 
Para alguns autores, atores de direito internacional / sujeito de direito internacional são os Estados e Organizações Internacionais, podendo somente eles celebrar tratados. Essa posição está na Convenção de Viena de 1969 e na de 1986 (que o Brasil ainda não internalizou), Rezek assim se posiciona, dando apenas a eles personalidade jurídica de direito internacional. 
Para outros autores (minoria), além dos Estados, das Ois tem-se como atores no cenário internacional a pessoa humana (após 2 guerra), as empresas multinacionais , a santa sé, dentre outros. 
Santa sé: igreja católica. Muitos reconhecem a igreja católica como sujeito de direito internacional, sendo ela responsável pela celebração de tratados internacionais entre a Igreja e Estados, chamados esses tratados de CONCORDATAS. O Tratado de Latrão, que reconhece a Santa Sé, prevê que “ a Itália reconhece à Santa Sé o direito de representação diplomática ativo e passivo, segundo as regras gerais de direito internacional”. 
FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL
Fonte de direito são instrumentos ou processos pelos quais surgem ou se permitem identificar as normas jurídicas, sendo as razões que determinam a produção das normas jurídicas, são os motivos que levam ao aparecimento da norma jurídica. 
A) FONTES MATERIAIS E FONTES FORMAIS. 
Fontes materiais:são os elementos que provocam o aparecimento das normas jurídicas, influenciando sua criação e conteúdo. Fontes que determinam a elaboração de certa norma jurídica. Ex.: II guerra mundial consagrou e impulsionou algumas das principais normas internacionais de direitos humanos. 
Fontes formais são o modo de revelação e exteriorização da norma jurídica e dos valores que ela pretende tutelar, representadas pelas normas de direito positivo. É a forma externa e clara como o valor deverá revestir-se. Estão relacionadas às fontes materiais. Estudaremos as fontes formais. 
B) FONTES FORMAIS DE DIREITO INTERNACIONAL. 
Foram consolidadas pelo art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça. Esse rol não é exaustivo. 
São fontes:
As Convenções Internacionais. Tratados internacionais em geral. 
Costume internacional. 
Princípios gerais de direitos. 
Até aqui temos as fontes principais.
As abaixo são fontes auxiliares: 
Decisões judiciárias – jurisprudência. 
Doutrina dos juristas mais qualificados. 
Equidade. 
Artigo 38
A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: 
a. as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
b. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; 
c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;
d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et bono, se as partes com isto concordarem. 
Entre as fontes de DIP não há hierarquia segundo a Convenção, mas os Tribunais Internacionais, principalmente os Tribunais Criminais Internaciionais, leia-se TPI, Tribunais Ad Hoc, consideram as normas de JUS COGENS como superiores a qualquer norma. 
Conforme já falado, as fontes do art. 38 do Estatuto da CIJ não são taxativas, assim, existem outras fontes, que são extra-estatutárias:
Atos unilaterais de Estados. 
Atos unilaterais de Ois.
Jus Cogens.
Soft Law. 
O Estudo das principais fontes será feito em aula própria. 
GLOBALIZAÇÃO
É um processo de progressivo aprofundamento da integração entre as várias partes do mundo, especialmente na área política, econômica, social e cultural com vistas a formar um espaço internacional comum, dentro do qual bens, serviços e pessoas circulem da maneira mais desimpedida possível. 
CASO CONCRETO 1
Considerando as fontes de direito internacional público previstas no Estatuto da Corte Internacional de Justiça (CIJ) e as que se revelaram a posteriori, bem como a doutrina acerca das formas de expressão da disciplina jurídica, as convenções internacionais, que podem ser registradas ou não pela escrita, são consideradas, independentemente de sua denominação, fontes por excelência, previstas originariamente no Estatuto da CIJ. Analise a afirmativa e com base no aprendizado, julgue e fundamente sua resposta.
(CESPE – adaptada)
Existem várias espéceis de tratados, cada uma denominação própria e adequada a uma situação diferente nas relações internacionais, segundo o conteúdo do acordo ou o interesse que este pretende atender. 
O emprego das denominações dos tratados na prática internacional é indiscriminado e não influencia o caráter jurídico do instrumento nos termos da própria convenção de 1969, que determina que esses são vinculantes independentemente da denominação que lhes é adotada. Mas não há a exclusão da necessidade de escrita do tratado, concluído por Estados e OI. 
CASO CONCRETO 2
A República de Utopia e o Reino de Lilliput são dois Estados nacionais vizinhos cuja 
relação tornou-
se conflituosa nos últimos anos devido à existência de sérios indícios de 
que Lilliput estaria prestes a desenvolv
er tecnologia suficiente para a fabricação de 
armamentos nucleares, fato que Utopia entendia como uma ameaça direta a sua 
segurança. Após várias tentativas frustradas de fazer cessar o programa nuclear 
lilliputiano, a República de Utopia promoveu uma invas
ão armada a Lilliput em 
dezembro de 2001 e, após uma guerra que durou três meses, depôs o rei e promoveu a 
convocação da Assembléia Nacional Constituinte, que outorgou a Lilliput sua atual 
constituição. Nessa constituição, que é democrática e republicana, 
as antigas províncias 
foram convertidas em estados e foi instituído, no lugar do antigo Reino de Lilliput, a atual República Federativa Lilliputiana. Assim, podemos afirmar que a República 
Federativa Lilliputiana deve obediência aos costumes internacionais
gerais que eram 
vigentes no momento em que ela adquiriu personalidade jurídica de direito 
internacional, não obstante essas regras terem sido estabelecidas antes do próprio 
surgimento desse Estado. (CESPE 
–
adaptada)
a Teoria do Objetor Persistente, 
caso um Estado nunca tenha concordado com um costume, seja de forma expressa ou 
tácita, a norma consuetudinária não o irá vincular. E isso ocorre quando o Estado fica
r 
permanentemente dizendo que não concorda com esse costume (por isso o nome: 
objetor persistente). E mais, os costumes internacionais gerais que eram vigentes no 
momento em que ela adquiriu personalidade jurídica de direito internacional, não 
obstante ess
as regras terem sido estabelecidas antes do próprio surgimento desse 
Estado.
Caso Concreto 3
O litígio se dá entre Portugal e Índia. O primeiro Estado aparelhou perante a C orte Internacional de Justiça procedimento judicial internacional contra o Estado indiano, relativo a certos direitos de passagem pelo território deste último Estado de súditos portugueses (militares e civis), assim como de estrangeiros autorizados por Portugal com a intenç ão de dirigir se a pontos encravados situados perto de Damão, para acesso aos encraves de Dadra e Nagar Aveli. O Estado português alega que havia um costume [internacional] local que concedia um direito de passagem pelo território indiano a seus nacionais 
e às forças armadas até Dadra e Nagar Aveli. A alegação de fundo é a de que o Estado indiano quer anexar estes dois territórios portugueses, ferindo seus direitos soberanos sobre eles. Os indianos sustentam que, segundo o Tratado de Pooma, realizado em 1779 entre Portugal e o governante de Maratha e posteriores decretos exarados por este governante, os direitos portugueses não consistiam na soberania sobre os mencionados encraves, para os quais o direito de passagem é agora reclamado, mas apenas num "imposto sobre o rendimento". Quando o Reino Unido se tornou soberano naquele território em lugar de Maratha, encontraram os portugueses ocupando as vilas e exercendo um governo exclusivo. Os britânicos aceitaram tal posição, não reclamando qualquer tipo de sob erania, como sucessores de Maratha, mas não fizeram um econhecimento expresso de tal situação ao Estado português. Tal soberania foi aceita de forma tácita e subseqüentemente reconhecida pelo Estado indiano, portanto as vilas Dadra e NagarAveli foram tidas como territórios encravados portugueses, em território indiano.
A petição portuguesa coloca a questão que o direito de passagem foi largamente utilizado durante a soberania britânica sobre o Estado indiano, o mesmo ocorrendo no período pós-britânico. Osndianos alegam que mercadorias, com exceção de armas e munições, passavam livremente entre o Porto de Damão (território português) e ditos encraves, e que exerceram seu soberano poder de regulamentação impedindo qualquer tipo de passagem, desde a derruba da do governo português em ditos encraves. 
(Pereira, L. C . R. Costume Internacional: Gênese do Direito Internacional. Rio de Janeiro: Renova, 2002, p. 347 a 349 –Texto adaptado).
Diante da situação acima e dos dados apresentados, responda:
1)De acordo com entendimento da Corte Internacional de Justiça, qual a fonte de direito 
internacionalPúblico é aplicável a fim de dar solução ao litígio?
2)Como ela é definida?
3)Qual o elemento que a torna norma jurídica?
RESPOSTA: Os costumes apresentam essencialmente dois elementos. O elemento material (ou objetivo) que se constitui na repetição de atos, também chamados precedentes; e o elemento psicológico (ou subjetivo), identificado pela expressão latina opinio juris sive necessitatis
O primeiro elemento pode ser analisado em várias dimensões (tempo de repetição do ato; número de Estado que o praticam etc). Aqui convém perceber que o ato costumeiro é praticado por dois Estados: Índia e Portugal, ainda que o primeiro tenha estado sob o jugo colonial da Grã-Bretanha. Dessa forma identifica-se a localidade do precedente, de modo tal a sustentar a existência de um C ostume Internacional local (e não de caráter geral), caso entenda-se que contemporaneamente exista também o elemento subjetivo. Este representa a idéia de necessidade, obrigatoriedade e consentimento entre os Estados praticantes dos precedentes. No caso citado, a prática adotada pelos Estados leva a crer que existe um costume internacional local. Entretanto o direito de passagem deve se limitar ao trânsito de mercadorias e indivíduos civis e não de forças armadas, polícia militarizada, armas e munições
C aso concreto 4
Analise o texto abaixo retirado do voto de A.A. Cançado Trindade, proferido na Corte Interamericana de Direito Humanos no caso da 
Comunidade Indígena Sawhoyamaxa versus Paraguay“...No universo do Direito Internacional dos Direitos Humanos, é o indivíduo quem
alega ter seus direitos violados, quem alega sofrer os danos, quem tem que cumprir com o requisito do prévio esgotamento dos recursos internos, quem participa ativamente da eventual solução amistosa, e quem é o beneficiário 
(ele ou seus familiares) de eventuais reparações e indenizações.
Em nosso sistema regional de proteção, o espectro da persistente denegação da capacidade processual do indivíduo peticionário ante a C orte Interamericana (....) emanou de considerações dogmáticas próprias de outra época histórica tendentes a evitar seu acesso direto à instância judicial internacional, -considerações estas que, em nossos dias, ao meu modo de ver, carecem de sustentação e sentido, ainda mais tratando-se de um tribunal internacional de direito humanos.
(...).
No presente domínio de proteção, todo jusinternacionalista, fiel às origens históricas de sua disciplina, saberá contribuir para o resgate da posição do ser humano como sujeito de direito das gentes dotado de personalidade e plena capacidade jurídicas internacionais".
Responda a pergunta abaixo: 
No que se refere ao trecho do voto de Antônio Augusto C ançado Trindade, responda:
-C om base no conceito de sujeito de direito internacional e no de uma sociedade internacional aberta, como defende Celso Mello, discorra sobre a posição do ser humano como sujeito de Direitos, refletindo sobre sua personalidade e sobre sua capacidade para agir no plano internacional. 
RESPOSTA: A sociedade internacional segundo C elso Mello é aberta, significa dizer que todo ente ao reunir determinados elementos, se torna membro de Sociedade Internacional, sem que haja necessidade da manifestação de outros membros. No caso da pessoa humana, o reconhecimento de direitos na ordem internacional tornou todo e cada ser humano sujeito de direitos humanos, dotando-o de personalidade jurídica. Até a proclamação da Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 –reiterada pela Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993 –surgida após o fim da segunda guerra mundial em resposta às atrocidades cometidas durante o período de guerra, a pessoa humana não tinha direitos reconhecidos formalmente pela ordem internacional, formada até então por Estados, Organizações Internacionais e outras pessoas internacionais. O reconhecimento destes direitos inseriu o ser humano no rol das pessoas internacionais, embora muito ainda se discuta sobre sua efetiva capacidade de agir no plano internacional para fazer valer suas reivindicações morais. É certo que a Declaração Universal e todo o sistema de proteção dos direitos humanos se tornaram paradigma ético da contemporaneidade, como bem salienta Flavia Piovesan, embora ainda confinado em uma perspectiva meramente formal.

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