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Direito do trabalho 2 estrutura sindical brasileira

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Direito coletivo – continuação. Material elaborado pela professora Karina Cervo para uso exclusivo no período de quarentena devido a COVID 19
Da organização sindical
Sindicatos são entidades associativas permanentes que representam os grupos coletivos, tanto laborais, quanto patronais. No tocante aos sindicatos das categorias funcionais, sua atuação visa a tratar de problemas coletivos das respectivas bases representadas, defendendo seus interesses trabalhistas e conexos, com o objetivo de lhes alcançar melhores condições de labor e vida.
 Formas de adesão dos trabalhadores no sindicato: art. 511, CLT.
Por empreendimento de atividades idênticas, similares ou conexas, haja vista a solidariedade de interesses econômicos (ramo ou segmento empresarial de atividades);
Por ofício ou profissão;
Por categoria profissional; 
Formação e natureza jurídica
O sindicato, haja vista sua autonomia, é pessoa jurídica de direito privado. Para a sua formação, faz-se necessária a realização da primeira Assembléia, a formalização da sua ata e a criação do Estatuto do sindicato. Com tais documentos, pode-se fazer o cadastro no Cartório de Pessoas Jurídicas, bem como o registro na Secretaria de Relações do Trabalho ou no Ministério do Trabalho, para efeito de cadastro. O Cadastro Nacional de Entidades Sindicais – CNES averigua a “unicidade sindical”.
 
Organização:
 Observa-se que a cada cinco associações de sindicatos de mesma categoria, em bases territoriais diferentes, pode haver a criação da Federação, que pode ter uma abrangência nacional. Ainda, a cada três federações associadas, pode-se formalizar a Confederação, que é o órgão máximo na organização sindical.
 
Diferenças entre sindicatos e centrais sindicais
As Centrais Sindicais não compõem o modelo sindical corporativista supramencionado. Estas centrais encontram-se num âmbito paralelo à organização hierárquica sindical. Para Amauri Mascaro Nascimento, as Centrais Sindicais são entidades acima das categorias profissionais e econômicas, agrupando organizações que se situam em nível de sindicatos, federações ou confederações. 
A jurisprudência não te dado a devida importância às Centrais Sindicais, caudatárias do princípio da liberdade de associação. 
Essas centrais unificam, de certo modo a atuação sindical, mas não têm poderes de representação, portanto, não participam das negociações coletivas de trabalho.
Diferenças entre sindicatos e centrais sindicais
 As Centrais Sindicais não compõem o modelo sindical corporativista supramencionado. Estas centrais encontram-se num âmbito paralelo à organização hierárquica sindical. Para Amauri Mascaro Nascimento, as Centrais Sindicais são entidades acima das categorias profissionais e econômicas, agrupando organizações que se situam em nível de sindicatos, federações ou confederações. 
A jurisprudência não te dado a devida importância às Centrais Sindicais, caudatárias do princípio da liberdade de associação. 
Essas centrais unificam, de certo modo a atuação sindical, mas não têm poderes de representação, portanto, não participam das negociações coletivas de trabalho.
Prerrogativas sindicais
Representação;
- Desenvolver Negociação;
- Arrecadar contribuições;
- Prestar assistência de natureza jurídica;
- Demandar em juízo
 
Receitas sindicais
Contribuição Sindical (578 à 610, CLT); cujo entendimento é de que a mesma passa a ser facultativa
- Contribuição Confederativa ( Art 8º, IV, CF);
- Contribuição Assistencial (genericamente, art 513, e, CLT) tem que ser aprovado na assembléia geral (taxa de reforço sindical);
- Mensalidade dos associados do sindicato. 
As receitas sindicais foram alvo de mudanças significativas na reforma trabalhista, necessitando de autorização prévia e expressa para o recolhimento
Composição sindical
O sindicato compõe-se de três órgãos: Assembléia Geral que elege os associados para representação da categoria, toma e aprova as contas da diretoria, aplica o patrimônio do sindicato, julga os atos da diretoria, quanto a penalidades impostas a associados, delibera sobre as relações ou dissídios do trabalho, elege os diretores e membros do conselho fiscal; Diretoria, com pouco poder discricionário, entre os quais será eleito o presidente do sindicato; Conselho fiscal que supervisiona a gestão financeira do sindicato e têm mandato de três anos. 
Além dos sindicatos existem as federações e as confederações, chamadas de entidades sindicais de grau superior, mas que no que pertine a negociação coletiva e a representatividade, só tem a chamada legitimidade supletiva.
As federações são entidades sindicais de grau superior organizadas nos Estados-membros, instituídas desde que congreguem número não inferior a cinco sindicatos, representando a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas (art.534 CLT). Os órgãos internos das federações são: diretoria constituída de no mínimo três, não havendo limite máximo de membros; conselho de representantes formado pelas delegações dos sindicatos ou federações filiadas, constituída cada uma de dois membros, com mandato de três anos, cabendo um voto a cada delegação. O conselho fiscal com três membros com competência para fiscalizar a gestão financeira. 
As confederações são entidades sindicais de grau superior de âmbito nacional, constituídas de no mínimo três federações, tendo sede em Brasília (art.535 CLT), formam-se por ramo de atividade (indústria, comércio, transportes etc.) com diretoria com no mínimo três membros e conselho fiscal ambos eleitos pelo conselho de representantes para mandato de três anos. O presidente é escolhido pela diretoria entre os seus membros com organização semelhante à federação. O empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional, não poderá ser impedido de qualquer forma em prejuízo de suas atribuições sindicais (art.543 CLT), caso peça transferência do local da base ou aceite-a, perderá o mandato (§ 1º art.543 CLT). É vedada a dispensa de empregado sindicalizado a partir do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. 
Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais (dissídios coletivos) ou administrativos, representa os associados e a categoria em juízo ou fora dele. (art.513 CLT).   
Participa das negociações coletivas que irão resultar na concretização de normas coletivas (acordos ou convenções coletivas de trabalho), a serem aplicadas à categoria. 
É vedado ao sindicato o exercício direto ou indireto de atividade econômica e outras, especialmente as de caráter político-partidário, deve manter assistência judiciária aos associados, sobretudo aos com salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal ou até superior desde que comprove sua situação econômica não lhe permite demandar sem prejuízo do sustento próprio ou da família e neste caso mesmo não sendo sindicalizado
A parte contrária receberá a pauta de negociação e o convite para negociação e procederá a sua assembléia geral para discutir o reivindicado. Novo prazo é marcado para apresentação da contraproposta, fixação de novas condições ou aceito do já proposto. A rodada de negociação pode comportar várias reuniões.
 O caráter normativo ( CLT art. 611) a que se refere a norma decorre da força vinculante desses instrumentos em relação às suas disposições, às quais são aplicáveis a todos os representados pelas entidades signatárias. Porém só vincula as partes subscreventes:
Exemplos:
1) Sind. Empregados do comércio de Poa x Sind. Empregadores do comércio de Poa – aplica-se a todos os empregados e empregadores do comércio de poa
 
2) Sind. Empregados do comércio de Poa x Sind. Empregadores do comércio de Poa-Alvorada – aplica-se a todos os empregados e empregadores do comércio de poa
 
3) Sind. Empregados na industria metalúrgica e componentes elétricosde Porto Alegre x Sind das empresas de componentes elétricos do Rio grande do sul – aplica-se a todos os empregados e empregadores da industria de componentes elétricos de porto alegre.
 
Logo, deve-se procurar os pontos de convergência: categorias e bases territoriais.
 
Instrumentos normativos
Acordo coletivo 
Convenção coletiva 
Sentença normativa 
Acordo e convenção coletiva são instrumentos normativos de autocomposição. Já a sentença normativa, juntamente com a arbitragem são instrumentos normativos de heterocomposição
Acordo coletivo
É um acordo de caráter normativo por intermédio do qual o sindicato representante de uma categoria poderá firmar acordo com uma empresa ou grupo de empresas. Tem-se, pois, que é facultado aos sindicatos representativos de categorias profissionais celebrarem acordos coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, com objetivo de estipular condições de trabalho, aplicável no âmbito da empresa ou das empresas acordantes às respectivas resoluções de trabalho 
Convenção coletiva
Segundo Nascimento, “a norma jurídica resultante das negociações entre os trabalhadores e os empregadores para a autocomposição dos seus conflitos coletivos”. Seu fundamento, no âmbito do pluralismo jurídico, revela uma espontânea formação de norma jurídica elaborada diretamente pelos grupos sociais.
É convenção de caráter normativo pela qual dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômica e profissional estipulam benefícios ou condições de trabalho aplicáveis no âmbito das respectivas representações às relações individuais de trabalho.
Do prazo e da eficácia dos acordos ou convenções coletivas
As partes acordantes ou convenentes poderão determinar o prazo de duração da avença, contanto que não sobeje a dois anos (art. 614, § 3º, CLT). Poderão as partes, deste que aprovada por assembléia geral com as observâncias do art. 612, CLT, prorrogar, rever, renunciar revogar total ou parcialmente o acordo ou a convenção (art. 615, CLT). Para validade do instrumento assinado, deverão as partes proceder às formalidades previstas na lei (art. 615, § 1º, CLT). As modificações industrializadas na convenção ou no acordo coletivo, por força de revisão ou de revogação parcial de suas cláusulas, passarão a vigor três dias após a realização do depósito previsto em lei (art. 614, § 1º, CLT). As avenças resultantes do acordo coletivo ou da convenção coletiva somente têm validade pelo prazo de sua vigência.
Conteúdo dos acordos e convenções coletivas
As cláusulas de acordo e convenção coletiva podem ser classificadas como normativas ou contratuais.
 
As normativas são as que criam direitos e obrigações para as partes, tratam da condições em que o trabalho será prestado. Ex.: remuneração de horas extras superior a ao mínimo. Já as contratuais vinculam as pessoas jurídicas celebrantes do contrato coletivo, referindo-se a pessoas jurídicas. Ex.: a entrega semestral da relação e qualificação de seus empregados por parte do empregador.
 
Limites do negociado: Aqui só existe parâmetro mínimo, que a lei, matéria sumulada OJ 30 TST – renuncia ou transação de direitos constitucionais. OJC – 31. Não há limites máximos para o negociado.
 
Cf art. 7, VI acordo – redução salarial, compensação de horas podem vir por acordo coletivo. Já ampliação da jornada em turno ininterrupto só por convenção, pq? Aqui a situação do empregador é mais vantajosa a tal ponto que precisa do contraponto negociado pelo sindicato profissional.
Duração do negociado – 02 anos, súmula 277. Perda da eficácia. ADPF 323. outubro de 2016. Ultratividade. Não há.
 
Formalidades para celebração da negociação coletiva
CLT art. 613
CLT art. 614
OJ 41 da SDC do TST – preenchidos os requisitos para estabilidade durante a vigência do instrumento normativo, a mesma se mantém após o termino do mesmo. Ex.: estabilidade até a aposentadoria para quem se acidenta no trabalho e fica com lesões permanentes. Exceção a ultratividade? 
Hierarquia entre acordo coletivo e convenção coletiva; Reforma trabalhista e o art. 620 nova redação. Prevalência do acordo coletivo.
Nulidades de cláusulas de acordo/convenção coletiva: ação anulatória com competência do originária do TRT ( contudo se a base territorial abranger mais de uma base Regional, a competência será do TST)
Frustrada a negociação coletiva, as diferenças são transpostas pela mediação ou pela arbitragem facultativa, ou pela arbitragem obrigatória que é feita por meio de dissídio coletivo perante o TRT, cuja decisão chama-se sentença normativa.

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