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Doenças inflamatórias intestinais Vesícula Professora Camila Costa Universidade Estácio de Sá Fisiopatologia da Nutrição e Dietoterapia II Doenças inflamatórias intestinais (DII) � As duas DIIs são � doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa (RCU). � Doenças crônicas, de etiologia desconhecida, caracterizadas por períodos de atividade e/ou complicações, intercalados com fases de aparente remissão da doença. � Apesar de serem de etiologia desconhecida alguns fatores estão associados com o desenvolvimento das DIIs � predisposição genética, fenômeno autoimune, gatilhos virais ou bacterianos, alimentação e anticorpos (redução da exposição em países com alto poder econômico). DIIs DC CU � Pode envolver qualquer parte do TGI, da boca ao ânus (íleo terminal e o cólon normalmente envolvido); � Inflamação segmentar – áreas sadias intercaladas com áreas inflamadas; � Envolvimento transmural da parede levando à complicações como fístulas, abscessos, estenoses e obstruções (cirurgia pode ser necessária – não cura a doença mas trata as complicações). � A doença envolve sempre o reto e se estende até o cólon; � Inflamação contínua – úlceras profundas; � Sangramento retal e diarreia com sangue são sintomas comuns; � A remoção completa do cólon (colectomia) é indicada caso haja risco aumentado de desenvolvimento de câncer – cura a CU. Dietoterapia – fase aguda � Valor energético total – fator injúria 1,75/ fórmula de bolso – 35 a 40 kcal/dia; � Proteína – 1 a 1,5g /kg de peso/dia (até 2g/ kg de peso/ dia para pacientes desnutridos); � Lipídio – hipolipídica: < 20% das calorias totais pois pode piorar a diarreia (deficiência de sais biliares); � Carboidrato – normoglicídica, sem lactose, controle de mono e dissacarídeos, rica em fibras solúveis (formação de AGCC) e pobre em fibra insolúvel; � Evitar alimentos formadores de gases; � Volume aumentado e fracionamento diminuído. Cálculo energético � Gasto energético total (GET) � GET = GER + ETA x FA x FI x FT � Gasto energético de repouso (Harris Benedict, 1919) � Homens: GER = 66,50 + (13,75 X P) + (5,00 x A) – (6,78 x I) � Mulheres: GER = 655,09 + (9,56 x P) + (1,85 x A) – (4,68 x I) P = Peso (kg) A = Altura (cm) I = idade (anos) Cálculo energético Fator Atividade: Acamado: 1,2 Acamado + móvel: 1,25 Ambulante: 1,3 – 1,6 Fator Térmico: 38°C: 1,1 39°C: 1,2 40°C: 1,3 41°C: 1,4 Fator Injúria: Paciente não complicado = 1,0 Desnutrição = 1,5 Pequena cirurgia = 1,2 Cirurgia eletiva = 1,0 – 1,1 Fraturas Múltiplas = 1,2 – 1,35 Doença cardiopulmonar = 0,8 – 1,0 Doença cardiopulmonar c/cirurgia = 1,3 – 1,55 Pós-operatório de cirurgia torácica = 1,2 – 1,5 Câncer = 1,1 – 1,45 Peritonite = 1,4 Sepse = 1,4 – 1,6 Pancreatite = 1,3 – 1,6 Fratura = 1,2 Pós-operatório de cirurgia geral = 1,0 – 1,5 Infecção grave = 1,3 – 1,35 Insuficiência Renal Aguda = 1,3 Insuficiência Cardíaca = 1,3 – 1,5 Insuficiência Hepática = 1,3 -1,55 Dietoterapia – fase aguda � Nutrientes específicos imunomoduladores: Glutamina – fonte de energia para células de replicação rápida (enterócitos e linfócitos): 20 a 25 gramas/dia; Arginina – proliferação de linfócitos: até 30 gramas/dia; Ácido graxo ômega 3 – Melhora da resposta inflamatória: 3 a 5 gramas/dia; Fibras solúveis – fonte energética para os colonócitos pois produzem AGCC (acetato, propionato e butirato): 15 gramas/ dia. Exame físico Área corporal Manifestação clínica Carência Cabelo Perda de brilho, seco, fácil de arrancar, fino, quebradiço e despigmentado Proteínas e zinco Face Seborreia nasolabial e edema de face Vitamina B12, ferro e proteínas. Olhos Conjuntiva pálida, xerose conjuntival, palpebrite angular Ferro, Vitamina A, Vitamina B2 e B6 Lábios Estomatite angular e queilose Vitamina B2 Língua Glossite, língua magenta, atrofia e hipertrofia de papilas Vitamina B2, B3, B9 e B12 Gengiva Esponjosas e sangrando Vitamina C Pele Xerose, hiperqueratose folicular, petéquias e equimoses Vitamina A, C e K Unhas Coiloníquias (forma de concha) e quebradiças Ferro Tecido subcutâneo Edema e gordura abaixo do normal Proteínas e calorias TGI Hepatoesplenomegalia Proteínas Sistema nervoso Alterações psicomotoras, depressão, perda sensitiva, fraqueza motora Proteínas, Vitaminas B1, B6 e B12 Exame físico � Avaliação de gordura subcutânea (panículo adiposo) Exame físico � Palidez facial, conjuntival e palmar – sugestivo de anemia por deficiência de ferro. Exame físico – TGIS e TGII � Cavidade oral – presença de dentes, mastigação, lábios e gengivas (sangramento, cor anormal, lesões, fissuras e úlceras) e salivação (xerostomia ou sialorreia). � Esôfago – verificar disfagia, odinofagia, pirose, regurgitação, eructação, soluço, engasgos, hemese e/ou hematêmese. � Estômago – dor aguda ou crônica, intermitente ou constante, dificuldade de digestão, gastroparesia, náuseas. � ID e IG – dor aguda ou crônica, intermitente ou constante, paresia, diarreia, consistência e formato das fezes (escala de Bristol), esteatorreia, melena, mudanças de ritmo intestinal, distenção abdominal, flatulência. Avaliação bioquímica � Estado proteico somático (índice de creatinina altura e balanço nitrogenado); � Estado proteico visceral (proteínas plasmáticas); � Estado de ferro (transferrina, capacidade de ligação do ferro, saturação da transferrina e ferritina). Estado proteico visceral � Diagnóstico nutricional segundo as concentrações de albumina plasmática. Concentrações de albumina (g/dL) Classificação do estado nutricional > 3,5 Adequada 3,0 - 3,5 Depleção leve 2,4 - 2,9 Depleção moderada < 2,4 Depleção grave Vesícula biliar � Quais são as funções da vesícula biliar? � A vesícula biliar está relacionado com o processo de digestão de qual macronutriente? Vesícula biliar � Quais são as funções da vesícula biliar? � A vesícula biliar está relacionado com o processo de digestão de qual macronutriente? Órgão em forma de saco, parecido com uma pera, localizado abaixo do lobo direito do fígado. Colo Vesícula biliar � Funções: Concentrar a bile – durante o processo de concentração, água e eletrólitos são absorvidos pela mucosa do órgão: Secreção total – 600 a 1000 mL/ dia; Capacidade máxima da vesícula – 40 a 70 mL; Concentração normal da bile – 5 a 20 vezes. Armazenar a bile; Excretar a bile. Vesícula biliar Drenagem da bile Armazenamento da bile Transfere a bile ESTREITA INTER RELAÇÃO ENTRE DOENÇAS DA VESÍCULA BILIAR, FÍGADO E PÂNCREAS Ampola de Vater Anatomia funcional � A bile drena do fígado por meio dos ductos biliares intrahepáticos direito e esquerdo, que se unem para formar o ducto hepático comum. O ducto cístico desvia a bile para seu armazenamento na vesícula biliar. A anastomose do ducto hepático comum com o ducto cístico forma o ducto colédoco, que transfere a bile para o esfíncter de Oddi. Nesse nível as secreções biliares misturam-se com as que provêm do pâncreas (ducto pancreático) e fluem para o lúmen duodenal de modo controlado quando o esfíncter relaxa mediante ação hormonal da colecistoquinina (CCK) e secretina. Suco pancreático e bile fluem para o duodeno na Ampola de Vater. Vesícula biliar – motilidade � Esvaziamento da vesícula ocorre em resposta à chegada de alimentos no duodeno e aos hormônios colecistoquinina e secretina. CCK: contrações da vesícula biliar, relaxamento do esfíncter de Oddi, secreção de enzimas pancreáticas, potencializa a ação da secretina; Secretina : estimula produção de bile, secreção biliar e pancreática de bicarbonato. Bile � Principais constituintes da bile: água, eletrólitos (sódio, potássio, cálcio, cloreto), bicarbonato, fosfolipídios (lecitina), ácidos graxos, colesterol, bilirrubina e sais biliares Bilirrubina: principal pigmento da bile; derivado da liberação da hemoglobina da destruição das hemácias. Transportada para o fígado,onde é conjugada e excretada através da bile; Sais biliares: produzidos pelas células hepáticas a partir do colesterol, são essenciais para a digestão e absorção de vitaminas lipossolúveis. ATUAÇÃO COMO “DETERGENTE” EMULSIONANDO ÓLEOS E GORDURAS Sais biliares Ácidos Biliares (sintetizados no fígado a partir do colesterol) Conjugados a ácidos Cólico e Quenodesoxicólico Liberados no intestino Intestino (ação das bactérias) Ácidos Biliares Secundários (Ácido Litocólico e Deoxicólico) Reabsorvidos Pool de ácidos biliares Ácidos biliares conjugados AA Glicina e Taurina = Sais biliares (forma em que são excretados na bile) Sais biliares FÍGADO VESÍCULA INTESTINO Ácidos biliares + glicina/ taurina Bile – ácidos biliares na forma conjugada = sais biliares Esfíncter de Oddi 2-5% Excretado nas fezes Ácidos biliares Os sais biliares são excretados no intestino delgado através da bile; Reabsorção no sistema portal (circulação entero-hepatica). Bilirrubina � Origem – metabólito do heme: 80% provêm do metabolismo da hemoglobina (glóbulos vermelhos – eritrócitos senescentes). � Produzida no retículo endoplasmático – fígado, baço e medula; � O heme é captado por essas células onde o anel do grupamento heme é aberto, produzindo ferro livre e biliverdina (pigmento verde), que é reduzida a bilirrubina (pigmento amarelo) pela enzima biliverdina redutase; Bilirrubina � Essa bilirrubina recém-formada circula no sangue ligada à albumina sérica (indireta) – molécula insolúvel liberada no plasma; � É transportada pelo sistema porta até o fígado, onde penetra no hepatócito, desliga-se da albumina e se conjuga ao ácido glicurônico no fígado para se tornar solúvel e passível de eliminação em soluções aquosas; � A bilirrubina, agora já conjugada, é transportada até a membrana celular (direta) para ser metabolizada; Bilirrubina � A bilirrubina alcança o TGI, onde é metabolizada pelas bactérias da microbiota, formando o estercobilinogênio. � A maior parte do estercobilinogênio é excretada nas fezes, outra parte é reabsorvida e eventualmente reincorporada na bile (circulação entero-hepática). � Uma pequena quantidade é excretada pelos rins, sendo designado urobilinogênio. Bilirrubina � Existem portanto dois tipos de bilirrubina circulantes: Não conjugada bilirrubina indireta (ligada albumina); Conjugada, chamada de bilirrubina direta. � A bilirrubina eleva-se no soro na presença de lesões hepáticas, obstrução biliar ou quando a velocidade de destruição dos glóbulos vermelhos está aumentada. � O aumento da bilirrubina indireta é observado na síndrome hemolítica e na icterícia neonatal. � A bilirrubina direta está aumentada nas hepatites agudas e crônicas, nas reações tóxicas a várias drogas e nas obstruções do trato biliar. Bilirrubina � Existem portanto dois tipos de bilirrubina circulantes: Não conjugada bilirrubina indireta (ligada albumina); Conjugada, chamada de bilirrubina direta. � A bilirrubina eleva-se no soro na presença de lesões hepáticas, obstrução biliar ou quando a velocidade de destruição dos glóbulos vermelhos está aumentada. � O aumento da bilirrubina indireta é observado na síndrome hemolítica e na icterícia neonatal. � A bilirrubina direta está aumentada nas hepatites agudas e crônicas, nas reações tóxicas a várias drogas e nas obstruções do trato biliar. Vesiculopatias � Litíase biliar – presença de cálculos nas vias biliares (distúrbio mais comum do sistema biliar). � COLELITÍASE: presença de cálculos biliares na vesícula biliar, ausência de infecção; � COLEDOCOLITÍASE: quando os cálculos se introduzem nos ductos biliares, produzindo obstrução, dor; � COLECISTITE: inflamação da vesícula biliar; � COLANGITE: inflamação dos ductos biliares (bactérias que chegam ao canal). Colelitíase � Presença de cálculos nas vias biliares � Cálculos - composição química: � Cálculos de colesterol 70-80%. � Cálculos pigmentares 20-30%: tem um teor pequeno de colesterol em sua composição. � Cálculos mistos A alteração primária que causa a formação de cálculos é o ↑ do colesterol (cálculos de colesterol) ou o ↑ de bilirrubina, sal, cálcio (cálculos pigmentares) acima da solubilidade da bile. Colelitíase Coledocolitíase Ocorre quando os cálculos se localizam nos ductos biliares, causando obstrução,dor e cólica; Na ausência de bile no intestino, a absorção de lipídeos é prejudicada e sem os pigmentos biliares, as fezes se tornam claras – acolia fecal; Se não houver correção, pode resultar em icterícia e dano hepático – cirrose biliar secundária; Pode levar à pancreatite se o ducto pancreático for bloqueado. Colelitíase x Coledocolitíase Fatores de risco: Hereditariedade; Idade (> com a idade); Sexo feminino (após a puberdade – ação hormonal); Anticoncepcionais orais (estrogênio); Obesidade; Ressecção ileal (↓ circulação entero-hepática e do pool de sais biliares); NPT > 3 meses (↓ motilidade da vesícula); Dieta (ingestão de colesterol ↑ saturação do mesmo na bile); Hemólise crônica – ex: anemia hemolítica (↑ da bilirrubina); Doença celíaca (↓ motilidade da vesícula – ↓ produção de colecistoquinina pelo intestino). Colelitíase x Coledocolitíase � TRATAMENTO LITOTRIPSIA EXTRACORPÓREA Tratamento Nutricional Combate: Dietético: Baixo teor de gordura para impeder as contrações da vesícula biliar Colecistite � Inflamação da vesícula biliar que provoca dor e sensibilidade; � Pode ser calculosa ou acalculosa; aguda ou crônica; � Geralmente requer intervenção cirúrgica. Colecistite aguda x crônica � A colecistite pode ser dividida em duas categorias: a aguda e a crônica. Os dois tipos são diferenciados de acordo com a intensidade e a frequência com que a dor é sentida. � A colecistite aguda acontece de forma repentina, acompanhada de uma dor muito forte na parte de cima do abdômen, que passa usualmente entre 6 a 8 horas. � A colecistite crônica é caracterizada por repetidos ataques de dores que ocorrem quando cálculos biliares bloqueiam, periodicamente, o ducto cístico. Nesses casos, a ida urgente a um hospital é de extrema importância. Tratamento nutricional � Colecistite Aguda VO: Descontinuar alimentação oral Longo prazo e/ou desnutrição: - Nutrição Parenteral Ao retomar a alimentação oral: - Dieta com baixo teor de gordura � Colecistite Crônica Dieta com teor controlado de gordura a longo prazo; Cuidado com restrição excessiva: o intestino precisa de algum conteúdo de gordura para estimulação e drenagem do trato biliar; Observar intolerâncias alimentares individuais, que cursam com sintomas de flatulência e distensão abdominal; Administrar vitaminas lipossolúveis. ColangiteAguda x Crônica Colonização dos ductos biliares por bactérias intestinais que chegam aos canais por via ascendente ou pelo sangue portal causando dor, febre e icterícia. Tratamento clínico: • Colangite aguda: fluidos e antibioticoterapia. Se não houver melhora, pode ser necessária a colocação de uma sonda para extração de cálculos ou cirurgia. • Colangite esclerosante : processo inf lamatório fibrosante e estenosante progressivo, caracterizada por estreitamentos biliares. Idiopática Pode resultar em sepse ou insuficiência hepática. Antibioticoterapia. Tratamento - colecistectomia CIRURGIA LAPAROSCÓPICA Pós-colecistectomia imediata: 1º dia: dieta líquida hipolipídica; 2º dia: dieta branda hipolipídica ou adequar consistência de acordo com possíveis sintomas (náusea é o mais comum); Restrição de flatulentos, se necessário (náuseas, dor abdominal); Após esse período, dieta NORMOlipídica. Tratamento Nutricional
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