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Mariana Marques – T29 INTRODUÇÃO • Possui três regiões: cabeça, corpo e calda • É uma glândula mista com papéis importantes no sistema endócrino (produz hormônios, principalmente glucagon e insulina) e no processo de digestão dos alimentos - função exócrina (produz enzimas que formam o suco pancreático) • Ducto pancreático principal se une com o ducto colédoco FUNÇÃO EXÓCRINA DO PÂNCREAS Generalidades: • O pâncreas exócrino constitui 80% a 85% do órgão e é composto por células acinares (células epiteliais com grânulos ricos em proenzima – zimogênios) que secretam enzimas necessárias para a digestão • As células acinares são células epiteliais em forma piramidal que contêm grânulos limitados por membrana, que secreta proenzimas (zimogênios) que são conduzidas por ductos até o duodeno, onde são ativadas por clivagem proteolítica no trato gastrointestinal Secreção de proenzimas enzimaticamente inertes: • Enzimas para digestão proteica: principal - tripsinogênio • Enzimas para digestão de carboidratos: principal - amilase • Enzimas para digestão de gorduras: principal - lipase Histologia: • É possível observar os acinos e ductos do pâncreas Doenças do Pâncreas Exócrino Mariana Marques – T29 PANCREATITE Generalidades: • Pode ser subdividida em dois tipos: aguda ou crônica • Ambas são iniciadas por lesões que levam o pâncreas a realizar autodigestão através de suas próprias enzimas • Ocorre quando os mecanismos de proteção do pâncreas estão sobrecarregados Mecanismos que em condições normais protegem o pâncreas contra a autodigestão: • A maioria das enzimas digestivas são sintetizadas como proenzimas inativas (zimogênios), contidas no interior de grânulos de secreção • A maioria das proenzimas são ativadas pela enzima tripsina, ativada por enteropeptidase duodenal no intestino delgado, sendo assim, a ativação de proenzimas intrapancreáticas costuma ser mínima • Células acinares e ductais secretam inibidores de tripsina, que limita a atividade de tripsina intrapancreática PANCREATITE AGUDA Características: • É caracterizada por lesão reversível do parênquima pancreático associada à inflamação • Etiologias: em homens ocorre principalmente através de agressões tóxicas (álcool) enquanto em mulheres as causas são principalmente relacionadas a obstruções do ducto pancreático (cálculos biliares), mas, além disso, também pode ser causada por defeitos genéticos, lesões vasculares, infecções, traumas (trauma abdominal fechado ou cirúrgico) e agentes biológicos (vírus), distúrbios metabólicos (hipertrigliciremia) • Os cálculos biliares estão presentes em 35% a 60% dos casos, e a pancreatite se desenvolve em cerca de 5% dos pacientes com cálculos biliares Observação: a doença do trato biliar e o alcoolismo são responsáveis por aproximadamente 80% dos casos Fisiopatogenia: • Resulta da liberação e ativação inadequadas de enzimas pancreáticas, que destroem o tecido pancreático e estimulam uma reação inflamatória aguda (proteólise, lipólise e hemorragia): ▪ Tripsina e quimiotripsina: necrose ▪ Elastase: hemorragia ▪ Lipase: esteatonecrose • Isso ocorre pois normalmente, as enzimas pancreáticas são sintetizadas na forma de proenzimas inativas • Quando ocorre uma ativação intrapancreática inapropriada da tripsina pode gerar a ativação de outras proenzimas, como a pró-fosfolipase que degradam as células adiposas, causando esteatonecrose e a pró- elastase, que danificam as fibras elásticas dos vasos sanguíneos, gerando hemorragia • A consequente inflamação e as tromboses de pequenos vasos (podem levar à congestão e ruptura de vasos enfraquecidos) danificam as células acinares, ampliando a ativação intrapancreática das enzimas digestivas Eventos que geram ativação inapropriada das enzimas: • Obstrução dos ductos pancreáticos: ocorre principalmente por cálculos biliares, podendo ocorrer também por neoplasias periambulares, coledococeles e parasitas. Essa obstrução gera aumento da pressão ductal e leva ao acúmulo de líquido rico em enzimas pancreáticas (comumente secretadas na forma de zimogênios inativos, mas, a lipase é produzida numa forma ativa e tem o potencial de causar necrose da gordura local) que causa morte de adipócitos, estimulando uma resposta inflamatória, que gera edema intersticial e tem como consequência o comprometimento do fluxo sanguíneo local, causando insuficiência vascular e lesão isquêmica às células acinares • Lesão primária de células acinares: gera liberação de enzimas digestivas, inflamação e autodigestão de tecidos pancreáticos. O estresse oxidativo pode gerar radicais livres nas células acinares, levando à oxidação lipídica da membrana e à ativação de fatores de transcrição que induzem a expressão de quimiocinas que atraem células mononucleares. Além disso, o aumento do fluxo de cálcio é importante na ativação inapropriada de enzimas digestivas, pois o cálcio tem um papel fundamental na regulação da ativação de tripsina Mariana Marques – T29 • Transporte intracelular defeituoso de proenzimas dentro das células acinares: quando as enzimas pancreáticas são indevidamente liberadas no compartimento intracelular contendo hidrolases lisossômicas, há ativação de proenzimas, rompimento de lisossomos e liberação das enzimas ativas Observação: o consumo de álcool pode causar pancreatite através de todos esses mecanismos. O consumo de álcool aumenta transitoriamente a contração do esfíncter de Oddi (músculo da papila de Vater) e a ingestão crônica de álcool resulta na secreção de fluido pancreático rico em proteína que leva à deposição de condensações proteicas e à obstrução de pequenos ductos pancreáticos. O álcool também tem efeitos tóxicos diretos sobre as células acinares Morfologia: • Varia desde inflamação e edema a uma grave e extensa necrose com hemorragia • Alterações básicas: extravasamentos microvasculares e edema, necrose gordurosa, inflamação aguda, destruição do parênquima pancreático, e destruição dos vasos sanguíneos e hemorragia intersticial • A extensão dessas alterações depende da duração e severidade do processo Forma Edematosa: ▪ Microscopia: as alterações histológicas estão limitadas a uma leve inflamação (infiltrado inflamatório neutrofílico discreto), edema intersticial e áreas focais de necrose gordurosa no pâncreas e no tecido adiposo peripancreático (esteatonecrose) ▪ Macroscopia: Pâncreas tumefeito com focos amarelados Forma necro-hemorrágica: ▪ Microscopia: há necrose dos tecidos acinares e ductais, assim como das ilhotas de Langerhans, as lesões vasculares podem provocar hemorragia no parênquima pancreático, possui inflamação (infiltrado inflamatório de neutrófilos) e áreas focais de necrose gordurosa no pâncreas e no tecido adiposo peripancreático (esteatonecrose) ▪ Macroscopia: há áreas de necrose, hemorragia e esteatonecrose (gotas de vela) Mariana Marques – T29 Manifestações clínicas: • Emergência Médica – Abdome agudo • Sintomatologia: dor abdominal (de início súbito, constante, intensa, irradia dorso superior), febre, náuseas e vômitos, edema (hipotensão arterial – choque) e 9icterícia (obstrução colédoco) Achados Laboratoriais: • Amilase sérica: elevada nas primeiras horas do início dos sintomas e tende a retornar ao normal em 3 a 4 dias • Lipase elevada: se inicia nas primeiras horas, mas tende a permanecer elevada por mais tempo – maior especificidade • Hipocalcemia: deposição de cálcio no tecido necrótico (saponificação) – persistente = pior prognóstico • Hemograma: leucocitose com desvio a esquerda, alterações do hematócrito Complicações: • Hemorragias, liberação de enzimas pancreáticase citocinas inflamatórias na circulação, abcessos pancreáticos, aderências ou estenose de estruturas adjacentes e pseudocistos PANCREATITE CRÔNICA Características: • É definida como uma inflamação prolongada do pâncreas associada com uma destruição irreversível do parênquima exócrino, fibrose e, nos estágios mais avançados, destruição do parênquima endócrino • Os pacientes mais afetados são homens de idade avançada • A causa mais importante da pancreatite crônica é o elevado consumo de álcool à longo prazo • Outras causas: obstrução prolongada do ducto pancreático por cálculos ou neoplasia, lesão autoimune, pancreatite hereditária Pancreatite hereditária: caracterizada por ataques recorrentes de pancreatite aguda grave, normalmente de início na infância e com probabilidade de cronificação – é geneticamente diversificado, mas, a maioria das formas apresenta um defeito que aumenta ou mantém ativa a atividade da tripsina Fisiopatogenia: • Geralmente causada devido à pancreatite aguda de repetição, dessa forma, a pancreatite aguda inicia uma sequência de fibrose perilobular, distorção ductal e alteração das secreções pancreáticas • A lesão pancreática crônica causa produção local de mediadores inflamatórios que causam fibrose e perda de acinos • Há presença de fatores fibrogênicos que favorecem a deposição de colágeno e fibrose Álcool na pancreatite crônica: Observação: a pancreatite autoimune (manifestação de doenças associadas ao IgG) é patogenicamente diferente da pancreatite crônica (associada a presença de plasmócitos secretores de IgA) – a pancreatite autoimune possui sinais e sintomas semelhantes ao carcinoma pancreático Mariana Marques – T29 Morfologia: • Macroscopia: o pâncreas pode apresentar-se normal, aumentado ou diminuído com um aspecto nodular grosseiro e com presença de cálculos intraductais. Pode apresentar dilatação ductal (causada pelos cálculos ou fibrose), áreas císticas e fibrose difusa ou segmentar • Microscopia: distribuição lobular das lesões, hipotrofia ou atrofia acinar, tampões proteicos intraductais e dilatação dos ductos Insuficiência Pancreática Exócrina: Destruição progressiva do tecido acinar → Substituição por tecido fibroso → Produção inadequada de enzimas → Deficiência de absorção Aspectos clínicos: • Pode se apresentar de diversas formas, podendo estar associada a repetidas crises de pancreatite aguda ou a ataques repetidos de dor abdominal moderada a grave, ou a persistentes dores abdominais e nas costas (precipitadas por abuso de álcool, alimentação ou uso de drogas) • Perda função exócrina e endócrina: podendo gerar esteatorreia e emagrecimento e ainda, diabetes Mellitus • Em 20% dos casos podem aparecer icterícia (estreitamento do colédoco)
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