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Julia Paris Malaco – UCT15 Patologias do pâncreas O pâncreas adulto é um órgão retroperitoneal transversalmente orientado, estendendo-se desde a concavidade em “C” do duodeno até o hilo esplênico. O pâncreas é, na verdade, um complexo órgão lobular com distintos componentes exócrinos e endócrinos. O pâncreas exócrino constitui 80% a 85% do órgão e é composto por células acinares que secretam enzimas necessárias para a digestão. As células acinares são células epiteliais em forma piramidal que contêm grânulos limitados por membrana, ricos em proenzimas (zimogênios), incluindo tripsinogênio, quimotripsinogênio, procarboxipeptidase, pró- elastase, calicreinogênio, e pró-fosfolipase A e B. Após a secreção, essas proenzimas e enzimas são conduzidas por uma série de dúctulos e ductos até o duodeno, onde são ativados por clivagem proteolítica no trato gastrointestinal. A porção endócrina é composta por aproximadamente um milhão de pequenos aglomerados de células, as ilhotas de Langerhans, espalhadas por toda a glândula. As células das ilhotas secretam insulina, glucagon e somatostatina e constituem apenas 1% a 2% do órgão. Sendo assim a porção exócrina que produz as enzimas pancreáticas – suco pancreático - têm como principais patologias, as pancreatites. O suco pancreático se difere da bile pela presença de bicarbonato. O pâncreas para liberar o seu suco, se contrai por meio de células especializadas que estão no duodeno, quando o bolo alimentar entra em contato com o duodeno, células I são estimuladas e fazem com que ocorra liberação de células CCK. Além disso, também no duodeno tem células S, que são células especializadas para “amenizar” a acidez que vem do estômago, por isso as células S produzem secretina para poder ocorrer a liberação de bicarbonato. Esse bicarbonato potencializa a ação das enzimas pancreáticas além de proteger a mucos contra o ácido. Quando a CCK é liberada, o pâncreas acaba liberando suas enzimas, de duas formas Pró enzimas (inavitas): são transformadas no duodeno em enzimas ativas, isso acontece pelo contato da enteroquinase com o tripsonigenio e então isso se transforma em tripsina o A tripsina faz digestão de proteínas Enzimas prontas (ativas): já são liberadas na sua forma pronta para realizar sua ação o Amilase faz digestão de amido o Fosfolipase faz digestão de fosfolipideos o Elastase e aminopeptidase fazem digestão de fibras elásticas E a porção endócrina, que produz os hormônios Glucagon – secretado por células alfa Insulina – secretada por células beta Somatostatina – secretada por células delta Tendo como principal patologia a Diabetes Mellitus. Julia Paris Malaco – UCT15 Relações anatômicas: A calda do pâncreas se relaciona com o baço. A cabeça do pâncreas tem relação com o duodeno, compartilham a mesma vascularização – vasos do tronco ciliado. A veia esplênica passa atrás do pâncreas (diagnostico diferencial de trombose de veia esplênica) O ducto colédoco passa dentro da cabeça do pâncreas Sinal de courvosier – vesícula palpável que pode ser câncer de cabeça de pâncreas A pancreatite é uma auto-digestão pancreática. Quando se tem obstrução dos ductos, as enzimas que eram pra ser ativadas apenas no duodeno, sofrem o processo de ativação no próprio pâncreas e isso faz com que aconteça uma auto- digestão pancreática A comida ao entrar no estomago, o ácido clorídrico age para diluir o bolo alimentar, logo em seguida o bolo alimentar junto com o ácido clorídrico vai para o duodeno, ao chegar no duodeno, ocorre estimulo de células S – pela ação do ácido clorídrico – que libera e estimula a secretina a liberar bicarbonato. O bicarbonato é liberado no duodeno para protege-lo do ácido cliridrico que vem do estomago. Ainda, também tem-se estimulação das células I que liberam CCK, que faz um relaxamento do esfincer de oddi, contraindo tanto a vesícula biliar quanto o pâncreas, consequentemente liberando as enzimas pancreáticas – tanto ativas (amilase e lipase) quanto inativas (tripsinogênio), as inativas caem no lúmen duodenal onde se encontram com a enteroquinase e essa junção de tripsinogênio + enteroquinase se cliva em tripsina a qual exerce sua função na digestão de proteínas – essas enzimas desembocam na segunda porção duodenal ajudando na digestão. Pancreatite São os processos inflamatórios que comprometem o pâncreas associados a lesão de células acinares Pancreatite aguda A pancreatite aguda é caracterizada por lesão reversível do parênquima pancreático associada à inflamação e tem diversas etiologias, incluindo agressões tóxicas (p. ex., álcool), obstrução do ducto pancreático (p. ex., cálculos biliares), defeitos genéticos herdados, lesão vascular e infecções. A pancreatite aguda resulta da liberação e ativação inadequadas de enzimas pancreáticas, que destroem o tecido pancreático e estimulam uma reação inflamatória aguda. A pancreatite aguda resulta da liberação e ativação inadequadas de enzimas pancreáticas, que destroem o tecido pancreático e estimulam uma reação inflamatória aguda. Causas Colelitíase: principal causa na aguda. O calculo migra para o colédoco e para na papila duodenal Alcoolismo: o acool promove espessamento do suco pancreático formando rolhas proteicas, obstruindo ductos Idiopático Isquêmica/Trauma Vírus Droga (estrógenos, diuréticos tiazídicos, Furosemida, procainamida) A principal característica de todas essas causas é que elas promovem a ativação inapropriada de enzimas digestivas dentro do parênquima pancreático. Clinica Dor intensa, em faixa no abdome superior, dor que irradia para o dorso Icterícia Náuseas e vômitos Distensão abdominal, irritação peritoneal Sinais o Cullen: ao redor do umbigo (“centro”) o GreyTurner: localizado no flanco Demonstram presença de hemorragia retroperitoneal Julia Paris Malaco – UCT15 Exames laboratoriais Hemograma: pode apresentar leucocitose Aumento de TGO / TGP: TGO é critério prognostico para o paciente. TGP muito elevada induz uma etiologia biliar Amilase e lipase: aumento significativo de amilase (3x mais que o normal). Na pancreatite aguda por álcool pode acontecer da amilase estar normal. Amilase aumenta nas primeiras 24hrs, lipase demora mais A morfologia da pancreatite aguda varia desde triviais inflamação e edema a uma grave e extensa necrose com hemorragia. As alterações básicas são extravasamentos microvasculares e edema Necrose gordurosa Inflamação aguda Destruição do parênquima pancreático Destruição dos vasos sanguíneos e hemorragia intersticial. A necrose gordurosa, como vimos, resulta da atividade enzimática da lipase. Os ácidos graxos liberados combinam com o cálcio para formar sais insolúveis que conferem aparência microscópica granular azul às células adiposas Na forma mais grave, pancreatite necrosante aguda, há necrose dos tecidos acinares e ductais, assim como das ilhotas de Langerhans. As lesões vasculares podem provocar hemorragia no parênquima pancreático. Macroscopicamente, o tecido pancreático é hemorrágico, vermelho-enegrecido, com focos branco-amarelados de necrose gordurosa calcificada. Focos de necrose gordurosa também podem ser encontrados em áreas adiposas extrapancreáticas, como no omento, no mesentério intestinal e até mesmo fora da cavidade abdominal, como no tecido adiposo subcutâneo. Na maioria dos casos, a cavidade peritoneal contém um fluido seroso, ligeiramente turvo,acastanhado, no qual glóbulos de gordura (provenientes da ação de enzimas sobre o tecido adiposo) podem ser encontrados. Na sua forma mais grave, a pancreatite hemorrágica, uma extensa necrose parenquimatosa é acompanhada por uma hemorragia abundante dentro da glândula pancreática. Complicações Forma necrótica Coleção líquida aguda Pseudocisto Abcesso pancreático Obstrução duodenal Falência de múltiplos órgãos Choque Pancreatite crônica A pancreatite crônica é definida como uma inflamação prolongada do pâncreas associada com uma destruição irreversível do parênquima exócrino, fibrose e, nos estágios mais avançados, destruição do parênquima endócrino. e. A causa mais comum de pancreatite crônica é, de longe, o abuso de álcool em longo prazo. Causas Alcoolismo: principal causa na crônica Doença do trato biliar Hipercalcemia Hiperlipidemia Idiopático Obstrução ductal (pequenos ductos) ativação precoce de enzimas , NECROSE GORDUROSA E HEMORRAGICA (pequenos focos) FIBROSE A pancreatite crônica é caracterizada por fibrose, atrofia e destruição de ácinos e dilatação variável de ductos pancreáticos. Macroscopicamente, a glândula é rígida, por vezes com ductos extremamente dilatados e visíveis contendo concreções calcificadas. Essas alterações são tipicamente acompanhadas por um infiltrado inflamatório crônico em torno dos lóbulos e dos ductos. O epitélio ductal pode ser atrofiado ou hiperplásico, ou pode mostrar metaplasia escamosa. A destruição acinar é um aspecto constante. Geralmente, há preservação relativa das ilhotas de Langerhans, que se tornam incorporadas no tecido fibroso e podem se fundir e parecer ampliadas, mas na doença avançada as ilhotas também são perdidas. A pancreatite crônica causada por abuso de álcool é caracterizada pela dilatação ductal e por concreções proteicas intraluminais e calcificações. A pancreatite autoimune é caracterizada por um infiltrado inflamatório celular misto ductal, venulite, e numerosos plasmócitos secretores de IgG. A pancreatite crônica é caracterizada por lesão irreversível do pâncreas que leva a fibrose, perda de parênquima pancreático, perda das funções exócrina e endócrina, e alto risco de desenvolvimento de pseudocistos. Julia Paris Malaco – UCT15 Clinica Tríade clássica: calcificação em exame de imagem, esteatorréia, diabetes melito (não é sempre que acontece) Dor abdominal Diabetes melito Perda de peso Esteatorréia Icterícia Sinal: eritema de ab igne Complicações Forma pseudocisto DM Secundária Formação de cálculos Obstrução dos ducto biliar e duodeno Diminuição da absorção de vitamina K Critérios de balthazar e classificação de ranson
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