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GUARDA COMPARTILHADA MELHOR BENEFICIO PARA CRIANÇA

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ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL E ASSISTENCIAL SANTA LÚCIA
FACULDADE SANTA LÚCIA
CURSO DE DIREITO
GUARDA COMPARTILHADA OBRIGATÓRIA: MELHOR BENEFICIO PARA A CRIANÇA
Fernando Silva Tosi
MOGI MIRIM
i
 
2017
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Fernando Silva Tosi
GUARDA COMPARTILHADA OBRIGATÓRIA: MELHOR BENEFICIO PARA A CRIANÇA
Monografia apresentada à Faculdade de Santa Lúcia, da Associação Educacional e Assistencial Santa Lúcia, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. Ms. Dairson Mendes de Souza. 
MOGI MIRIM
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2017
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ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL E ASSISTENCIAL SANTA LÚCIA
Faculdade Santa Lúcia
Professor Mestre Jose Marcos Zanella Pinto
Diretor da Faculdade Santa Lúcia
Professor Mestre Dairson Mendes de Souza
Coordenador do Curso de Direito
Tosi, Fernando Silva
T714g	 Guarda compartilhada: melhor benefício para criança/ Fernando Silva Tosi. -- Mogi Mirim: [s.n.], 2017
 .... p. 
 Orientador: Prof. Dr. Dairson Mendes de Souza
 Monografia (graduação) – Faculdade Santa Lúcia, graduação em Direito. 
1. Direito processual do trabalho. 2. Execução trabalhista. 3. Execução - Quantia certa. 4. Artigo 475-J. I. Adorno Junior, Hélcio Luiz. II. Faculdade Santa Lúcia. III. Título.
 CDD 344.0105
 
 
 Ficha catalográfica elaborada por Beatriz de Fátima Barbosa CRB/8ª 6982
ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL E ASSISTENCIAL SANTA LÚCIA
FACULDADE SANTA LÚCIA
Graduação em Direito
Membros da Comissão Julgadora da Monografia de Graduação de FERNANDO SILVA TOSI, apresenta a monografia Guarda Compartilhada: Melhor Benefício para Criança à faculdade Santa Lúcia da Associação Educacional e Assistencial Santa Lúcia, em xx/xx/xx
COMISSÃO JULGADORA:
__________________________________
Nome
Faculdade Santa Lúcia
__________________________________
Nome
Faculdade Santa Lúcia
__________________________________
Prof. Dr.
Faculdade Santa Lúcia
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer primeiramente ao meu pai Antônio Fernando Vargas Tosi, por todo apoio, investimento, paciência, carinho e conselhos que me fizeram sempre ter confiança e força para concluir o curso do ensino superior. Agradecer aos meus amigos que sempre me apoiaram e incentivaram para a finalização da presente monografia e a muitas outras pessoas que estenderam a mão nos momentos em que pensei desistir.
RESUMO
O presente trabalho apresentado trata sobre a Guarda Compartilhada como melhor benefício para desenvolvimento do caráter social, emocional e afetivo para criança. Daremos início desde o princípio do conceito de família através do pátrio poder no Direito Romano e os efeitos que eram gerados desse sistema, passando pela evolução do poder familiar no ordenamento jurídico brasileiro, sobre o conceito de família atual, o instituto do casamento, filiação, adoção e dissolução conjugal, tratando sobre a alienação parental que vem causando danos psicológicos no menor e finalizando com a Guarda e Guarda Compartilhada e seus benefícios para o menor. Essa modalidade se torna a melhor, pois, continua mantendo a criança em um âmbito familiar mesmo após o divórcio dos seus genitores. Sendo assim, a rotina da criança continuará a mesma, evitando uma incansável briga na justiça por quem tem a guarda definitiva, como ocorre na Guarda Unilateral.
Palavras-Chave: Guarda compartilhada, família, criança.
ABSTRACT
The present work deals with Shared Guard as the best benefit for the development of the social, emotional and affective character for children. We will start from the beginning of the concept of family through the patrimony power in the Roman Law and the effects that were generated of this system, passing through the evolution of the familiar power in the Brazilian juridical order, on the concept of present family, the institute of marriage, adoption and conjugal dissolution, dealing with the parental alienation that is causing psychological damages in the minor and ending with the Guard and Shared Guard and its benefits for the minor. This modality becomes the best, therefore, it continues to maintain the child in a familiar scope even after the divorce of its parents. Thus, the routine of the child will continue the same, avoiding a tireless fight in the justice for who has the definitive guard, as it happens in the Unilateral Guard.
Keywords: Shared Guard, family, children
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	01
1 NASCIMENTO DO CONCEITO DE FAMÍLIA	03
1.1 Casamento no Direito Romano	03
1.2 A Origem do Pátrio Poder (Paterfamiliaes)	05
1.3 Adoção no Direito Romano	07
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PODER FAMILIAR E O CONCEITO DE FAMÍLIA NO BRASIL	10
2.1 Casamento.......................................	10
2.2 União Estável	12
2.3 Filiação (Filhos)	14
2.3.1 Adoção	15
2.4 Conceito de Poder Familiar 	17
2.4.1 Extinção do Poder Familiar	19
2.4.2 Suspensão do Poder Familiar	20
2.5 Dissolução do Casamento	22
3 GUARDA	25
3.1 Guarda Unilateral	26
3.1.1 Síndrome da Alienação Parental	27
3.2 Guarda Compartilhada	28
3.3 Benefícios da Guarda Compartilhada	30
CONSIDERAÇÕES FINAIS	33
REFERÊNCIAS	34
INTRODUÇÃO
	A presente monografia tem como principal objetivo de estudo a guarda compartilhada, sendo aplicada como melhor benefício à criança, sendo essa a modalidade de guarda que melhor atende aos interesses do menor quanto a manutenção do seu desenvolvimento social, educacional e emocional, após o rompimento conjugal de seus genitores.
	Apesar de não ser um tema novo tratado no ramo jurídico e no ramo da psicologia, para sociedade é um instituto novo que traz muitas dúvidas quanto a sua aplicabilidade na rotina da criança.
	Atualmente, o tema da guarda compartilhada encontra-se exposta em nossa legislação, através do Código Civil Brasileiro de 2002, nos artigos 1.583 e 1.584, sendo inserida pela Lei nº 11.698 de 13 de junho de 2008 e tendo sua aplicação obrigatória sancionada em 23 de dezembro de 2014. 
	Apesar de torna-se lei em 2008, alguns magistrados antes mesmo já aplicavam o instituto da Guarda Compartilhada em algumas decisões, sendo muito bem aceita pelos tribunais e instigando assim, cada vez mais a sua aplicação, pensando somente em atender o melhor interesse do menor. Assim, como o Direto encontra-se em constante evolução, não poderia ser diferente com o ramo do direito de família e que será abordado na presente monografia.
	No Brasil, a questão quanto a guarda dos filhos menores encontra-se por muitas vezes em incansáveis brigas judiciais, tratando de questões pessoais entre aqueles que são responsáveis, deixando de lado cada vez mais o direito maior interesse que é a necessidade do filho e o seu desenvolvimento social/emocional.
	Pensando em manter a aplicação do poder familiar e o melhor interesse para o menor, a modalidade da guarda compartilhada devolve o convívio com ambos os responsáveis. Essa modalidade de guarda os pais dividem as responsabilidades em relação aos filhos passando assim a terem tomadas de decisões em conjunto, permitindo assim que ambos continuem detendo o poder familiar sob o menor.
	No primeiro capítulo, iremos tratar do conceito de família e pátrio poder, que surgiram no direito romano que tem forte influência no nosso ordenamento. No segundo capitulo, falaremos sobre a formação da família no ordenamento jurídico brasileiro, que a princípio é considerado após a realização do casamento. Trataremos também sobre a união estável e união estável homoafetiva, forma de união entre duas pessoas, sem a obrigatoriedade das regras aplicadas pelo casamento matrimonial. Essa forma de união trouxe um novo conceito do que é considerado família. Ainda no segundo capítulo, falamos da mudança de pátrio poder para poder familiar, termo usando no ordenamento jurídico brasileiro que deixa de lado o conceitopatriarcal trazido pelo direito romano, bem como sua extinção e suspensão. Por fim, no terceiro e último capítulo, trataremos sobre o instituto da guarda, suas modalidades e a síndrome da alienação que vem sido causada principalmente pela aplicabilidade da guarda unilateral que transfere a guarda exclusiva para um dos responsáveis. E finalmente, sobre o principal tema da presente monografia, a aplicabilidade da guarda compartilhada e os benefícios trazidos por ela.
	O objetivo institucional da presente monografia é a obtenção do título de bacharel de Direito, pela Associação Educacional e Assistencial Santa Lúcia.
	O objetivo específico da presente monografia e mostrar a eficácia benéfica da aplicação da guarda compartilhada demonstrando ser o melhor sistema de guarda para o menor, onde permite que os filhos tenham contato com ambos os genitores, mesmo esses estando separados judicialmente, trazendo de volta o conceito de família para a vivencia da criança, permitindo o desenvolvimento psicológico, social, afetivo, educacional e emocional saudável.
CAPÍTULO 1
O NASCIMENTO DO CONCEITO DE FAMÍLIA
	Para entendermos a importância do instituto da guarda compartilhada, vamos dar início ao conceito da formação da família e do poder familiar através do Direito Romano.
	Desde a pré-história, o ser humano detém a necessidade de relacionar-se com o intuito de gerar filhos como seus herdeiros, filhos esses que iram dar continuidade em todo os ensinamentos passados.
	Daremos início através da instituição do casamento que, através dele se dá o início da formação da família e consequentemente a geração dos filhos.
	Em Roma, só era considerado família, aquele que se estivesse unido pelo matrimonio com o intuito de gerar filhos para dar continuidade aos cultos religiosos.
1.1 CASAMENTO NO DIREITO ROMANO
	Podemos dizer que, o casamento é considerado a instituição mais antiga, senão a primeira, praticamente no mundo.
	Não sendo diferente para os romanos, o casamento era ato importante e religioso, conforme dito por um antigo estudioso das crenças antigas “A primeira instituição que a religião doméstica estabeleceu foi, na verdade, o casamento.”[footnoteRef:1] [1: COULANGES, Numa-Denys Fustel de, p. 59
] 
	Trata-se como religião doméstica, aquela cultuado no lar pelos antepassados que é passado de geração a geração, sendo a religião não era exclusiva do homem, havendo participação da mulher nos cultos.
	O casamento era ato obrigatório, não tinha a finalidade de união entre duas pessoas para compartilhar alegrias e tristezas. Para religião e até mesmo as leis da época, a única finalidade do casamento, era gerar um terceiro que pudesse dar continuidade nos cultos.
	Mesmo sendo obrigatório, o casamento para os antepassados, é um ato sério, pois não se trata só do ato de transferir a mulher para a casa daquele que a pediu em casamento, é abandonar o lar paterno, sua religião, crenças e preces, ou seja, mesmo antigamente, o casamento, como ato sagrado, gerava efeitos.
	Com o passar das décadas, o casamento deixou de ser necessariamente uma espécie de cerimónia religiosa, considerando válido apenas a habitação conjunta entre homem e mulher que fossem considerados casados.
	O casamento existe desde a realeza romana. e era considerado uma monogamia em Roma, pois acreditava-se na fidelidade conjugal, a esposa deveria ser fiel ao homem, e homem a sua esposa, uma vez que os romanos visavam o lado civil e havia um ritual para união do homem e da mulher.
	O ato do casamento, gera efeitos de direito, já que dependia da vontade se concretizar. Atos esses chamados de affectio maritalis (intenção de ser marido e mulher) e honor matrimonii (realização condigna a dessa convivência conjugal). Era o cumprimento do dever cívico, dever ter filhos (um herdeiro) e transferir a herança, ou seja, constituir uma família, um patrimônio, um núcleo de cidadão e também, para obter o dote.
	Assim, quando se casava, a mulher tornava-se propriedade do marido, estando sujeita a sua forte autoridade e regras estipuladas de boa conduta e convivência social. Quando a mulher incorporava à família do marido, deveria renunciar de todos seus costumes, crenças e patrimônios.
	As uniões romanas respeitavam alguns aspectos antigos e não tinham a característica advinda do cristianismo.
	Conforme ensinando pela professora de história, Lilian Maria Aguiar[footnoteRef:2]: [2: AGUIAR, Lilian Maria Martins de, http://brasilescola.uol.com.br/historiag/casamento-formacao-familiar-na-roma-antiga.htm] 
Haviam vários tipos de casamento o confarreatio, cerimônia realizada com um pão de trigo, o farrum, essa cerimonia tinha características religiosas; o coemptio, venda simulada da mulher ao pater familias, todo ritual acontecia em cima da teatralização da venda.
	Eram ritos matrimoniais muito alegres, noivas se casando jovens, ainda meninas, usando vestes brancas, véus, grinalda de flores, o que representava a fertilidade para os romanos.
	Com o passar do tempo, essas formas de casamento e principalmente a forte autoridade do marido sob a mulher, passaram a ser menos aceita, dando espaço a novas formas de casamentos, chamadas de sinu manu e usus.
	Essas formas de casamento eram mais modernas para época romana. Conforme explica a referida professora Lilian Maria Aguiar[footnoteRef:3]: [3: Idem, http://brasilescola.uol.com.br/historiag/casamento-formacao-familiar-na-roma-antiga.htm] 
O primeiro, sinu manu, era o casamento que se dava sem a subordinação da mulher à família do marido, nesse modelo de casamento a mulher tinha a permissão de usufruir de seus bens sem nenhuma forma de dominação. O segundo, usus, significava que a mulher já morava com o marido há um ano, porém se a mulher passasse três noites consecutivas fora de casa, ou seja, longe do marido, o casamento estaria terminado.
	Mesmo essas modalidades de casamento, sendo ela extrema ou moderna, o casamento para os romanos era uma das instituições mais valorizadas.
	Havia a possibilidade de divórcio no direito romano, que inicialmente, era solicitado pelo homem a dissolução do casamento, tratando-se de casos como adultério ou infertilidade da esposa. 
3.2 A ORIGEM DO PÁTRIO PODER (PATERFAMILIAES)
	Como se sabe, o casamento dos antepassados era realizado através da instituição da religião doméstica e cultuado nos lares sob o fogo do altar.
	Tratando-se do conceito de família, não era diferente, pois família era considerado aquela que estava reunida sob o altar de suas casas, fazendo suas preces ou orações pelas manhãs, noites e durante as refeições. Até mesmo após a morte, mantinha-se o conceito de família, pois o tumulo tornava-se a segunda moradia, continuando vínculo familiar entre o vivo e o morto. Em certos dias, a família se reunia ao túmulo e ofereciam aos antepassados mortos banquetes, presentes, algumas oferendas, pedindo-lhes bênçãos, fertilidade às suas terrar e proteção.
	Para o homem romano, sua morte, o tornaria a pessoa mais feliz e divina, desde que os vivos oferecessem banquetes. Um ato continuo e público, pois, caso esse banquete cessasse, acreditava-se que o homem morto decairia para esfera inferior. Ato esse feito pelos seus descendentes, pois, eram eles que iriam dar continuidade na família, fornecer os banquetes em seu túmulo e manter sua felicidade após a morte. 
	Conforme dito por um orador ateniense “Não há homem que, sabendo que deve morrer, cuide tão pouco de si mesmo, a ponto de deixar a família sem descendentes, porque então não haveria ninguém para prestar-lhe o culto devido aos mortos”[footnoteRef:4], assim, havia o interesse de convencer o filho que a felicidade do pater, após a morte na vida futura que seguiria, dependia da continuidade dos cultos sob o altar. [4: ISEU, VII, De Apollod. her., 30. Cf. Estobeu, Serm. LXVII, 25] 
	A importância em dar continuidade nas descendências familiares e crenças religiosas, abriu espaço para a preocupação quanto ao celibato. Para os antepassados, o celibato era grave impiedade porque jogaria a família em desgraça, uma vez que, ocelibatário não iria receber nenhum culto após sua morte, era uma espécie de condenação.
	Bastariam somente as crenças religiosas para proibir o ato do celibato, porém, desde que as leis surgiram, foi estabelecido que era uma atitude má e digna de castigo.
	Leis essas de diversos povos, como por exemplo, Dionísio de Halicarnasso através de uma consulta nos anais de Roma, afirmava que havia uma lei antiga que obrigava jovens a casar[footnoteRef:5]; nos tratados das leis de Cícero, sob forma filosófica, contém uma que proibia o celibato[footnoteRef:6]; em Esparta, a legislação de Licurgo castigava o homem que não se casasse[footnoteRef:7]; uma passagem de Polux, dizia que muitas cidades gregas puniam o celibato como crime, mesmo após o celibato deixar de ser proibido pelas leis, manteve sua continuidade através dos costume. [5: Dionísio de Halicarnasso, IX, 22 – Dionisio foi um historiador e crítico literário grego da Asia Menor, nascido por volta da metade do Sec. I a. C., falecido em data desconhecida. Por volta de 29 a.C., partiu para Roma onde ensinou gramatica. Ficou através de sua obriga “Estudo sobre os antigos oradores”.] [6: CÍCERO, Marco Túlio, De legibus, III, 2 – (106-43 a.C.), advogado, político, orador e filósofo. Nascido de família rica em Roma, tornou um dos maiores oradores e escritores de Roma. Foi declarado pagão justo pela igreja, tendo assim suas obras preservadas, sendo uma delas “De legibus”.] [7: Licurgo foi um lendário legislador de Esparta, há poucas informações sobre sua existência histórica, sendo ela dita por Heródoto em meados do Século V a.C.] 
	Percebemos então que família era formada relação mais afetiva e não havia diferenças entre homem e mulher, sendo que a mulher detinha de participações nas orações ao lado do seu marido e filha com o seu pai. 
	Com o passar do tempo, o conceito de família foi mudando, já não existia mais a relação afetiva entre os seus entes, haviam diferenças entre homens e mulheres, filhos e filhas. O filho podia emancipado, a filha deixava de ser parte da família por completo após casamento e o homem tornava-se o chefe da família de modo que detinha autoridade e poder sob os demais.
	Dessa forma o conceito de família no Direito Romano passou a ser patriarcal, ou seja, a família é aquela chefiada pelo homem (no caso o pai se ainda vivo), com direitos absolutos sobre a mulher, filhos, escravos e todas pessoas livres que fizessem parte dela, entre eles esposa dos filhos (filho esse se ainda vivesse com seu pater) e netos.
	Além de chefiar a família, o pater familiaes, era o único dotado de capacidade legal e com diversos direitos e externos atribuídos a ele, direitos esses que não se estendiam a mulher, filhos e escravos. Também não era atribuído a mulher, qualquer tipo de direito sobre os filhos recém-nascidos, sendo exclusivamente do pater as decisões. Assim, se ao nascer, o pai acolhesse-se a criança em seus braços, era reconhecida como integrante da família, caso isso não acontecesse, era comum o pater matar o próprio filho sem cometer qualquer ofensa à lei (ius vitae et necis), ou abandona-lo recém-nascido, (ius exponendi), geralmente nos casos de má formação ou deficiências físicas, mas também, era atribuído extensos deveres extraordinários com as suas mulheres, filhos e escravos.
	Dentro das famílias, só poderia haver um detentor poder patriarcal, mesmo havendo filhos adultos, esses permaneciam abaixo da autoridade do pater, enquanto fosse vivo, após a sua morte, os filhos adquiriam toda propriedade, sendo que o mais velho se tornava o chefe da família conforme as leis. As mulheres sempre estavam abaixo do pater familiaes, seja o pater original, seja o pater da família depois de casada. 
	Com o passar das décadas, a civilização foi evoluindo e se tornando mais liberal, com os direitos adquiridos pelas mulheres, muitos dos extremos que eram praticados na cidade antiga, foram acabando e a civilização se tornando cada vez mais liberal.
1.3 ADOÇÃO NO DIREITO ROMANO 
	Vimos nos capítulos anteriores que o casamento era ato obrigatório entre duas pessoas (homem e mulher) com o único objetivo de gerar filhos, filho esse que seria aquele que daria continuidade a família, e como sabemos, por um longo período a mulher não detinha direito nenhum e até mesmo as próprias filhas não herdariam nada após a morte do pater, por conta dessa necessidade de dar continuidade a familia e de somente o filho homem deter de tal direito, começou a ser praticado em Roma o instituto da adoção.
	A adoção era praticada somente pelo pater (adotante) e uma pessoa destituída (adotado), introduzindo-o a família por filiação legítima, sem haver laços sanguíneos, mas havendo-lhes laços civis, passando o adotado a ser submetido à autoridade do pater e detinha de todos os direitos que como se fosse filho legítimo.
	Como no casamento, era importante que quando esse filho fosse adotado, fosse iniciado aos cultos da família do adotante e renunciasse seus cultos antigos, e, uma vez incluído nessa nova família, o filho adotivo não poderia jamais voltar para a antiga[footnoteRef:8]. [8: A lei permitia que o filho adotivo poderia retornar a sua família antiga caso tivesse um filho e deixasse esse em seu lugar, considerando assim que a continuidade da família estaria assegurada.] 
	Então quando o seu pater adotante viesse a falecer, esse filho adotivo, daria continuidade a família, tornar-se-ia chefe da família, herdeiro das propriedades, seria o detentor dos diversos direitos e deveres que, até então, era exclusivo do pater possuía.
	Era pratica comum principalmente entre a classe senatorial (senado romano), entre as classes altas para evitar uma prole exagerada. A adoção, vinha como interesse para evitar gastos elevados com sustento e educação, fortalecimento familiar, atribuía direitos a cidadão latinos, conversão de plebeus em patrícios e vice-versa,
	O interesse maior na adoção, se dava principalmente âmbito político, uma vez que, o adotante transmitia o seu cargo público em que era titular ao seu filho adotado.
	Era também muita realizada pelos imperadores romano, que por muitas vezes permitiu ao Imperador, escolher seu sucessor assumi-lo como filho, assim, dando-lhe a sucessão do trono, assim, prolongando sua dinastia.
	Na adoção romana, haviam três modalidades de adoção: adrogatio (ad-rogação), adoptio (adoção) e a adoptio per testamentum (adoção por testamento).
	A adrogatio era caracterizada pela qualidade sui iuris do adotado. A pessoa para ser adotada nessa modalidade, deveria ser livre de autoridade familiar alheia, sendo que, ao sofrer a adoção, ingressaria a autoridade do adotante, alterando sua condição para alieni iuris, assim, submetendo-se ao poder de seu novo pater familiaes.
	Adoptio como diz o nome, era a adoção em sentido estrito, método de adoção onde possui como única condição o consenso comum entre os envolvidos. Posteriormente, no período Justiniano, exigia-se o consentimento de ambos, adotante e adotado, ou pelo menos, a ausência de oposição para realizar adoção.
	A prática da adoptio era vedada as mulheres, como muitos outros direitos da época, porém, Diocleciano, concedeu a uma genitora que realizasse a adoptio, após essa perder sua prole. Esse ato se repetiu com o passar do tempo, assim, era concedido direitos sucessórios ao adotado quanto a sua genitora.
	A terceira modalidade de adoção, adoptio per testamentum, eram efeitos gerados após a morte através de testamento que gerava efeitos para o adotado que se tornava pater familiaes, ou seja, após o falecimento do pater e realizado o culto de morte, era transferido sua herança de nome, cultos religiosos e propriedades ao adotado.
	Essa forma de adoção, era mais utilizada entre as famílias antigas e, principalmente praticada por imperadores que preparavam por esse meio para a sucessão do seu poder. Um exemplo histórico dessa forma de adoção foi celebrado entre Otávio Augusto por Júlio Cesar.
	Não considerada uma modalidade de adoção, por ser considerada irregular, exista também a adoptio tabuliscopulata, que nada mais é que uma adoção através de celebração de um contrato entre as partes.
	Essa modalidade é questionável de como era praticamente e se realmente existiu, pois há uma escassez de fonte histórica que fazem referências práticas.
CAPÍTULO 2
CONCEITO DE FAMÍLIA NO BRASIL E A EVOLUÇÃO DO PODER FAMILIAR
	Nesse capítulo trataremos como se deu início ao conceito de família no Brasil e a evolução do poder familiar, uma vez que, o conceito de poder familiar romano foi aplicado no Brasil no período colonial, uma vez que, éramos regidos a luz do ordenamento português.
	Em regra, o exercício do pátrio poder sempre foi exclusivo do pai, tal poder só poderia ser perdido se ocorresse umas das causas de extinção prevista na época[footnoteRef:9]. [9: O Decreto n° 181 de, 24 de janeiro de 1890, traz essa exclusividade, quando foi concedido as viúvas o pátrio poder sobre seus filhos.] 
	O mesmo se aplica ao conceito de família, onde só se considerava família a união entre um homem e uma mulher com o intuito de gerar uma prole.
	Ambos os conceitos com o passar do tempo, foram obtendo mudanças, como por exemplo, o Estatuto da Mulher Casada que modificou determinados pontos no Código Civil de 1916 quanto a supremacia masculina em relação ao pátrio poder, a união estável homoafetiva em 2011 que trouxe um novo conceito de família, que passou a ser “a união entre duas pessoas”.
2.1 CASAMENTO
	O casamento, como já dito anteriormente, é uma das instituições mais antigas que existem, sendo praticada desde os tempos remotos, compreendido de diversas formas, como, por exemplo, a transferência propriedade da mulher para o homem por meio de um ritual[footnoteRef:10], ou um evento religioso que garantia a continuidade dos cultos domésticos do pater[footnoteRef:11], ou um evento religioso que uni o homem e a mulher através de uma aliança no dedo anelar perante a presença de Deus (ou daquele que o represente diante dos homens), conceito religioso esse que perdeu sua força em 1767, quando o Estado francês oficializou apenas o casamento civil[footnoteRef:12]. [10: OMENA, Nivaldo Wanderley de.] [11: COULANGES, Numa-Denys Fustel de] [12: WALD, Arnold] 
	Diante a colonização portuguesa no Brasil, por muito tempo fomos regidos pelas leis do ordenamento português[footnoteRef:13], assim, foi trazido o conceito do direito português que reconhece que o casamento é de natureza contratual, que dispões em seu ordenamento que “Casamento é o contrato celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida (...)” [13: Lembrando que o ordenamento português tem como base as ordenações Filipinas que por sua vez, tem os conceitos do Direito Romano.] 
	No nosso atual ordenamento jurídico, as disposições que tratam desde a concepção do casamento até sua dissolução, encontram-se no Código Civil Brasileiro de 2002, livro IV, entre os artigos 1.511 à 1.582.
	Trazendo como referências, Washington de Barros[footnoteRef:14], diz “A união permanente entre o homem e a mulher, de acordo com a lei, a fim de se reproduzirem, de se ajudarem mutuamente e de criarem os seus filhos”. [14: MONTEIRO, Washington de Barros, p. 22.] 
	Pontes de Miranda[footnoteRef:15], afirma que casamento é: [15: MIRANDA, Pontes de, p.15] 
É o contrato solene, pelo qual, duas pessoas de sexo diferente e capazes, conforme a lei, se unem com o intuito de conviver toda existência, legalizando por ele, a título de indissolubilidade do vínculo, as suas relações sexuais, estabelecendo para seus bens, à sua escolha ou por imposição legal, um dos regimes regulados pelo Código Civil, e comprometendo-se a criar e a educar a prole que de ambos nascer
	Ou seja, o casamento, nada mais é que um contrato que regula a união entre homem e mulher. Essa concepção é considerada clássica e conhecida como contratualista, afirmando que o casamento aplica as regras comuns que são aplicadas em todos os contratos, como por exemplo, são definidas regras para partilha de bens ou guarda dos filhos, caso aja uma possível dissolução conjugal.
	Em oposição a corrente contratualista, os institucionalistas afirmam que o casamento nada mais é que uma instituição social, ou seja, é um conjunto de regras imposta pelo Estado ao qual as partes têm a faculdade de apenar aderir, uma realizada essa adesão, torna-se impotente e os seus efeitos produzem-se automaticamente.
	Há uma terceira corrente que diz que o casamento é a mistura contratualista e institucionalista, que tem por definição, o chamado “contrato de direito de família”, conforme explica Silvio Rodrigues “a feição de um ato complexo, de natureza institucional, que depende da manifestação livre da vontade dos nubentes, mas que se completa pela celebração, que é ato privativo de representante do Estado”
	De qualquer, o casamento acaba que por fim, trazendo significado ao conceito de família que nada mais é do que “conjunto de pessoas, formado pelo pai e mãe unidos pelo matrimonio ou união de fato, com intuito de viver juntos sob o mesmo teto, educando e cuidado da sua prole, exercendo assim o poder familiar.”
2.2 ÚNIÃO ESTÁVEL
	A união estável é caracterizada pela vontade de duas pessoas de manterem uma união sem a formalização trazida pelo casamento, com o intuito de constituir uma família.
	Antigamente a pratica da união estável era impossível perante a sociedade e não havia nada expressivo no ordenamento jurídico, até que em 1964, a união estável foi reconhecida no ordenamento brasileiro através da Sumula nº 380 do STF que diz: “Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum”
	Posteriormente, com a edição da Lei 9.278/96 na Constituição Federal de 1988, a união estável foi reconhecida como entidade familiar entre homem e mulher com o fim de constituir família, tornando-se assim a relação de união estável mais comum entre a sociedade, agora, regida com direitos e obrigações.
	O atual código civil de 2002, no seu art. 1.723, reconhece “como entidade familiar a união estável entre o homem e mulher, configurada na convivência pública, continua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição família”.
	Para ser caracterizada a união estável, há um entendimento que diz que o prazo mínimo de convivência para reconhecimento é de cinco anos, porém, atualmente não existe um prazo determinado para reconhecimento da união, sendo unicamente necessário a comprovação da união de fato é pública, continua e duradoura, com o interesse de constituir família.
	É possível que o casal que queira realizar a união estável, faça uma declaração por meio de escritura pública em cartório, deixando datado o único da união estável, assim, tornando mais simples a comprovação do período e da união estável. Caso vier acontecer uma dissolução conjugal, haverá essa escritura determinando o início e o fim da união estável.
	Em 2011, a união estável ganhou mais um capítulo quando os ministros do STF reconheceram por resolução, em votação unânime a União Estável Homoafetiva. A vitória para muitos já havia ocorrido quando muitos países europeus e alguns da América do Sul[footnoteRef:16] começaram a “autorizar” legalmente a união homoafetiva. [16: A Argentina foi o primeiro país latino americano a reconhecer a união homoafetiva.] 
	A questão da união homoafetiva, começou a ser discutida quando até então, governador do Rio de Janeiro em exercício na época, Sergio Cabral, afirmou que os casais homossexuais tivessem os mesmos direitos que os casais heterossexuais em relação ao Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Rio de Janeiro. Segundo Sergio Cabral “são violados os preceitos constitucionais da dignidade da pessoa humana, da igualdade e o direito à liberdade. Para ele, a situação também atinge o princípio da segurança jurídica”, assim, foi solicitado ao Supremo Tribunal Federal que fosse concedida uma liminar para validar decisões administrativas do governo, tornando as uniões homoafetivas comouniões estáveis.
	A união entre pessoas do mesmo sexo, foi julgada e proferido na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n° 4277 na data de 05/05/2011 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sendo reconhecido a união homoafetiva e alterando o status de entidade familiar, assim, estendendo a proteção da união estável prevista no artigo 226, parágrafo 3° e no artigo 1723 do Código Cível para casais do mesmo sexo.
	Dez ministros votaram a favor da união homoafetiva: Carlos Ayres Britto, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Ellen Gracie, Marco Aurélio de Mello, Celso de Mello e Cezar Peluso. O ministro Dias Toffoli não participou do julgamento porque atuou em uma das ações enquanto era advogado-geral da União.
	Essa decisão do STF, além de alterar conceito e modelo de família, produz eficácia perante todas as instâncias do Poder Judiciário, ou seja, a decisão da ADI 4277 pode ser utilizada para fundamentar qualquer questão que esteja relacionada a união entre pessoas do mesmo sexo.
	Nos dias atuais da sociedade "moderna", há ainda muito preconceito por conta dos casais homoafetivos; sendo que a igreja ainda “proibi” tal ato, negando até mesmo aceitar matrimônios homossexuais e sendo alegado pela maioria da sociedade que não é um exemplo para as crianças, porém, isso não impediu os homossexuais se relacionarem e lutarem por direitos iguais pelo mundo
	Essas modificações refletiram tanto na sociedade, onde selou de vez conceito de família das unidades formadas por casamento e união estável.
2.3 FILIAÇÃO (FILHOS)
	Nosso ordenamento jurídico não define expressamente o que seja a filiação. Entende que filiação é a ligação de um ser humano a outro, que possui sua paternidade ou maternidade reconhecida, seja esse outro ser humano, um filho havido dentro de um casamento, fora dele ou por meio de adoção.
	Positivado no art. 227 §6º da Constituição Federal, o Direito de Filiação demonstra que deve haver igualdade entre os filhos: CF Art. 227 §6º: Os filhos, havidos fora ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmo direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
	As regras do instituto da filiação reconhecem a igualdade de direitos, assim, qualificando os filhos havidos ou não no casamento e os por adoção como iguais, banindo qualquer expressão discriminatória que houvesse em nosso ordenamento jurídico, tais como, filhos legítimos, naturais, adotados, adulterinos ou incestuosos. O direito da filiação veda a discriminação entre filhos havido dentro ou fora do casamento, uma vez que é direito legítimo da criança saber sobre usa paternidade.
	Mesmo não expresso no art. 5 º da Constituição Federal, podemos afirmar que o direito a filiação é um direito fundamental, uma vez que, o direito a filiação, tem como finalidade, assegurar a criança, com absoluta prioridade, o direito a dignidade, ao respeito e a convivência familiar.
	Além da nossa Constituição Federal, tanto o Código Civil e o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, tratam do direito da filiação, sendo que, o legislador tratou de mesmo teor nos art. 1596 do Código Civil e no art. 20 do ECA, aquilo que já foi descrito na Constituição Feral: CC Art. 1596 e ECA, Art. 20: Os filhos, havidos fora ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmo direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
	Assim, procurando adaptar cada vez mais o Código Civil de 2002 aos interesses da sociedade, principalmente dos interesses dos filhos, foi incluindo novas modificações no direito da filiação, sendo uma delas que trata do reconhecimento da filiação antes mesmo do nascimento ou até mesmo O art. 1609 em seu parágrafo único, permite esse reconhecimento. Vejamos: CC Art. 1609, parágrafo único: O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes.
	A filiação baseia-se em “Quatro pilares, sendo eles, igualdade dos vínculos de filiação entre pais, sejam eles casados ou não, facilidade do estabelecimento da filiação, responsabilidade e a possibilidade da criança ter um vínculo de filiação com cada um dos seus genitores, e a seguridade e estabilidade do vínculo da filiação (Luiz Guilherme Loureiro, 2009).”
	Contudo, entende-se também que “A filiação somente baseia-se em três pilares, seriam a plena igualdade entre filhos, desvinculação do filho dos pais e a proteção integral (Maria Berenice Dias, 2005).”
	O interesse da criança é fator principal, tratando-se do direito de filiação, pois é um direito indisponível, imprescritível, irrenunciável e inalienável. 
	Ressaltamos que o poder familiar é exercido por ambos os conjugues, tendo como obrigação exercer em conjunto os interesses da criança, mantendo sempre o respeito mútuo, laços afetivos, guarda e proteção, principalmente, pois trata-se de princípio constitucional.
	Trazido na Constituição Federal, sem seu art. 226 §7º, temos o princípio da paternidade responsável:
CF Art. 226, §7º: Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
	Por fim, não é só devido a Constituição Federal e o Código Civil de 2002, meios para tratar da igualdade e proteção à família, uma vez que, o Brasil desde 1991 é signatário do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, no qual, e determinado ao Estado que adote medidas especiais para proteção e assistência as crianças e adolescentes sem que haja distinção quanto a sua filiação ou outra condição qualquer que possuir.
2.3.1 ADOÇÃO
	A adoção no Brasil teve seu princípio disciplinado no Código Civil de 1916 tendo como base os princípios contidos no Direito Romano, ou seja, a adoção ocorria para proporcionar e dar continuidade a família, dando assim, a possibilidade aos casais estéreis terem filhos.
	Chamada de adoção simples, devidos suas consequências, era regulamentada nos arts. 368 a 378 do Código Civil de 1916. Essa forma de adoção era feita por meio de escritura pública, não havia interferência judicial e o filho adotivo não tinha o seu vínculo rompido com os seus genitores biológica, sendo possível, manter o nome seu nome originário e os direitos e deveres alimentícios com seus genitores biológicos. Essa parte final difere do Direito Romano que não permita que o filho adotivo mantivesse seu nome originário e o vínculo com os genitores biológicos.
	Com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente, a regra para adoção mudou para as pessoas até 18 anos incompletos, estendendo até 21 anos caso do adotado já se mantivesse sob a guarda ou tutela do adotante.
	Posteriormente, a Constituição Federal de 1988 trata em seu art. 6º dos direitos sociais quanto a maternidade, a infância e moradia, que são direitos sociais e essências para o desenvolvimento de uma pessoa em meio a sociedade. Mas é no art. 227, §§ 5º e 6º que é diretamente tratado dos princípios referentes a adoção e seus direitos. Vejamos:
CF Art. 227, §5º: A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte dos estrangeiros.
§6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmo direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação
	Pela força da Lei n. 12.010, de 03 de agosto de 2009, que entrou em vigor 90 dias após sua publicação houve alteração e reformulação na Lei da Adoção. Sendo assim, regulamentada pelos arts. 1.618 e 1.619 do Código Civil e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, em seus arts. 39 a 52-D.
	Através da nova Lei, foi criado assim, o Cadastro Nacional de Adoção, que tem como função obter dados das pessoas interessadas na adoção e os dados das crianças e adolescentes aptosa serem adotados, impedindo assim a adoção direta (método em que a pessoa comparece no Juizado da Infância e Juventude pronta para realizar a adoção) e regulamentando os meios para serem feitas as adoções.
	Através da nova lei, foi estabelecido a preparação psicológica antes da adoção, deixando claro sobre o que significa realizar a adoção e tentar promover adoção de crianças e adolescente que não possuem preferência, geralmente é o caso de crianças mais velhas, negras, indígenas ou com problemas de saúde.
	Antes de ser realizada a adoção, tenta-se manter a criança ou adolescente no círculo familiar, ou seja, realizar a adoção através de parentes consanguíneos, como tios, primos e até mesmo cunhados. Pessoas do vínculo familiar e afetivo tem preferência na adoção.
	Caso infrutífera o meio de adoção por parentes, a lei estabelece que a adoção só pode ser feita com a idade mínima de 18 anos (dezoito), independente do estado civil em que a pessoa se encontra, porém, se feita por um casal, a lei determina que estejam casados ou em união estável.
	A realização da adoção é feita em audiência, tendo de haver a concordância do adotado se caso esse possuir mais de 12 anos (doze), irmãos tem de ser adotados juntos. Pode ser realizada pode casais que se encontram em união homoafetiva.
	Diferente do Direito Romano onde a adoção tinha o único propósito de dar continuidade ao culto familiar e manter as realizações fúnebres dos pater, atualmente o caráter do instituto da adoção é mais humanitário e próximo daquilo que a Constituição Federal determina nos seus art. 227, §§ 5º e 6º.
2.4 CONCEITO DE PODER FAMILIAR NO BRASIL
	O poder familiar é a autoridade exercida pelos pais sob a pessoa dos filhos menores e não emancipados. Ele nasce a partir do momento que a família é constituída através do casamento e o filho gerado.
	Com a chegada do Código Civil Brasileiro de 1916, o pátrio poder manteve-se presente no ordenamento jurídico brasileiro, vários artigos e capítulos titulados como, por exemplo, o artigo 233, onde estava descrito “O Marido é o chefe conjugal”, claramente demonstrando, que o homem ainda detinha maior parte do poder sobre a mulher e sua família em diversas questões.
	Tratando sobre o artigo 233 do Código Civil de 1916, é importante dar, um marco histórico para época ocorreu em 1962, através da Lei 4.121 de 27 de agosto, que trata do Estatuto da Mulher Casada, que conferiu a mãe o direito de colaboração no exercício do pátrio poder, trazendo assim de volta a capacidade civil mulher casada, passando a colaborar com o marido na sociedade conjugal.
	Porém, o parágrafo único do artigo 380, deixava claro que caso houvesse divergência entre os progenitores, iria prevalecer a decisão do pai, cabendo a mãe o direito de recorrer ao juiz para solução da divergência.
	O artigo 379, tratava da questão dos filhos sujeitos ao pátrio poder, conforme discorrido “Os filhos legítimos, legitimados, os legalmente reconhecidos e os adotivos, estão sujeitos ao pátrio poder, enquanto menores”.
	Já o artigo 380, que dizia “Durante o casamento, exerce o pátrio poder o marido, como chefe da família e na falta, ou impedimento seu, a mulher” demonstra que a mulher já detinha de certa autoridade, mesmo que sendo efeito da ausência do marido.
	Posteriormente, a Lei 6.515/1977, em seu artigo 27, trouxe que o pai e a mãe são titulares dos encargos parentais, que persistem mesmo após o divórcio ou com o novo casamento de qualquer um deles.
	Sob a luz da nossa Constituição Federal de 1988, em seu art. 226, §5º, começou a pôr fim à desigualdade entre homens e mulheres, ou seja, pai e mãe, assim, instituindo atuação igualitária a mãe e não mais colaborativa, conforme visto anteriormente.
	Assim, alguns doutrinadores definem poder familiar da seguinte forma:
Poder familiar é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, em relação à pessoa e a pessoa e aos bens dos filhos não emancipado, tendo em vista a proteção destes.[footnoteRef:17] [17: RODRIGUES, Silvio, p. 19.] 
O poder familiar pode ser definido como um conjunto de direitos e obrigações, quanto a pessoa e bens do filho menor não emancipado, exercido, em igualdade de condições, por ambos os pais, para que possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em vista o interesse e a proteção do filho. Ambos têm, em igualdade de condições, poder decisório sobre a pessoa e bens do filho menor e não emancipado. Se porventura, houver divergência entre eles, qualquer deles poderá recorrer ao juiz a solução necessária, resguardando o interesse da prole Código Civil, art. 1.690, parágrafo único.[footnoteRef:18] [18: DINIZ, Maria Helena, p. 514] 
Assim, a nova expressão poder familiar evidência a igualdade sexos existentes, não só na sociedade em geral, mas também na própria sociedade conjugal, conferindo aos pais o exercício simultâneo e conjunto da incumbência legal imposta pelo próprio Estado.[footnoteRef:19] [19: AKEL, Ana Carolina Silveira, p. 9] 
	Assim, entende-se assim que o poder familiar é o conjunto de obrigações, direitos e deveres exercidos entre o pai e a mãe em igualdade quanto a titularidade e guarda do filho menor de 18 anos e não emancipado.
	O poder familiar também é tratado no Estatuto da Criança e do Adolescente[footnoteRef:20], nos artigos 21 a 24 que são destinados ao direito a convivência familiar e comunitária, já, em seus artigos 155 a 163, são destinadas as questões da perda e suspensão do poder familiar. [20: Lei 8.069 de 13 de Julho 1990] 
	Com a chegada do Código Civil de 2002, o capítulo V, seção II, intitulado como “Do exercício do Poder Familiar”, que em seus artigos 1.634 a 1.638, tratam das obrigações dos pais quanto a obrigação aos filhos menores, da manutenção quanto a educação, guarda, companhia e da suspensão e extinção do poder familiar.
	O código civil de 2002, quanto ao seu conteúdo, não trouxe profundas alterações comparado ao código civil de 1916, foi trazido muito mais matérias tratando da igualdade entre o homem e a mulher, tanto quanto, aos filhos em qualquer origem.
	Para finalizar qualquer dúvida que ainda pudesse existir, quanto ao conceito de família ou de quem pudesse deter o poder familiar, a ADI n° 4277, que reconhece a união homoafetiva e alterou o status de conceito familiar.
	Claramente não se tem mais dúvidas quanto a titularidade do poder familiar na sociedade, pois, família nada mais é que a vontade de duas pessoas conviver juntas, se com a intenção de ter filho, zelar pela educação, segurança e assistência emocional e afetiva.
2.4.1 EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR
	A extinção do Poder Familiar está descrita no artigo 1.635 do Código Cívil de 2002 que dispõe:
Art. 1.635: Extingue-se o poder familiar:
I – pela morte dos pais ou do filho
II – pela emancipação, nos termos do art. 5º, paragrafo único
III- pela maioridade
IV – pela adoção
V – por decisão judicial, na forma do art. 1.638
	Como dito acima, Casabona[footnoteRef:21], ensina que: [21: CASABONA, Marcial Barreto, p. 85-86] 
Morte dos pais ou filhos – com a morte dos pais ou do filho não há o que se falar em poder familiar, pois, ocorrendo uma destas hipóteses, desaparecem os titulares do direito.
Emancipação nos termos do art. 5º, parágrafo único do Código Civil – nesse caso, pode haver manifestação da vontade humana [...] mas também pode ocorrer através de fatos alheios [...] como por exemplo, casamento [...].
Maioridade – presume a lei que os maiores de 18 anos, assim como os emancipados, não mais precisam de proteção conferida aos menores incapazes.
Adoção – [...] quando os pais biológicos estão vivos, extingue-se o poder familiar dos mesmos, transferindo-o para os pais adotantes.
Decisão judicial na forma do artigo 1.638 do Código Civil – é a perda do poder familiar por ato judicial.
	Alcançada a maioridade, passa o filho a responder pelos próprios atos e mesmo que continue morando com os seus genitores, não existem mais poder familiar exercido sobre ele, assim, havendo tão somente. o respeito entre a relação familiar.
	Segundo ditopor Madaleno[footnoteRef:22] [22: MADALENO, Rolf, p. 186] 
A emancipação é irrevogável e deve ser outorgada por ambos os pais, em decorrência da completa paridade dos sexos, só sendo reduzida a pessoa de um dos genitores quando o outro já é falecido, foi um destituído do poder, ou quando inexistente o registro de um dos ascendentes.
	Não há muito o que se falar em extinção do poder familiar, um que, desde que extinto, os pais não podem mais requerer a autoridade sob os filhos, o que haverá é uma interferência deles para sua extinção.
2.4.2 SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR
	Diferente da extinção do poder familiar, que ocorre alcançado um direito, quando há um abuso do Poder Familiar ou uma manutenção ruinosa sobre os bens do filho e havendo falta no cumprimento de seus deveres, pode o juiz determinar a suspensão do Poder Familiar.
	Tal dispositivo encontra-se no artigo 1.637 do Código Civil de 2002 e dispõe:
Art. 1.637: Se o pai, ou a mãe abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando a convenha. Parágrafo único: Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.
	Como discorrido acima, a suspensão do poder familiar visa sancionar o genitor que não preservar os interesses do filho, afastando-o assim do exercício do poder familiar, pela segurança do filho e dos bens.
	São quatro as hipóteses de suspensão do poder familiar dos pais, sendo que as duas primeiras, caracterizam abuso de poder familiar e as duas hipóteses legais não excluem as outras que decorrem da natureza do poder familiar.
	Essas hipóteses são: a) abuso de poder pelo pai ou mãe; b) faltas dos deveres maternos ou paternos; c) dilapidação dos bens dos filhos; d) condenação dos genitores pode sentença irrecorrível por crime cujo a pena exceda dois anos de prisão.
	Essa medida de determinar a suspensão do poder familiar, tem unicamente como seu objetivo, conservar o interesse dos filhos quando o genitor o infringir, devendo assim, ser afasto de sua prole.
	Conforme afirma o renomado doutrinador Gonçalves[footnoteRef:23]: [23: GONÇALVES, Carlos Roberto, p. 112-113] 
A suspensão do poder familiar constitui sanção aplicada aos pais pelo juiz, não tanto com o intuito punitivo, mas para proteger o menor. É imposta nas infrações menos grave [...] e que representam, no geral, infração genérica ais deveres paternos. É temporária, perdurando somente até quando se mostre necessária. Desaparecendo a causa, pode o pai ou a mãe recuperar o poder familiar. É facultativa e pode referir-se unicamente a determinado filho.
	Como viso, a suspensão pode abranger um dos poderes ou até mesmo todos eles, sendo aplicado somente aquele que causou o motivo, sendo pai ou mãe, mostrando-se esse incapaz ou caso venha a falecer, o magistrado virá a nomear um tutor para o menor.
	Como visto, o Estado fiscaliza se se os deveres e obrigação dos pais para com os seus estão sendo cumpridos corretamente, caso não houver, será realizada a suspensão do Poder Familiar. A suspensão pode ser realizada pelo Ministério Público, sendo realizada somente quando a real necessidade para garantir o interesse dos filhos, contudo, tratando do interesse familiar e com preservação do convívio familiar, só será aplicada a suspensão quando não for encontrada ou medida cabível.
	As situações que levam a suspensão do poder familiar, também se encontram previstas no ECA. Os artigos tratam sobre quebra do dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores e não cumprimentos de determina.
	Os artigos 22 e 23 dos Estatuto da Criança e do Adolescente, diz:
Art. 22: Aos pais incube o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
	Art. 23: A falta ou carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do pátrio poder. Parágrafo único: Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas de auxílio.
	É importante afirmar que a falta ou carência de recursos matérias, descrito no artigo 23 do ECA, não é causa para suspender o poder familiar.
	Tratando ainda do ECA, o artigo 157, dispõe:
Art. 157: Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvindo o Ministério Público, decretar a suspensão do pátrio poder, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade.
	Dessa mesma forma, o artigo 163 do Estatuto da Criança e do Adolescente, dispões que a sentença que decretar a suspensão ou perda, deverá ser registrada à margem do registro de nascimento do menor.
	Por mim, vimos que a suspensão do poder familiar não determinar a perda ou destituição, uma vez que, conforme foi analisado, dando fim a causa de origem que determinou a suspensão, o poder-dever do genitor é entregue novamente.
2.5 DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO
	A dissolução conjugal também está presente na humanidade desde os primórdios e é praticado por muitos povos no mundo. Diferente do Direito Romano onde só era determinado a dissolução em alguns casos, como a infertilidade ou esterilidade, nos dias atuais, a vontade dissolução matrimonial é bem aceita pela sociedade, sendo cada vez mais praticada.
	Assim como no Direito Romano, a dissolução conjugal não era aceita pela Igreja Católica e sua indissolubilidade foi prevista na Constituição Federal brasileira. Dentre elas, destacam-se as Constituições de 1934, 1937, 1946 e 1967.
	No Brasil, o primeiro instituto que tratou e regulamentou a dissolução conjugal foi i Código Civil de 1916 nos artigos 315 a 328.
	Nessa época, só era admitido o término da sociedade conjugal, porém, ainda era mantido o vínculo, assim, impossibilitando que fossem contraídas novas núpcias. Conforme o art. 315, o vínculo conjugal só terminava com a morte de um dos conjugues:
Art. 315. A sociedade conjugal termina:
[...]
III. Pelo desquite, amigável ou judicial.
Parágrafo único. O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges, não se lhe aplicando a presunção estabelecida neste código, art. 10, segunda parte.
	Assim, após a morte de um dos conjugues, era possível contrair novas núpcias.
	Percebemos então que o Código Civil de 1916 considerava a indissolúvel a união entre casal, permitindo somente a dissolução da sociedade conjugal.
	Todavia, após um longo período de uma batalha legislativa, que durou por três décadas, o senador Nelson Carneiro, autor da redação da Emenda Constitucional nº. 09 de 28 de junho de 1977 deu nova redação ao art. 167, § 1º da Constituição Federal de 1967, que deu novo termo “O casamento somente poderá ser dissolvido, nos casos expressos em lei, desde que haja prévia separação judicial por mais de três anos”, assim, estabelecendo parâmetros para dissolução que seria regulamentada por lei ordinária. Essa emenda constitucional, enfrentou dura oposição da classe conservadora e principalmente da Igreja Católica. 
	A nova Lei, passou a regulamentar casos de dissolução da sociedade conjugal e vinculo conjugal, assim, revogando as disposições que eram contidas no Código Civil de 1916 e alterou a nomenclatura do desquite para separação, porém, mantendo as mesmas características da dissolução da sociedade conjugal.
	A nova lei, deu possibilidade para as pessoas que se encontravam separadas judicialmente por mais de três anos, pelo antigo desquite, a requerer o divórcio, já que eram aparadas pelo o art. 25 da Lei 6.515/77. Caso as partes encontravam-se separadas de fato, com início antes da data de 28 de junho de 1977 e completadocinco anos, a referida lei autorizava o divórcio direto de acordo com a redação do art. 40. Vale esclarecer que a mesma lei que, apesar de possibilitar o divórcio, esse pedido só poderia ser feito uma única vez, conforme o art. 38, tal artigo, foi revogado posteriormente pela Lei 7.841/89, permitindo assim, que o divórcio fosse solicitado quantas vezes necessárias.
	O Direito de Família obteve muita contribuição com a chegada da Constituição Federal de 1988, principalmente tratando de dissolução conjugal, já que, a luz da nova Constituição Federal em seu art. 226, §6º reduziu o tempo para conversão do divórcio de três anos para um ano e estabeleceu que o divórcio direto seria possível se comprovado a separação de corpos por mais de dois anos.
Art.226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado
(...)
§ 6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos.
	Em 04 de janeiro de 2007, a Lei 11.441 acrescentou ao Código de Processo Civil o art. 1.124-A possibilitando a separação e divórcio fosse realizada em cartório civil.
	Pensando no princípio da celeridade processual e princípio da economia processual, a nova Lei facilita ambos os procedimentos, uma vez que ele dá fim as ações litigiosas de divórcios e separação.
	São necessários alguns requisitos para utilizar o sistema da nova lei, dentre eles, a presença de um advogado, presença das partes, ser consensual, não pode haver recusa e ausência de filhos menores, já que é necessário a presença do Ministério Público. Se caso já tenha sido proposta ação judicial, os conjugues podem solicitar a qualquer momento que seja feita pelo cartório, assim, podendo suspender o processo por trinta dias ou desistir.
	Por fim, a Emenda Constitucional nº 66 que teve sua promulgação no dia 13 de julho de 2010, alterou a redação do art. 226, §6º da Constituição Federal, assim, a exigência de separação por mais de dois anos para decretação do divórcio, deixou de existir, permitindo que um casal contraia casamento em um dia e se divorcie em seguinte (sendo possível em até horas seguintes).
	A dissolução do casamento gera efeitos tanto sobre os bens que serão partilhados conforme foi estipulado no momento do casamento e poderá dar início a uma “briga” judicial pela guarda dos filhos menores. 
CAPITULO 3
GUARDA
	Para tratar do tema principal, temos de esclarecer o que é a guarda, seu conceito, seu entendimento, sua finalidade, seu objetivo quanto ao interesse da criança e os diferentes tipos de guarda que existem no nosso ordenamento jurídico busco.
	A guarda sempre fez parte do poder familiar, desde seu princípio no direito romano até os dias atuais onde pai e mãe tem obrigação pode zelar, educar e desenvolver relação afeto emocional aos filhos menores que detenham a guarda.
	Assim, podemos afirmar que a guarda é um dos elementos do poder familiar. Segue abaixo, alguns conceitos de doutrinadores do que é a guarda:
A guarda absorve apenas alguns aspectos do poder familiar. A falta de convivência sob o mesmo teto não limita nem exclui o poder-dever dos pais, que permanece íntegro, exceto quanto ao direito de terem os filhos em sua companhia[footnoteRef:24]. [24: DIAS, 2007, op. Cit, p. 380-1] 
Derivado do antigo alemão warten (guarda, espera), de que proveio também o inglês warden (guarda), de que se formou o francês garde, pela substituição do w em g, é empregado, em sentido genérico, para exprimir proteção, observação, vigilância ou administração[footnoteRef:25]. [25: SILVA, De Plácido e.] 
	Ou seja, aquele que detém a guarda do filho, tem a obrigação de proteger, vigiar, observar ou administrar tudo o que envolve o desenvolvimento educacional, emocional e social.
	Já era um assunto bastante comum de ser tratado, devido a dissolução do vínculo matrimonial, que nos últimos anos, só vem crescendo. Também vem questão, que a nossa sociedade tem desenvolvido relações passageiras e a falta de proteção no ato sexual, vem gerando cada vez mais a “gravidez indesejada”, assim, automaticamente há um aumento do número de ações com pedido de reconhecimento de paternidade e guardas. Há também o caso de dissolução nas relações homoafetivas, em muitos casos se determina a guarda compartilhada.
	Sendo assim, a preocupação do judiciário sempre foi em poder dar ao menor, esse desenvolvimento educacional, emocional e afetivo, pensando no melhor interesse para o menor, o poder legislativo determinou modelos de guardas judiciais para atender a essa situação.
	No direto brasileiro, temos diversas modalidades de guardas judiciais, sendo assim trataremos sobre os principais modelos de guardas, que com a evolução do nosso ordenamento jurídico, sempre tem voltado seu interesse ao desenvolvimento da criança quando houver uma dissolução do conjugal, seja ela com o fim do matrimoniou de uma relação passageira.
3.1 GUARDA UNILATERAL
	Sendo o método de guarda mais conhecido pela sociedade e aplicada judicialmente ao fim da dissolução do conjugal, a guarda unilateral manter a exclusividade da guarda com um dos genitores, enquanto o outro irá manter sua relação com o filho elaborando visitas.
	Conforme afirma Quintas[footnoteRef:26]: [26: QUINTAS, Maria Manoela Rocha de Albuquerque, p. 24] 
Guarda exclusiva é uma modalidade de guarda em que os filhos permanecem sob os cuidados e direção de apenas um dos pais, aquele que apresente melhores condições de acordo com os interesses da criança [...] o genitor não guardião deve visitar os filhos e fiscalizar sua manutenção e educação [...]
	Conforme o art. 1.583, §2º "A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores: I - afetos nas relações com o genitor e com o grupo familiar; II - saúde e segurança; III - educação.", já aquele que não detém da posse do menor, terá suas visitar estipuladas com dias e horários. Dessa forma, a criança terá um afastamento do o que poderá limitar a relação entre eles.
	Conforme diz explica Akel[footnoteRef:27]: [27: AKEL, Ana Carolina Silveira, p. 91] 
A guarda dos filhos, sempre coube a apenas um dos genitores, sempre se reconheceu como certa a utilização da denominada guarda única na qual a criança é colocada sob a guarda de um dos pais, que exercerá uma relação continua com o filho, enquanto o outro adstrito apenas as visitas, mantém relações mais restritas descontínuas e esporádicas com o/a filho/a proporcionando o afastamento entre eles.
	A justiça costuma dar exclusividade para a mãe quando é determinada a guarda unilateral, afastando assim o laço de paternidade com o pai e promovendo assim uma fissura na comunicação e convivência entre os pai e filhos.
	Mesmo sendo o método mais comum e aplicado, tem se mostrando ineficaz nos dias atuais quanto ao seu objetivo de ser o melhor interesse para o menor, uma vez que, desde o início nas audiências judiciais para uma tentativa de acordo até sua decisão final, é demonstrado em sua grande maioria brigas entre os genitores pelo próprio interesse particular. 
	Outro fato importante, são que essas desavenças se mantenham após as brigas judiciais e numa tentativa de vingança, um dos genitores ou até mesmo ambos, acabam por incentivar a criança a desenvolver rancor com o genitor que não detém a guarda, desenvolvendo desafeto emocional e até mesmo social, provocando assim uma síndrome chamada “síndrome da alienação parental”.
3.1.1 SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL
	Síndrome da alienação parental, é uma prática causada por aquele que detém a guarda ou por alguém que se encontra próximo da criança ou do adolescente, incentivando-o a criar ódio e repúdio pelo seu genitor através de atos que desenvolve uma alteração psicológica impedindo assim que sejam criados vínculos afetivos entre o menor e aquele que não detém a guarda.
	O instituto que trata da alienação parental está disposto no art. 2º da Lei n.12.318, de 26 de agosto de 2010:
Lei 12.318, Art. 2º: Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avôs ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
	Como é determinado na Constituição Federal pelos princípios regentes da família, toda criança tem direito ao convívio familiar, sua manutenção social e afetiva, porém, por muitas vezes essas garantias são violadas mesmo sendo constitucional. A alienação parental é uma dessas formas que causa a interrupção do vínculo afetivo para com um dos seus genitores.
	Não é uma instituição nova, porém, o judiciário só começou a tratar as questões de alienação parental a partir de 2010 através após advento da Lei 12.318.
	Geralmente, a alienação parental é causada após a dissolução conjugal entre os genitores do menor, o que por muitas vezes não é pacífico, causando ciúmes, certos desentendimentos, que acabam por fim, desenvolvendo sentimentos repressivos. Esses sentimentos, que são desenvolvidos por não aceitar o fim do relacionamento, pode vir junto do desejo de vingança, e esse desejo será todo direcionado naquele que se mantém entre essa relação, o filho. Aquele que acaba detendo a guarda do menor, pode acabar usando de meios para manipular o menor para que esse, não desenvolva afetos aquele seu genitor que não detém a guarda.
	O Poder Judiciário, afim de evitar que casos como esse continuassem sendo praticados pelos alienantes, e utilizado da Lei da Alienação Parental, determinam a perda da guarda do alienante, afim de que, a manutenção social e afetiva do menor continue sendo feita conforme encontra-se nos princípios constitucionais.
	Atualmente existem muitos movimentos que lutam contra a pratica da alienação parental, que vai desde associações desenvolve trabalhos com pais e mães separados até assistência as crianças.
3.2 GUARDA COMPARTILHADA
	O fim da relação conjugal e o afastamento de um dos genitores da vida dos filhos, causa um grande impacto para toda família, conforme diz Marques “o rompimento dos pais traz forte impacto na vida dos filhos acostumados que estão com a presença de ambos em suas vidas, e de uma hora para outra, sem compreender o motivo, um deles se afasta da rotina doméstica, provocando mudança brusca na rotina familiar”[footnoteRef:28] [28: MARQUES, Suzana Oliveira, p. 99] 
	Após esse rompimento, começam as brigas judiciais pela guarda, causando ainda mais impacto e trazendo graves consequências físicas e psicologias para os filhos.
	Analisando toda essa situação e pensando justamente sempre no melhor interesse para o menor o sistema da Guarda Compartilhada satisfaz todas essas necessidades sendo o melhor a ser aplicado nas decisões judiciais quanto a guarda.
	Utilizada em muitos países da Europa e principalmente no Estados Unidos da América, com resultados positivos quanto ao interesse do menor, acreditando-se que a lei, dá a oportunidade para milhões de crianças e adolescentes, obter um convívio mais pacifico e afetivo, próximo de seus genitores.
	Segundo Rabelo: “a noção de guarda compartilhada surgiu do desequilíbrio dos direitos parentais e de uma cultura que desloca o centro de seu interesse sobre a criança em uma sociedade de tendências igualitária”[footnoteRef:29] [29: RABELO, Sofia Miranda. APASE – Associação de pais e mães separados. Disponível em <http://apase.org.br/81003-definicao.htm>. Acesso em: 05 nov, 2017] 
	A guarda compartilhada foi inserida em nosso ordenamento jurídico através da Lei 11.698/2008 entrando em vigor no dia 15 de Agosto de 2008, sancionada no dia 13/06/2008 pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, vindo posteriormente no dia 26/11/2014 ser aprovada em regime de urgência pelo Senado a PLC 117/2013, projeto de lei do Deputado Arnaldo Faria de Sá, onde, determina que seja aplicada a guarda compartilhada de forma obrigatória, ou seja, caso não houver nenhum tipo de acordo entre os genitores do menor, o juiz poderá aplicar essa modalidade de guarda. A aprovação da PLC 117/2013 se deu no dia 23 de dezembro de 2014 pela presidente Dilma Rousseff, vindo inserir o art. 1.583, §1º no Código Civil de 2002, trazendo a seguinte definição:
Art. 1.583, §1º: A guarda será unilateral ou compartilhada, §1º Compreende-se ... por guarda compartilhada a responsabilização e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivem sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.
	A guarda compartilhada, pode ser conceituada como "sistema no qual o menor de pais divorciados permanece sob a autoridade de ambos.", ou seja, essa lei, traz a opção aos pais que se encontram em processo de dissolução matrimonial escolher a guarda compartilhada, onde teriam a responsabilidade perante ao menor junto das despesas quanto ao desenvolvimento educacional, social e afetivo. 
	Como cada vez mais os litígios judiciais quanto guarda do menor em sua modalidade unilateral, tem causados intensas discussões e brigas na justiça sobre a guarda do menor com a mãe principalmente e o pagamento de alimentos, passando assim as audiências a terem interesse meramente particular dos genitores e deixando de lado cada vez mais o principal interesse e objetivo que seria o interesse do menor, sem prestar atenção ou qualquer preocupação do que realmente era importante para criança, a modalidade de guarda compartilha ,assim, caso o juiz entenda que não há acordo entre os genitores, poderá ser aplicada por decisão, caso um dos genitores não tenha interesse nessa na modalidade, esse terá a guarda unilateral, sendo estipuladas suas visitas para com o menor.
	Sendo aplicada, a guarda compartilhada atenderá o que é assegurado pela Constituição Federal de 1988 e traz de volta a prioridade da criança de conviver novamente em família, sem ter a obrigação de viver só com um dos genitores e visitar o outro esporadicamente evitando cada vez a tentativa de alienação parental, a distância afetiva do menor por um dos genitores e fazer com que a criança tenha um de desenvolvimento psicológico e social saudável.
3.3 BENEFÍCIOS DA GUARDA COMPARTILHADA
	Pensando sempre no melhor interesse para o menor e manter a manutenção do exercício do poder familiar igualitário entre os genitores sobre os filhos, a guarda compartilhada torna isso possível, uma vez que, o artigo 1.634 do Código Civil de 2002, compete aos pais o referido exercício, Vejamos: Art. 1.634: Compete a ambos os pais, qualquer que seja a situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: (Redação dada pela Lei nº 13.058/14).
	As vantagens proporcionadas pela do sistema de guarda compartilhada são inúmeras, pois sua aplicação prioriza o melhor em favor aos filhos.
	Conforme o entendimento de Walter[footnoteRef:30]: [30: WALTER, Belmiro Pedro, p. 63] 
A lei da guarda compartilhada previne as manipulações, as tentativas de alienação parental, as falsas denúncias e toda perversão, que com a nova lei, serão mais facilmente detectáveis. os filhos não precisam apenas da companhia de um dos pais, e sim de ambos para o seu perfeito desenvolvimento e equilíbrio psicossocial. A guarda compartilhada fomenta os vínculos de afeto com ambos os pais, condição necessária para uma formação saudável dos filhos. O direito de convivência em família é também um direito de integridade psíquica. A guarda compartilhada é muito mais compreensiva, mais democrática, mesmo quando não há consenso, é possível a fixação da guarda compartilhada, porque os filhos têm o direito de conhecer e compreender a infinita e ineliminável alteridade humana. A diminuição do tempo de convivência entre pais e filhos faz reascender a competição. É preciso mudança no paradigma para que a lei da guarda compartilhada seja compreendida pela principiologia constitucional, principalmente da convivência democrática.
	Neste sentido, a guarda compartilhadapermite novamente uma relação aproximada entre os genitores e seus filhos, mantendo uma relação de igualdade de direitos e deveres, deixando de gerar um desgaste, pois, nem um ou outro ficará sobrecarregado com as obrigações impostas pela guarda única.
		Conforme esclarecido na época por Analdino Rodrigues Paulino Neto (2014)[footnoteRef:31], ao fim da votação da guarda compartilhada obrigatória "A nova lei vai acabar com as disputas prolongadas e permitir a mães e pais contribuírem para a formação de seus filhos. Temos a convicção de que essas crianças e adolescentes serão pessoas mais felizes" [31: A votação e aprovação no Senado para mudança da Guarda Compartilhada para Obrigatória ocorreu no dia 26 de Novembro de 2014.] 
	Ou seja, a guarda compartilhada obrigatória traz novamente de volta os benefícios que são interessados ao menor, objetivo esse que que foi perdido e deixou de ser discutido nas audiências para aplicação da guarda unilateral.
	A guarda compartilhada, por ser um sistema flexível quanto a sua aplicação e manutenção, e sempre realizada diante acordos, se adapta a possíveis mudanças nos eventos que possa ocorrer na vida diária dos pais, ou seja, muitas vezes o filho tem de estar com a mãe ou pai em determinado momento, sendo assim, a flexibilidade que a guarda compartilhada traz, torna-a um sistema de guarda melhor aplicável.
	Sendo como melhor sistema para manter a relação afetiva entre pais e filhos, a guarda compartilhada possibilita novamente continuidade dessa relação entre eles, possibilitando até mesmo uma relação amigável entre os genitores, um desejo que todo filho possui após uma dissolução conjugal.
	Tratando da questão de famílias homoafetivas, havendo uma dissolução da união de fatos e havendo filhos, se analisarmos como é feita a aplicação da guarda unilateral, não existiria uma mãe para deter a guarda única, nas relações homoafetivas, estaríamos tratando de mães ou pais, sendo assim, evitando uma incessível briga judicial para saber quem possui a melhor condição, pode-se afirmar que a aplicação da guarda compartilhada seria o melhor para resolução da questão.
	Por fim, e não menos importante, a guarda compartilhada teria um enorme poder para pôr um fim na síndrome da alienação parental. Como já frisamos anteriormente, após o fim de uma relação conjugal, tomando o instinto de vingança, um dos genitores (geralmente o que detém a guarda única), utiliza de chantagens emocionais, gerando assim uma modificação nos sentimentos do menor, que por consequência, começa a acreditar que os fatos são verdadeiros, acreditando assim que o outro genitor não tem o menor sentimento por ele.
	A guarda compartilha, põe fim nesse tipo de situação com o tempo, uma vez que, os genitores passam a participar mais em conjunto nas decisões dos filhos e percebendo o que é mais importante para o seu desenvolvimento, voltando a manter a boa relação.
	Ana Maria Milano Silva[footnoteRef:32], afirma que: [32: SILVA, Ana Maria Milano. p. 104] 
Já existem comprovações de que o desenvolvimento psicoemocional das crianças que desfrutam da guarda compartilhada é de grau mais elevado que o daquelas que ficam a maior parte do tempo com m só dos genitores. São elas mais calmas e pacientes
	Com a guarda compartilha, o conjunto de relação pais, filhos e judiciário recebem todos os benefícios. Para os pais e filhos, que entendem que o melhor interesse é para sua filiação, dá a oportunidade para uma relação saudável entre os genitores, acabando com as “brigas” judiciais e até mesmo pessoais, devolve a relação do poder familiar para o genitor que encontra-se no sistema visitas e deixa de ser visto como “aquele que busca para passear e dar presente” e o mais importante, tira do menor o sentimento de culpa das brigas incansáveis entre os seus genitores, devolvendo o conforto do conceito de família trazidos pelos princípios constitucionais. Para o judiciário, a guarda compartilhada colabora para aplicação dos princípios da celeridade processual e princípio da economia processual.
	A guarda compartilhada só tem trazido resultados positivos, pois, devolve novamente para o menor a vivencia com seus genitores, caso ainda mantivessem uma relação conjugal, deixa de lado as brigas judiciais incansáveis e que que só trazem transtorno psicológico e emocional para o menor e o principal, mantem o menor no âmbito familiar, onde vai ter a oportunidade de continuar desenvolvendo os aspectos afetivos, emocionais, sociais e educacionais, como ambos genitores praticando o poder familiar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	O presente trabalho de conclusão de curso, demonstra o quanto a guarda compartilhada é importante para o desenvolvimento do menor e como sua aplicação é importante para manter o conceito de relação familiar e a importância de ambos os genitores possuírem o poder familiar na decisão tomada para o desenvolvimento de sua filiação.
	O fim de uma relação matrimonial, acaba por afastar um dos genitores do desenvolvimento educacional, afetivo e emocional do menor e em algumas situações mais graves, o fim da relação conjugal pode vir carregada de sentimentos repulsivos que diretamente ou indiretamente, é direcionado no menor que se encontra em meio a tudo isso.
	Pensando no melhor interesse da criança, que precisa do amor e ensinamentos de ambos os genitores, para no decorrer do seu crescimento, a guarda compartilhada se torna o melhor sistema de guarda. Ela permite novamente que o menor se mantenha no convívio familiar e vivencia a boa relação dos seus genitores, demonstra para os mesmo a importância dessa boa relação no desenvolvimento do menor e põe um fim na síndrome da alienação parental. 
	É um método de guarda eficaz e bem aceito no desenvolvimento social, emocional e afetivo do menor até a sua adolescência, trazendo de volta ao ordenamento jurídico o que realmente importa, o interesse para o menor no seu desenvolvimento, sendo assim, acredito que seja o melhor sistema de guarda criado até hoje, pois, mantém o conceito do que é família, dividindo a obrigação novamente entre os genitores sem ferir a Constituição Federal, que quanto ao tema versa em seu artigo 226, §5º "os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher." 
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