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Obstetrícia OBSTETRÍCIA Principais infecções: • Toxoplasmose • Rubéola • Citomegalovirose • Sífilis • Hepatites virais • HIV TOXOPLASMOSE Prevalência de 54-75% na população brasileira Incidência na gestação: 0,2 a 1% Doença congênita: 1 a 7 casos a cada 1000 nascidos vivos. Causada pelo Toxoplasma gondii com elevado risco de acometimento fetal. Sintomas maternos: febre, sintomas gripais, aumento de linfonodos. Ciclo infeccioso: Agravos anatômicos e funcionais decorrentes da toxoplasmose congênita: • Restrição de crescimento intrauterino, morte fetal, prematuridade • E/ou manifestações clínicas e sequelas no bebê como microftalmia, lesões oculares, microcefalia, hidrocefalia, calcificações cerebrais, pneumonite, hepatoesplenomegalia, erupção cutânea e retardo mental. Formas de prevenção: • Lavar as mãos ao manipular alimentos; • Lavar bem frutas, legumes e verduras antes de se alimentar; • Não ingerir carnes cruas, mal cozidas ou mal passadas, incluindo embutidos (salame, etc) • Evitar contato com o solo e terra de jardim; se indispensável, usar luvas e lavar bem as mãos após; • Evitar contato com fezes de gato no lixo ou solo; • Após manusear a carne crua, lavar bem as mãos, assim como também toda a superfície que entrou em contato com o alimento e todos os utensílios utilizados; • Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados, seja de vaca ou de cabra; • Propor que outra pessoa limpe a caixa de areia dos gatos e, caso não seja possível, limpá-la e trocá-la diariamente, utilizando luvas e pazinha; alimentar os gatos com carne cozida ou ração, não deixando que estes ingiram caça; • Lavar bem as mãos após contato com os animais. Diagnóstico: maioria dos casos são assintomáticos. • Objetivo: identificar gestantes susceptíveis (que não tiveram contato e não possuem defesa imunológica). Prevenir a infecção aguda e - @medinspira detecção precoce visando prevenir a transmissão fetal. • Triagem por meio da detecção de anticorpos da classe IgG e IgM na 1ª consulta de pré-natal. Na presença de anticorpos IgG positivos e IgM negativos, considera-se a gestante imune. • Se no primeiro exame solicitado na 1ª consulta detecta-se anticorpos IgM, caso a gestação tenha menos de 16 semanas, deve ser feito imediatamente o teste de avidez de IgG, na mesma amostra de soro. • O teste de avidez de IgG é importante para determinar a época da infecção pelo toxoplasma na gestante, visto que alta avidez indica que os anticorpos foram produzidos há mais de 12-16 semanas. • Na presença de baixa avidez (< 30%), pode-se estar diante de uma infecção aguda; adquirida durante a gestação. A paciente deve ser chamada e o tratamento com espiramicina deve ser iniciado imediatamente. • Na presença de alta avidez (> 30%), deve-se considerar como diagnóstico de infecção antiga, há mais de 4 meses, não havendo necessidade de tratamento nem de testes adicionais. • Nos exames realizados após 16 semanas de gestação, não há necessidade do teste de avidez, pois mesmo uma avidez alta não descartaria infecção adquirida durante a gestação. Tratamento: • Na vigência de viragem sorológica, ou seja, aparecimento de anticorpos IgG ou IgM (notadamente IgM), deve-se iniciar imediatamente o uso de espiramicina na dose de 1g (3.000.000 UI) de 8 em 8 horas, via oral). • Espiramicina 500mg (1.500.000 UI) 2 comp de 8/8h. • Confirmada a infecção aguda antes da 30ª semana, deve-se manter a espiramicina na dose de 1g (3.000.000 UI) de 8/8h, via oral, continuamente até o final da gravidez. • Se a infecção se der após a 30ª semana, recomenda-se instituir o tratamento tríplice materno: pirimetamina, 25mg de 12/12h por via oral; sulfadiazina, 1.500mg de 12/12h por via oral; e ácido folínico, 1mg/ dia, este imprescindível para prevenção de aplasia medular causada pela pirimetamina. • Acompanhar com ultrassom mensalmente, se caso apresentar alguma má formação e alteração fetal, iniciar tratamento do feto com esquema tríplice. • Encaminhar gestante para pré-natal de alto risco. Quanto mais avançada a gestação maior a chance de transmissão vertical, porém menor o comprometimento da criança. A infecção nas primeiras semanas oferece maior risco do desenvolvimento do feto. Diagnóstico de infecção fetal: através da pesquisa do Toxoplasma gondii no líquido amniótico. O melhor exame isolado para esse diagnóstico é a reação em cadeia da polimerase (PCR) no líquido amniótico, que pode ser feita a partir da 18ª semana de gestação. Se negativo mantemos a espiramicina, se positivo inicia-se esquema tríplice. (Ministério da Saúde recomenda PCR) • Atualmente somente é indicada a metodologia de PCR em tempo real devido as melhores - @medinspira sensibilidade e especificidade. Se na região houver possibilidade desse exame, a indicação é realizar a amniocentese 4 semanas após a infecção materna ou após a 18ª semana e não ultrapassando 21 semanas de gestação. • Todo recém-nascido cuja mãe teve diagnóstico de certeza ou suspeita de toxoplasmose adquirida na gestação deve ser submetido à investigação completa para o diagnóstico da toxoplasmose congênita. • O lactente deve ser acompanhado e o tratamento iniciado a critério do pediatra assistente. Ao nascimento realizar exame de fundo de olho e TCC. Encaminhar RN para acompanhamento especializado. Ultrassonografia: diagnostica as complicações da toxoplasmose fetal: hidrocefalia, calcificações cerebrais, ascite fetal e alterações da ecotextura hepática e esplênica. • Realizar ultrassonografia mensal na gestante com infecção aguda. RUBÉOLA Complicações da Síndrome da Rubéola Congênita: • Glaucoma • Catarata congênita • Cardiopatia congênita • Surdez central ou coclear • Cegueira • Microcefalia • Retardo mental Rubéola na gravidez pode levar ainda à abortamento espontâneo, natimortalidade, acometimento isolado de órgãos, pode levar também à Síndrome da rubéola congênita ampliada (miocardite, hepatite, púrpura, alterações ósseas, RCIU e óbito). Manifestações clinicas: • Pródomos: febrícula, cefaléia e ardor conjuntival. • Exantema maculopapular, duração de 5 dias • Frebícula e adenomegalia (cervical) • Artralgia OBS.: o vírus já está sendo eliminado na orofaringe 1 semana antes da fase exantemática. Síndrome da Rubéola Congênita Defeitos estruturais permanentes: • Defeitos cardíacos: ducto arteriovenoso patente (30%), estenose da artéria pulmonar, hipoplasia. • Acometimento dos olhos: catarata, íris hipoplásica, microftalmia. • Acometimento neurológico: deficiência mental, retardo no desenvolvimento psicomotor, defeitos na fala - @medinspira • Microcefalia • Surdez neurossensorial Tríade de Gregg: cardiopatia, catarata, surdez. Anormalidades transitórias: baixo peso ao nascer, hepatoesplenomegalia, púrpura trombocitopênica; (resolução em dias ou semanas). Anormalidades de início tardio: surdez, doença mental, defeito nos olhos, diabetes, dificuldades de aprendizagem, problemas comportamentais. Acometimento fetal pela rubéola conforme a idade gestacional: Rastreamento no pré-natal – Situação 1 Vacinação contra rubéola é contraindicada na gestação! Erupção cutânea sugestiva de rubéola - Situação 2: Contato com o vírus da rubéola – Situação 3 Recomendações finais: • A principal arma que temas contra a síndrome da rubéola congênita é a vacinação de crianças e mulheres não grávidas em idade fértil. • A orientação pós-vacinação de mulheres em idade fértil é de evitar engravidar por 28 dias após a vacinação, mesmo sabendo-se que o risco de acometimento fetal por vacinação materna é muito baixo. • A sorologia para rubéola deve ser incluída nos exames de rotina de pré-natal. • Puérperas suscetíveis devem receber a vacinação durante o puerpério. Recomenda-se uso de método anticoncepcional seguro após a vacinação, como ressaltadopreviamente. Vacinas: • Crianças: 1ª dose: 12 a 15 meses; • 2ª dose: 4 a 6 anos. • Adultos: até os 19 anos devem apresentar duas doses/avaliar a positividade do IgG > 10IU/mL - @medinspira • Até os 49 anos, independente, da história pregressa da doença. • Gestantes: vacinar após o parto. Vacinas contra indicação: • Gestantes: a vacinação inadvertida da gestante deve ser notificada. • Imunossuprimidos. CITOMEGALOVIRUS Rastreamento: A associação dos ginecologistas obstetras Americana (ACOG) não recomenda rastreamento de rotina, à exceção das gestantes HIV positivas. Brasil: FEBRASGO e MS não recomendam como rotina • Falta de prognóstico de sequela na infecção primária • Falta de vacina • Risco fetal na reinfecção não bem definido Disseminação: secreções respiratórias, sangue, urina, secreção de colo uterino, esperma e leite materno. Raramente é sintomática. Sorologias: Não está indicada a realização de teste sorológico durante o pré-natal: • 90/95% das gestantes terão IgG positivo, o que não permite afastar risco de infecção fetal; • Nenhuma modalidade de tratamento materno que previna ou reduza a chance de ocorrência fetal. HERPES VIRUS Transmissão vertical: • Principalmente no momento do parto. • Gestantes assintomáticas sem diagnóstico prévio (70%) • Risco de transmissão vertical: 40 a 50% (aguda), 5% (recorrência) • Incidência: 1: 200.000 partos Tratamento: • Aciclovir 400mg 3x/dia por 7 a 10 dias • Considerar profilaxia periparto por 10 dias, a partir da 36ª semana com 300mg 3x/dia se a primo-infecção ocorreu na gestação ou se recidivas foram frequentes no período gestacional. Via de parto: Lesões ativas na região genital? • Considerar e preferir a cesariana • Se parto vaginal: evitar procedimentos invasivos ZIKA VÍRUS A doença: Arbovírus: vírus transmitidos ao homem por vetores artrópodos (Aedes). Epidemiologia: Em 2015 iniciou-se um surto com o nascimento de vários bebês com microcefalia, mostrando uma possível associação do Zika vírus. Sinais e sintomas (primo-infecção): • 20% sintomáticos • Infecção autolimitada (4-7 dias) • Exantema maculopapular/prurido • Febre • Artralgia/mialgia • Conjuntivite não purulenta* • Cefaléia • Síndrome de Guillain-Barré e outras manifestações neurológicas. - @medinspira Diagnóstico diferencial: Síndrome congênita do Zika vírus (ZKV): • Principal característica – desproporção craniofacial • Espasticidade • Irritabilidade • Disfunção tronco encefálico • Contraturas de membros • Lesões e danos cerebrais • Convulsões • Problemas de visão, audição e desenvolvimento motor • Dificuldade de deglutição Diagnóstico da infecção materna: • PCR-RNA: sangue, urina, sêmen e saliva (7-10 dias) • Sorologia IgM** acima de 4 dias de sintomas • Teste de neutralização em placa: aumento 4x em soros pareados • Imuno-histoquímica para antígenos virais • PCR em tecidos fixados *pode permanecer positiva por até 6 meses *relações cruzadas: vacinados e febre amarela Critérios para realização do teste rápido: • Suspeita clínica de febre pelo vírus Zika. • Contato com fluídos corporais (sêmen, fluídos vaginais, orais, urina ou sangue) de pessoas suspeitas de infecção pelo vírus Zika. • Receptora de sangue ou hemoderivados durante a gestação. • USG do feto com padrão alterado. Prevenção: • Não há vacina • Prevenção primária: reduzir exposição ao mosquito • Gestantes: evitar áreas de surtos • Evitar que pessoas infectadas que se exponham a picadas de insetos (1 semana) TESTES REALIZADOS PARA PREVENIR A TRANSMISSÃO VERTICAL. Sífilis: na 1ª consulta do pré-natal, no início do 3° trimestre e no momento do parto ou aborto. Hepatite B: HBsAg na 1ª consulta. Se resultado não reagente e não houver história de vacinação prévia, recomenda-se vacinação. Caso a gestante não tenha realizado todas as doses no momento do parto, realiza testagem na maternidade. HIV: 1ª consulta, no início do 3° trimestre e no momento do parto, ou história de exposição de risco/violência sexual. Hepatite C: de acordo com o histórico de comportamento de risco para exposição ao HCV. Estreptococo do grupo B: da 35ª a 37ª semana gestacional; realizar coleta de cultura de secreção vaginal e perianal. SÍFILIS Sério problema de saúde pública 0 12 milhões de casos novo/ano Casos de sífilis congênita 2011 (3,3 casos/1000) – NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA Treponema pallidum – transmissão sexual; a transmissão vertical ocorre em até 25% dos casos. - @medinspira Sífilis primária: 10-90 dias após contato sexual (média de 21 dias). • Característica: bodas endurecidas, indolor, fundo liso brilhante. Pode passar despercebida. Sífilis secundária: 6-8 semanas após o desaparecimento do cancro duro. • Exantema morbiliforme, artralgia, febrícula, cefaléia, pápulas cutâneas em mãos e pés. Sífilis tardia latente e terciária: 3-12 meses de contágio inicial. • Apresentação: lesões cutâneo-mucosas, que se apresentam como tubérculos ou gomas; • Apresentação neurológica como o tabes dorsalis e demência; • Doença cardiovascular na forma de aneurisma aórtico; • Comprometimento articular (Artropatia de Charcot) Sífilis latente recente ou tardia: é uma fase de duração variável em que não se observam sinais e sintomas clínicos. O diagnóstico é realizado exclusivamente através de testes sorológicos. Sífilis na gestação: é considerado quando toda gestante com evidência clínica de sífilis e/ou com sorologia não treponêmica reagente, com qualquer titulagem, mesmo na ausência de resultado de teste treponêmico, realizada do pré-natal ou no momento do parto ou curetagem. Sífilis congênita: • A transmissão vertical pode ocorrer em qualquer fase da gestação • A taxa de transmissão vertical é 70 a 100% dos casos em casos de mãe não tratadas nas fases primárias e secundárias e 30% dos casos nas fases terciárias. • Não há transmissão vertical pelo leite materno. • Abortamento espontâneo, natimorto ou morte perinatal ocorre em 40% dos conceptos não tratados. Sífilis congênita precoce (diagnóstico antes de 2 anos): • Gravidade variável • Lesões cutâneo-mucosas, como placas mucosas, lesões palmo-plantares, dissuras radiadas periorificiais e condilomas planos anogenitais; • Lesões ósseas, manifestas por periostite e osteocondrite (ex. pseudo-paralisia de Parrot); • Lesões do SNC (ex. convulsões, meningite); • Lesões do ap. respiratório (pneumonia alba); • Hepatoesplenomegalia, pancreatite; • Rinite sanguinolenta; • Anemia, plaquetopenia, púrpura. Sífilis congênita tardia: (diagnóstico após os 2 anos) • Fronte olímpica • Mandíbula curva • Arco palatino elevado • Tríade de Hutchinson (dentes de Hutchinson ceratite intersticial + lesão do VIII par) • Nariz em sela • Tíbia em lâmina de sabre • Surdez, retardo mental, hidrocefalia Diagnóstico – Testes sorológicos: Não-treponêmicos: realizado na 1ª consulta de pré-natal, no 3° trimestre e no momento da internação hospitalar (parto, curetagem ou abortamento) - @medinspira Treponêmicos: VDLR – utilizados para triagem e monitorização de infecção • São qualitativos (reagente e não reagente) • São quantitativos (1:4/1:8) São utilizados para confirmação de infecção, podem permanecer detectáveis por longo tempo: Aglutinação passiva (TPHA) Teste de Imunofluorescência Direta (FTA-Abs) Ensaio Imunoenzimático (ELISA) Teste Rápido • Fácil execução • Preconizado da gestante em qualquer visita de pré-natal desde que não tenha realizado exames treponêmico reagente e gravidez atual ou anterior. • Apresentação de sinais e sintomas para DST durante o período gestacional. • Resultado de VDRL indisponível no momento do parto • No 3° trimestre de gestação, quando o primeiro resultado for negativo. Diagnóstico: deve ser realizado um teste treponêmico e mais um teste mão treponêmico. Sempreque possível, começar por um teste treponêmico. Cicatriz sorológica: é uma expressão utilizada para os casos de testes não treponêmico persistentemente reagentes, usualmente em baixas titulações, em pessoas adequadamente tratadas. Solicitação e conduta frente ao teste reagente na gestante: Realizar teste treponêmico (TR) na 1ª consulta de pré- natal, início do 3° trimestre, parto/aborto, história de exposição/violência sexual. Se teste treponêmico vier reagente/positivo: • Iniciar tratamento com 1ª dose de penicilina benzatina imediatamente. • Coletar amostra para realização de teste laboratorial. • Testar e tratar parceiro sexual. Se caso concluído como diagnóstico de sífilis: • Completar tratamento conforme estágio clínico • Realizar monitoramento • Notificar e investigar o caso Caso concluído como ausência de sífilis: • Repetir a testagem conforme indicado nas situações em que o TR deve ser solicitado para gestante. Ou • Repetir testagem após 30 dias se persiste a suspeita de sífilis. Tratamento: • Tratar em qualquer fase da gestação e tratar o parceiro. • Alergia à penicilina, internar a paciente e promover a dessensibilização. • Na impossibilidade, usar estearato de eritromicina por 15 dias (na latente precoce) e 30 dias (na latente tardia). Acompanhamento e critério de cura: Solicitar VDRL mensal para acompanhamento. Após o tratamento adequado os testes não treponêmico (VDRL) na sífilis primária e secundária deve declinar de 2 diluições em 3 meses (1:64 para 1:16); 4 diluições (ex.=1:64 para 1:4) em 6 meses. Na infecção latente precoce, a queda de 4 vezes no título ocorre, geralmente, após 1 ano. Pacientes tratadas em estágio latente tardio ou que tiveram múltiplos episódios de sífilis podem mostrar um declínio mais gradual de títulos. - @medinspira Elevação dos títulos – O que fazer: • Aumenta da titulação em 2 diluições (1:16 para 1:64 ou de 1:4 para 1:16) justifica um novo tratamento. • Verificar se o parceiro foi tratado (reinfecção) • Verificar se o tratamento da gestante foi adequado para a forma clínica (“subtratamento”) • Co-infecção de sífilis e HIV (falência terapêutica) Tratamento INADEQUADO para sífilis: • É todo o tratamento realizado com qualquer medicamento que não seja a penicilina • Tratamento incompleto mesmo tendo sido feito com penicilina • Não tratamento do parceiro • Instituição ou finalização em 30 dias antes do parto • Ausência de queda ou elevação dos títulos após o término do antibiótico. Obrigatório a investigação e o tratamento adequado da criança após o parto. HEPATITES VIRAIS Hepatite A: raramente evolui para hepatite fulminante. O aleitamento não é contraindicado. A vacina é realizada em duas doses com intervalo de 6 meses entre elas e está no calendário vacinal aos 12 meses. Hepatite B: transmitido por via parenteral, sexual e vertical (perinatal e intrauterina). • O momento do parto é uma das vias mais importantes, pode haver uma evolução desfavorável e cronificação. A pesquisa do HBV baseia-se na detecção de anticorpos específicos e antígenos: • HBsAG: primeiro marcador a aparecer. • Anti-HBs: indivíduo com resposta imunológica. Presente nos vacinados. • HbeAg: mostra que há replicação viral e, portanto, alta infectividade. • Anti-Hbe: anticorpo que pode aparecer antes do anti-HBs e indica o final da fase de replicação e resposta imune parcial. • Anti-HBc IgG: representa contato prévio com o vírus. • Anti-HBc IgM: marcador de infecção recente, encontrado no soro até 32 semanas após a infecção. Gestante vacinada com Anti-HBs reagente = imunidade, se não-reagente. Riscos: a passagem do vírus via transplacentária é rara. A transmissão ocorre principalmente no momento do parto (95%). • Pode ocorrer falha na profilaxia do recém- nascido em torno de 10% dos casos de filhos de mães AgHBs-positivas. • Nas pacientes portadoras crônicas do HBV, algumas complicações foram observadas, como abortamento, óbito fetal e parto prematuro. Profilaxia: confere imunidade em cerca de 90% dos adultos e 95% das crianças e adolescentes. • Administrada em 3 doses: zero, um e seis meses intramuscular. • A vacinação na gestação é segura e deve ser realizada após o primeiro trimestre. • Todos os profissionais de saúde devem ser vacinados contra HBV. • Na exposição de um profissional não vacinado, este deve receber uma dose de imunoglobulina - @medinspira (0,06mL/kg), se possível nas primeiras 24h de exposição. • Uso de terapia antiviral com tenofovir no final da gestação (3° trimestre), 6 a 8 semanas antes do parto, para reduzir carga viral materna. Manter após o parto. • O esquema vacinal para a hepatite B com 3 doses está recomendado durante a gestação para todas mulheres sem histórico de vacinação ou com esquema vacinal incompleto. • Gestantes expostas ou HBV em qualquer trimestre, por relação sexual ou acidente com material biológico, deverão receber associação de vacina e IGHAHB (imunoglobulina). Via de parto e puerpério: a via de parto é de indicação obstétrica. • Deve-se evitar o tempo prolongado de rotuna da bolsa de água, contato desnecessário do RN com o sangue materno. Orienta-se a proteção da episiotomia com compressa, clampeamento rápido do cordão umbilical e aspiração delicada da criança. • Aleitamento materno não aumenta a taxa de infecção, desde que tenham recebido a dose de imunoglobulina e a 1ª dose da vacina até 12h de vida. Recém-nascidos: devem receber imunoglobulina hiperimune na dose de 0,5 ml por via intramuscular, com 12h de vida e a dose inicial da vacina recombinante em até 7 dias de vida. HEPATITE C A infecção pelo HCV ocorre pela via percutânea, por meio da exposição ao sangue contaminado, por via sexual e por transmissão vertical. • É recomendada a realização da sorologia em gestantes com fatores de risco para infecção por HCV, como: infecção pelo HIV, uso de drogas ilícitas, antecedentes de transfusão ou transplante antes de 1993, mulheres submetidas a hemodiálise, aquelas com elevação de aminotranserases sem outra causa clínica evidente e profissionais de saúde com história de acidente com material biológico. • A transmissão vertical pode ocorrer em qualquer momento da gestação, 33% na gravidez, 40 a 50% no momento do parto, e raramente no período pós-natal. Parto e puerpério: indicação obstétrica. Recomendações para as hepatites: • Rastreamento universal na 1ª consulta de pré- natal, mesmo para as gestantes vacinadas para HVB. • As pacientes de risco para adquirir hepatite C, como usuárias de drogas injetáveis, têm que repetir essa sorologia no final da gravidez. HIV Assistência à mulher positiva para o vírus da Imunodeficiência Humana na gravidez, parto e puerpério: • A taxa de transmissão vertical sem uso de terapia é de 25%, mas com uso da terapia antiretroviral cai para 1 a 2%. - @medinspira Medidas para redução de transmissão vertical: • Uso de TARV, à partir da 14ª semana de gestação; • Utilização de AZT injetável durante o trabalho de parto; • Realização de parto cesárea eletivo em gestantes • AZT oral para o RN exposto, do nascimento até 42 dias de vida • Inibição de lactação (proibido amamentação) Momentos da transmissão: • Intraútero: 35% • Intraparto: 65% (contato de mucosas, deglutição de sangue/secreções • Amamentação 7-22% Fatores que aumentam o risco de transmissão vertical – maternos: • Carga viral materna elevada • Infecção aguda pelo HIV-1 • Baixa contagem de linfócitos CD4 • Estado clínico e nutricional • Uso de droga ilícita endovenosa • Presença de IST • Tempo de uso de Terapia Anti-Retroviral na gestação Fatores que aumentam o risco de transmissão vertical – obstétricos: • Duração da ruptura prolongada de membranas • Exposição ao sangue materno • Propedêutica fetal invasiva • Via de parto (cesariana diminui a taxa) • Presença dehemorragia intraparto; • Aleitamento materno Fatores que aumentam o risco de transmissão vertical – fetais: • Prematuridade • Baixo peso ao nascer • Integridade de mucosas e membranas Fatores que aumentam o risco de transmissão vertical – vírus: • Carga viral • Genótipo • Fenótipo Diagnóstico: • Rastreamento universal após o aconselhamento pré-teste e consentimento na 1ª consulta de pré-natal; • Solicitar na 1ª consulta de pré-natal e na 28ª semana de gestação • Encaminhar toda a gestante com teste positivo à Serviço de Referência • Notificação compulsória. • Realizar o teste rápido em mulheres, sem resultado de sorologias no momento do parto. • Confirmar o teste de ELISA positivo por meio de testes confirmatórios (Imunofluorescência/Western-Blot). Efeitos colaterais dos anti-retrovirais sobre a mãe: • Intolerâncias múltiplas • Alterações hepáticas • Alterações pancreáticas • Anemia/plaquetopenia • Alterações SNC • Mielopatia • Acidose láctica • Resistência à insulina • Hipercolesterolemia • Resistência aos TARV Pré-natal: Avaliação na 1ª consulta: • Anamnese (risco de exposição) • Exame físico geral e especial • Exame tocoginecológico • Exames laboratoriais • Merece um acompanhamento multidisciplinar Assistência pré-natal: • Orientar sobre infecções, parto, amamentação; • Sulfato ferroso e ácido fólico; - @medinspira • Orientar e fornecer preservativo • Orientar sobre uso de drogas ilícitas • Oferecer apoio psicológico • Orientar sobre planejamento familiar • Promover aderência e agendar retorno. • Rotina básica do pré-natal • Hemograma • Sorologias: toxoplasmose, hepatites B e C, anti- HTLV, PPD (teste de Mantoux) • Função hepática, uréia e creatinina • Lipidograma • Carga viral e contagem de CD4 (1ª consulta e 34ª semana) 4 a 6 semanas após início da TARV • Citologia oncótica (dupla) • Coleta endocervical: gonococo e Chlamydia Uma vez que a tuberculose (TB) é a principal causa de óbito recomenda-se que seja pesquisada em todas as consultas, inclusive durante o pré-natal, quanto à presença de sintomas respiratórios e provável contato íntimo com um sintomático respiratório. Deve-se questionar a gestante sobre a presença de tosse, febre, emagrecimento e/ou sudorese noturna. A existência de qualquer um desses sintomas pode indicar TB ativa e deve ser investigada. Carga Viral- HIV: Realizar pelo menos 3 exames de CV-HIV durante a gestação: • Na primeira consulta do pré-natal (estabelecer a magnitude da viremia); • 2 a 4 semanas após a introdução da TARV, para avaliar a resposta ao tratamento; (ou após mudança de esquema) • A partir da 34ª semana, para indicação da via de parto Contagem de linfócitos (LT-CD4+) • Realizada na 1ª consulta e pelo menos a cada 3 meses para gestante e em início de tratamento. • Para gestantes em seguimento clínico em uso de TARV, com CV-HIV indetectável, solicitar juntamente com CV-HIV na 1ª consulta e na 34ª semana. Vacinas – que tipo de vacinas pode ser indicado em gestantes portadoras do vírus HIV? • Pneumococo • Meningocócica • Influenza tipo b (menores de 19 anos não vacinadas) • Tétano- difteria (dTpa) • Coqueluche • Hepatite B • Hepatite A (gestantes susceptíves, com hepatite C crônica) • H1N1 Adiar em sintomáticas graves ou com imunodeficiência grave, com infecção oportunista ou contagem de LT- CD4+ inferior a 200 céls/mm³. Terapia Anti-Retroviral (TARV) • A TARV está indicada para toda gestante infectada pelo HIV, independentemente de critérios clínicos e imunológicos, e não deverá ser suspensa após o parto, independentemente do nível de LT-CD4+ no momento do início do tratamento. • O risco de transmissão vertical do HIV é determinado pela CV-HIV materna, pelo uso de TARV durante a gestação e pela relação entre o tempo de uso de TARV efetiva e o parto. A supressão da CV-HIV é um fator determinante na redução da transmissão vertical. • A terapia inicial deve sempre incluir combinações de 3 ARV, sendo 2 ITRN (inibidor da transcriptase reversa análoso de nucleosídio)/ITRNt associados a um INI (inibidor de integrasse) O esquema preferencial para gestantes em início de tratamento deve ser: TDF* + 3TC* + RAL • Tenofovir + lamivudina + raltegravir Profilaxia da transmissão vertical: Iniciar na 14ª semana: • Assintomática • Carga viral < 1000 cópias/mL • CD4 ≥ 350 - @medinspira Tratamento imediato em gestantes sintomáticas ou assintomáticas com contagem de LT-CD4+ ≤ céls/mm³. Profilaxia antiretroviral intra-parto: AZT endovenoso no parto independente da carga viral e do CD4: • Iniciar desde o início do trabalho de parto ou pelo menos 3 horas antes do parto cesárea eletva. • Manter até o clampeamento do cordão umbilical. Cesariana eletiva deve ser indicada: • Gestantes HIV+ que não fez profilaxia antirretroviral combinada durante a gestação. • Fez monoterapia com ZT • Carga viral desconhecida ou superior a 1.000 cópias/mL (na 34ª semana ou mais). Puerpério: • Gestante com CD4 < 350 células/mm³ e/ou sintomas/sinais de imunossupressão manter a TARV. • Se CD4 ≥ células/mm³ e assintomática bem como as que usaram apenas AZT injetável no periparto, devem suspender a TARV imediatamente. • Iniciar anticoncepção no 21° dia pós-parto. Cuidados com a criança exposta: • Limpar, sangue e secreções visíveis na superfície corporal do RN, após o nascimento, e encaminhá- lo ao banho em água corrente; • Iniciar a 1ª dose do AZT solução oral, nas primeiras 2 h após o nascimento; • Promover alojamento conjunto. Amamentação: • Contra-indicada • Enfaixar as mamas e gelo local • Cabergolina 1mg via oral (2 comprimidos 0,5mg) • Iniciar fórmula láctea ÊMESE e HIPERÊMESE GRAVÍDICA Uma das intercorrências mais comuns da gravidez. Conceito: vômito ou êmese é a expulsão do conteúdo gástrico pela boca, causada por contração forte e sustentada da musculatura da parede torácica e abdominal. A náusea é a sensação da necessidade de vomitar, acompanhado de sudorese fria, sialorreia, hipotonia gástrica e refluxo. Na gravidez deve estar dissociado de qualquer problema de base. Afastar outras causas (dispepsia, cálculos biliares, etc). Prevalência em torno de 85%, sendo 25% exclusivamente náusea matinal e no restante das gestantes, diversos graus de êmese associada à náusea. Incidência entre 5 e 9 semanas em mais de 90% das gestações, reduzindo e tornando-se ocasional além de 20 semanas. Avaliar quadros tardios. Na Hiperêmese a incidência é de 0,3 e 2%. Em 15 a 20% sintomas até o 3° trimestre, 5% até o parto. Em 10% evoluem com necessidade de tratamento farmacológico. Hiperêmese gravídica respondem por 1,1%. Maior risco: mulheres com história em gestação anterior, obesas, irmãs ou filhas que apresentaram náuseas e vômitos na gravidez (NVG), nulíparas jovens. E também, aquelas que já desenvolveram formas graves. Está relacionado à uma boa qualidade embrionária. Persistência de disfunções emocionais em mulheres que apresentaram as formas mais graves. Mortalidade1/10.000 nascimentos. Etiologia: • Complexa e multifatorial. • Teoria endócrina: gonodotrofina coriônima humana e o aumento do estrogênio e da - @medinspira progesterona. Relação temporal entre a concentração máxima e o pico de ocorrência, entre a 7ª e 10ª semanas, gestação múltipla, doença trofoblástica gestacional, fetos do sexo feminino e síndrome de Down. • Progesterona e estrogênio reduzem o tônus da musculatura lisa e a atividade peristáltica, levando à distensão intestinal. • Aumento dos hormônios tireoidianos. Hipertireidismo transitório. 70% das mulheres com náuseas e vômitos na gravidez. • Teoria da infecção pelo Helicobacter pylori: 95% dos exames histológicos das mucosas de gestantes com NVG são positivos. Outro estudo mostrou infecção materna 3,3 vezes mais em gestantes com NVG. Isoladamente não explica. • Teoria genética:risco da gestante é 3x mais, se a mãe apresentou esta complicação. • Teoria psicogênica: psicossomática? Exteriorizar os conflitos psíquicos. Rejeição da gravidez indesejada. Gravidez não programada, rejeição ao pai, imaturidade emocional, teor do ganho de peso, situações de violência, pobreza, busca de compensações, insegurança, limitações financeiras e a instabilidade no emprego. Êmese e Hiperêmese – prognóstico e diagnóstico: • Estágios diferentes de uma mesma doença. • Resolução espontânea ou evoluir para maior gravidade (minoria) • Impacto negativo na qualidade de vida. • Supervisão e cuidados não invasivos precocemente. • Avaliar fator predisponente (outras condições) • Gravidade dos vômitos leva a comprometimento sistêmico, Reflexo direto sobre as funções hepáticas e renais, na desidratação e desnutrição. • Com o evoluir da doença pode haver desvios metabólicos, comprometimento do sistema cardiovascular (arritmias) e sistema nervoso central. • Espoliação vitamínica e de aminoácidos precursores dos neuromediadores predispondo alterações comportamentais e neurológicas (principalmente da deficiência da vit. B1 – tiamina) e Síndrome de Wernicke. • Eleva taxas de trabalho de parto pré-termo, pequenas para a idade gestacional e de baixo peso ao nascer. • Interferência negativa sobre o neurodesenvolvimento. • Na Hiperêmese há perda de peso maior que 5% da massa pré-gravídica e cetonúria. O diagnóstico é clinico. Vômitos incoercíveis e exame físico que permite avaliar o comprometimento da gestante, grau de desidratação e desnutrição. Anamnese: • Intensidade das náuseas. Redução do aporte alimentar e ingesta de água. • Avaliar perda de peso e redução do volume urinário. • Início após o 1° trimestre aumenta possibilidade de causas não relacionadas à gravidez. • Se é acompanhado de sangramento genital (pode- se suspeitar de doença trofoblástica gestacional. - DTG) e aumento uterino além da idade gestacional (pensar em gravidez múltipla). • Dados epidemiológicos familiares e pessoais. Exame físico: • Alterações difíceis de detectar nos casos menos graves. • Excesso de salivação e ptialismo (cuspindo). • Desidratação e redução do peso. • Avaliar sangramento genital, aumento do volume uterino e eliminação de vesículas (DTG). Exames laboratoriais: • Diagnóstico diferencial, aferir comprometimento sistêmico e avaliar resultado terapêutico. • Hemograma, Na, K, sorologias (VDRL, HIV, toxoplasmose, rubéola e hepatites A, B e C), função renal e hepática, amilase, TSH/T4 livre, EAS, urocultura. - @medinspira • Ultrassonografia • Repetir funções renal e hepática e endoscopia em casos sem remissão. Pesquisa de H. pylori (endoscopia). • Avaliação neurológica. Diagnóstico diferencial: • Neoplasia trofoblástica gestacional e gestação múltipla. • 3° trimestre: problemas hepáticos e vias hepáticas, descontrole metabólico (diabetes), hipertensão grave. • Esofagite, hérnia de hiato, dispepsia, úlcera péptica. gastroparesias, neoplasias, infecções e neoplasias hepáticas, colelitíase, colecistite, esteatose, pancreatite e neoplasia pancreática, doenças desabsortivas. • Infecções, endocrinopatias, uremia, porfiria. • Intoxicações exógenas. Medicações e drogas. • Enxaqueca, hipertensão intracraniana, distúrbios alimentares (bulimias, anorexias), labirintopatias e doenças psiquiátricas. Classificação: Escore Pregnancy Unique Quantification of Emesis (PUQE). Excelente performance com avaliações de 6,12 e/ou 24h. Quando para intensidade o tempo de 24h é mais utilizado. Escala com 5 opções, respondendo 3 perguntas de acordo com o tempo de corte escolhido (6,12 e 24h). Muito utilizado para avaliar resposta ao tratamento. Quando o tratamento é instituído, reavaliamos a paciente com 6, 12 e 24h para ver se a pontuação diminui, e avaliar a possibilidade de alta (forma leve). Tratamento: • Maioria ambulatorial • Farmacológico e não farmacológico Abordagem não farmacológica. 1- Apoio psicoemocional: medo e ansiedade. Apoio familiar e profissional, pelo obstetra e psicólogo. Evitar certas “manifestações” que falas que surgiram desvalorização das queixas. (“é normal”) 2- Medidas alimentares e mudanças nutricionais: dietas mais leves, menos gordurosas e em intervalos menores, evitar ingestão de líquidos nas primeiras 2h do dia, alimentar antes da escovação dos dentes. 3- Terapias não convencionais ou complementares: gestantes que se situam na forma leve (<6) na classificação PUQE. Acupressão, aromaterapia, acupuntura, hidroginástica, vitaminas como a piridoxina (vit. B6) e ingestão de gengibre. Abordagem farmacológica 1. Ondansetrona: superioridade de ação em relação aos demais. Bloqueador seletivo dos receptores da serotonina (5-HT3), evita o bloqueio adicional sobre os receptores de outros neurotransmissores, baixa incidência de efeitos colaterais. 4mg e 8mg 8/8h. 2. Metroclopramida: procinético. Bloqueio dos receptores de dopamina e serotonina (5-HT2). Melhor nos casos de média intensidade. Ações extrapiramidais (tremores de extremidades e desequilíbrio postural). 10mg 8/8h 3. Anti-histamínicos: (dimenidrato, meclizina, prometazina): bloqueio de receptor de H1 da histamina. Formas moderadas. Sonolência. 25mg 8/8h. - @medinspira Nas formas leves as medidas não farmacológicas e farmacológicas por via oral apresentam bons resultados. Ambulatorial. Nas formas moderadas e graves (> 6 do escore de PUQE), abordar multidisciplinar em ambiente hospitalar. Cessação dos vômitos em 24h após adotadas as medidas e escore de PUQE revele pontuação compatível com forma leve. Caso não ocorra deve-se reavaliar a gestante. Analisar inograma, perda ponderal e estado de hidratação. Além de exames laboratoriais. Evolução do comprometimento materno na Hiperêmese gravídica: • Fase de desidratação: náusea e ptialismo intensos, vômitos levando à desidratação. Diminuição do turgor e elasticidade da pele. Olhos encovados, mucosas secas e pegajosas, língua áspera, taquicardia, hipotensão e hipotermia. Distúrbios hidroeletrolíticos. Hematócrito pouco aumentado. • Fase metabólica: soma-se ao quadro anterior, perda de peso, alteração da função hepática, cetoacidose e cetonúria, hipoalbuminemia, hiponatremia e hipopotassemia, hipoglicemia, hipotermia e torpor podem estar presentes. • Fase neurológica: achados anteriores somados a comprometimento oftálmico com lesões retinianas, hiporreflexia e dor à palpação das panturrilhas e coxas. Antecede, em uma semana, o acometimento encefálico, que é irreversível. “Interstício crítico de Briquet”, interromper a gravidez. • Fase da psicose de Wernicke-Korsakoff: encefalopatia amoniacal, instabilidade hemodinâmica, amnésia, alucinações, coma. Cuidados gerais: • Controle de peso e diurese • Correção de distúrbios hidroeletrolíticos • Evitar suplementação de derivados de ferro • Apoio psicológico • Alimentação: jejum por 24h a 48h, progredindo para líquidos e depois sólidos A cada 3h, pobre em lipídios e rico em carboidratos. • Casos graves avaliar possibilidade de alimentação parenteral. • Hidratação venosa e reposição iônica. 2.000 a 4.000ml em 24h de Ringer lactato ou solução salina. Reposição de tiamina, 100mg em 100ml de SF. • Se hidratação prolongada repor vitaminas B6, C, K e tiamina. Potássio se valores abaixo de 3,5mEq/L. Medicamentos durante a internação: • Ondansetrona 8mg EV de 6/6h. • Segunda escolha: Metoclopramida 10mg EV de 6/6h. • Corticosteróides se baixa resposta: merilprednisolona 16mg EV ou VO DE 8/8H. durante 3 dias e reduzir ao longo de 2 semanas. Não usar durante a organogênese fetal (entre 20 e 56 dias após a fertilização, fissura facial). • Prednisona 10mg, VO de 12 em 12h/ hidrocortisona 50mg, VO de 12/12h, dexametaona 50mg EV de 12/12h. SITUAÇÃO REAL: Paciente sexo feminino, 22 anos, deu entrada no pronto- socorro queixando dedor abdominal de forte intensidade há 2 dias com piora do quadro há 30min. Relata ainda, sangramento genital. Hipótese diagnóstica: abortamento Pontos importantes: - Anamnese: • Paridade • DUM • Contraceptivos • Sinais e sintomas que acompanham o quadro - @medinspira • Outros - Exame físico: • Estado geral • Sinais vitais (pulso, PA, temperatura) • Exame físico geral • Abdome (aumento de vísceras abdominais e pélvicas, localização da dor) - Exame ginecológico: • Especular (avaliar origem do sangramento) • Toque vaginal (palpação do colo, do útero e palpação de anexos aumentados) Mortalidade materna • Qualquer morte que ocorre durante a gestação, parto ou até 42 dias após o parto. • Decorrente de causa relacionada ou agravada pela gravidez. • Em torno de 92% das mortes maternas são por causas evitáveis e ocorrem, principalmente por hipertensão, hemorragia ou infecções. Razão da mortalidade materna: • Número de óbitos femininos por causas maternas por 100mil nascidos vivos. • Razão é considerada razoável até 20 óbitos por 100.000 nascidos vivos • Países desenvolvidos: 12 por 100.000 nascidos vivos. • Brasil 2017: 64,5 para 100.000 nascidos vivos. • Brasil 2018: 59,1 para 100.000 nascidos vivos (redução de 8,4%) • Estados Unidos 2017: 19 para 100.000 nascidos vivos • Japão 2017: 5 para 100.000 nascidos vivos. Óbitos maternos no Brasil (1996 a 2018): • Causas obstétricas diretas: hipertensão (8.186), hemorragia (5.160), infecção puerperal (2.624) e abortamento (1896). • Causas obstétricas indiretas: doenças do aparelho circulatório (2.828), doenças do aparelho respiratório (1.748), AIDS (1.108) e doenças infecciosas e parasitárias (839). ABORTAMENTO 22 milhões de abortamentos inseguros. 47.000 mortes relacionadas com a gravidez são provocadas por complicações derivadas de um abortamento inseguro. 5 milhões de mulheres passam a sofrer de disfunções físicas e/ou mentais como resultado das complicações de um abortamento inseguro. Definição: Definido como a interrupção da gestação com feto pesando menos de 500g ou IG inferior a 22 semanas. Etiologia: • Existem diversos fatores. O principal são malformações, sendo as anomalias cromossômicas (trissomias-16) responsáveis por cerca de 50% destes casos. Outros: fatores hormonais, infecções e patologias maternas, anomalias uterinas, uso de drogas, radiação e trauma físico. Classificação: • Abortamento precoce: até a 12ª semana. 80% dos abortamentos. • Abortamento tardio: após 12ª semana. • Abortamento habitual: 3 ou mais episódios consecutivos. • Espontâneo: 10 a 15% das gestações. Relacionados à idade materna, número de abortamentos anteriores. Anormalidades cromossômicas. • Provocado: intervenção externa e intencional. • Brasil: 1.000.000 de abortamentos provocados por ano. • Seguro: realizado por médico bem treinado, com os meios necessários e em ambiente adequado, risco baixo. • Inseguro: procedimento de risco para interromper uma gravidez indesejada, realizado por pessoas sem habilidades necessárias, ambiente sem padrões médicos mínimos, pode - @medinspira levar à sérias complicações (não contam com acompanhamento) Classificação clínica: Tratamento clínico: Perfusão de Ocitocina – até expulsão, seguida de esvaziamento cirúrgico. Misoprostol – Usado tanto para preparo cervical em procedimentos cirúrgicos (curetagem) quanto para expulsão do feto em gestações > 12s e para gestações < 12 semanas para esvaziamento. • 1° trimestre: 800 mcg com intervalos de 3h até 24h. • 2° trimestre: 200 mcg a cada 4 a 6h; ou 400mcg a cada 3h com um máximo de 5 doses. Tratamento cirúrgico: AMIU (aspiração manual intrauterina) – em gestações < 12 semanas). Aspiração a vácuo – semelhante a AMIU. Curetagem uterina – na presença de grande quantidade de material. Microcesariana – quando não resolve via vaginal com hemorragias volumosas. Nos casos de perfuração uterina a conduta mais adequada é interromper o procedimento e manter conduta expectante com infusão venosa de ocitocina. Uma laparotomia seria viável em casos de abdome agudo. Tratamento do abortamento infectado: O esquema preferencial de antibiótico gentamicina + clindamicina por 7 a 10 dias. Após início do uso de ATB sempre deve administrar ocitocina antes e durante o processo de esvaziamento para diminuir risco de perfuração uterina. Deve-se agir rapidamente pois a paciente pode evoluir com febre, leucocitose, choque séptico. Esquema: • Clindamicina 450-900mg EV de 8/8h e • Ceftriaxone 2g EV a cada 24h ou, • Gentamicina 1,5mg/kg EV de 8/8h ou 4,5mg/kg uma vez ao dia. INCOPETÊNCIA ISTMOCERVICAL Definição: IIC é a falência do sistema que mantém o colo uterino fechado, de tal forma que o colo se abre, impossibilitando a retenção fetal até o final da gravidez. Causa de abortamento tardio ou parto prematuro habitual. Diagnóstico: suspeitado nas pacientes que teve perdas fetais de repetição mais tardias. Pode ser diagnosticado fora da gravidez através de histerografia ou histeroscopia observando uma dilatação > 1cm, e durante a gravidez ao exame pélvico e USG transvaginal observando dilatação do colo, podendo haver herniação do saco gestacional. Teste da passagem da Vela de Hegar n° 8 (se for possível passar a vela de Hegar significa que estamos diante de uma IIC). Tratamento: A circlagem (pontos) do colo uterino é o tratamento de escolha. Deve ser realizado entre 12 a 16 semanas de - @medinspira gestação. A técnica mais utilizada é a de McDonald que tem como contraindicações: • Atividade Uterina • Infecção ocular • Óbito fetal • Malformações incompatíveis com a vida • Bolsa protusa Imunoglobulina Anti-Rh • Profilaxia de aloimunização Rh em gestante Rh negativas. • Até 72h do abortamento. • 300mcg de imunoglobulina anti-Rh. Alguns exames solicitados tanto para os procedimentos de curetagem quanto da avaliação das pacientes em abortamento, merece uma avaliação laboratorial que é tipagem sanguínea com fator Rh, hemograma, TAP (tempo de atividade da protombina) e VDLR. GESTAÇÃO ECTÓPICA Toda gravidez com implantação e desenvolvimento fora da cavidade endometrial, podendo ocorrer nas tubas uterinas (localização mais comum), nos ovários, na cavidade abdominal e no colo uterino. Nos EUA, persiste como principal causa de morte materna na 1ª metade da gestação. Epidemiologia: Considerável potencial de morbimortalidade materna. Aumento da incidência nas últimas décadas (1 a 2% de todas as gestações). 20 casos para cada 1000 gestações. Mulheres entre 35 a 44 anos (27,2 GE por 1000 gestações). Associado ao aumento da incidência de doença inflamatória pélvica (DIP). Risco maior entre afrodescendentes e outras minorias do que nas mulheres brancas (1,6 vezes). Etiologia: Lesão tubária é a principal alteração relacionada à gestação ectópica (inflamação, infecção e cirurgia). Disfunção tubária: a atividade mioelétrica é responsável pela atividade propulsiva na tuba uterina (lentidão da propulsão, não chegando na cavidade endometrial). Fatores de risco: • DIP e DSTs prévias • Cirurgia tubária prévia • Cirurgia abdominal ou pélvica prévia • GE prévia • Falha dos métodos contraceptivos (ligadura e DIU) • Idade avançada (>35 anos) • Raça negra • Tabagismo • Múltiplos parceiros sexuais • Endometriose • Exposição ao dietilestilbestrol (usado em tratamento oncológico) Risco relacionado à DIP: Incidência de obstrução tubária aumentou conforme a ocorrência de episódios sucessivos de DIP: • 13% após 1 episódio • 35% após 2 episódios • 75% após 3 episódios Patologia: • 98% ocorre na tuba • 1% abdominal - @medinspira • 1% no ovário e na cérvice Quando na tuba, 81% ocorre na porção ampular, 12% no istmo e, 5% nas fímbrias. Espaço limitado para o crescimento ou à nutrição adequada, ocorre a ruptura. Apresentação Clínica:Entre 6 e 8 semanas do último período menstrual. Tríade clássica: dor, amenorréia e sangramento vaginal anormal (50% dos casos). 1) Aguda: - 30%, associa-se a rotura tubária; - Porção mais acometida = istmo - Espontânea, trauma, coito ou exame bimanual; - Clínica: • Hemorragia intraperitoneal • Dor aguda • Choque • Sinal de Laffon (dor escapular direita), sinal de Cullen (equimose periumbilical), sinal de Blumberg (dor à descompressão brusca). - Exame Ginecológico: • Sinal de Proust (dor à palpação ao fundo de saco vaginal) acompanhado do sinal/grito de Douglas (muita dor à mobilização do colo uterino). 2) Subaguda: - 70% dos casos, associa-se à porção ampular. - Separação parcial do trofoblasto e placenta -> hemorragia intraperitoneal persistente, seja por rotura ou abortamento tubário. O sangramento ocorre pelas fímbrias caindo na cavidade abdominal. Diagnóstico: • Medidas quantitativas de β-hCG • USG • Dosagem de progesterona (viável) • Laparoscopia (pode ser diagnóstica e terapêutica) • Culdocentese (colocação de agulha com seringa no fundo de saco vaginal, abaixo do colo uterino, através da aspiração encontra-se sangue não coagulado). Diante de uma paciente com teste de gravidez positivo, dor abdominal e sangramento o próximo passo é realizar a USG. Se β-hCG > 1500 e não houve identificação de saco gestacional intraútero significa prenhez ectópica. - @medinspira Diagnóstico diferencial: • DIP • Apendicite • Torção de cisto ovariano • Cisto hemorrágico • Abortamento • Patologia do trato urinário • Ovulação • Gravidez normal • Doença trofoblástica gestacional Conduta: 1) Manejo expectante Resolve-se espontaneamente por meio de regressão ou aborto tubário. • Casos de dúvidas diagnósticas, pacientes colaborativas e fácil acesso hospitalar • β-hCG < 1.000 e em declínio (provavelmente prenhez ectópica em resolução) reavaliar paciente em 24/48h • Localização não detectada 2) Manejo cirúrgico • Laparotomia: instabilidade hemodinâmica/hemoperitônio/rotura. • Videolaparoscopia: preferível - Indicações: • Instabilidade hemodinâmica/ dor prolongada/ sinais de rotura • Dosagem de β-hCG > 5.000 UI/ml • Saco gestacional > 4cm 3) Tratamento medicamentoso Taxa de sucesso entre 86 a 94% Principais indicações: • Profilaxia da GE persistente após tratamento cirúrgico conservador (abrir a trompa - salpingostomia, esvaziar e aspirar o conteúdo) • Tratamento da GE persistente • Gestações ectópicas não usuais (cornual, abdominal, ovariana e cervical) • Pacientes hemodinamicamente estáveis, sem evidência de hemoperitônio, com saco gestacional < 4cm de diâmetro, β-hCG < 5.000 e ausência de atividade cardíaca, se atividade cardíaca presente é necessário cirurgia. Índice de Elito-Camano para orientação do tratamento sistêmico com dose única de metotrexano (50mg/m² por via IM) Nota superior a 5 indica 95% de sucesso com metotrexato. Esquema: Dose única: 50mg/m² superfície corporal • β-hCG no 4° e 7° dias • Não decréscimo de pelo menos 15%: repetir a dose (suspeitar de falha terapêutica) • Repetir β-hCG em intervalos de 7 dias Múltiplas doses: 1 mg/kg no 1°, 3°, 5° e 7° dias • Associar 0,1 mg/kg de ácido folínico IM no 2°, 4°, 6° e 8° dias. • Não decréscimo: administrar até 4 doses com intervalos de 7 dias. Contraindicações: • Instabilidade hemodinâmica • Amamentação • Imunodeficiência • Discrasias sanguíneas/coagulopatia • Hepatopatia • Úlcera péotica • Disfunção renal • Hipersensibilidade a droga - @medinspira Lembrar sempre para todo sangramento na gestação: mães que são Rh negativo fazer o Coombs indireto e este vindo negativo temos que realizar a imunoglobulina Anti- Rh. DOENÇA TROFOBLASTICA GESTACIONAL Lesões caracterizadas por proliferação anormal do trofoblasto (fecundação aberrante): • Citotrofoblasto (hLP) • Sinciciotrofoblasto (hCG) • Trofoblasto intermediário A doença pode ser benigna ou maligna Benigna: Mola Hidatiforme • Mola completa • Mola incompleta Maligna: tumor trofoblástico gestacional (TTG) ou neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) • Mola Invasora • Coriocarcionoma • Tumor trofoblástico do sítio placentário Fatores de risco: • Idade > 40 anos • Intervalo interpartal curto • Síndrome de ovários policísticos • Abortamento prévios • Mola Hidatiforme anterior • Inseminação artificial • Tabagismo • Exposição à radiação ionizante • Anticoncepcional Fatores e proteção: • Gestação anterior normal MOLA HIDATIFORME 2 teorias: Degeneração das vilosidades coriônicas associada a hiperplasia dos elementos trofoblásticos; Neoplasia benigna do trofoblasto, que leva à degeneração das vilosidades coriônicas. Maior incidência nos extremos da vida reprodutiva e população de baixa renda. 1) Mola completa: A mais comum AUSÊNCIA de feto e/ou âmnio Eliminação de grandes vesísulas (“cachos de uva”) Níveis altíssimos de β-hCG Aspecto genético: diplóide e cromossomos todos de origem paterna (único genitor, tornando impossível o novo ser): a) Homozigótica 46XX b) Heterozigótica 46XY ou 46XX Óvulo vazio que é fecundado por dois espermatozóides ou por um que se duplica. 2) Mola incompleta Há duas populações distintas de vilosidades coriais, 1 normal e outra com degeneração hidrópica Não apresenta “cachos de uva” Gestação INVIÁVEL Níveis de β-hCG equivalente à gestação normal, mas bem menores que na mola completa. Aspecto genético: tripoidia (69XXY, 69XXX, 69XYY) com 2 genomas paternos e 1 materno) Quadro clínico: • Sangramento vaginal • Útero amolecido, indolor e MAIOR • Náuseas e vômitos intensos • Útero em “sanfona”, útero sangra e cresce de novo. • Emissão de vesículas é patognomômico • Pode vir acompanhado de cistos ovarianos tecaluteínicos (devido aos altos níveis de hCG) • Hiperêmese gravídica • Hiperestímulo tireoidiano Diagnóstico: Clínico, USG e laboratorial. - @medinspira • USG: M. completa: - Ecos amorfos intrauterinos (“tempestade de neve”) - Cistos ovarianos tecaluteínicos M. Incompleta: - Ecos dispersos placentários - Feto, âmnio e cordão umbilical - Espaços anecóicos focais (queijo suíço) • Laboratorial: M. Completa: β-hCG > 200.000 mUI/ml M. Incompleta: β-hCG raramente > 100.000 mUI/ml Diagnóstico diferencial: • Abortamento • Gravidez ectópica Conduta: 1) Avaliar complicações 2) Realizar profilaxia isoimunização Rh 3) Esvaziamento uterino 4) Análise histopatológico Realizar: • Anamnese • USG com doppler • TC ou RNM (se USG inconclusiva) • β-hCG • Exame clínico neurológico • Aferição da PA – muito comum pré-eclâmpsia • Rx de tórax • Hemograma completo • Ureia/creatinina • Função hepática – pela possibilidade de iniciar tratamento quimioterápico • Função tireoidiana Tratamento: O tratamento de eleição é o ESVAZIAMENTO UTERINO: • Vacuoaspiração • AMIU • Curetagem • Indução com misoprostol • Histerectomia (retirar útero) Os ovários devem ser conservados. Controle pós-molar: 1) β-hCG Semanal até 3 dosagens consecutivas negativos. Controle mensal por 6 meses. 2) Acompanhamento clínico 3) Acompanhamento com USG 4) Anticoncepcional oral NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL • Mola invasona corresponde a 70 a 90% dos casos de NTG. • Coriocarcinoma a 10 a 30% dos casos. O tratamento precoce da mola não diminui o risco de evolução para tumor e, portanto, o seguimento não deve ser desprezado. Metástases: • 10 a 19% das pacientes • Pulmão (76% a 87%) • Vagina (30%) • Fígado (10%) • Cérebro (10%) • Rins, sistema gastrintestinal e baço. - @medinspira Classificação da Neoplasia Trofoblástica Gestacional: 1) Mola invasona (Corioadenoma Destruens) 70 a 90% dos casos • É considerada uma sequela da mola hidatiforme • NTG que invade o miométrio e a parede uterina • Manutenção da estrutura vilositária ≠ coriocarninoma(atipias celulares) • Pode sofrer regressão, ao contrário do coriocarcinoma. Quadro clínico: • Metrorragias persistentes • Subinvolução uterina • Infecções Obs.: as curetagens não diminuem o sangramento e os níveis de beta-hCG permanecem elevados, enfatizando a importância do seguimento pós-molar. Diagnóstico: É realizado no seguimento pós-molar • Níveis de β-hCG permanecem elevados e pode até aumentar. • USG e Dopplervelocimetria = sugestivo de invasão miometrial • Diag. Definitivo = histopatológico do útero após histerectomia • Se no acompanhamento da mola benigna houver elevação dos níveis de β-hCG por 2 semanas consecutivas. • Estabilização por 3 semanas consecutivas. • β-hCG não negativa após 6 meses de seguimento. • Surgimento de metástases (vagina, pulmões). • USG evidenciando invasão miometrial. Prognóstico: Pode haver evolução para coriocarcinoma Complicações: abdominais, hemorragia, infecções, perfuração uterina, traumatismos operatórios e metástase. 2) Coriocarcinoma Transformação maligna após gravidez molar, gravidez ectópica ou gravidez normal. • 10 a 30% dos casos de NTG Metade dos casos tem história prévia de gestação molar • 25% de um abortamento • 22,5% de uma gravidez a termo • 2,5 de uma gravidez ectópica Quadro clínico e diagnóstico: • Tumor que preenche toda a cavidade uterina, invadindo útero e vasos, provocando hemorragia e necrose • Sangramento vermelho-escuro ou roxo e bastante friável • Normalmente história de gravidez recente, especialmente do tipo molar • Útero encontra-se aumentado, com sangramento permanente • β-hCG permanece positivo Prognóstico: Os principais fatores de BOM prognóstico são: - @medinspira • Nível urinário de hCG < 100.000 UI/20h ou sérico < 40.000/24h • Sintomas surgidos há menos de 4 meses • Ausência de metástase cerebrais ou hepáticas • Nenhuma quimioterapia prévia • Não ser a gravidez anterior a termo (sem gravidez prévia) Tratamento: quimioterapia 3) Tumor trofoblásticos do Sítio Placentário É um tumor raro, que compromete o útero, endométrio e miométrio. • Composto de trofoblasto intermediário • Não produz níveis elevados de β-hCG • São massas sólidas, bem circunscrita • Áreas de hemorragia e necrose • Agressivo, com pouca resposta a quimioterapia Tratamento: histerectomia + quimio Estadiamento da NTG: Baseia-se nas características anatômicas da doença. I. Tumor confinado ao útero II. Tumor invade outras estruturas genitais III. Doença com extensão pulmonar com ou sem envolvimento genital IV. Outros sítios de doença metastáticas Tratamento da NTG: A conduta varia com o estadiamento a) I. Monoquimioterapia com Metotrexate + ácido folínico b) II. Poliquioterapia: (EMA-CO) etoposide + metotrexate + actinomicida D + ciclosfosfamida + vincristina c) III. Poliquinioterapia (EMA-CO) d) IV. Poliquimioterapia (EMACO-CO) + cirurgia adjuvante (histerectomia e ressecção de nódulos metastáticos) Monoquimioterapia • Metotrexate – 50mg IM nos dias 1,3,5 e 7 • Ácido folínico – 7,5 mg nos dias 2,4, 6 e 8 OBS.: este esquema deve ser realizado semana sim, semana não, até a negativação dos níveis de β-hCG. Poliquimioterapia: DIA 1 • Etoposide – 100mg/m² EV em 30 min • Metotrexate – 100mg/m² E em bolus • Metotrexate – 200mg/m², 12h em infusão contínua • Actinomicida D – 0,5 mg DIA 2 • Etoposide – 100mg/m² EV em bolus • Ácido folínico – 15mg VO ou IM a cada 12h por 4 doses (iniciar 24h após metotrexate) • Actinomicina D – 0,5mg Acompanhamento pós-molar em pacientes que realizaram quimioterapia com dosagem de β-hCG • A cada 15 dias até o final das séries de QT • A cada 15 dias por 3 meses (80% das recidivas) • Mensal após os primeiros 3 meses por mais 6 meses • A cada 60 dias por mais 6 meses Imunoglobulina anti-Rh • Profilaxia de aloimunização Rh em gestante RH negativas • Até 72h do abortamento • 300mcg de imunoglobulina anti-Rh - @medinspira PADRÕES CLÍNICOS: • Descolamento prematura de placenta • Placenta prévia • Rotura uterina • Rotura de vasa prévia • Rotura do seio marginal PLACENTA PRÉVIA Implantação tópica: inserção em sítio habitual, na cavidade uterina. Implantação heterotópica: na matriz uterina, mas em local anômalo; Implantação ectópica: fora do útero. PP = implantação no segmento inferior, distando no máximo 7 cm do orifício interno do colo do útero. Ocorre 4 em cada 1.000 partos. A PP é diagnosticada em 1 a 6% dos USG realizados entre 10 e 20 semanas de gestação. 90% dos casos se resolvem, persistindo a PP em 0,1 – 0,4% das pacientes. Fatores de risco: • Idade > 35 anos; • Multiparidade • Cesarianas prévias • Endometrite • Abortamento provocado • Curetagens uterinas prévias • Situações de grande volume placentário • Tabagismo Todos esses fatores estão relacionados à vascularização deficiente (no desenvolvimento placentário ela vai procurar áreas com boa irrigação para que possa se nutrir e passar maior suprimento ao feto). Classificação: Completa: cobre completamente o orifício interno do útero. • Parcial: cobre parcialmente • Marginal: a borda da placenta toca a margem do orifício • De implantação baixa (lateral): não toca o orifício interno (distância < 7cm do orifício) Quadro clínico: hemorragia espontânea, indolor com sangue vermelho rutilante que se exterioriza sempre e totalmente. Com início e cessar súbitos. Repetitivos. Exame físico: não realizar toque vaginal em pacientes com suspeita ou diagnóstico confirmado (pode provocar descolamento). Diagnóstico: USG Tratamento: depende da idade gestacional, intensidade do sangramento e tipo de inserção. • PP total: com feto vivo ou morto, a via de parto é sempre cesariana. • PP parcial: em multíparas, se o parto estiver próximo do fim, sangramento discreto, e ausência de obstáculo mecânico importante = via vaginal. • PP marginal ou baixa: permite o parto vaginal, atentando ao sangramento. Fatores decisivos: • Intensidade do sangramento; - @medinspira • Idade gestacional • Tipo clínico de PP • Presença ou não de trabalho de parto. A. - Hemorragia intensa, com comprometimento hemodinâmico materno. - Medidas gerais para estabilização hemodinâmica (venoclise, infusão de solutos, hemotransfusão); - Após estabilização hemodinâmica – interromper a gestação. B. - Hemorragia discreta a moderada. Avaliar a idade gestacional: Se < 36 semanas sugere-se conduta expectante: - Manter a paciente internada - Repouso no leito com privilégio de banheiro - Reposição adequada de ferro, ácido fólico - Rastrear perdas e necessidade de reposição - Aceleração da maturação pulmonar fetal entre 24 e 34 semanas de gestação (protocolo específico) – utilização de corticóide - Controle da vitalidade fetal (cardiotocografia em gestações superiores a 28 semanas e USG semanal) na paciente que apresenta quadro de sangramento recorrente. - Em casos selecionados, na presença de atividade uterina e bom estado materno, se pode tentar a detenção do parto prematuro com a finalidade de se praticar a aceleração da maturação pulmonar fetal, quando indicada. (inibição do trabalho de parto) Se > 36 semanas considerar interrupção da gestação: - Parto abdominal – placenta prévia central total ou parcial, colo desfavorável, sangramento abundante; - Parto vaginal – placenta prévia marginal ou lateral, colo favorável, sem perdas abundantes. FETO MORTO: - Avaliar a idade gestacional, presença de cicatrizes uterinas anteriores, tempo do óbito fetal, condições do colo uterino e vitalidade materna; - Parto normal é recomendado; Parto abdominal nas situações de placenta prévia central total; Complicações: • Atonia pós-parto e hemorragia; • Infecção puerperal; • Lacerações de trajeto; • Distócia de parto; • Acretismo placentário; • Parto prematuro; • Amniorrexeprematura; • Apresentação anômala. ACRETISMO PLACENTÁRIO Qualquer implantação placentária na qual há aderência anormalmente firme à parede uterina. • Placenta decídua – superficialmente ao endométrio • Acreta – fortemente aderida - @medinspira • Increta – infiltra/adentra no endométrio • Percreta – atinge a serosa e até outros órgãos pélvicos (se for anterior, não é raro o acometimento da bexiga) Fatores de risco: • Idade materna > 35 anos; • Multíparas (maior ou igual a 6) • Defeitos endometriais; • Leiomiomas submucosos. Placenta prévia e cicatrizes anteriores aumentam a chance de desenvolver o acretismo. Quadro clínico: hemorragia profusa no momento de descolamento placentário. AP. percreta com invasão vesical pode causar hematúria. Diagnóstico: em geral não é feito do pré-natal, são achados característicos n USG, ou na dificuldade de extração placentária e estudo anatomopatológico. Pacientes com cesarianas e placenta prévia anteriormente, suspeitar de acretismo e avaliar por meio de USG com Doppler ou até uma RNM. Tratamento: • Placenta acreta: extração manual da placenta, se não for possível realizar a histerectomia. • Placenta increta: histerectomia; • Placenta percreta: histerectomia; DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA É a separação prematura da placenta implantada no corpo do útero, depois da 20ª semana de gestação, e antes da expulsão fetal, com consequente sangramento uterino e redução do aporte de oxigênio e nutrientes ao feto. Incidência: ocorre em aproximadamente 1 a 2% das gestações. 6,5 para cada 1000 partos. • Maior incidência de hemorragia, anemias, coagulopatias, hemotransfusões, cesárea, histerectomia e até morte. • Principal causa de óbito perinatal. Causas traumáticas internas: brevidade do cordão (cordão curto), escoamento rápido de polidrâmnio, movimentos fetais excessivos (versão fetal), retração uterina após o parto do primeiro gemelar, miomatose uterina, torção do útero gravídico, hipertensão da veia cava inferior por compressão uterina, traumatismo abdominal (acidentes, agressão física). Hipertonia uterina (primária ou por abuso de ocitócicos). Causas não traumáticas: constituem o aspecto etiológico mais importante, com destaque para os chamados fatores predisponentes. • Os principais são: hipertensão arterial, condição socioeconômica, multiparidade, idade materna avançada, passado obstétrico ruim, relato de DPP em gestação anterior, cesárea prévia. • Restrição do crescimento intra-uterino, corioamnionite, gemelaridade, DM, placenta circunvalada, anemia e má nutrição, tempo prolongado de rotura de membranas, tabagismo, etilismo e uso de drogas ilícitas, principalmente cocaína. O sangramento pode se manifestar de 3 maneiras: hemorragia exteriorizada, sangramento retroplacentário e hemoâmnio. Hemorragia decidual, dormando-se o hematoma retroplacentário. Em 20% dos casos, a perda sanguínea se restringe ao espaço retroplacentário e não ocorre sangramento vaginal (hemorragia oculta). A coloração do sangue é mais escura. A rotura alta das membranas pode provocar passagem de sangue para a cavidade amniótica, constituindo o hemoâmnio. - @medinspira O sangue extravasado exerce uma ação irritante no útero (provocando as contrações, levando à uma hipertonia uterina). A contratilidade uterina está quase sempre acompanhada por algum grau de hipertonia. A hipertonia surge como mecanismo reflexo: • Hipertonia por taquissistolia (contrações reentrantes, intervalos muito curtos) • Hipertonia autêntica (útero permanece o tempo todo contraído) O sangramento retroplacentário vai infiltrar o miométrio, e o útero vai se apresentar edemaciado, arroxeado e com sufusões hemorrágicas, podendo levar a complicações pós-parto. Até 20% dos sangramentos no DPP são ocultos, com formação de coágulo retroplacentário e infiltração sanguínea intramiometrial (“útero de Coubelaire”). Diagnóstico: • Fundamentalmente clínico • Perda sanguínea em 80% dos casos • Pesquisar antecedentes de hipertensão, ocorrência de trauma (incluindo violência física), abuso de drogas ou álcool e a presença de outros fatores de risco associados. Apresentação clássica: presença de hipertensão + sangramento vaginal escuro na 2ª metade da gravidez, associados a hipertonia uterina e sofrimento fetal. *20% dos casos não há exteriorização do sangramento. Ao exame físico geral: paciente prefere o decúbito lateral homônimo ao lado da implantação placentária (sinal de Hastings de Mello e Ivan Fiqueiredo). • Pode haver sinais de estado hipovolêmico e a pressão arterial pode até mostrar-se em níveis normais, e não elevados, em função dessas alterações. Exame obstétrico: frequentemente detecta a hipertonia uterina e o foco comumente ausente (BCF comumente ausente). O exame genital pode detectar a hemorragia e bolsa das águas tensas, devido ao aumento da pressão intra-amniótica. • A formação do coágulo retroplacentário e as alterações vasculares possibilitam aumento progressivo da altura uterina, por vezes, clinicamente detectável. *A USG tem papel muito limitado: útil em afastar o diagnóstico de placenta prévia do que confirmar DPP. Exames laboratoriais: rastrear as complicações do DPP (anemia grave, choque hipovolêmico e discrasia sanguínea). • Solicitar hemograma com contagem de plaquetas; tipagem sanguínea ABO Rh; coagulograma; • Exames de rotina para doença hipertensiva se apropriado. Diagnóstico diferencial: principalmente com a inserção baixa de placenta, rotura de seio marginal, rotura uterina, rotura de vasa prévia. • Outras intercorrências clínico-cirúrgicas. Conduta: primeiro passo deve ser aferição de sinais vitais com medidas iniciais das manobras de ressuscitação em suspeita de DPP: • Verificar se vias aéreas estão pérvias - @medinspira • Checar respiração e circulação • Dois acessos venosos calibrosos com 1.000ml de solução cristalóide correndo em cada um deles, a velocidade inicial de 500ml nos primeiros 10 minutos. • Manutenção de infusão de 250ml/hora Possibilidade de evoluir mais tardiamente com sinais de instabilidade circulatória (alterações posturais da pressão e/ou taquicardia). Perda de até 30% da volemia. • Realizar palpação uterina observando a apresentação fetal e se o tônus uterino está aumentado. • Fazer medida da altura uterina e ausculta dos BCF (monitorização fetal contínua). *A ausência de hipertensão no momento da chegada não exclui a etiologia hipertensiva, já que a gestante pode estar chocada. Tratamento: parturição rápida, adequada, transfusão sanguínea, adequada analgesia, monitorização da condição materna e avaliação da condição fetal. Cesariana por via alta quando o diagnóstico é de descolamento de placenta. Tratamento profilático: planejamento familiar, assistência pré-natal adequada. Acompanhamento de gestantes hipertensas, tentando evitar a sobreposição de toxemia gravídica e promovendo a antecipação do parto em época oportuna (interrupção da gestação após maturidade pulmonar, na tentativa de evitar o descolamento da placenta em pico hipertensivo), na dependência da gravidade. Tratamento curativo: manutenção do estado volêmico, casos graves devem ser acompanhados conjuntamente com o hematologista para a correta e rápida restituição dos elementos sanguíneos. Tratamento obstétrico: dependerá do grau do descolamento (grau 1, 2 ou 3) que se reflete no estado hemodinâmico materno e da vitalidade fetal. - Classificação de Sher: • Grau 1: sangramento genital discreto sem hipertonia uterina significativa. Vitalidade fetal preservada. Sem repercussões hemodinâmicas e coagulopatia. Geralmente diagnosticado no pós- parto com a identificação do coágulo retroplacentário. • Grau 2: Sangramento genital moderado e contrações tetânicas. Presença de taquicardia materna e alterações posturais da pressão arterial.Alterações iniciais da coagulação com queda dos níveis de fibrinogênio. Batimentos cardíacos fetais presentes, porém, com sinais de comprometimento de vitalidade. • Grau 3: Sangramento genital importante com hipertonia uterina. Hipotensão arterial materna e óbito fetal. Grau 3A: sem coagulopatia instalada. Grau 3B: com coagulopatia instalada. Vantagens da amniotomia (rompimento da bolsa amniótica): reduz a compressão da veia cava inferior; dificulta a ampliação da área do descolamento; melhora a hipertonia uterina; coordena as contrações; diminui a hemorragia; • Evidencia o hemoâmnio; diminui a pressão intrauterina; diminui a incidência de coagulopatias ou melhora-as quando já instaladas; induz ou acelera o trabalho de parto. - @medinspira ROTURA UTERINA Rompimento parcial ou total do miométrio durante a gravidez ou trabalho de parto. Completa: há a total rotura da parede uterina. Incompleta: o peritônio visceral permanece intacto Incidência: de 1 a cada 585 partos a 1 a cada 6.673 partos. Maior fator de risco para rotura é a presença de cicatriz uterina e o antecedente de cesariana é o principal delas. A rotura uterina pode cursar também com a lesão vesical, cicatriz uterina anterior onde está intimamente relacionado com a bexiga, o que ocorre em 0,1% dos casos. Sua frequência é inversamente proporcional a qualidade de assistência pré-natal, e ao parto, além de história anterior de cesarianas. Etiologia: • Espontânea: processo lento e progressivo, assintomática, ocorre no final da gestação em úteros predispostos pelo enfraquecimento da parede por cicatriz prévia de cesariana, miomectomia, outras cirurgias uterinas. O local de rotura é habitualmente fúndico. • Traumáticas: quedas sobre o ventre, pancadas resultantes de acidentes de trânsito, ferimentos penetrantes de armas brancas ou de fogo, manuseio da cavidade uterina. • No parto: pode ser espontânea, quando não há interferência do obstetra, ou provocada, como versão uterina, extração podal, fórcipe, administração intempestiva de ocitocina. Fatores predisponentes: • Cirurgia uterina prévia; • Anomalias congênitas uterinas; • Neoplasia trofoblástica gestacional; • Adenomiose; • Uso de misoprostol e ocitocina; • Anomalia fetal; • Sobredistensão uterina; • Multiparidade; • Hiperdistensão uterina; • Insistência de parto por via baixa, em casos de desproporção; • Uso inadequado do fórceps; • Trabalho de parto após cesariana; • Acretismo placentário. Ao se romper, há queda do estado geral, como instabilidade hemodinâmica, hipotensão, e a dor cessa. Diagnóstico: Interrupção das contrações com sangramento vaginal, ausência de batimentos cardíacos fetais, mudança de - @medinspira posição fetal, dor súbita, hipotensão e taquicardia materna. *Na síncope pós-parto, deve-se suspeitar de ruptura. Sinais de iminência de ruptura para prevenção: • Contrações excessivamente dolorosas. • Taqui e hipersistolia • Palidez, sudorese, agitação. • Distensão segmentar: Sinal de Bandl: anel fibromuscular transversal no segmento inferior (útero com aspecto semelhante a uma ampulheta) Sinal de Frommel: ligamento redondos retesados e hipercontraídos (desvio anterior do útero) Conduta: • Estabilidade hemodinâmica da paciente • Laparotomia *Morbidade materna depende do grau de hemorragia e do pronto tratamento do choque. • Acretismo placentário (USG endovaginal, RNM) • Histerectomia • Ruptura assintomática ROTURA DE VASA PRÉVIA • Anomalia de inserção do funículo umbilical na placenta, onde os vasos umbilicais cruzam o segmento inferior uterino, e se colocam à frente da apresentação. • Pode-se palpar o vaso fetal nas membranas. Essa compressão pode causar alteração na frequência cardíaca fetal. • Os vasos podem ser visualizados diretamente ou através da dopplerfluxometria. • Perda sanguínea de origem fetal (indolor) • Taxa de mortalidade fetal em torno de 50% Incidência: 0,5 a 1% das gestações únicas, em cerca de 10% das gestações gemelares, e é quase regra (próxima de 100%) em gestações trigemelares. Fatores de risco Inserções marginais do cordão, placentas bilobadas, placentas sucenturiadas, inserção vilamentosa do funículo umbilical (50% dos casos). Sangramento inicia no momento da rotura das membranas. - @medinspira Diagnóstico no pré-parto difícil (toque vaginal e amniscopia); USG com doppler colorido deve ser considerada em gestantes de alto risco: realizar em placentação baixa, placenta bilobada, placenta sucenturiada, gravidez por reprodução. Placenta e localização baixa = principal fator de risco Diagnóstico intraparto também é difícil: • APT-test • Coloração de Wrigth • *Deteriorização dos batimentos ardíacos fetais no momento da rotura. • Indicação: cesariana de urgência Prognóstico: Pior prognóstico quando a veia umbilical é acometida, e melhor quando a artéria umbilical é envolvida. A melhor conduta é a interrupção eletiva da gestação por via alta (cesariana, em todas as pacientes com 36 semanas ou mais. ROTURA DE SEIO MARGINAL Extrema periferia do espaço interviloso Suas paredes são formadas pela placa basal e pelas membranas, no ponto onde ambos se refletem sobre a decídua vera. Sinais e sintomas: • Sangramento vaginal, contínuos, de pequena monta • Vermelho vivo • Tônus uterino normal • BCF normal • Placenta normoposicionada Obs.: não tem sinais clínicos que condizem com as outras doenças estudadas. • Origem materna • Pequena intensidade • Bom prognóstico fetal • Diagnóstico após saída da placenta (histopatológico)
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