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O mundo natural e o espaço humanizado da Globalização Geografia Ensino Médio Lúcia Marina Tércio MANUAL DO PROFESSOR Fronteiras_Geografia_Vol1_PNLD2018_Capa.indd 2 4/13/16 4:02 PM Lúcia Marina Alves de Almeida Bacharela e licenciada em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento, da PUC-SP Professora de Geografia no Ensino Fundamental e no Ensino Médio das redes pública e particular do estado de São Paulo Tércio Barbosa Rigolin Bacharel e licenciado em História pela USP Bacharel e licenciado em Ciências Sociais pela Unesp, campus de Araraquara Professor de Geografia no Ensino Fundamental e no Ensino Médio das redes pública e particular do estado de São Paulo 3ª edição São Paulo, 2016 da Globalização O mundo natural e o espaço humanizado Geografia Ensino Médio Manual do Professor Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_001a002_C00.indd 1 5/31/16 10:42 AM Diretoria editorial Lidiane Vivaldini Olo Gerência editorial Luiz Tonolli Editoria de Ciências Humanas Heloisa Pimentel Edição Francisca Edilania de Brito Rodrigues Gerência de produção editorial Ricardo de Gan Braga Arte Andréa Dellamagna (coord. de criação), Adilson Casarotti (progr. visual de capa e miolo), Claudio Faustino (coord. e edição) e Arte Ação (diagram.) Revisão Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Rosângela Muricy (coord.), Ana Paula Chabaribery Malfa, Célia da Silva Carvalho, Paula Teixeira de Jesus e Patrícia Travanca; Brenda Morais e Gabriela Miragaia (estagiárias) Iconografia Sílvio Kligin (superv.), Denise Durand Kremer (coord.), Ana Vidotti (pesquisa), Cesar Wolf e Fernanda Crevin (tratamento de imagem) Ilustrações Luis Moura, Alex Argozino, Ingeborg Asbach Cartografia Eric Fuzii, Julio Dian, Márcio Souza, Portal de Mapas, Allmaps e Juliana Albuquerque Foto da capa: Hora do rush em Berlim (Alemanha). Matthias Makarinus/Getty Images Protótipos Magali Prado Direitos desta edição cedidos à Editora Ática S.A. Avenida das Nações Unidas, 7221, 3o andar, Setor A Pinheiros – São Paulo – SP – CEP 05425-902 Tel.: 4003-3061 www.atica.com.br / editora@atica.com.br 2016 ISBN 978 85 08 17973 2 (AL) ISBN 978 85 08 17974 9 (PR) Cód. da obra CL 713364 CAE 566 161 (AL) / 566 162 (PR) 3a edição 1a impressão Impressão e acabamento 2 Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_001a002_C00.indd 2 5/31/16 10:42 AM Geografia assumiu um papel muito importante nesta épo- ca em que as informações são transmitidas pelos meios de comunicação com muita rapidez e em grande volume. É impossível acompanhar e entender as mudanças e os fatos ou fenômenos que ocorrem no mundo sem ter conhecimentos geográficos. É no espaço geográfico — conceito fundamental da Geografia — que se dão as manifestações da natureza e as atividades humanas. Compreender a organização e as transformações ocorridas nesse espaço é essencial para a formação do cidadão consciente e crítico dos problemas do mundo em que vive. O papel do professor de Geografia, nesse caso, é pensar no aluno como agente atuante e modificador do espaço geográfico, formado dentro de uma proposta educacional que requer responsabilidade de todos, vi- sando construir um mundo mais ético e menos desigual. Organizamos uma obra com os conteúdos integrados, na qual estão inti- mamente relacionados o físico e o humano, o local e o global. Procuramos propor atividades que privilegiam a reflexão, a atualidade das informações e a construção da cidadania. Acreditando que a busca do conhecimento é um processo único e que a Geografia faz parte desse processo, incluímos ativida- des interdisciplinares em todos os volumes. Os dois primeiros volumes da coleção abordam os contrastes que marcam o espaço geográfico: naturais, políticos, humanos, tecnológicos, econômicos e supranacionais. Com isso pretendemos mostrar que, mesmo em um mundo globalizado, encontramos inúmeras contradições e desigualdades. O terceiro volume apresenta um retrato do Brasil, país vasto e com paisagens muito variadas. Agora é com você. Descubra uma nova forma de estudar Geografia e pre- pare-se para contribuir para a construção de uma sociedade mais tolerante, mais humana e mais solidária. Os autores 3 Apresentação A Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_003a008_C00.indd 3 4/13/16 4:18 PM 4 Conheça seu livro a obra Antes de dar início aos seus estudos, veja aqui como o seu livro está estruturado. 12 U N I D A D E 1 Espaço geográfico: localização e tempo J o ã o P ru d e n te /P u ls a r Im a g e n s Confidência do itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa... Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói! ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 68. O poeta Carlos Drummond de Andrade (1902- -1987) nasceu e passou parte de sua infância em Itabira, Minas Gerais. Nesse poema ele fala de Itabira e da influência que essa cidade exerceu sobre ele. Agora que você já leu o poema, faça o que se pede. 1. Identifique o verso que indica a origem do autor do poema, considerado um dos maiores poetas brasileiros do século XX. 2. Qual é o principal recurso natural encontrado na cidade do poeta? 3. Reproduza o verso em que o autor cita esse im- portante recurso natural e no que ele será trans- formado. 4. Agora pense nas suas próprias experiências e responda: ■■ Onde você nasceu? ■■ Em que lugar você passou a infância? ■■ Descreva as principais características desse lugar. ■■ Relate uma experiência vivida nesse lugar. ■■ Em que lugar você vive hoje? De que maneira ele se relaciona com outros lugares? Leitura e reflexão Geografia e Língua Portuguesa Cidade de Itabira (MG), vista do pico do Amor. Pode-se ver o pico do Cauê ao fundo, à direita. Foto de 2014. Vulcão e alteração do meio natural Erupção vulcânica forma pequena ilha em arquipélago no Japão Uma erupção vulcânica formou uma nova ilhota na costa de Nishinoshima, uma pequena ilha desabi tada no arquipélago de Ogasawara, ao sul de Tóquio, segundo afirmaram [...] a guarda costeira japonesa e especialistas em terremotos ouvidos pela AP [Associated Press]. Na foto de 2013, vemos a atividade de erupção formando uma ilha próxima à ilha de Nishinoshima, em Ogasawara, no Japão. Segundo a guarda costeira e a Agência Meteorológica do Japão, a ilhota tem cerca de 200 metros de diâmetro e fica em um arquipélago de 30 ilhas, mil quilômetros ao sul de Tóquio. O conjunto de ilhas, junto com o restante do Japão, faz parte do chamado “Anel de Fogo” do Pacífico, uma área sismicamente ativa, onde ocorre um grande número de terremotos. [...] Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/ 11/erupcao-vulcanica-forma-pequena-ilha-em- arquipelago-no-japao.html>. Acesso em: 8 out. 2015. Cresce ilha vulcânica que surgiu em 2013 ao sul de Tóquio Uma nova ilha vulcânica que surgiu há pouco mais de um ano e fica mil quilômetros ao sul de Tóquio segue crescendo depois de se fundir com outra, segun do novas imagens divulgadas nesta semana pela guarda costeira japonesa. “Uma cratera segue lançando matéria entre 5 e 6 vezes por dia”, e a ilha se estende a leste, explicaram em um comunicado. “A alimentaçãoregular de magma prossegue”, comentou o vulcanologista Kenji Nogami. Os barcos não podem se aproximar a um raio de 6 km da ilha devido ao risco de erupção, segundo o especialista. A nova ilha, que nasceu em meados de novembro de 2013 por uma forte atividade vulcânica, não para de crescer. Agora mede aproximadamente 1 950 metros de leste a oeste e 1 800 de norte a sul, no total 2,45 km2, segundo a guarda costeira. [...] Desde que surgiu, a ilha aumentou de tamanho. Observe a foto de 2015. Mas o país do Sol Nascente não tem a exclusividade desse tipo de fenômeno. Em 2013, uma ilha surgiu no mar da Arábia após um poderoso terremoto de magnitude 7,7 no Paquistão, a centenas de quilômetros. Disponível em: <http://g1.globo.com/natureza/ noticia/2015/02/cresce-ilha-vulcanica-que-surgiu-em-2013- ao-sul-de-toquio.html>. Acesso em: 8 out. 2015. Responda às questões. 1. Por que é importante o estudo das erupções vul- cânicas? 2. Faça uma pesquisa e aponte duas áreas do co- nhecimento que podem auxiliar na prevenção de danos em áreas sujeitas ao vulcanismo. Contexto e aplicação T h e Y o m iu ri S h im b u n /A P I m a g e s T h e Y o m iu ri S h im b u n /A P I m a g e s Não escreva no livro 94 U N I D A D E 3 Litosfera e relevo terrestre abertura de unidade Em todas as aberturas de Unidade, uma imagem e um texto introduzem os principais assuntos que serão abordados. abertura de capítulo Cada capítulo tem início com imagem pertinente ao tema tratado. Contexto e aplicação Aqui você tem acesso a textos e atividades que o convidam a relacionar o assunto estudado ao seu cotidiano. leitura e reflexão Nesta seção você vai encontrar textos que exigem uma leitura atenta e atividades que estimulam a reflexão sobre o tema. Ao longo do texto principal há se•›es que vão dar dinamismo ao seu estudo. Em muitas delas, você encontra textos de outros autores e gêneros (poesias, letras de música, artigos de jornais, revistas e internet, pesquisas e textos opinativos de estudiosos da Geografia). 3un i d a d e 70 W o lf g a n g P ö lz e r/ A la m y /L a ti n s to ck Litosfera e relevo terrestre Nesta Unidade vamos estudar a litosfera, camada externa da Terra que está sempre em constru- ção e em transformação pela dinâmica natural dos agentes transformadores do planeta. Vamos conhecer as estruturas geológicas e as formas de relevo que servem de suporte para as atividades huma- nas que nela acontecem e que muitas vezes provocam impactos ambientais preocupantes, como a erosão e a poluição dos solos. Veremos também que, apesar de todo o avanço tecnológico, alguns fenô- menos naturais, como os terremotos e as erupções vulcânicas, não podem ser controlados, e acabam causando grandes prejuízos e danos para a sociedade. Limites divergentes entre as placas tectônicas norte-americana e europeia, em Thingvellir National Park, na Islândia. Foto de 2013. abertura de capítulo Cada capítulo tem início com imagem pertinente ao tema tratado. c a p í t u l o 1 5 A diversidade étnico-cultural é a característica mais marcante da população mundial, como você pode verificar nas imagens mostradas acima. Im a g e n s : F ra n k M a y /d p a /C o rb is /L a ti n s to ck , K ir s ti n S in c la ir /G e tt y I m a g e s , P a tr ic k A v e n tu ri e r/ G e tt y I m a g e s , J e a n -S e b a s ti e n E v ra rd /A g ê n c ia F ra n c e -P re s s e , N ic o la s J o s é /h e m is .f r/ A la m y /L a ti n s to ck , S a m u e l B o rg e s P h o to g ra p h y /S h u tt e rs to ck , T a n g M in g T u n g /T h e I m a g e B a n k /G e tt y I m a g e s , P a u l G a rn ie r R im o lo /S h u tt e rs to ck , F il ip e F ra za o /S h u tt e rs to ck , H u L iu /C p re s s p h o to /C o rb is /L a ti n s to ck , L e n 4 4 ik /S h u tt e rs to ck , K e ll e h e r P h o to g ra p h y /A la m y /L a ti n s to ck . Crescimento demográfico ou populacional O aumento da população de um lugar ou de um país em determinado período é chamado crescimen- to demográfico ou populacional, e pode ser expli- cado por dois fatores: o crescimento vegetativo e as migrações. Crescimento demográfico é, portanto, o resulta- do da soma dos nascimentos com as migrações, subtraindo-se as mortes, em determinado período. A diferença entre o número de nascimentos e o de mortes, em determinado período, é chamada cres- cimento vegetativo ou crescimento natural. O crescimento demográfico está associado a al- guns fatores, como taxa de mortalidade, taxa de na- talidade, taxa de fecundidade, mortalidade infantil, expectativa de vida, que por sua vez dependem de condições de saúde, educação e acesso a recursos naturais e econômicos das sociedades. A relação entre o número de nascimentos ocorri- dos no período de um ano e o total de habitantes de uma cidade, um estado, um país ou um continente define a taxa de natalidade. Essa taxa é obtida multi- plicando por 1 000 o número de nascimentos ocor- ridos durante um ano e dividindo o resultado pelo número que representa a população absoluta. Por exemplo, uma taxa de natalidade de 25á significa A população da Terra 190 U N I D A D E 6 A população mundial e a transformação do espaço Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_003a008_C00.indd 4 4/13/16 4:18 PM 5 Refletindo sobre o conteúdo 1. Apresente situações que comprovem a importância das rochas para o desenvolvimento das sociedades humanas. 2. Identifique as estruturas geológicas representadas nas fotos abaixo e aponte três diferenças entre elas. 3. Geografia e Química Leia a citação abaixo, depois faça o que se pede. O termo rocha tem uma variedade de significados, mas para os geólogos ele se refere a um agregado sólido de um ou mais minerais… WICANDER, Reed; MONROE, James S. Fundamentos de Geologia. São Paulo: Cengage Learning, 2009. • Explique por que a estrutura geológica é importante para definir o tipo de relevo e as riquezas minerais que existem em uma região. 4. Geografia e Química Sob a orientação do professor, faça uma pesquisa para organizar a montagem de um mostruário com alguns tipos de rochas e sua classificação. Se for possível, trabalhe no laboratório de Química. 5. Observe o mapa e, de acordo com seus conhecimentos e com o que você estudou neste capítulo, respon- da às questões abaixo. a) Qual é a forma de relevo predo- minante na África meridional? b) Qual é a forma de relevo da baía de Delagoa, em Moçam bique? c) O lago Vitória — maior lago afri- cano, situado entre Uganda, Tanzânia e Quênia — localiza-se sobre que forma de relevo? Adaptado de: SIMIELLI, M. E. Geoatlas. 34. ed. São Paulo: Ática, 2013. p. 66. B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra M TE S. M U C H IN G A M e ri d ia n o d e G re e n w ic h Thabana Ntlenyana (3 650 m) Golfo da Guiné Baía de Biafra Baía da Somália Baía de Sofala B. de Delagoa B. Sta. Elena R io O ka va ng o Cataratas de Vitória L. Kariba L. Niassa L. Mweru L. Tanganica L. Kioga L. Turkana L. Eduardo L. Alberto I. S. Tomé I. Príncipe I. Pemba I. Zanzibar I. Mafia Is. Aldabra Is. Comores I. Mayotte I. Mahé I. Maurício I. Reunião Mtes. Karas C. D’Ambre C. Delgado C. S. André Elgon (4 321 m) Quênia (5 211 m) Quilimanjaro (5 895 m) Meru (4 560 m) Kompas (2 504 m) Maromokotro (2 876 m) Ankaratra (2 644 m) Rungwe (3 175 m) Golfo de Benguela PLANALTO DE BIÉ PLANALTO DOS GRANDES LAGOS Ruwenzori (5 109 m)BACIA DO CONGO DESERTO DE KALAHARI DEPRESSÃO DE NGAMI Ri o C o n g o Rio Congo R io C u b a ngo R io Z am beze Rio Cuanza Rio Orange Rio Orange Rio Limpopo Ri o V aal Lago Vitória C. da Boa EsperançaD ra k e n s b e rg Rio Zambeze Rio C u ando R io L ua n g w a IS. MASCARE NH AS I S . S E Y C H E L L E S D E S E R TO D A N A M ÍB IA M t e s . M i t u m b a M te s . In y a n g a M te s . Liv in g s to n e R IF T V A L L E Y R I F T V A L L E Y GRANDE KA RR OO C. Lopez I. D E M A D A G A S C A R 0º 0º O C E A N O A T L  N T I C O O C E A N O Í N D I C O C a n a l d e M o ç a m b iq u e Trópico de Capricórnio Equador Picos Rio intermitente Altitude (em metros) 4 000 2 000 1 000 400 200 0 0 3180 6360 km N S LO África meridional: físico Cordilheira dos Andes, vista de San Pedro do Atacama, Chile, em 2015. Parque Nacional do Pico da Neblina, no estado do Amazonas, em 2013. R o b F ra n c is /R o b e rt H a rd in g /A g ê n c ia F ra n c e -P re s s e G o v e rn o F e d e ra l/ In s ti tu to C h ic o M e n d e s d e C o n s e rv a ç ã o d a B io d iv e rs id a d e ( IC M B io ), 2 0 1 3 . A B QuêniaQuêniaQuênia (5 211 m)(5 211 m)(5 211 m)(5 211 m) 0º Não escreva no livro 90 U N I D A D E 3 Litosfera e relevo terrestre Concluindo a Unidade 5 Leia o texto, reflita e depois faça o que se pede. Poluição e desperdício fazem da crise hídrica um problema de difícil solução SP, RJ e MG pagam o preço da poluição descontrolada e do desperdício. São Paulo A represa Billings abastece 1,6 milhão de pessoas na região do Grande ABC, na grande São Paulo. O governo do estado quer ampliar a captação das águas do reservatório, mas a proposta gerou polêmica. Boa parte das margens da represa está ocupada por invasões, e é grande a quantidade de lixo na água. O maior ponto de poluição da represa fica na barragem que faz a transposição da água do rio Pinheiros. A quanti dade de material orgânico é impressionante. A bióloga Marta Marcondes fez a medição do oxigênio na água, em um braço mais limpo da Billings. O ideal para que haja vida é acima de 8 mg/L, mas o máximo registrado na represa foi 7,3 mg/L. Em uma região de água mais poluída, a quantidade de oxigênio na Billings é de apenas 1,8 mg/L. Isso significa que não há vida na água. No ponto onde fica a usina de transposição de água do rio Pinheiros, região mais poluída da represa Billings, nem as bactérias que se alimentam de lixo orgânico conseguem sobreviver. O nível de oxigênio na água é de apenas 0,5 mg/L. Embora a sujeira assuste, no lodo que se acumula no fundo da represa há um perigo ainda maior. A presença de metais pesados e de coliformes fecais está muito acima da quantidade tolerada. Lixo e esgoto são jogados na represa Billings desde o início das ocupações, há 40 anos. Além das ocupações irregulares, a mata que cerca a Billings se transformou em um cemitério de carros roubados, há carcaças e pedaços de veículos espalhados por vários metros, a poucos passos da água. [...] Rio de Janeiro No Rio de Janeiro, moradores de Mesquita quebram o asfalto da rua para fazer ligação direta nas tubulações da Cedae, já que a água não chega às casas. Além da água, eles constroem um sistema de esgoto por conta própria. Na região, a Cedae instalou a tubulação e os relógios para a cobrança, mas a água nunca chegou. Mesmo quem nunca teve a ligação recebe a conta mensalmente. Os moradores se recusam a pagar e garantem que já foram feitas inúmeras reclamações. No recreio dos Bandeirantes, falta água na casa dos mais pobres e dos mais ricos. Nem mesmo o poço artesiano resolve o problema, já que parte do bairro não tem sanea mento e o esgoto dos córregos contamina o lençol. Em um condomínio do bairro, a conta mensal com a compra de água de carrospipa chega a R$ 24 mil. Os mora dores dizem que já cansaram de reclamar com a Cedae, que continua enviando a conta de água no valor de R$ 4 mil. A Companhia de Água e Esgoto do Rio de Janeiro mandou uma nota dizendo que nos próximos quatro anos vai construir 17 novos reservatórios na Baixada Fluminense. [...] Minas Gerais O Sistema Paraopeba, que abastece a região metro politana de Belo Horizonte, também está com o nível de água baixo. Em fevereiro de 2015, a represa está 20,5 metros abaixo do nível normal. O mês de janeiro levou chuva para a região. Mesmo em quantidade insuficiente para encher uma represa tão grande, a água que vem do céu ajuda muito os agricultores. Um produtor mineiro criou sua versão de represa na propriedade, um lago artificial, e guarda água até em banheira velha para evitar a perda da lavoura novamente. Belo Horizonte desperdiça 40% de sua água tratada. Os profissionais da Copasa responsáveis por procurar esses vazamentos são chamados “caçagotas”. Uma ligação clandestina é encontrada e o trabalho dos operários começa. Em poucos minutos, os moradores de uma comunidade próxima se aproximam para reclamar. Eles impedem o corte de água e dizem que a ligação clandestina existe porque não há abastecimento regular. PROFISSÃO Repórter. Disponível em: <www.g1.globo.com/ profissao-reporter/noticia/2015/02/poluicao-e-desperdicio- fazem-da-crise-hidrica-um-problema-de-dificil-solucao.html>. Acesso em: 6 nov. 2015. 1 A foto abaixo foi tirada na represa Billings, localizada entre a zona sul de São Paulo e o município de São Bernardo do Campo. Relacione-a à reportagem que você acabou de ler. L u iz C a rl o s M u ra u s k a s /F o lh a p re s s Carcaça de carro descoberta com a descida do nível das águas na represa Billings, em São Paulo (SP), em 2014. 183 Refletindo sobre o conteúdo Encerrando o capítulo, esta seção propõe um conjunto de questões para análise, reflexão e interpretação dos assuntos estudados. Diálogos Nesta seção você encontra conteúdos que são objeto de estudo de outras disciplinas, principalmente das Ciências Humanas – História, Sociologia e Filosofia –, e aprende como eles dialogam com a Geografia. outra visão Esta seção apresenta textos que trazem uma opinião diferente sobre o tema estudado, favorecendo a análise imparcial. pesquise e reflita Nesta seção há sugestões de temas para pesquisa e questões de reflexão sobre o assunto estudado. ampliando o conhecimento Aqui são apresentados textos que aprofundam e complementam um determinado assunto. Este ícone indica que a atividade proposta é interdisciplinar, isto é, envolve conhecimentos de outras disciplinas. Ao final dos capítulos e das Unidades as seções de encerramento sintetizam os assuntos estudados. Concluindo a unidade No fim das Unidades, há uma série de testes e questões do Enem e de vestibulares para ajudar você a se preparar para o ingresso no Ensino Superior. OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO Círculo Polar Ártico Círculo Polar Antártico Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio Equador 0º 0º OCEANO ÍNDICO OCEANO PACÍFICO M er id ia n o d e G re en w ic h 0 2 410 4 820 km Nota: Vladimir Köppen adota a climatologia tradicional, também chamada analítica, para classificar os diferentes tipos de clima, considerando separadamente os elementos que os caracterizam (no caso, temperaturas e chuva). A versão apresentada aqui é uma classificação bastante simplificada da de Köppen, adotada pelo IBGE. Tipos de clima (adaptado da classificação de Köppen) Equatorial Tropical Mediterrâneo Temperado Subtropical Desértico Frio Polar Frio de montanhaSemiárido N S LO 0º Círculo Polar Ártico Círculo Polar Antártico Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio Equador 0º M er id ia n o d e G re en w ic h Zonas climáticas da Terra Polar Temperada Intertropical Adaptado de: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 58. A ll m a p s /A rq u iv o d a e d it o ra Tipos climáticos Na orla do Rio, área está sob ameaça do clima O Rio registrou 42,8 °C em 16 de outubro de 2015, a terceira maiortemperatura dos últimos cem anos, desde 1915, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Uma área avaliada em pelo menos R$ 109 bilhões no Rio de Janeiro pode ser afetada até 2040 pela elevação do nível do mar. Esse é um dos principais destaques do capítulo de infraestrutura costeira do estudo “Brasil 2040”, divulgado pelo governo federal [...]. O trabalho avalia os impactos, pelos próximos 25 anos, que os mais diversos setores da economia vão sofrer com as mudanças climáticas. A avaliação dos riscos costeiros foi conduzida no Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA) pela equipe do engenheiro civil Wilson Cabral. Mapeou-se a vulne- ra bilidade do Rio e de Santos, o aumento do nível do mar e o risco de ressaca, fenômenos agravados pelo aumento das temperaturas globais e o derretimento das calotas polares. Também se analisou a probabilidade de ocorrên- cias de deslizamentos e inundações. Foram considerados dois cenários do IPCC (o painel da ONU de cientistas do clima): um mais pessimista, em que o mundo não age para combater as mudanças climáticas; e um intermediário, em que ações são toma- das, mas ainda não são suficientes para evitar aqueci- mento de cerca de 3 °C até 2100. Pesquise e reflita Veja o mapa de tipos climáticos simplificado da classificação de Köppen, uma classificação climática bastante utilizada, adaptada pelo IBGE. Não escreva no livro 141Fatores do clima e tipos climáticos C A P Í T U L O 1 1 Diálogos 14 15U N I D A D E 1 Espaço geográfico: localização e tempo Um espaço de lugares e paisagens C A P Í T U L O 1 14 U N I D A D E 1 Espaço geográfico: localização e tempo sertanejo e a Caatinga, o candango e o Cerrado, o boia- deiro e o Pantanal, o gaúcho e os Pampas, o pescador e os contextos navais tradicionais e o seringueiro e a Amazônia. Como esses, outros tantos personagens e lugares formam o “painel” das riquezas culturais brasi- leiras, destacando a relação exemplar entre o ser huma- no e a natureza. Para que determinada paisagem cultural ou manifes- tação imaterial seja protegida pelo Iphan, é preciso que seja reconhecida como tal ou que tenha a chancela do instituto. Qualquer cidadão brasileiro pode requerer a chance- la de uma Paisagem Cultural ou manifestação cultural. Texto elaborado com base em dados disponíveis em: <http://portal.iphan.gov.br/>. Acesso em: mar. 2015. Paisagem cultural e seus elementos Os elementos culturais da paisagem são o resultado do trabalho humano no espaço natural ao longo do tem- po. Esses elementos são estudados também por outras disciplinas, que, com a Geografia, fazem parte das Ciências Humanas. São elas a História, a Sociologia e a Em novembro de 2014, a Unesco con- feriu à Roda de Capoeira o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. • Caracterize essa forma de arte. Pesquise suas raízes e explique por que ela foi con- siderada clandestina durante o período inicial de sua manifestação no Brasil. Geografia, Sociologia e História O frevo é uma dança típica do folclore brasileiro. Na foto, dançarinos se divertem na cidade de Olinda (PE). Foto de 2015. Pintura rupestre representando um humano e um felino, encontrada na Toca do Caldeirão dos Canoas, no Parque Nacional da Capivara (PI). Foto de 2015. Seringueiro colhendo o látex para a fabricação da borracha, em Neves Paulista (SP), em 2014. A pesca artesanal, visando ao sustento das pessoas, ainda é muito praticada no Brasil. Na foto, pescador lança sua rede na praia da Armação, em Florianópolis (SC), em 2015. Vaqueiros, figuras típicas do Sertão nordestino, cavalgando em estrada em Serrita (PE), em 2015. H a n s v o n M a n te u ff e l/ O p ç ã o B ra s il I m a g e n s F a b io C o lo m b in i/ A c e rv o d o f o tó g ra fo T h o m a z V it a N e to /P u ls a r Im a g e n s M a u ri c io S im o n e tt i/ P u ls a r Im a g e n s C â n d id o N e to /O p ç ã o B ra s il I m a g e n s A paisagem cultural brasileira O Brasil possui belezas naturais incomparáveis e uma diversidade cultural única. Promover a proteção desse riquíssimo patrimônio é dever de todos os brasileiros. Desde 1937, o responsável oficial pela proteção e pela valorização do patrimônio no Brasil é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Atualmente, esse instituto regulamenta cerca de cem cidades históricas protegidas, mais de mil bens tombados individualmente, 15 mil sítios arqueológicos cadastrados e quinze manifestações culturais consideradas patrimô- nio imaterial. Segundo o Iphan, Paisagem Cultural Brasileira é uma porção peculiar do território nacional, representativa da in- teração da humanidade com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores. São exemplos de paisagens culturais as relações entre o Filosofia. A História da Arte e da Literatura também são aspectos importantes nesse conhecimento. Em 1992, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), com sede em Paris, na França, criou um novo conceito de Patrimônio Mundial como forma de reconhecimento dos bens cul- turais: o Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural. Vista do centro histórico da cidade de Ouro Preto (MG), Patrimônio Cultural da Humanidade, com destaque para a Igreja do Carmo e o Museu da Inconfidência. Foto de 2015. Chancela: selo ou sinal gravado usado para validar um documento. Rubens Chaves/Pulsar Imagens 14 OCEANOOCEANOOCEANO PACÍFICO öppen adota a climatologia tradicional, também hamada analítica, para classificar os diferentes tipos de clima, considerando separadamente os elementos que os caracterizam são apresentada aqui é uma öppen, adotada pelo IBGE (adaptado da classificação de Köppen) râneo emperado io de montanha Veja o mapa de tipos climáticos simplificado da classificação de Köppen, uma classificação climática OCEANO CÍFICO öppen) io de montanha Veja o mapa de tipos climáticos simplificado da classificação de Köppen, uma classificação climática 33A medida do tempo no espaço geográfico C A P Í T U L O 3 A Linha Internacional de Data A Linha Internacional de Data — oposta ao me- ridiano de Greenwich — determina a mudança de data civil no planeta. Por isso, ao cruzar essa linha, a data deve ser alterada, dependendo da direção para a qual se viaja. Por exemplo, quem sai do México, do Brasil ou dos Estados Unidos em voo direto para Tóquio numa segunda-feira chegará lá na terça-feira. Leia mais sobre esse assunto no tex- to da seção Ampliando o conhecimento, a seguir, e você vai entender por que isso acontece. O lugar onde o calendário muda Existe uma linha que corta o globo de polo a polo, onde a data dá um salto de um dia. Imagine que você resolva fazer uma viagem diferente no fim do ano: uma travessia pelo ocea no Pacífico, a bordo de um transatlântico. Uma noite, no final do jantar, o navio em mar aberto, o comandante anuncia: “Atenção, senhoras e senhores! Vamos brindar o Ano-Novo!”. É exatamente meia-noite de 30 de dezembro. Como é possível pular o dia 31? Os passageiros ficam intrigados. O que existe de diferente nesse pedaço do mundo? É como se ali, num ponto qualquer, perdido em pleno mar, o tempo de repente sofresse uma des con- tinuidade, fazendo o calendário pular de 30 de dezem- bro para 1o de janeiro. O mais estranho de tudo é que a hora continua a mesma: meia-noite. Você saberia resolver esse enigma? É que, exatamente à meia-noite de 30 de dezembro, o navio cruzava a Linha Internacional de Data. Essa linha corta o globo terrestre do polo norte ao polo sul, seguindo mais ou menos o meridiano de 180°, do lado oposto ao meridiano de Greenwich, na Inglaterra. A partir de Greenwich são acertados os relógios de todo o mundo, pelos fusos horários. A leste dele, adianta-se uma hora,a cada 15 graus. Só que, quando se chega à Linha Inter- nacional de Data, não é o relógio que muda, e sim a folhinha: a leste da linha, voltamos 24 ho- ras no tempo. Ou seja, quem atravessa essa linha de oeste para leste volta para ontem. Sabe por quê? Para acertar o calendário. Veja a seguir o problema que teríamos, por exemplo, se apenas contássemos as horas, a cada fuso horário. Suponha que é meia-noite do dia 30 de dezembro e você está em São Paulo (desconsidere o horário de verão). Se ligar para outra cidade, mais a leste, digamos a Cidade do Cabo, na África do Sul, vai ver que lá serão 4 horas da manhã do dia 31 de dezembro, porque a cidade fica cinco fusos horários a leste. Quanto mais a leste mais tarde será. No Japão já será meio-dia, e, no Havaí, 6 horas da tarde. Da mesma forma, no Peru seriam 23 horas, também do último dia do ano. Assim, se completasse a volta ao mundo, você chegaria à conclusão de que seu vizinho de oeste já estaria vivendo a meia-noite do dia 31, mas você ainda estaria no dia 30. Para assinalar uma única data, é preciso fazer um acerto em algum ponto. Então, por convenção, diminui- -se um dia quando se passa pela Linha Internacional de Data, de oeste para leste. Para evitar problemas no dia a dia das pessoas, a Linha Internacional de Data não segue exatamente o meridiano de 180°. Ela faz algumas curvas, desviando-se de ilhas e regiões em terra firme onde possam existir comunidades. Veja um exemplo da confusão que reinaria numa cidade cortada pela Linha Internacional de Data. No caso de inflação alta, o cliente de um banco poderia ganhar um bom dinheiro apenas atravessando a rua. Bastaria fazer um depósito na agência bancária do lado leste da cidade e retirar o dinheiro em outra agência, do lado oeste. Ele lucraria os juros de um dia em poucos minutos. E mais: os compromissos teriam de ser marcados levando em conta o lado da cidade onde cada pessoa mora. Ou seja, todos teriam de manipular duas agendas. DAMINELI NETO, Augusto. O lugar onde o calendário muda. Superinteressante, São Paulo: Abril, n. 98, nov. 1995. p. 82-84. Ampliando o conhecimento Placa em local turístico onde passa a Linha Internacional de Data, em Taeuni Island, nas ilhas Fiji, em 2015. B o n n ie J a ck s o n /< w w w .e q u a to rd iv in g .c o m > 33A medida do tempo no espaço geográfico C A P Í T U L O 3 para a qual se viaja. Por exemplo, quem sai do México, do Brasil ou dos Estados Unidos em voo direto para Tóquio numa segunda-feira chegará lá na terça-feira. Leia mais sobre esse assunto no tex- Ampliando o conhecimento, a seguir, e você vai entender por que isso acontece. Havaí, 6 horas da tarde. Da mesma forma, no Peru seriam 23 horas, também do último dia do ano. Assim, se completasse a volta ao mundo, você chegaria à conclusão de que seu vizinho de oeste já estaria vivendo a meia-noite do dia 31, mas você ainda estaria Para assinalar uma única data, é preciso fazer um acerto em algum ponto. Então, por convenção, diminui- -se um dia quando se passa pela Linha Internacional de Data, de oeste para leste. Para evitar problemas no dia a dia das pessoas, a Linha Internacional de Data não segue exatamente o meridiano de 180°. Ela faz algumas curvas, desviando-se de ilhas e regiões em terra firme onde possam existir comunidades. Veja um exemplo da confusão que reinaria numa cidade cortada pela Linha Internacional de Data. No caso de inflação alta, o cliente de um banco poderia ganhar um bom dinheiro apenas atravessando a rua. Bastaria fazer um depósito na agência bancária do lado leste da cidade e retirar o dinheiro em outra agência, do lado oeste. Ele lucraria os juros de um dia em poucos minutos. E mais: os compromissos teriam de ser marcados levando em conta o lado da cidade onde cada pessoa mora. Ou seja, todos teriam de manipular duas agendas. DAMINELI NETO, Augusto. O lugar onde o calendário muda. Superinteressante, São Paulo: Abril, n. 98, nov. 1995. p. 82-84. Placa em local turístico onde passa a Linha Internacional de Data, em Taeuni Island, nas ilhas Fiji, em 2015. B o n n ie J a ck s o n /< w w w .e q u a to rd iv in g .c o m > 19Um espaço de lugares e paisagens C A P Í T U L O 1 O meio técnico-científico-informacional Uma palavra relativamente abandonada do voca bu lário da Geografia volta agora a ter evidência. Refe rimonos ao vocábulo “meio”. Com os progressos alcan çados no conhecimento das galáxias, a palavra “espaço” passou a ser utilizada com maior ênfase para designar espaço sideral interplanetário. Também nessa fase da pósmodernidade, a mesma palavra “espaço” ganhou um uso crescentemente metafórico em diversas disciplinas. O meio resulta de uma adaptação sucessiva da superfície da Terra às necessidades dos homens. Nos primórdios da História registravamse alterações isola das, ao sabor das civili zações emergentes, até o pro cesso de internacionalização criar em diversos lugares feições semelhantes. Agora, existe uma ten dên cia à generali zação à escala mundial dos mesmos objetos geo gráficos e das mesmas paisagens. A globalização leva à afir mação de um novo meio geográfico cuja produção é deliberada e que é tanto mais produtivo quanto maior for o seu conteúdo em ciência, tecnologia e informação. Esse meio técnico científicoinformacional dáse em muitos lugares (Europa, Estados Unidos, Japão, parte da América Latina) de forma extensa e contínua, enquanto em outros (África, Ásia, parte da América Latina) apenas pode se manifestar como manchas ou pontos. Criase, desse modo, uma oposição entre espaços adaptados às exigências das ações econômicas, políticas e culturais características da globalização e outras áreas não dotadas dessas virtualidades, for mando o que, imagina ti va mente, podemos cha mar de espaços lumi nosos e espaços opacos. No caso do Brasil, o velho contraste entre o país costeiro e o país interior e a mais recente oposição entre centro e periferia cedem lugar a uma nova opo sição: de um lado, esse meio técnico científicoinfor macional, espaço do artifício, formado, sobretudo, pelo Sul e pelo Sudeste; do outro, o restante do territó rio nacional. SANTOS, Mílton. Entenda sua época. Folha de S.Paulo, São Paulo, 13 abr. 1997. p. 5-9. Disponível em: <www1.folha.uol. com.br/fsp/mais/fs130419.htm>. Acesso em: 15 set. 2015. Outra vis‹o Imagem noturna da América do Sul obtida por satélites em 2012. N O A A & E a rt h O b s e rv a to ry /N a s a Não escreva no livro Agora que você já leu o tex- to, faça o que se pede. 1. Observe a imagem e deter- mine um espaço luminoso e um espaço opaco no Brasil e na América do Sul. 2. Explique como pode ser de- finido o “novo meio geo- gráfico”, segundo Mílton Santos. Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_003a008_C00.indd 5 4/13/16 4:18 PM 6 F e rn a n d o A ra ú jo /F u tu ra P re s s Sumário UNIDADE 1 EspAço gEográfIco: locAlIzAçÃo E tEmpo .................................................................. 9 Capítulo 1 Um espaço de lugares e paisagens ..........................10 Espaço geográfico: objeto de estudo da Geografia ............................................................ 10 lugar: a nossa geografia.......................................... 11 Sistemas e redes ...................................................... 11 paisagem: o espaço que nossa vista alcança ....... 13 Diálogos — Paisagem cultural e seus elementos....... 14 Espaço, paisagem e tempo .................................... 16 Refletindo sobre o conteúdo ..................................... 20 Capítulo 2 A localização no espaço geográfico ......................... 21 as direções no espaço geográfico ........................ 21 Coordenadas geográficas: importância e aplicação...............................................................22 Diálogos — A descoberta da longitude .....................26Refletindo sobre o conteúdo ......................................28 Capítulo 3 A medida do tempo no espaço geográfico .............. 29 o movimento de rotação, os dias e as noites ...... 30 o movimento de translação e as estações do ano ..................................................................... 34 Refletindo sobre o conteúdo ......................................36 coNclUINDo A UNIDADE 1 ....................................... 37 Testes e questões ........................................................... 37 Outras fontes de reflexão e pesquisa ............................ 41 UNIDADE 2 rEprEsENtANDo o EspAço gEográfIco ................................................... 43 Capítulo 4 representação do espaço geográfico: a construção de mapas ........................................... 44 Cartografia e tecnologia ........................................ 44 a construção de mapas......................................... 49 Refletindo sobre o conteúdo ..................................... 54 Capítulo 5 linguagem cartográfica e leitura de mapas ........... 55 tipos de mapas ou cartas ......................................55 a linguagem dos mapas .........................................59 Refletindo sobre o conteúdo ......................................62 coNclUINDo A UNIDADE 2 ......................................63 Testes e questões .......................................................... 64 Outras fontes de reflexão e pesquisa ............................69 UNIDADE 3 lItosfErA E rElEVo tErrEstrE ............70 Capítulo 6 litosfera: evolução geológica da terra .................... 71 as esferas da terra ................................................. 71 o tempo geológico conta a história da terra .......72 origem, formação e camadas da terra ................. 74 a origem dos continentes ...................................... 75 Refletindo sobre o conteúdo ......................................83 Capítulo 7 A terra: estrutura geológica e formas de relevo .................................................. 84 a constituição da crosta terrestre ........................ 84 o relevo terrestre ................................................... 88 Refletindo sobre o conteúdo ..................................... 90 Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_003a008_C00.indd 6 4/13/16 4:18 PM 7 G il le s A d t/ R e u te r s /L a ti n s to c k Capítulo 8 Agentes formadores e modeladores do relevo terrestre ................................................... 91 a dinâmica interna da terra .................................. 91 a dinâmica externa da terra ................................. 98 Refletindo sobre o conteúdo ................................... 104 Capítulo 9 Erosão e contaminação dos solos ..........................105 Solo: resultado do intemperismo ........................105 a erosão dos solos ................................................ 107 a contaminação dos solos pelo lixo .....................113 Refletindo sobre o conteúdo .................................... 116 coNclUINDo A UNIDADE 3 ..................................... 117 Testes e questões ..........................................................118 Outras fontes de reflexão e pesquisa .......................... 123 UNIDADE 4 A AtmosfErA E As mUDANçAs clImátIcAs ....................................................125 Capítulo 10 o tempo meteorológico e os elementos do clima .................................................................126 a atmosfera e os fenômenos meteorológicos ... 126 Refletindo sobre o conteúdo .................................... 134 Capítulo 11 fatores do clima e tipos climáticos ........................ 135 Fatores que modificam o clima ............................ 135 principais tipos de clima do mundo .................... 137 Refletindo sobre o conteúdo .................................... 142 Capítulo 12 A poluição do ar atmosférico e as mudanças climáticas .............................................143 a poluição do ar e os impactos ambientais ....... 143 Fenômenos naturais e novos padrões climáticos ...............................................150 Refletindo sobre o conteúdo .................................... 153 coNclUINDo A UNIDADE 4 .................................... 154 Testes e questões ......................................................... 155 Outras fontes de reflexão e pesquisa ..........................160 UNIDADE 5 HIDrosfErA E BIosfErA .......................... 161 Capítulo 13 Hidrosfera: o planeta pede água ...........................162 um recurso esgotável ........................................... 162 a hidrosfera e a hidrografia ................................. 162 poluição e desperdício das águas continentais ................................................ 165 as águas subterrâneas e sua poluição ............... 166 oceanos e mares e sua poluição ......................... 168 Conflitos pela água ............................................... 169 Refletindo sobre o conteúdo .....................................171 Capítulo 14 Biosfera: a esfera da vida ...................................... 172 a biosfera e o ser humano ................................... 172 os grandes biomas do mundo ............................. 172 Refletindo sobre o conteúdo .................................... 182 coNclUINDo A UNIDADE 5 ................................... 183 Testes e questões .........................................................184 Outras fontes de reflexão e pesquisa .......................... 188 UNIDADE 6 A popUlAçÃo mUNDIAl E A trANsformAçÃo Do EspAço ..............189 Capítulo 15 A população da terra .............................................190 Crescimento demográfico ou populacional .......190 Estrutura da população mundial .........................194 Distribuição da população mundial .................... 198 Diversidades culturais da população mundial ..............................................200 Refletindo sobre o conteúdo ....................................201 Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_003a008_C00.indd 7 4/13/16 4:18 PM 8 Capítulo 16 migrações: diversidade e desigualdade ............... 202 Movimentos migratórios ..................................... 202 Diálogos — Rota do Mediterrâneo Ocidental ........ 208 Refletindo sobre o conteúdo .................................... 212 Capítulo 17 A urbanização mundial ..........................................214 o fenômeno urbano.............................................. 214 Refletindo sobre o conteúdo ................................... 222 Capítulo 18 Desenvolvimento sustentável: um desafio global ..................................................223 o mundo acorda para os problemas ambientais ......................................... 223 Refletindo sobre o conteúdo ................................... 233 coNclUINDo A UNIDADE 6 ................................... 234 Testes e questões .........................................................235 Outras fontes de reflexão e pesquisa ......................... 240 UNIDADE 7 popUlAçÃo E tErrItÓrIo: o EstADo-NAçÃo .......................................241 Capítulo 19 o Estado-Nação: fronteiras, território e territorialidade ..................................................... 242 país, Estado-Nação e nação ................................ 242 território, territorialidade e soberania............... 243 onde termina um país e começa outro? ........... 245 as redes e as escalas geográficas ...................... 250 as relações entre os países ................................. 251 Diálogos — Além do butim .................................... 252 Refletindo sobre o conteúdo ................................... 254 Capítulo 20 Um mundo em conflito ......................................... 255Conflitos do século XXI — áreas de tensão....... 255 agravantes nas áreas de tensão......................... 256 Áreas de tensão pelo mundo .............................. 259 Refletindo sobre o conteúdo ....................................267 Capítulo 21 oriente médio: rica região sem paz...................... 268 o território: posição estratégica e petróleo ...... 268 Fundamentalismo e extremismo ........................ 270 Região de conflitos ...............................................272 Refletindo sobre o conteúdo ................................... 278 coNclUINDo A UNIDADE 7 ....................................279 Testes e questões ........................................................ 280 Outras fontes de reflexão e pesquisa ......................... 284 sIgNIfIcADo DAs sIglAs ...................................... 286 BIBlIogrAfIA ............................................................287 T h o m a s C o e x /A g ê n c ia F ra n c e -P re s s e A n d rz e j K u b ik /S h u tt e rs to ck Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_003a008_C00.indd 8 4/13/16 4:18 PM 1un i d a d e 9 F ra n s L e m m e n s /A la m y /L a ti n s to ck Espaço geográfico: localização e tempo Nesta Unidade, você vai conhecer o principal conceito da ciência geográfica — o espaço geo- gráfico —, compreendido como resultado das modificações realizadas nos elementos naturais pelo trabalho humano através do tempo histórico. Um espaço formado por lugares localizáveis, que tem como expressão visível a paisagem. Vista aérea de plantação de tulipas em Lelystad, província de Flevolândia, nos Países Baixos, construída sobre um terreno artificial. Foto de 2014. Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_009a020_U1C01.indd 9 4/13/16 4:21 PM 10 c a p í t u l o 1 U n i d a d e 1 Espaço geográfico: localização e tempo Vista de rua na cidade histórica de Penedo (AL), em 2015. Um dos primeiros lugares com os quais nos familiarizamos é a rua onde moramos, como a que podemos ver nesta imagem. R u b e n s C h a v e s /P u ls a r Im a g e n s Espaço geográfico: objeto de estudo da Geografia O conceito de espaço geográfico é complexo e abrangente. Entre as definições possíveis, podemos considerar espaço geográfico a combinação entre elementos naturais e construídos pelo ser humano (fixos) e as pessoas, mercadorias, finanças e infor- mações (fluxos). O espaço geográfico pode ser definido como re- sultado das relações econômicas, políticas e cultu- rais, e tem como ator principal o ser humano. Assim, a Geografia dedica-se ao estudo dessas relações e de seu papel na construção e transformação do espaço. Segundo o geógrafo Jacques Levy (1935-2004), a distância é o elemento central do espaço geográ- fico. É preciso que fique claro que a distância aqui mencionada não é a física — aquela medida por algum instrumento —, mas sim uma dimensão am- pliada, em que ocorrem as relações estabelecidas entre os grupos sociais. Dependendo da maior ou menor capacidade desses grupos sociais em per- correr ou diminuir as distâncias entre seus indiví- duos e outras coletividades, mais ou menos com- plexas vão ser as interações entre esses grupos. Daí a grande importância dos meios de comunicação modernos e atua lizados. O conhecimento da organização do espaço geo- gráfico é fundamental para a compreensão do mun- do de hoje, pois suas várias etapas e transformações explicam os atuais sistemas econômicos, sociais e culturais. Um espaço de lugares e paisagens Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_009a020_U1C01.indd 10 4/13/16 4:21 PM 11Um espaço de lugares e paisagens C a p í t u l o 1 Para compreender como o espaço geográfico é construído e como ele se transforma, partimos da análise da paisagem e do lugar, que expressam es- pacialmente essas relações em diferentes arranjos. Lugar: a nossa geografia O conceito de lugar está relacionado aos espaços que nos são familiares e que fazem parte do nosso cotidiano. Quando falamos em lugar, pensamos em referenciais afetivos que desenvolvemos ao longo de nossa vida, os quais são carregados de emoções e que nos dão a sensação de segurança, de perten- cimento, de identidade. Durante a vida, podemos mudar de lugar várias vezes. Cada mudança exige que passemos por um processo de adaptação, sem, no entanto, perder nossa identidade, que está ligada ao nosso lugar de origem. Ao recordar passagens de nossa vida, é natural evocar os lugares que fizeram parte dela: a casa onde nascemos, a rua onde brincávamos na infância, a primeira cidade para onde viajamos em férias, etc. A princípio, nos familiarizamos com a nossa casa, e, mais tarde, passamos a explorar outros lugares, como a rua onde moramos, o caminho para a escola, para o centro da cidade, para cidades próximas ou mais distantes. Dessa maneira vamos construindo a nossa própria “geografia”. É por meio dessa geografia dos lugares, do coti- diano, que começamos a estabelecer relações entre os lugares. Isso significa que o conhecimento geo- gráfico não é exclusivo de geógrafos, cientistas e técnicos de planejamento; ele envolve conhecimen- tos e impressões que vamos construindo e adquirin- do à medida que nos relacionamos com os lugares que compõem o espaço que nos rodeia. Não é difícil observar que, embora os lugares apresentem carac- terísticas próprias que os tornam singulares, eles estão também interligados e se relacionam entre si em diversos níveis (local, regional, nacional, global). O lugar onde vivemos não é uma realidade iso- lada. Ele faz parte de um conjunto de lugares, mar- cados por diferentes aspectos naturais e sociais, que passaram por vários processos históricos e que fa- zem parte de uma realidade mais ampla. Sistemas e redes As relações entre os diferentes lugares do espaço geográfico acontecem por meio de sistemas que permitem a transformação e evolução desses luga- res, como os sistemas urbanos, rurais, econômicos, políticos, ecológicos, climáticos, entre outros. De um lugar para outro há uma constante troca de produtos, matérias-primas, energia, capitais e também uma intensa movimentação de pessoas. Chamamos esse fluxo de redes, pois ele permite a circulação contínua entre os diversos lugares do espaço geográfico. As redes se cruzam em pontos, geralmente cida- des influentes que participam ativamente da orga- nização do território. Dependem basicamente de infraestrutura eficiente em transportes e comunica- ção: ferrovias, rodovias, aerovias, hidrovias, infovias (linhas telefônicas e internet), oleodutos, gasodutos, etc. Quanto mais desenvolvida tecnologicamente é a sociedade, mais complexas são as redes. J o ã o P ru d e n te /P u ls a r Im a g e n s Uma praça onde costumávamos brincar ou uma rua onde moramos pode ser um dos primeiros lugares com os quais nos familiarizamos. Na foto, crianças brincando em praça em Areado (MG), em 2015. Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_009a020_U1C01.indd 11 4/13/16 4:21 PM 12 U n i d a d e 1 Espaço geográfico: localização e tempo J o ã o P ru d e n te /P u ls a r Im a g e n s Confidência do itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa... Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografiana parede. Mas como dói! ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 68. O poeta Carlos Drummond de Andrade (1902- -1987) nasceu e passou parte de sua infância em Itabira, Minas Gerais. Nesse poema ele fala de Itabira e da influência que essa cidade exerceu sobre ele. Agora que você já leu o poema, faça o que se pede. 1. Identifique o verso que indica a origem do autor do poema, considerado um dos maiores poetas brasileiros do século XX. 2. Qual é o principal recurso natural encontrado na cidade do poeta? 3. Reproduza o verso em que o autor cita esse im- portante recurso natural e no que ele será trans- formado. 4. Agora pense nas suas próprias experiências e responda: ■■ Onde você nasceu? ■■ Em que lugar você passou a infância? ■■ Descreva as principais características desse lugar. ■■ Relate uma experiência vivida nesse lugar. ■■ Em que lugar você vive hoje? De que maneira ele se relaciona com outros lugares? Leitura e reflexão Geografia e Língua Portuguesa Cidade de Itabira (MG), vista do pico do Amor. Pode-se ver o pico do Cauê ao fundo, à direita. Foto de 2014. Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_009a020_U1C01.indd 12 4/13/16 4:21 PM 13Um espaço de lugares e paisagens C A P Í T U L O 1 Vista da Lagoa da Conceição, em Florianópolis (SC), em 2014. Na foto, podemos reconhecer elementos naturais (lagoa, vegetação) e elementos culturais (construções, ruas) da paisagem. M a u ri c io S im o n e tt i/ P u ls a r Im a g e n s Paisagem: o espaço que nossa vista alcança Se estivermos viajando de avião, a uma altitude não muito elevada, teremos ampla visão da porção do espaço que estamos sobrevoando. Em uma re- gião bastante transformada pela ação humana, poderemos perceber, entre outras coisas, campos cultivados, pastagens, cidades grandes, médias ou pequenas, interligadas por uma rede de rodovias e ferrovias. O conjunto de elementos que podemos observar nesse voo hipotético e todos os outros arranjos he- terogêneos que observamos diariamente fazem parte do que chamamos paisagem. Assim como o conceito de lugar, o conceito de paisagem também é bastante complexo. Paisagem pode ser considerada um conjunto de formas que, em determinado momento, revelam as relações entre o homem e a natureza em diferentes épocas. O geógrafo Mílton Santos afirma: Paisagem e espaço não são sinônimos. A paisa- gem é o conjunto de formas que, num dado mo- mento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. O espaço são essas formas mais a vida que as anima. A palavra paisagem é frequentemente utilizada em vez da expressão configuração territorial. Esta é o conjunto de elementos naturais e artificiais que fisicamente caracterizam uma área. A rigor, paisagem é apenas a porção da configuração territorial que é possível abarcar com a visão. Podemos identificar nas paisagens todos os ele- mentos que fazem parte do espaço em interação: ■■ Elementos naturais: relevo, clima, vegetação, rios, oceanos. ■■ Elementos culturais: plantações, cidades, es- tradas, indústrias e muitas outras realizações da sociedade. Observe a paisagem abaixo e a que aparece na página 16. Nelas é possível descrever não só os prin- cipais elementos naturais e culturais que as consti- tuem; mais ainda, é possível identificar, analisando os diversos arranjos existentes entre esses elemen- tos, as relações econômicas, sociais e culturais ex- pressas por eles em diferentes momentos. Saber interpretar os processos naturais, sociais e econômicos que moldam as feições de uma pai- sagem é o verdadeiro objetivo do estudo da Geografia. Essa interpretação pode ser feita por meio de observação local, fotos, mapas, fotografias aéreas ou imagens de satélites, como veremos no Capítulo 4. Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_009a020_U1C01.indd 13 4/13/16 4:21 PM Diálogos 14 U N I D A D E 1 Espaço geográfico: localização e tempo14 U N I D A D E 1 Espaço geográfico: localização e tempo Paisagem cultural e seus elementos Os elementos culturais da paisagem são o resultado do trabalho humano no espaço natural ao longo do tem- po. Esses elementos são estudados também por outras disciplinas, que, com a Geografia, fazem parte das Ciências Humanas. São elas a História, a Sociologia e a Geografia, Sociologia e História O frevo é uma dança típica do folclore brasileiro. Na foto, dançarinos se divertem na cidade de Olinda (PE). Foto de 2015. Pintura rupestre representando um humano e um felino, encontrada na Toca do Caldeirão dos Canoas, no Parque Nacional da Capivara (PI). Foto de 2015. H a n s v o n M a n te u ff e l/ O p ç ã o B ra s il I m a g e n s F a b io C o lo m b in i/ A c e rv o d o f o tó g ra fo Filosofia. A História da Arte e da Literatura também são aspectos importantes nesse conhecimento. Em 1992, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), com sede em Paris, na França, criou um novo conceito de Patrimônio Mundial como forma de reconhecimento dos bens cul- turais: o Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural. Vista do centro histórico da cidade de Ouro Preto (MG), Patrimônio Cultural da Humanidade, com destaque para a Igreja do Carmo e o Museu da Inconfidência. Foto de 2015. Rubens Chaves/Pulsar Imagens 14 Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_009a020_U1C01.indd 14 4/13/16 4:21 PM 15Um espaço de lugares e paisagens C A P Í T U L O 1 sertanejo e a Caatinga, o candango e o Cerrado, o boia- deiro e o Pantanal, o gaúcho e os Pampas, o pescador e os contextos navais tradicionais e o seringueiro e a Amazônia. Como esses, outros tantos personagens e lugares formam o “painel” das riquezas culturais brasi- leiras, destacando a relação exemplar entre o ser huma- no e a natureza. Para que determinada paisagem cultural ou manifes- tação imaterial seja protegida pelo Iphan, é preciso que seja reconhecida como tal ou que tenha a chancela do instituto. Qualquer cidadão brasileiro pode requerer a chance- la de uma Paisagem Cultural ou manifestação cultural. Texto elaborado com base em dados disponíveis em: <http://portal.iphan.gov.br/>. Acesso em: mar. 2015. Em novembro de 2014, a Unesco con- feriu à Roda de Capoeira o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. • Caracterize essa forma de arte. Pesquise suas raízes e explique por que ela foi con- siderada clandestina durante o período inicial de sua manifestação no Brasil. Seringueiro colhendo o látex para a fabricação da borracha, em Neves Paulista (SP), em 2014. A pesca artesanal, visando ao sustento das pessoas, ainda é muito praticada no Brasil. Na foto, pescador lança sua rede na praia da Armação, em Florianópolis (SC), em 2015. Vaqueiros, figuras típicas do Sertão nordestino, cavalgando em estrada em Serrita (PE), em 2015. T h o m a z V it a N e to /P u ls a r Im a g e n s M a u ri c io S im o n e tt i/ P u ls a r Im a g e n s C ‰ n d id o N e to /O p • ‹ o B ra s il I m a g e n s A paisagem cultural brasileira O Brasil possui belezas naturais incomparáveis e uma diversidade cultural única. Promover a proteção desse riquíssimo patrimônio é dever de todos os brasileiros. Desde 1937, o responsável oficial pela proteção e pela valorização do patrimônio no Brasil é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Atualmente, esse instituto regulamenta cerca de cem cidades históricas protegidas, mais de mil bens tombados individualmente, 15 mil sítios arqueológicos cadastrados e quinze manifestações culturais consideradas patrimô- nio imaterial. Segundo o Iphan, Paisagem Cultural Brasileira é uma porção peculiar do território nacional, representativa da in teração da humanidade com o meio natural, à qual a vida ea ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores. São exemplos de paisagens culturais as relações entre o Chancela: selo ou sinal gravado usado para validar um documento. Não escreva no livro Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_009a020_U1C01.indd 15 4/13/16 4:21 PM 16 U N I D A D E 1 Espaço geográfico: localização e tempo Espaço, paisagem e tempo A intervenção das sociedades humanas no espa- ço, intensificada pela evolução do desenvolvimento tecnológico, vem transformando as paisagens ter- restres. Além da ação humana, a natureza também atua modificando as paisagens por meio de fenôme- nos como o vulcanismo, o tectonismo, a ação das águas, dos ventos, entre outros. As paisagens revelam os variados graus de in- tervenção humana em diferentes épocas. Ao ob- servar uma paisagem, é possível reconhecer o tra- balho humano impresso em tempos passados e no tempo atual. Para explicar as transformações das paisagens, o geógrafo pode utilizar diferentes escalas de tempo: ■■ O tempo histórico, que é contado em séculos e assinala fatos históricos marcantes, como o fim e o início de grandes civilizações, as Grandes Navegações (séculos XV e XVI), a Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX). ■■ O tempo cíclico, que marca a ocorrência de um fenômeno que se repete em ciclos, ou seja, em intervalos de duração variável. Podemos citar, por exemplo, eventos sociais, como a migração de trabalha- dores rurais do Agreste para a Zona da Mata nordestina, nos períodos de safra; e even- tos naturais, como terremo- tos, erupções vulcânicas e o El Niño. ■■ O tempo geológico, calculado em eras e perío- dos. Marca acontecimentos de duração muito longa, como a história da formação da Terra e dos continentes. Em geral, as transformações realizadas pelo ser humano nas paisagens são identificadas por meio de ações associadas aos tempos cíclico e histórico. Podemos perceber as modificações causadas pela ação humana na paisagem de um lugar do espaço Centro da cidade do Recife (PE), em 2014. Na foto, podemos notar os contrastes criados pelo tempo: antigos casarões de séculos passados e modernos edifícios com muitos andares. V e e tm a n o P r e m /F o to a r e n a El Niño: fenômeno de aquecimento das águas do oceano Pacífico que se manifesta no litoral do Peru. geográfico observando os contrastes criados pelo tempo, como mostra a foto acima. As mudanças causadas pela natureza podem ser marcadas pelo tempo cíclico ou pelo tempo geológico. Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_009a020_U1C01.indd 16 4/13/16 4:21 PM 17Um espaço de lugares e paisagens C A P Í T U L O 1 A formação de uma ca- deia de montanhas ou a evolução de uma bacia hi- drográfica, por exemplo, podem ser explicadas pela história da formação da Terra, medida pelo tempo geológico (veja a imagem ao lado). Algumas forças da natureza alteram muito rapi- damente o espaço geográfico e, por isso, são marca- das pelo tempo cíclico. Entre elas, podemos citar as erupções vulcânicas, os furacões, os terremotos e os maremotos. Por meio da observação de fotos do lo- Imagem de satélite da cidade de Tacloban, nas Filipinas, em 2013, depois da passagem do tufão Haiyan. Imagem de satélite da cidade de Tacloban, nas Filipinas, em 2012. Cânion do Itaimbezinho, no Parque Nacional de Aparados da Serra, em Cambará do Sul (RS), em 2015. Um cânion é o resultado da ação de forças da natureza durante a história geológica da Terra. D ig it a lG lo b e /G e tt y I m a g e s D ig it a lG lo b e /G e tt y I m a g e s Z é P a iv a /P u ls a r Im a g e n s cal atingido antes e depois de uma ocorrência, po- demos perceber as modificações causadas na pai- sagem pelas forças da natureza. Observe um exemplo disso nas imagens de saté- lite a seguir. Depois, leia o boxe da página 18. Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_009a020_U1C01.indd 17 4/13/16 4:21 PM 18 U N I D A D E 1 Espaço geográfico: localização e tempo Contexto e aplicação Tufão mais forte do ano atinge as Filipinas MANILA, Filipinas — O tufão Haiyan, o mais forte em duas décadas nas Filipinas, atingiu nesta sexta-feira as ilhas centrais do país deixando ao menos três mortos e obrigando a retirada de 720 mil pessoas de suas casas. Haiyan registrou ventos de 315 quilômetros por hora, e já há previsões que o apontam como a tempestade mais violenta já registrada na História. Autoridades disseram que o tufão tinha ventos de 275 km/h quando tocou a terra no povoado de Guiuan, na província de Samar do Leste. Pouco antes, o Centro Conjunto de Advertência de Tufões da Marinha dos Esta dos Unidos no Havaí informou que os ventos máximos da tempestade eram de 314 km/h, com rajadas de até 379 km/h. O tufão de categoria cinco provocou ondas gigantes de 4 a 5 metros de altura que atingiram as ilhas de Leyte e Samar, e estava a caminho de destinos turísticos. [...] O GLOBO, 8 nov. 2013. Disponível em: <http://oglobo. globo.com/mundo/tufao-mais-forte-do-ano-atinge-as- filipinas-10720605>. Acesso em: 15 set. 2015. Com base no texto e no mapa abaixo, responda. 1. Qual é o tipo de transformação sofrida pelo es- paço geográfico? 2. Qual é o tempo considerado para estudar essa transformação? Justifique sua resposta. B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra Trajetória do tufão Haiyan: das Filipinas ao Vietnã — 2013 Os tufões mais letais Nome País Ano Mortos (em mil) 1º Bhola Bangladesh 1970 Entre 150 e 500 2º “Hooghly” Índia 1737 350 3º Haiphong Vietnã 1881 300 4º Coringa Índia 1839 300 5º Backerganj Bangladesh 1584 200 Adaptado de: FOLHA DE S.PAULO. São Paulo, 5 nov. 2013. Não escreva no livro Furacão Furacão Furacão pode ter outros nomes dependendo do local de ocorrência. Ciclone Ciclone Tufão Trópico de Câncer CHINA TAILÂNDIA VIETNà MALÁSIA I N D O N É S I A PAPUA- -NOVA GUINÉ Hong Kong Hoje TRAJETÓRIA O tufão atingiu seis ilhas no centro das Filipinas. TAIWAN FILIPINAS Equador 90º L 0º OCEANO ÍNDICO OCEANO PACÍFICO 0 730 1460 km N S LO No Vietnã, 300 mil pessoas foram removidas das províncias de Da Nang e Quang Nam. TAIWAN Classificação de ciclones tropicais Categorias são definidas pela velocidade dos ventos. Furacão Grande furacão Tempestade tropical Depressão tropical 179 km/h118 km/h62 km/h Adaptado de: FOLHA DE S.PAULO. São Paulo, 5 nov. 2013. Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_009a020_U1C01.indd 18 7/8/17 12:05 PM 19Um espaço de lugares e paisagens C A P Í T U L O 1 O meio técnico-científico-informacional Uma palavra relativamente abandonada do voca bu lário da Geografia volta agora a ter evidência. Refe rimonos ao vocábulo “meio”. Com os progressos alcan çados no conhecimento das galáxias, a palavra “espaço” passou a ser utilizada com maior ênfase para designar espaço sideral interplanetário. Também nessa fase da pósmodernidade, a mesma palavra “espaço” ganhou um uso crescentemente metafórico em diversas disciplinas. O meio resulta de uma adaptação sucessiva da superfície da Terra às necessidades dos homens. Nos primórdios da História registravamse alterações isola das, ao sabor das civili zações emergentes, até o pro cesso de internacionalização criar em diversos lugares feições semelhantes. Agora, existe uma ten dên cia à generali zação à escala mundial dos mesmos objetos geo gráficos e das mesmas paisagens. A globalização leva à afir mação de um novo meio geográfico cuja produção é deliberada e que é tanto mais produtivo quanto maior for o seu conteúdo em ciência, tecnologia e informação. Esse meio técnico científicoinformacional dáse em muitos lugares (Europa, Estados Unidos, Japão, parte da América Latina) de forma extensa e contínua, enquanto em outros (África, Ásia, parte da América Latina) apenas pode se manifestar como manchasou pontos. Criase, desse modo, uma oposição entre espaços adaptados às exigências das ações econômicas, políticas e culturais características da globalização e outras áreas não dotadas dessas virtualidades, for mando o que, imagina ti va mente, podemos cha mar de espaços lumi nosos e espaços opacos. No caso do Brasil, o velho contraste entre o país costeiro e o país interior e a mais recente oposição entre centro e periferia cedem lugar a uma nova opo sição: de um lado, esse meio técnico científicoinfor macional, espaço do artifício, formado, sobretudo, pelo Sul e pelo Sudeste; do outro, o restante do territó rio nacional. SANTOS, Mílton. Entenda sua época. Folha de S.Paulo, São Paulo, 13 abr. 1997. p. 5-9. Disponível em: <www1.folha.uol. com.br/fsp/mais/fs130419.htm>. Acesso em: 15 set. 2015. Outra visão Imagem noturna da América do Sul obtida por satélites em 2012. N O A A & E a rt h O b s e rv a to ry /N a s a Não escreva no livro Agora que você já leu o tex- to, faça o que se pede. 1. Observe a imagem e deter- mine um espaço luminoso e um espaço opaco no Brasil e na América do Sul. 2. Explique como pode ser de- finido o “novo meio geo- gráfico”, segundo Mílton Santos. Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_009a020_U1C01.indd 19 4/13/16 4:21 PM 20 U N I D A D E 1 Espaço geográfico: localização e tempo 1. O professor Aziz Ab’Sáber (1924-2012), importante geógrafo brasileiro, descreve no trecho a seguir fatos e lugares de um outro grande escritor brasileiro. Acompanhe. No livro Infância, de Graciliano Ramos, há alguns fatos interessantes sobre sua saída de Buíque, sertão de Pernambuco, até a zona costeira. O menino Graciliano estava transpondo os aspectos de Pernambuco. Os rios estavam secos e, à medida que caminhava, passava aque le pouquinho de água, um fiozinho, a vegetação come çava a ser maior, mais densa, e então as águas ficavam mais caudalosas, mais propriamente rio. De repente, chega a lugares em que não dava mais para pensar nos rios do sertão; era outro mundo... AB’SÁBER, Aziz N. O que é ser geógrafo: memórias profissionais de Aziz Ab’Sáber em depoimento a Cynara Menezes. Rio de Janeiro: Record, 2007. p. 17-18. a) Identifique dois lugares citados no texto anterior. b) Explique uma diferença entre o poema de Carlos Drummond de Andrade, que você leu na página 12, e o texto de Aziz Ab’Sáber. c) Lendo o trecho que comenta a obra de Graciliano Ramos, a que conclusão podemos chegar? 2. A Geografia, ciência e matéria de ensino, se faz presente na vida de muita gente, seja pela ânsia de conhecer o mundo, pelos desafios postos atualmente pelo meio am biente e todas as previsões apocalípticas ou sensatas a esse respeito, pelas exigências de planejamento territo rial, pelo turismo ou, simplesmente, como tarefas esco lares no ensino básico. CALLAI, Helena C. A formação do profissional da Geografia. Ijuí: Unijuí, 2003. p. 11. • Cite duas situações recentes em que a Geografia se fez presente em sua vida. 3. Como a Geografia pode contribuir para que possamos compreender melhor a questão ambiental? Exem- plifique. 4. Geografia e História Leia a seguir o trecho de um livro de um professor amazonense. Foi por meio do Ciclo da Borracha que tivemos a “Fase Áurea de Manaus” (18901912), que passa por uma transformação, sendo então denominada de “Paris dos Trópicos”, tal era o embelezamento da cidade pelos lucros produzidos pela borracha, onde o Amazonas era o principal produtor. Destacase nesse período o servi ço de bondes elétricos, eletricidade e água encanada nos palacetes e residências da pequena cidade, os ca barés e cassinos, lojas de produtos importados e obras imponentes como o Teatro Amazonas, considerado ao lado do Colombo [Colón], de Buenos Aires, la Scala, de Milão, e Ópera de Paris, os mais belos e imponentes teatros do mundo... MIGUEIS, Roberto. Geografia do Amazonas. Manaus: Valer, 2011. p. 72. a) Identifique dois elementos naturais e dois elemen- tos culturais presentes no texto anterior. b) Caracterize o Ciclo da Borracha. c) Consulte um atlas geográfico e explique por meio de um aspecto natural os lucros auferidos por Manaus durante o Ciclo da Borracha. 5. Que elementos compõem o espaço geográfico? 6. Cite fenômenos estudados por outras disciplinas que estão presentes no espaço geográfico. 7. Descreva as paisagens que compõem o lugar onde você vive. Agora, escolha um local no lugar onde você vive para observar. Pode ser uma praça, um parque, um museu e seu entorno, um bairro característico, etc. Ao esco- lher esse local, considere os aspectos a seguir. a) Qual foi o local escolhido? Por que você o es- colheu? b) Descreva com detalhes o local escolhido. - Esse local é formado por elementos naturais ou culturais? Ou é composto desses dois elementos? - É perto ou longe da sua moradia? - É um local bastante visitado? Ou é mais isolado? - Qual é a localização? (Informe o endereço e os pontos de referência para chegar a esse local.) c) Pesquise como era esse lugar antigamente. Depois descreva se esse local sofreu modificações na paisagem ao longo do tempo e quais foram essas alterações. d) Descreva também qual é o estado de conservação desse local (se é limpo e bem-cuidado, se tem boa sinalização, etc.). e) Na sua opinião, o que poderia ser feito para me- lhorar as condições desse local? Sob a orientação do professor, apresente suas obser- vações aos colegas de sala. Converse com eles sobre os aspectos do espaço onde vocês vivem e também sobre o papel que cada um tem na sociedade. Refletindo sobre o conteúdo Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_009a020_U1C01.indd 20 4/13/16 4:21 PM 21 c a p í t u l o 2 Se você fizer uma trilha na mata e se perder do grupo, poderá achar o caminho de volta orientando-se por uma bússola. Se tiver acesso às novas tecnologias, como um GPS — lembrando que esse equipamento tem a desvantagem de depender do satélite e pode não conseguir a captação do sinal —, será possível obter a localização exata do lugar de onde você partiu ou aonde você quer chegar. Na foto, Parque Nacional do Monte Roraima, com o monte Roraima ao fundo. Município de Uiramutã (RR), em 2014. Bússola GPS A n d re D ib /P u ls a r Im a g e n s As direções no espaço geográfico Os instrumentos mencionados na legenda da foto utilizam duas maneiras de orientação e locali- zação no espaço geográfico: os pontos cardeais e as coordenadas geográficas. Embora o conceito de espaço geográfico en- volva elementos concretos e abstratos, para loca- lizar qualquer lugar nesse espaço precisamos trabalhar com algo concreto: um local onde pode- mos nos mover, levando em conta as direções e a altitude. Em Geografia, a ideia de direção nos é dada pela orientação, baseada nos pontos cardeais, colaterais e subcolaterais. As direções indicadas pelos pontos cardeais (les- te, oeste, norte, sul) baseiam-se no movimento apa- rente do Sol, desde o momento que ele desponta ao A localização no espaço geográfico Jana M änz/W esten d 6 1 /C o rb is /L a tin s to ck Cordelia M olloy/S cie n ce P h o to L ib ra ry /L a tin s to ck A localização no espaço geográfico C a p í t u l o 2 Fronteiras_Geografia_V1_PNLD2018_021a028_U1C02.indd 21 4/13/16 4:23 PM 22 U n i d a d e 1 Espaço geográfico: localização e tempo LO N S NE LNE LSE ONO OSO NNE SSESSO NNONO SO SE Pontos cardeais Pontos colaterais Pontos subcolaterais Rosa dos ventos Coordenadas geográficas: importância e aplicação Desde que o mapa ou a bússola estejam com a direção norte representada corretamente, qual- quer ponto da superfície terrestre pode ser loca- lizado com exatidão, com o auxílio das coordena- das geográficas, que se baseiam em linhas imagi- nárias traçadas sobre a Terra. Essas linhas são os paralelos e os meridianos, que se cruzam forman- do um sistema de coordenadas
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