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MICROBIOTA Josenilda de Andrade Souza O corpo humano é notadamente adaptado para controlar a exposição aos micróbios patogênicos. As barreiras físicas previnem a invasão pelos micróbios; as respostas inatas reconhecem perfis moleculares nos componentes microbianos e ativam as defesas locais e as respostas imunes específicas, que atacam os micróbios para sua eliminação. Infelizmente, a resposta imune é frequentemente muito tardia ou muito lenta. Para melhorar a habilidade do corpo humano em prevenir infecções, o sistema imune pode ser aumentado tanto pela transferência passiva de anticorpos presentes em preparações de imunoglobulinas quanto pela imunização ativa com componentes dos micróbios (vacinas). As infecções também podem ser controladas com uma variedade de agentes quimioterápicos. Infelizmente, os micróbios podem sofrer mutações e compartilhar informação genética, e aqueles que não forem reconhecidos pela resposta imune devido à variação antigênica ou que forem resistentes aos antibióticos serão selecionados e irão persistir. Microbiota é a população de microrganismos que habita a pele e as membranas mucosa de um indivíduo saudável. A microbiota é muito dinâmica, e pode mudar de composição rapidamente em qualquer momento da vida, somos populados por mais ou menos 6 Filos de um total de mais de 50 existentes. A disbiose é um desequilíbrio na microbiota associado a doenças. Os animais, incluindo os seres humanos, geralmente são livres de micro- organismos quando estão no útero materno. Ao nascimento, no entanto, populações microbianas normais e características começam a se estabelecer. Os micro- organismos que estabelecem uma residência mais ou menos permanente (colonizam), mas não geram doença em condições normais, são membros da microbiota normal, ou flora normal, do corpo. Outros, denominado microbiota Transitória (alóctone ou exógena), são microrganismos que podem habitar a pele e/ou membranas mucosas por horas, dias ou semanas, mas que não se restabelecerão autonomamente, podem estar presentes por vários dias, semanas ou mesmo meses, e depois desaparecem. A flora microbiana presente no interior e na superfície do corpo humano está em um estado de fluxo contínuo, determinado por uma variedade de fatores como idade, dieta, estado hormonal, saúde e higiene pessoal. Enquanto o feto humano vive em um ambiente estéril, protegido, os recém‑nascidos são expostos aos micróbios da mãe e do ambiente. A pele do bebê é colonizada primeiramente, seguida pela orofaringe, trato gastrointestinal e outras superfícies mucosas. Ao longo da vida, essa população microbiana continua a mudar. Muitos fatores determinam a distribuição e a composição da microbiota normal. Entre eles estão nutrientes, fatores físicos e químicos, defesas do organismo hospedeiro e fatores mecânicos. Os micróbios variam de acordo com os tipos de nutrientes que eles podem utilizar como fonte de energia. Consequentemente, esses micróbios colonizam apenas os sítios do corpo que podem supri-los com os nutrientes apropriados. Esses nutrientes podem ser derivados de produtos celulares secretados ou excretados, substâncias em fluidos corpóreos, células mortas e alimentos no trato gastrintestinal. Vários fatores físicos e químicos influenciam o crescimento dos micro- organismos e, assim, a composição e o crescimento da flora normal. Entre esses fatores estão o pH, a presença de oxigênio e dióxido de carbono, a salinidade e a luz solar. O corpo humano possui certas defesas contra os micróbios. Essas defesas incluem uma variedade de moléculas e células ativadas que matam micróbios, inibem seu crescimento, impedem sua adesão às superfícies das células do hospedeiro e neutralizam toxinas produzidas pelos micróbios. Os fatores que afetam a microbiota normal estão idade, estado nutricional, dieta, estado de saúde, existência de deficiências, hospitalização, estado emocional, estresse, clima, localização geográfica, condições de higiene pessoal, condições socioeconômicas, ocupação e estilo de vida. A presença de micróbios não é absolutamente necessária à vida animal. Por outro lado, animais livres de germes apresentam sistema imune subdesenvolvido e são extremamente suscetíveis a infecções e doenças severas. Animais livres de germes também requerem mais calorias e vitaminas em sua alimentação do que animais normais. A microbiota normal pode beneficiar o hospedeiro ao impedir o crescimento de micro-organismos potencialmente perigosos. Esse fenômeno é conhecido como antagonismo microbiano, ou exclusão competitiva. O antagonismo microbiano envolve a competição entre micróbios. Uma consequência dessa competição é o fato de que a microbiota normal protege o hospedeiro contra a colonização por micróbios potencialmente patogênicos ao competir com eles por nutrientes, produzir substâncias prejudiciais aos micróbios invasores e afetar condições como o pH e a disponibilidade de oxigênio. Quando o equilíbrio entre a microbiota normal e os micróbios patogênicos é alterado, o resultado pode ser o surgimento de doenças. As bacteriocinas são usadas na microbiologia médica para auxiliar na identificação de diferentes cepas de bactérias. Essa identificação ajuda a determinar se um surto severo de doença infecciosa é causado por uma ou mais cepas de bactérias. Exclusão competitiva ainda não está totalmente elucidado, entretanto, podem- se enumerar algumas formas deste tipo de atuação: competição por nutrientes, competição física, produção de ácidos, secreção de bacteriocinas, imunidade cruzada, desintoxicação causada por endotoxinas, maior produção de enzimas digestivas, síntese de vitaminas do complexo B e interações com sais biliares. A exclusão competitiva se aplica aos probióticos a base de micro-organismos dos gêneros Lactobacillus, Bifidobacterium, e Streptococcus, pois são bactérias que, como os principais patógenos, colonizam o trato gastrointestinal, aderindo-se por meio de fimbrias às células do epitélio intestinal. Grande prevalência desses micro-organismos probióticos no intestino dificulta a fixação dos patógenos, mediante a exclusão competitiva e/ou antagonismo direto. Desta forma, haverá menor produção de amônia, toxinas e aminas pelos micro- organismos patogênicos, o que contribui na integridade do epitélio intestinal, sugerindo-se que os probióticos afetam a permeabilidade do epitélio intestinal, proporcionando maior eficiência na digestão (secreção de enzimas) e absorção de nutrientes (enterócitos íntegros). Além de proteger o epitélio intestinal, os probióticos competem com os patógenos pelo uso de aminoácidos, minerais e carboidratos. A relação entre a microbiota normal e o hospedeiro é chamada de simbiose, uma relação entre dois organismos na qual pelo menos um é dependente do outro. Na relação simbiótica denominada comensalismo, um dos organismos se beneficia enquanto o outro não é afetado de forma alguma. Eles vivem em associação sem causar danos ou benefício. Muitos micro-organismos que fazem parte de nossa microbiota normal são comensais, incluindo as corinebactérias, que habitam a superfície dos olhos, e certas micobactérias saprofíticas, que habitam os ouvidos e a genitália externa. Essas bactérias vivem em secreções e células descamadas e não trazem nenhum benefício ou prejuízo aparente para o hospedeiro. Mutualismo é um tipo de simbiose que beneficia ambos os organismos. Por exemplo, o intestino grosso contém bactérias, como a E.coli, que sintetizam vitamina K e algumas vitaminas do complexo B. Essas vitaminas são absorvidas pelos vasos sanguíneos e distribuídas para serem usadas pelas células do corpo. Em troca, o intestino grosso provê nutrientes usados pelas bactérias, garantindo sua sobrevivência. O recente interesse na importância das bactérias para a saúde humana levou ao estudo dos probióticos que são culturas demicróbios vivos que devem ser aplicadas ou ingeridas para que exerçam um efeito benéfico. Os probióticos podem ser administrados juntamente com prebióticos, substâncias químicas capazes de promover seletivamente o crescimento de bactérias benéficas. Em uma outra forma de simbiose, um organismo se beneficia da extração de nutrientes, com prejuízo ao outro organismo; causam danos ao o hospedeiro, esta relação é chamada de parasitismo. Muitas bactérias causadoras de doenças são parasitas. Elas podem ser biotróficos que comem células vivas ou dependem delas vivas ou necrotróficos que comem células mortas ou pode matar o hospedeiro. Embora a categorização das relações simbióticas por tipo seja conveniente, lembre-se de que, sob certas condições, as relações podem mudar. Por exemplo, em circunstâncias apropriadas, um organismo mutualístico como a E. coli pode se tornar prejudicial. A E. coli geralmente é inofensiva enquanto permanece no intestino delgado de seu hospedeiro; mas, ao acessar outras regiões do corpo, como o trato urinário, pulmões, medula espinal ou feridas, ela pode causar infecções urinárias, infecções pulmonares, meningites ou abscessos, respectivamente. Micróbios como a E. coli são chamados de patógenos oportunistas. Eles normalmente não causam doença quando presentes em seu habitat normal em uma pessoa saudável. Entretanto, podem gerar doença quando em diferentes ambientes.
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