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1 Resumo Endócrino P1 Diabetes Mellitus: classificação, diagnóstico, fatores de risco Quais as funções da insulina no organismo ? Metabolismo dos carboidratos: estimula - transporte da glicose, glicólise e síntese de glicogênio; inibe - degradação do glicogênio e gliconeogênese Metabolismo das proteínas: estimula - transporte de aa, síntese de proteínas ; inibe - degradação de proteínas Metabolismo dos lipídeos: estimula - captação de triglicerídeos, lipogênese; inibe - lipólise e oxidação dos ácidos graxos Quais os tipos de diabetes e as características de cada tipo? DM1: autoimune > destruição das células b pancreáticas 1A: deficiência da insulina por destruição autoimune das células b → comprovação dos autoanticorpos positivos 1B: não consegue achar os anticorpos → deficiência de insulina de natureza idiopática DM2: perda progressiva da secreção insulínica com resistência periférica a insulina DM gestacional: hiperglicemia de graus variados diagnosticada durante a gestação, na ausência de critério de DM prévio MODY - maturity onset diabetes of the young Como diagnosticar diabetes mellitus? Manifestações Clínicas: DM-1 = bem sintomático pela deficiência de insulina (poliúria, polidipsia, polifagia, emagrecimento). DM-2 = normalmente assintomático até 5-7 anos da primeira alteração, só começa a ter sintomas quando glicemia ultrapassa a capacidade de reabsorção renal, ou pelos sintomas das complicações crônicas. Definições: Glicemia jejum = é aquela feita ao acordar pela manhã, idealmente com um jejum de pelo menos 8 horas. 2 Glicemia ao acaso = é uma glicemia colhida a qualquer hora do dia, sem necessariamente o paciente estar em jejum (ou quando não sabemos o tempo de jejum - paciente inconsciente) Glicemia pós prandial = glicemia colhida após a refeição. Utilizamos 2h após o primeiro bocado da refeição para acompanhamento do diabetes. No diabetes gestacional, utilizamos a glicemia pós prandial de 1 hora após o primeiro bocado da refeição. Glicemia capilar = é a realizada com glicosímetro (aparelho de glicemia capilar) Hemoglobina glicosilada (ou glicada ou HbA1c): antigamente utilizada apenas no seguimento dos diabéticos (mostra a média glicêmica dos últimos 3-4 meses). Atualmente utilizada também para diagnóstico. Normoglicemia - em jejum < 100mg/dL - apos sobrecarga de glicose <140 - HbA1c <5,7 Pré diabetes - em jejum >100 e <126 mg/dL - apos sobrecarga de glicose <140 e <200 - HbA1c > 5,7 e 6,5 Diabetes - em jejum >126mg/dL - apos sobrecarga de glicose >200 - HbA1c > 6,5 Quais os fatores de risco para diabetes tipo 2? - sobrepeso: IMC > 25 kg/m2 - inatividade física habitual - raça/etnia - hipertensão - HDL colesterol menor ou igual a 35mg/dL - síndrome dos ovários policísticos - GJA ou TDG previamente identificados - histórico de DMG ou parto de criança pesando mais de 4,1kg Critérios para rastreamento do DM2 - indivíduos com idade < 45 anos; sugere-se rastreamento de DM2 em indivíduos com sobrepeso ou obesidade e que apresentem mais um fator de risco para DM dentre os seguintes: *pré-diabetes *história familiar de DM (parente de primeiro grau) *raça/etnia de alto risco para DM (negros, hispânicos) *mulheres com diagnóstico prévio de DMG *história de doença cardiovascular *hipertensão arterial *HDL < 35mg/dL ou triglicérides > 250mg/dL *síndrome de ovários policísticos *sedentarismo *acantose nigricans Quais os fatores de risco para a diabetes gestacional ? - idade materna avançada - sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual - deposição central excessiva de gordura corporal - história familiar de diabetes em parentes de primeiro grau - crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual - antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, malformações, morte fetal ou neonatal - síndrome de ovários policísticos - baixa estatura 3 Diagnóstico de DG em situação de viabilidade financeira e com recursos técnicos totais: Diagnóstico de DG em situação de viabilidade financeira inadequado e com recursos técnicos parciais: Diabetes Mellitus - Tratamento Como avaliamos o controle do paciente diabético ? Se estiver bem controlado, as consultas devem ser 3/3m ou 4/4m, com avaliação dos seguintes exames: - Glicemia jejum; - Glicemia pós prandial; - HbA1c. - Relatório do monitoramento de glicemias capilares (se paciente possuir glicosímetro) Se paciente tiver aparelho de glicemia é necessário que ele faça uma monitorização constante > mais medidas ao longo do dia Quais são as metas do tratamento dos diabéticos? DM 2 Glicemia pré-prandial: < 100 Glicemia pós-prandial: <160 HbA1c: < 7,0 DM 1 Glicemia pré-prandial: 70 - 130 Glicemia pós-prandial: < 180 4 Tratamento não medicamentoso: é importante ser instituído em todo paciente diabético. No pré diabético ou com muitos fatores de risco para vir a ser diabético, se for obeso, a perda de 5 a 10% do peso inicial leva a normalização da glicemia e o adiamento do diagnóstico de diabetes. O que temos na dispensação do SUS de Bauru? Sulfoniluréia - Glibenclamida 5mg - Glicazida mr 30mg Biguanidas - Metformina de liberação rápida de 500mg e 850mg - Metformina de liberação prolongada ou XR ou SR 500mg Quais são as duas principais formas de prescrição de insulinoterapia para o paciente com diabetes melito? 1- Associação de Insulina de Ação ultrarrápida e de Ação Intermediária no Café da Manhã e Jantar e Insulina de Ação Intermediária ao Deitar; 2- Associação de Insulina de Ação ultrarrápida e de Ação Intermediária no Café , no almoço, ultrarrápida no Jantar e Insulina de Ação Intermediária ao Deitar; 3- Associação de Insulina de Ação ultrarrápida Administrada às Refeições e Insulina de Ação Prolongada ao Deitar; Quando deve ser considerada a insulinoterapia para um paciente com diabetes melito? DM tipo 1 → SEMPRE DM tipo 2 → sequência de tentativa de tratamento 1- Controle glicêmico inadequado com Hipoglicemiantes orais (DM-2) (HbA1c>7,0%) 2- Adicionar insulina basal ou NPH “bed time” 0,1UI/kg/24 horas, mantendo hipoglicemiantes orais e/ou apenas metformina. 3- Adicionar insulina rápida ou ultrarrápida à refeição principal mantendo hipoglicemiantes orais e/ou apenas metformina. 4- NPH cedo e bed time + regular antes da principal refeição com ou sem metformina. (ou basal + A GLP1 ou pré misturas ) 5- Terapia insulínica intensiva com ou sem metformina (Basal - bolus) NPH cedo e à noite e regular antes do café, almoço e jantar OU NPH 3x por dia e regular antes do café, almoço e jantar OU basal e UR antes de cada refeição. Indicações da insulinoterapia - DM-1 ou LADA (diabetes latente autoimune do adulto); - No DM-2, quando a combinação de medicamentos orais não possibilitar a obtenção da meta desejada (HbA1c<7,0%); - Gravidez; - Doenças agudas (sepse, IAM, AVC); - Complicações agudas hiperglicêmicas (cetoacidose diabética ou estado hiperglicêmico hiperosmolar); - Ao diagnóstico do DM-2 com pacientes intensamente sintomáticos ou com hiperglicemia acentuada (glicemias > 300 a 350 mg/dL e/ou A1C ≥ 10 a 12%) 5 Insulina NPH humana NPH = protamina neutra de Hagedorn ou isofano. Ação intermediária ( pico de ação é retardado pela combinação de duas partes de insulina zinco cristalina solúvel com uma parte de insulina zinco protamina). Pico de ação = 4 a 10 horas. É possível ser misturada numa mesma seringa com regular, sem perder sua solubilidade e farmacocinética. Puxamos primeiro a regular e depois a NPH. Mas o ideal é sempre administrar separadamente. Grumos dentro do frasco de NPH podem ser evitados com a refrigeração e o descarte do frasco após 1 mês do início de uso. Insulina regular humana Preparação de ação rápida solúvel cristalina com zinco. Início do efeito (SC) em 0,5-1h, pico de ação 2 a 3h e duração efetiva de 5 a 8 horas. Pode ser usada EV ou IM em descompensações hiperglicêmicas. INS Reg EV é monomérica e tem efeito imediato, é igual a infusão de análogo de INS UR, porém com custo inferior. Usar 30 minutos antes das refeições principais. Evitar o usoantes de dormir. Insulina análoga asparte Análogos de insulina de ação ultrarrápida (cinética parecida com os outros análogos de ação ultrarrápida lispro, e a insulina glulisina) Início de ação em 5 a 15 minutos, Pico de atividade em, aproximadamente, 1 hora Duração de atividade de, aproximadamente, 4 horas. Diabetes Mellitus - complicações crônicas Fatores envolvidos: Mecanismo envolvidos: AGE → produtos avançados de glicosilação DAG → diacilglicerol 6 Complicações crônicas do Diabetes: Microvasculares: - Retinopatia Diabética (RD); - Nefropatia Diabética ou Doença Renal do Diabético (DRD); - Neuropatia Diabética. Macrovasculares: - Doença arterial coronariana(DAC); - Doença arterial cerebral; - Doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) . Menor HbA1c = menor evolução da complicação crônica do diabetes Maior HbA1c = maior evolução Ou seja, o controle do diabetes é essencial como fator de risco para o desenvolvimento e evolução das complicações crônicas. Retinopatia Diabética Intervalos recomendados para triagem de RD: Tipo 1 - primeiro exame 5 anos após o diagnóstico - acompanhamento anual Tipo 2 - primeiro exame no momento do diagnóstico - acompanhamento anual Gestacional - primeiro exame antes ou logo após a concepção - acompanhamento a cada 3 meses Nefropatia Diabética Fatores de risco Genéticos: Sexo (+masc), etnia (negros, hispânicos, asiáticos), idade avançada, hiperglicemia, hipertensão arterial Obesidade: dieta hiperproteica, injúria renal (toxinas, tabagismo, lesão aguda) 7 Rastreio: DM 1 - 5 anos após o diagnóstico - seguimento anual DM 2 - No ato do diagnóstico - seguimento anual Neuropatia Diabética Polineuropatias simétricas generalizadas: - Sensitiva aguda → melhora com tratamento - Sensorimotora crônica - simétrica distal - Autonômica Sintomas: - Parestesias (formigamento, agulhada, dormência) - Disestesias (dor em queimação, facada, choque) - Alodinia (dor a estímulo não doloroso) - Hiperalgesia (resposta intensa a um estímulo doloroso leve) - Cãibras e fraqueza muscular - Disautonomia periférica (sensação de esfriamento e congelamento) Neuropatia Autonômica do Diabetes: GENITOURINÁRIA Cistopatia Disfunção erétil Bexiga neurogênica Ejaculação retrógrada METABÓLICA Hipoglicemia não reconhecida Irresponsividade à hipoglicemia DISTÚRBIO DE SUDORESE Áreas de anidrose simétrica Sudorese gustatória CARDIOVASCULAR Alterações do fluxo sanguíneo cutâneo Denervação cardíaca, infarto do miocárdio indolor Intolerância ao calor Hipotensão ortostática Taquicardia e intolerância ao exercício GASTROINTESTINAL Constipação Diarreia Disfunção esofagiana Incontinência fecal Gastroparesia diabeticorum PUPILAR: Diminuição do diâmetro da pupila adaptada ao escuro Pé Diabético Definição Pé Diabético: “Infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos moles associadas a alterações neurológicas e vários graus de doença arterial periférica (DAP) nos membros inferiores em paciente diabético.” 8 E a doença arterial periférica? Qual método mais simples para detecção? Índice tornozelo braquial DAC, IC, AOP no diabético Na estratificação de risco global cardiovascular, o paciente com diabetes tipo 2 é visto como alto risco (na sua grande maioria), com meta LDL<70mg%. Complicações Agudas Hiperglicêmicas do Diabetes Avaliação Laboratorial da CAD/Estado Hiperosmolar (EH): A glicemia capilar realizamos de 1h/1h e anotamos em uma planilha tanto na CAD, quanto no EH. 9 A cetonemia não temos disponível nem no SUS e nem no convênio. Acabamos fazendo a cetonúria através da urina 1 mesmo. No EH colhermos apenas a da entrada e no máximo mais uma para confirmar a ausência de cetonúria. Essencial para diferenciar CAD de EH. Marcar na Planilha. HMG fazer na entrada e no outro dia - 24h após (paciente já terá saído da cetoacidose e estará bem hidratado) . Na prática realizamos na entrada e repetimos no mínimo 2h após o início do tratamento e no máximo 6 horas após. Mais comum estar alterada no EH. Na corrigido = [Na] + 1,6 {([glicose]-100)/100} Importante para o EH, para definir conduta de hidratação. Tanto na CAD, quanto no EH, realizamos dosagens de Na a cada 2h nas nas primeiras 6 horas, depois de 4/4h até o paciente sair do quadro agudo. Fazer o cálculo do Na corrigido a cada coleta. Anotar na planilha. K = muito cuidado Começar reposição após chegar o primeiro exames, se o potássio estiver normal. Se baixo, intensificar a reposição e realizar monitorização cardíaca contínua. Anotar na planilha. Osmolalidade plasmática é dosada. Se não tiver acesso, podemos calcular a osmolaridade (mOsm/L) = 2x [Na+] + [glicemia (mg/dL)/18] Ou (quando há IR):Osmolaridade plasmática (mOsm/L) = 2x [Na+] + [glicemia (mg/dL)/18] + [ureia (mg/dL)/6] Normalidade até 300mOsm/L 10 No EH a Osmolalidade ou Osmolaridade estarão elevadas e nos guiam para o tipo de reposição de volume que faremos. Complicação da hiperhidratação com NaCl seria o aumento do Cloro, o que poderia perpetuar a acidemia. Complicações do Tratamento HIPOGLICEMIA - Juntamente com a hipocalemia, é uma das complicações mais comuns do tratamento excessivo com insulina e bicarbonato. - Monitoramento frequente (a cada 1-2 h) da glicemia é necessário HIPOCALEMIA Acidose hiperclorêmica - Costuma ser autolimitada e com poucas consequências clínicas. - Geralmente é causada pela administração excessiva de líquidos contendo cloro. EDEMA CEREBRAL - Ocorre em 0,3% a 1,0% dos episódios de CAD em crianças, mas é extremamente raro em pacientes adultos - Sinais e sintomas: cefaleia, deterioração gradual do nível de consciência, convulsões, incontinência do esfíncter, alterações pupilares, papiledema, bradicardia, elevação da pressão arterial e parada respiratória. - Prevenção: evitar a hidratação excessiva e a redução rápida da osmolalidade plasmática, redução gradual da glicemia e manutenção da glicemia entre 250 e 300 mg/dL até que a osmolalidade seja normalizada e o estado mental seja melhorado.Infusão de manitol e ventilação mecânica são sugeridas para o tratamento do edema cerebral. 11
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