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1 ENDOCRINOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Diabetes Mellitus INTRODUÇÃO • Definição: o Grupo de doenças com diversas etiologias relacionadas ao déficit de secreção e/ou ação da insulina que se caracterizam por hiperglicemia crônica ▪ Desvios do metabolismo glicídico, lipídico e proteico ▪ Tendência à desidratação ▪ Predisposição à lesão endotelial e disfunções orgânicas múltiplas • Regulação da glicemia: o Fatores que elevam a glicemia → Captação intestinal e produção endógena (glicogenólise e gliconeogênese) o Fatores que diminuem a glicemia → Captação e utilização periférica (glicólise, glicogenogênese e lipogênese) o Principais hormônios reguladores da glicemia: ▪ Insulina → Diminui a glicemia ▪ Glucagon, catecolaminas, cortisol e GH → Aumentam a glicemia o Observar que a glicemia não é culpa completa da alimentação → Qualquer desvio metabólico que atue nesses fatores e hormônios vai acabar alterando a glicemia ▪ Por essa característica multifatorial também que há múltiplas formas de tratar a hiperglicemia o Ações da insulina → Facilitar a captação e a utilização da glicose ▪ Hormônio anabólico → Síntese de glicogênio, triglicerídeos e proteínas o Déficit absoluto de glicemia → Gera todos os efeitos de déficit anabólico o Resistência à insulina → Tende a ser em graus diferentes dependendo do tecido • Fisiopatologia da DM: o ↓ Ação da insulina → Tende a ↓ Captação da glicose periférica e ↑ produção hepática de glicose ▪ Isso aumenta a glicemia o ↑ Glicemia crônica (consequências) → Glicosilação avançada, disfunção endotelial e glicotoxicidade ▪ Isso gera um ciclo vicioso, porque a própria hiperglicemia crônica tem um efeito tóxico sobre a célula beta que tende a levar a um déficit secretório de insulina com o tempo (por isso pacientes de DM2 podem precisar de insulina em certo momento) QUADRO CLÍNICO • Sintomas decorrentes de hiperglicemia por si própria: o Glicemia > 180 leva à diurese osmótica, desidratação, poliúria e polidipsia ▪ Polifagia é um sintoma muito inespecífico e não levamos tão em conta PROFA. EVERLAYNY FIOROT 2 ENDOCRINOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ▪ Já consideramos diabetes com glicemia > 100, porém os sintomas serão sentidos com mais intensidade quando chega na faixa do 180-200 (não dependemos do sintoma para diagnosticar) ▪ Quando ultrapassa o transporte máximo de glicose no rim (180), não conseguimos mais reabsorver tudo e começa a ter perda de glicose na urina (diurese osmótica) → Gera poliúria, logo polidipsia e desidratação o Outro sintoma característico é a visão turva (afeta as proteínas do cristalino) → Não é necessariamente retinopatia, pode ser uma alteração transitória do cristalino devido à hiperglicemia (reverte com o controle) o Há também maior tendência a infecções (Ex.: Candidíase de repetição) o Esses sintomas são devidos à hiperglicemia em si, então vão acontecer independente do tipo de diabetes o O sintoma mais importante é a desidratação, então nesse cenário a primeira coisa a fazer é hidratar o paciente • Sintomas decorrentes do déficit absoluto de insulina: o Má utilização da glicose o Eleva o catabolismo proteico e lipídico o Perda de peso o Cetose → Casos mais pronunciados, podendo levar à cetoacidose diabética • Assintomáticos: o A grande maioria dos pacientes é de DM2, que muitas vezes são assintomáticos ▪ Isso acontece pelo gap entre o que é a glicemia alterada e quando ela começa a dar sintomas • Complicações crônicas: o Microvasculares → Nefropatia, retinopatia e neuropatia o Macrovasculares → Insuficiência vascular periférica, isquemia coronariana (IM) e isquemia encefálica (AVE) • Quanto rastrear diabetes? o Qualquer indivíduo > 45 anos mesmo sem fator de risco o Indivíduos com sobrepeso/obesidade com pelo menos 1 fator de risco o Doenças associadas a diabetes secundários o Pacientes que irão iniciar medicações com potencial efeito hiperglicemiante o Triagem em crianças e adolescentes >10 anos se sobrepeso/obesidade • Fatores de risco para DM2: o História familiar de 1º grau o Presença de síndrome metabólica → Tendência a acúmulo de gordura abdominal, dislipidemia (↑ triglicerídeo, ↓ HDL e LDL qualitativamente pior, mais denso) o Etnias de alto risco (afrodescendente, hispânico ou indígena) o História de doença cardiovascular o Hipertensão arterial o HDL < 40-50 e Triglicérides > 150 o Síndrome de ovário policístico → Considerado marcador porque está muito associado à resistência à insulina 3 ENDOCRINOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Sedentarismo o Acantose nigricans → Marcador de resistência à insulina o Pré-diabetes o História de diabetes gestacional o HIV → Principalmente quando em tratamento com inibidor de protease o Alterações do peso ao nascer → Pequenos e grandes para idade gestacional têm tendência maior • Critério diagnóstico: o Valores de glicemia ou hemoglobina glicada (mais usado para DM2, são valores de rastreamento) ▪ Glicemia de jejum → < 100 (Normal); 100 a 125 (Pré-DM); ≥ 126 (DM) ▪ Glicemia 2h após TOTG com 75g de glicose → < 140 (Normal); 140 a 199 (Pré-DM); ≥ 200 (DM) ❖ TOTG = Teste Oral de Tolerância à Glicose ❖ É um teste padronizado, não é o pós-prandial (que pode ser usado para seguimento e não diagnóstico) ▪ HbA1c → <5,7% (Normal), 5,7 a 6,4% (Pré-DM); ≥ 6,5% (DM) o Em geral, é recomendado que repita o exame se vier alterado, exceto glicemia aleatória muito pronunciada (acima de 200) com presença de sintomas clássicos, para não atrasar o tratamento ▪ Quando há 2 fatores alterados no mesmo exame (glicemia de jejum e hemoglobina glicada) também não é tão necessário repetir para confirmar o diagnóstico o A forma mais sensível para diagnosticar o diabetes mais cedo é o TOTG • Casos: o Glicemia de 170 mg/dL 2 horas pós-prandial → Não é um teste padronizado, então não confirma diabetes nem pré-diabetes o Glicemia de jejum de 110 mg/dL e paciente completamente assintomático → Realizar TOTGS CLASSIFICAÇÃO • Tipos de acordo com mecanismo: o É importante na prática separarmos os tipos de diabetes aqueles que têm mais déficit secretório daqueles que têm mais resistência, porque o tratamento abre leques diferentes dependendo do mecanismo 4 ENDOCRINOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ▪ Mais déficit secretório (em geral usa insulina) → Autoimune (1A/LADA), MODY e doenças pancreáticas ▪ Mais resistência (tende a começar o tratamento com outros medicamento, exceto o DMG) → DM2, DM lipoatrófico, DMG (gestacional) e endocrinopatias DIABETES MELLITUS TIPO 1 • Características gerais: o A etiopatogenia envolve destruição da célula beta levando à deficiência absoluta de insulina ▪ 1A → Destruição autoimune (mais comum) ▪ 1B → Não se consegue provar que é uma destruição autoimune • História natural: o Predisposição genética → Base genética de menor importância do que no DM2 o Gatilho para desencadear a autoimunidade (mecanismo desconhecido) → Embora exista a predisposição genética, o gatilho para que isso ocorra não é genético o Dependência rápida de insulina → Praticamente 100% dos pacientes são sintomáticos (polis e perda de peso) ▪ Os outro diabetes (não tipo 1) costumam demorar para depender da insulina ❖ Passam primeiro por um período de disfunção metabólica difícil de detectar porque a glicemia ainda está normal (compensação do organismo) ❖ Depois começa a desenvolver hiperglicemia que não caracteriza diabetes propriamente dita ❖ Depois desenvolvem diabetes não dependente à insulina ❖ Depois passam pela fase de depender da insulina para um controle adequado ❖ E muito tardiamente podem evoluir para dependência de insulina ▪ O marcante do tipo 1 é o quadro clínico e a necessidade iminente de insulina para sobreviver ❖ Cerca de 30% dos casos de DM1 vão abriro caso com cetoacidose diabética (náusea, vômito, dor abdominal, respiração de Kussmaul, taquicardia e hipotensão) 5 ENDOCRINOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Síntese e secreção de insulina: o Nas células beta, a insulina é produzida como pró-insulina e depois fragmentada em peptídeo C e insulina o O peptídeo C é mais estável na circulação então é mais útil como marcador da síntese/secreção de insulina ▪ Dosar a insulina no sangue serve para poucas coisas na hiperglicemia, é melhor olhar o peptídeo C • Quando suspeitar de DM1? o 80% dos casos iniciam < 18 anos ▪ Mas a idade não basta para definir que é DM1 → 20% dos casos iniciam em qualquer idade o O que realmente marca DM1 é o Início abrupto, em geral com perda de peso, polis e tendência à cetoacidose o Algo que pode dar uma dica para o diagnóstico é o paciente que já tem outra doença autoimune associada ▪ Doença celíaca (6%) ▪ Tireoidite de Hashimoto (4%) • Marcadores laboratoriais: o Peptídeo C → Baixo ou indetectável o Anticorpos (pedimos quando há dúvida) → Presentes em 80 a 95% dos casos do tipo 1A ▪ Anti-insulina (LAA) ▪ Anti-tirosina fosfatase (Anti-LA2) ▪ Anti descarboxilase do ácido glutâmico (Anti-GAD65) → Mais prevalente ▪ Anti-ilhotas (ICA) ▪ Anti Znt8 LADA (LATENT AUTOIMUNE DIABETES OF ADULT) • Características gerais: o Déficit secretório de insulina por destruição autoimune da célula beta (assim como na DM1, porém com evolução menos rápida) o Pode iniciar em qualquer idade (mais frequente nos 30-40 anos) → Pode acabar sendo confundido com DM2 ▪ Provavelmente 10 a 15% dos pacientes diagnosticados com DM2 na verdade são LADA o Anticorpos positivos (ppal/anti-GAD) ▪ Com o tempo, os anticorpos podem negativar a dificultar o diagnóstico diferencial → Anti-GAD é o anticorpo que dura mais tempo o Geralmente, há associação com outras doenças autoimunes o É necessário insulinizar precocemente (efeito protetor na célula beta contra a glicotoxicidade) o O uso de sulfonilureias e a glicotoxicidade podem acelerar a perda e piorar o controle futuro ▪ O paciente pode responder inicialmente a sulfonilureia, mas rapidamente evolui com piora • DM tipo LADA x DM2: o O DM2 está muito associado à síndrome metabólica 6 ENDOCRINOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Alguns fatores clínicos e laboratoriais nos fazem pensar mais em LADA em vez de DM2 no paciente > 18 anos ▪ Peptídeo C reduzido ▪ Ausência ou poucos sinais de síndrome metabólica ▪ HBA1C mais elevada ▪ Mais sintomático, mais perda de peso ▪ Necessidade de insulina precoce (<3-5 anos do diagnóstico) ▪ Outras doenças autoimunes o Não se basear apenas no anticorpo (não é absoluto) ▪ O anticorpo pode negativar no paciente com LADA ▪ É possível ter presença de anticorpos em baixo título na população normal ▪ A presença de mais de um tipo de anticorpo me ajuda mais a confirmar a autoimunidade (LADA) DIABETES MELLITUS TIPO 2 • Etiopatogenia: o Visão tradicional (mais antiga da doença) → Resistência à insulina no fígado, no músculo e no tecido adiposo combinada com um certo déficit secretório em maior ou menor grau que evolui para diabetes o Visão atual → Diabetes multifatorial ▪ Efeito incretínico reduzido ▪ Lipólise aumentada ▪ Reabsorção de glicose aumentada ▪ Captação periférica de glicose reduzida ▪ Disfunção de neurotransmissores ▪ PHG aumentada ▪ Secreção de glucagon aumentada ▪ Célula alfa da ilhota pancreática ▪ Secreção insulínica deteriorada ▪ OBS.: Cada paciente terá um peso maior ou menor em cada um desses fatores • Desenvolvimento e progressão do DM2 e complicações: o Inicialmente há apenas a resistência à insulina (podendo ter até um certo excesso de insulina) o Aos poucos, vai havendo perda de célula beta, ao mesmo tempo que vai elevando a glicemia e tendo mais complicação microvascular o Existe a associação entre a perda de função, além da resistência, para chegar a uma hiperglicemia suficiente para ter complicação microvascular (que é o que mais importa na prática) o O marcador que utilizamos (glicemia de jejum ≥ 126) só ocorre mais para frente na progressão da doença, por isso muitas vezes ela passa despercebida 7 ENDOCRINOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Quando suspeitar de DM2? o > 10 anos → Maior incidência > 40 anos o História familiar (75-90%) → É mais forte em DM2 do que DM1 (10 a 15%) ▪ Concordância entre gêmeos monozigóticos de 80% ▪ MODY → 100%, em geral < 30 anos (herança autossômica dominante) o Obesos ou com acúmulo de gordura abdominal (60-90%) o HAS e/ou dislipidemia (50%) o Síndrome metabólica (80-90%) MODY (MATURITY ONSET DIABETES OF YOUNG) • Características gerais: o Origem puramente genética → Doença autossômica dominante (monogênico) ▪ A maioria tem história familiar, porém também pode ser uma “mutação de novo” → O paciente será o primeiro caso da família e passará a mutação para os filhos o Relacionada a déficits secretórios de insulina o A maioria envolve genes envolvidos na capacidade de síntese ou secreção de insulina o 2-5% dos casos são inicialmente confundidos como DM2 e até 10% como DM1 • Quando suspeitar? o Hiperglicemia < 25 anos (principalmente quando não é um diabetes brusco que faz pensar em DM1) o História familiar positiva em 2 ou 3 gerações o Autoanticorpos negativos e peptídeo C detectável (> 0,6) 5 anos após diagnóstico (diferencia de DM1) 8 ENDOCRINOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Diagnóstico: o Para ter certeza de que é um MODY, é preciso fazer estudo molecular, mas nem sempre isso é disponível • Tipos: o Existem mais de 12 tipos descritos o Tipos mais frequentes → MODY-GCK, MODY-HNF4A, MODY-HNF1A, MODY-HNF1B etc. o MODY-GCK (Glucokinase) → Um dos mais frequentes ▪ Muitas vezes não têm história familiar por ser muito leve (então não precisamos da HF+ para o diagnóstico) ▪ Hiperglicemia muito leve e sem complicação OBSERVAÇÕES FINAIS • DM x idade: o DM1 -80% < 18 anos ▪ 20% em qualquer idade o LADA → Mais frequente nos 20-40 anos, mas pode acontecer em qualquer idade o DM2 → Aumenta com a idade (principalmente > 40 anos), mas pode acontecer em qualquer idade o MODY → Classicamente < 25 anos, mas depende do rastreamento (pode ser mais tardio) • DM1/LADA: o Abordagem terapêutica → Insulina o Triagem para outras doenças autoimunes (doença celíaca, tireoidite de hashimoto, anemia perniciosa, doença de Addison, ooforite autoimune e vitiligo) o Triagem para complicações crônicas (geralmente após 3-5 anos do diagnóstico) • DM2: o Abordagem terapêutica → Mudança do estilo de vida + Antidiabéticos (orais ou não orais, não insulina) 9 ENDOCRINOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Triagem para doença macrovascular e componentes da síndrome de resistência à insulina o Triagem de complicações crônicas ao diagnóstico (pois a doença já está acontecendo a tempos antes disso) • DM tipo MODY: o MODY 2 → Frequentemente não precisa de tratamento o MODY 1 e MODY 3 → Sulfonilureia inicialmente, tendência à insulinização precoce • DM secundários a endocrinopatias: o Principalmente situações com excesso de cortisol e GH o Hiperticosolismo (Cushing), acromegalia, feocromocitoma, hiperaldosteronismo, hipertireoidismo, glucagonoma/somatostainoma • DM lipoatrófico: o Tem vários mecanismos, em geral genéticos ▪ Pode ocorrer também em paciente HIV que usa inibidor de protease o Perda total ou parcial do tecido adiposo o Resistencia à insulina grave (por disfunção) ▪ ↓ Ação inibitória da insulina sobre a lipase hormônio sensível ▪ ↑ Lipólise ▪ Lipoatrofia/distrofia + ↑ TGD (hipertrigliceridemia) o Acaba indo no contrassenso porque é um paciente com resistência à insulina, porém com magreza (às vezes, podendoaté parecer musculoso) ABORDAGEM PRÁTICA DO PACIENTE DIABÉTICO PACIENTE DE 1ª VEZ • História da doença atual: o Ocasião do diagnóstico ▪ Idade → Perguntar quando que começou o diabetes ▪ Peso → Perguntar se perdeu peso ou não ▪ Glicemia / forma de diagnóstico ▪ Sintomas → Perguntar se e quais sintomas tinha e têm o Evolução até o momento ▪ Tratamentos prévios (tempo de duração, efeitos adversos etc.) ▪ Internação prévia por complicação aguda ▪ Tratamento atual (tempo de uso, doses, horário, efeitos adversos) ▪ Pesquisa de complicações crônicas → Perguntar última vez que pesquisou e se já houve alteração ❖ Fundo de olho ❖ Albuminúria 10 ENDOCRINOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ❖ Ulceração prévia ❖ Avaliação cardiológica • Revisão de sintomas direcionada: o Polis? Nictúria? o Perda de peso? o Candidíase? o Turvação visual? o Parestesias / Dor neuropática? o Claudicação intermitente? o Hipotensão postural? o Hipoglicemia? o Urina espumosa? → Pensando já em complicação • História patológica pregressa: o Identificar fatores de risco → HAS, DLP, hiperuricemia, gestações/macrossomia, SOP e doenças autoimunes o Relatar medicações em uso • História familiar de DM: o Perguntar sempre da diabetes → Quem? Em que idade começou? Obeso? Usou insulina? ▪ DM2 → 90% de relação (típico > 40-45 anos com sobrepeso) ▪ MODY → 99% de relação (típico < 30 anos, com ou sem sobrepeso) o Perguntar também de HAS e DLP o Pesquisar doença cardiovascular → Doença coronariana precoce (H < 55 / M < 65)? Quem? • História psicossocial: o Hábitos alimentares o Atividade física o Tabagismo/etilismo PACIENTE DE RETORNO • Cabeçalho: o Diagnóstico há quanto tempo o Classificação o Comorbidades o Dados relevantes da HPP/HPF/HPS • Tratamento atual: o Medicamentos o Hábitos alimentares 11 ENDOCRINOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Atividade física • Triagem de complicações: o Últimos registros • Pacientes insulinizados: o Qual insulina, doses e horários exatos o Rodízio de aplicações → Qualquer aplicação subcutânea não se deve aplicar no mesmo lugar sempre o Ocorrência de hipoglicemias? o Automonitoramento (glicemia capilar) EXAME FÍSICO • Exame físico: o Peso, altura, IMC e circunferência abdominal o PA deitado e após 1-3 minutos de pé / sentado → Verificar hipotensão postural o Tireoide o Ficar atento a outros marcadores de resistência à insulina das endocrinopatias o Acantose nigricans? Hisrutismo? Estrias violáceas? • Avaliação do pé diabético: o Entre ulceração e amputação o fator mais importante é a neuropatia (paciente perde a sensibilidade do pé e não percebe lesões) ▪ 40-60% → Neuropatia isolada ▪ 10-45% → Neuropatia + Vasculopatia ▪ 10% → Somente vasculopatia o Doença arterial periférica → Avaliar pulso pedioso e tibial posterior o Sintomas neuropáticos → Na maioria das vezes, o paciente terá o sintoma negativo e não os sintomas positivos ▪ Dor neuropática pode ser de qualquer tipo, tende a piorar com o repouso (enquanto dor vascular se exacerba com atividade física e melhora com o repouso) e só está presente em 25% dos casos 12 ENDOCRINOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Inspeção (já dá para perceber sinais neuropáticos) → Pele seca (um dos sinais mais precoces), ausência de pelos, unhas encravadas ou pontiagudas, maceração interdigital e ulceração o Sinais motores tardios → Cabeça dos metatarsos proeminentes, dedos em martelo, dedos em garra e atrofia interóssea o Pontos de pressão exacerbados → Geralmente são nesses pontos vai ulcerar o Diagnóstico precoce → Exame neurológico (vibração, dor, temperatura, reflexos e estesiometria) Micose interdigital Sinais motores tardios 13 ENDOCRINOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Testes de sensibilidade: o Dor, temperatura e força autonômica → Mais precoces (fibras finas) o Propriocepção, vibração, pressão plantar e reflexos → Mias tardias (fibras grossas) o Screening neuropatia diabética → Pinprick (toque pontiagudo) / dor ou temperatura (fibras finas) + Vibração / Aquileu / Monofilamento (fibras grossas) o Monofilamento é essencial e absurdamente obrigatório no paciente diabético (anualmente) → Embora seja uma alteração mais tardia, é o que mais consegue prever o paciente que vai ulcerar ▪ É um fiozinho que encostamos na sola do pé do paciente (principalmente em hálux, 1º, 3º e 5º metatarsos) ▪ Pedimos para o paciente está sentindo ou não (o ideal é que ele não esteja vendo) o Classificamos como perda de sensibilidade protetora quando há perda de monofilamento mais a perda de um dos outros (sensibilidade vibratória, sensibilidade dolorosa ou reflexo aquileu)
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