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Análise fílmica - Tempo de Despertar

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Nome: Willian Piran da Rosa						Data: 08/04/2021
Curso: Enfermagem
Análise fílmica: Tempo de Despertar
O filme foi baseado no livro escrito pelo neurologista Oliver Sacks, em 1973, que por sua vez foi baseado em uma história verdadeira em 1960, o filme traz reflexões sobre a vida, mostrando que devemos aproveitar todo o tempo que temos. O ator principal é Robin Williams que interpreta Malcom Sayer que é um neurologista que não tem experiência em lidar com pacientes já que se dedicou a pesquisa durante boa parte de sua vida até então, a partir desse momento ele aceita um emprego em um hospital psiquiátrico na cidade de Nova York.
Nas primeiras cenas já observamos a dificuldade de médicos trabalharem no hospital psiquiátrico, onde a entrevista realizada por Malcom deixa clara a ausência de profissionais interessados, os poucos recursos disponíveis e a questionável capacidade do novo médico já que trabalhou somente com pesquisas em não com o público em geral.
O novo médico descobre por meio dos prontuários e da leitura de jornais antigos com reportagens sobre pessoas que passaram a perder os movimentos, como, por exemplo, falar, se locomover, entre outros, bem como com a entrevista de familiares que acompanharam a evolução da doença dos seus parentes e descobriu que os pacientes sofreram de Encefalite Letárgica na infância, também conhecida como doença do sono, que se tornou uma epidemia ao fim da Primeira Guerra Mundial. A doença não tinha cura, deixando os pacientes letárgicos por toda a sua vida.
Uma das cenas mais interessantes que me chamou a atenção foi quando o neurologista colocou a música clássica, que para mim é uma das mais belas formas de expressão humana, para estimular os movimentos dos pacientes, e uma das pacientes em questão apresentou um leve esboço fácil, pois os pacientes eram capazes de perceber as movimentações do ambiente como para realizar atividades simples como abaixar e levantar o braço e pegar uma bola no ar. Entretanto a referida constatação causou estranhamento na equipe de médicos do hospital, acostumados com uma prática mecânica de tratamento apenas com remédios, os quais passaram a descrer no neurologista e debochar de suas atitudes, acreditando que ele estava a desenvolver uma doença mental assim como os pacientes.
Nesse sentido, a linha de raciocínio desenvolvida pelo neurologista entendia que a anulação total dos movimentos dos doentes fazia com que estes permanecessem adormecidos, porém, se devidamente estimulados e medicados, na época com o remédio L-dopa, utilizado no tratamento do Mal de Parkinson, seria possível despertá-los para a vida. Depois de lutar contra o ceticismo de outros médicos, que não achavam que seria possível reverter a situação daqueles pacientes, o diretor do hospital autoriza que Sayer inicie o tratamento experimental em apenas um paciente com autorização da família. Ele escolhe então Leonard Lowe interpretado por Robert De Niro, que estava adormecido há décadas.
O uso desse medicamente nesses pacientes era de um risco muito alto, porque ninguém sabia as consequências de serem administrados e o resultado poderia ser imprevisível. Entretanto ninguém saberia dizer se ao logo do tempo em que estavam catatônicos eles mantinham a atividade cerebral e se depois de acordarem manteriam a noção de tempo e espaço.
Podemos dizer que quase milagrosamente, Leonard começa a se recuperar gradualmente, provando que o medicamento funcionava e então Sayer começa a administrar o L-dopa em todos os outros pacientes, que começam a acordar de seus comas internos. Entretanto o que o neurologista não esperava era que Leonard começasse a apresentar ataques nervosos e espasmos como efeitos colaterais da medicação.
Com o tempo desentendimentos surgiram entre os próprios pacientes, entre os pacientes e suas famílias, pois que estas estavam acostumadas a ter um ser totalmente dependente e sem iniciativa para a realização de tarefas simples como comer, por exemplo, e houve desentendimento entre os pacientes e o neurologista também. Há que se apontar que o controle outrora exercido sobre os adormecidos ao mesmo tempo em que se mostrava glorioso pelo despertar era um desafio para todos, afinal, desde que recobraram a capacidade de gerir o seu ser, requereram em contrapartida a liberdade que a todos é permitida.
Ainda que por pouco tempo os pacientes se mantiveram acordados, as doses de L-dopa passaram a ser cada vez maiores ao ponto de não fazer mais efeito. Em virtude disso, o despertar durou um tempo, sendo que após o transcurso desse período os pacientes retornaram ao adormecimento, mas por alguns momentos tiveram a oportunidade de viver como há anos não os era possibilitado através da pesquisa desenvolvida por Sayer.
O filme é carregado de emoções e reflexões sobre a vida, nos faz pensar sobre o valor que a vida tem para nós e muito mais para as pessoas que não podem aproveitar os momentos por determinadas enfermidades, nos faz sorrir e chorar, ficar alegres e tristes e até mesmo nos cativa pela dinâmica que o médico tem com os pacientes, nos fazendo ter aquele último fio de esperança, esperança essa que nos fazer crer que os pacientes vão melhorar no final e que todos ficaram definitivamente felizes, mas que infelizmente não acorre totalmente no filme.
Penso em tantas outras pessoas no nosso próprio dia a dia que apresentam uma única diferença entre os pacientes apresentados no filme: o fato de não estarem submetidas a uma internação contínua sem a esperança de serem observadas de forma especial, como Dr. Sayer fez. Vidas estacionadas em seus projetos, por uma infinidade de causas que as impede de se moverem em uma direção. Grandes problemas, mas às vezes, avaliados como “simples”, mas para quem está adormecido, foi suficiente para paralisar seus sentidos, tendo ainda tantos ciclos para viver.
Deduzo que no âmbito profissional do filme transparece um perfil que todos os demais profissionais da saúde deveriam seguir, um profissional ético, que vê o paciente como um todo e não somente como um enfermo, como mais um número de uma drástica estatística, mas sim como o familiar de alguém, que por aquele paciente que você está tratando existe uma mãe, um pai ou filho chorando em casa e esperando que milagrosamente o mesmo melhore, como é demonstrado no filme. O profissional deve ser empático, se pôr no lugar daquele paciente ou mesmo familiar e tratá-lo com dignidade independentemente de sua classe social, religião ou opção sexual. 
A representação no filme igualmente traduz o perfil do profissional pesquisador e ético, que se importa com os pacientes sendo extremamente educado com os demais profissionais da enfermagem e médicos, profissional que não se contenta com a prática mecanizada de cuidar dos pacientes e busca na observação do outro e seu contexto uma forma de alcançar seus objetivos e de respondê-los com suas pesquisas, no aprofundamento de uma responsabilidade social que visa a transformar o ambiente e os métodos para melhor a vida das pessoas.
Para mim o filme apresenta muito um conceito de Carpe Diem, onde os pacientes conviviam com o medo de retornar ao estado catatônico e aproveitavam ao máximo seus dias, e como disse Leonard Lowe, “Precisamos contar a todos, fazê-los lembrar de como é bom. O que o jornal está dizendo? Que está tudo ruim. Tudo ruim. As pessoas esqueceram o que é viver, estar vivo. Elas precisam ver o que já têm e o que podem perder. Sinto a alegria de estar vivo. A dádiva e a liberdade da vida! A maravilha que é viver! ”.