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Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 1 Esofagites, esôfago de Barret, tumores esofágicos e varizes esofágicas. → Esofagite: Inflamação do esôfago. Morfologia depende do agente etiológico. Infiltrados densos de neutrófilos estão presentes na maioria dos casos. Dividias em química, infecciosas e de refluxo. ● Esofagite química: variedade de substâncias irritantes: álcool, ácidos ou álcoois corrosivos, líquidos excessivamente quentes e tabagismo. Comprimidos que se dissolvem no esôfago podem causar ‘esofagite induzida por pílula’. Dor autolimitada: odinofagia. Hemorragia, estenose ou perfuração podem ocorrer em casos graves. Esofagite por ingestão de soda cáustica. Infiltrado inflamatório, ulceração, células hiperplásicas. → ● Esofagite infecciosa: bactérias, fungos e vírus. Acomete principalmente imunossuprimidos. Infecção por fungos ou bactérias pode tanto causar danos quanto complicar uma úlcera preexistente. Bactérias orais não patogênicas são frequentemente encontradas no leito da úlcera. Organismos patogênicos: podem invadir a lâmina própria causar necrose da mucosa sobrejacente. Herpes simples, Citomegalovírus e Candida albicans são os principais agentes causadores. Herpes simples: inclusões virais nucleares; úlceras em saca-bocado. Hiperemia, úlceras. Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 2 Presença de neutrófilos, linfócitos; inclusões virais. Inclusões de herpesvírus nucleares, presença de linfócitos. Infiltrado inflamatório, ulcerações. ● Citomegalovírus: inclusões citoplasmáticas e nucleares; ulcerações superficiais. Infiltrado linfocítico, célula infectada com CMV. Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 3 Células endoteliais infectadas com citomegalovírus com inclusões nucleares e citoplasmáticas. ● Candidíase esofágica: mais comum; leveduras e hifas; pseudomembranas. Infiltrado inflamatório com presença de neutrófilos; presença de hifas. Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 4 ● Esofagite de refluxo: O epitélio escamoso estratificado do esôfago é resistente à abrasão de alimentos, mas sensível ao ácido. As glândulas submucosas do esôfago proximal e distal contribuem para a proteção da mucosa pela secreção de mucina e bicarbonato. O tônus constante da EEI impede o refluxo do conteúdo gástrico ácido, que está sob pressão positiva. O refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago inferior é a causa mais frequente de esofagite → Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). Patogenia: Condições que diminuem o tônus de esfíncter esofágio inferior ou aumentam a pressão abdominal contribuem para DRGE e incluem o uso de álcool e tabaco, obesidade, depressores do sistema nervoso central, gravidez, hérnia hiatal (discutida adiante), esvaziamento gástrico retardado e aumento do volume gástrico. Casos graves: refluxo biliar do duodeno pode agravar a lesão. Morfologia: Hiperemia simples, evidente para o endoscopista como vermelhidão, pode ser a única alteração. Na DRGE leve a histologia da mucosa é frequentemente normal. Com doença mais significativa, os eosinófilos são recrutados para o epitélio escamoso da mucosa seguidos dos neutrófilos, que geralmente estão associados a lesão mais grave. A hiperplasia de zona basal, que excede 20% da espessura epitelial total e o alongamento das papilas da lâmina própria, de tal forma que elas se estendem até o terço superior do epitélio, também pode estar presente. Hiperplasia das células basais. Eosinófilos. Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 5 Presença de neutrófilos e eosinófilos. Eosinófilos (seta curva) e linfócitos (seta). Características clínicas da DRGE: Os sintomas mais frequentemente relatados são pirose, disfagia e, menos frequentemente, regurgitação visível de conteúdo gástrico amargo. A hérnia de hiato é caracterizada pela separação da crura diafragmática e protrusão do estômago para o tórax através da abertura resultante, sendo uma grande causadora de DRGE. Complicações: ulcerações, esôfago de Barret. Esôfago de Barret: O esôfago de Barrett é uma complicação de DRGE crônica caracterizada por metaplasia intestinal dentro da mucosa escamosa esofágica. Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 6 Metaplasia – epitélio escamoso em colunar. O esôfago de Barrett é reconhecido por via endoscópica como línguas ou placas de mucosa vermelha aveludada que se estendem para cima a partir da junção gastroesofágica. Essa mucosa metaplásica intestinal alterna com mucosa lisa residual, escamosa, pálida (esofágica) proximalmente e faz interface com mucosa colunar marrom-claro (gástrica) distalmente. Células caliciformes, que têm vacúolos de muco distintos que coram em azul-pálido por H&E e partilham a forma de um cálice de vinho com o restante do citoplasma, definem metaplasia intestinal e são uma característica do esôfago de Barrett. A displasia é classificada como de baixo ou alto grau, com base em critérios morfológicos. O carcinoma intramucosa é caracterizado pela invasão de células epiteliais neoplásicas na lâmina própria. Seta: epitélio de transição. Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 7 Seta maior: área de metaplasia. Metaplasia ao lado direito. Presença de células caliciformes (mais claras). Infiltrado inflamatório (presença de linfócitos), células caliciformes. Displasia de baixo e alto grau Proliferação aumentada Mitoses atípicas Arquitetura glandular irregular A) displasia. B) Glândula - dentro de glândula. Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 8 Displasia de baixo e alto grau: fator de risco para desenvolvimento de adenocarcinoma esofágico. Características clínicas: O diagnóstico do esôfago de Barrett requer endoscopia e biópsia, geralmente motivadas por sintomas de DRGE. → Tumores Esofágicos Duas variantes morfológicas são responsáveis pela maioria dos cânceres de esôfago: Adenocarcinoma e carcinoma de células escamosas. ● Adenocarcinoma: Geralmente surge em um fundo de esôfago de Barrett e DRGE de longa data. O risco é maior em pacientes com displasia documentada; e ainda maior pelo uso de tabaco, obesidade e radioterapia anterior. Ocorre mais em homens brancos. Patogenia: Metaplasia → Displasia → Adenocarcinoma Mutação p53, p16, C-ERB, ciclinas; TNF; NFKB → inflamação. Adenocarcinoma em terço distal do esôfago. Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 9 Formação de ilhas de glândulas que sofrem fusão. Células pleomorfas. Adenocarcinoma papilar bem diferenciado (projeções papilares). Adenocarcinoma – padrão glandular – formação de cistos. Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 10 Adenocarcinoma – moderadamente diferenciado. Adenocarcinoma mucinoso. Células caliciformes – produtores de mucina. Adenocarcinoma – pouco diferenciado (céls. gigantes tumorais, pleomorfismos, tecido sólido). Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 11 Características clínicas: Maioria dos adenocarcinomas são diagnosticados na vigilância do DRGE. Quando manifestam sintomas: disfagia, odinofagia, perda de peso,dor torácica, vômitos. Quando esses sinais aparecem, é porque geralmente o tumor já se espalhou para vasos linfáticos submucosos. ● Carcinoma de células escamosas: Acomete mais homens, afro-americanos, com mais de 45 anos. Fatores de risco: álcool e o uso de tabaco, pobreza, lesão esofágica cáustica, acalasia, síndrome de Plummer-Vinson, consumo frequente de bebidas muito quentes e radioterapia anterior para o mediastino. Patogenia: ainda indefinida. HPV pode estar envolvido. Perda dos genes supressores de tumor p53 e p16. Morfologia: ½ dos carcinomas de células escamosos ocorre no terço médio do esôfago. Começa como uma lesão in situ na forma de displasia escamosa. As lesões iniciais aparecem como espessamentos semelhantes a placas pequenas, branco-acinzentadas. Durante meses a anos, elas crescem em massas tumorais que podem ser polipoides e projetam-se para dentro da luz, obstruindo-a. Outros tumores são lesões ulceradas ou difusamente infiltradas que se espalham pela parede do esôfago, onde causam espessamento, rigidez e estreitamento luminal. Esses cânceres podem invadir estruturas adjacentes, incluindo a árvore respiratória, causando pneumonia; a aorta, provocando sangria catastrófica; ou o mediastino e pericárdio. Áreas de hiperemia e hemorragia. Esôfago médio – estenoses. Lesões vegetantes. Lesão com hemorragia. Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 12 Ulcerações, áreas mais escuras: epitélio escamoso infiltrando a submucosa. Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 13 Ninhos de células escamosas sofrendo mitose. Ninhos de células escamosas, pleomorfismo, processo inflamatório. Porção superior: ninho de células escamosas. Seta: pérolas de queratina (bem diferenciado). Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 14 Características Clínicas: as manifestações clínicas do carcinoma de células escamosas do esôfago começam de maneira insidiosa e inclui disfagia, odinofagia e obstrução. Involuntariamente, paciente muda dieta sólida para líquida. Há perda de peso. Pode ocorrer hemorragia e sepse, associadas a ulceração. Pode haver fístula traqueoesofágica (aspiração de alimentos). Tem um mau prognóstico. → Esofagite eosinofílica Os sintomas incluem impactação alimentar e disfagia em adultos, e intolerância alimentar ou sintomas semelhantes à DRGE em crianças. Infiltração epitelial por grande número de eosinófilos, em particular superficialmente e em locais distantes da junção gastroesofágica: principal característica hitológica. Características clínicas: falha de tratamento com inibidor da bomba de prótons de alta dose e a ausência de refluxo ácido. A maioria das pessoas com esofagite eosinofílica é atópica, e muitas têm dermatite atópica, rinite alérgica, asma ou eosinofilia periférica modesta. Os tratamentos incluem restrições dietéticas para evitar a exposição aos alérgenos alimentares, como leite de vaca e produtos de soja, e corticosteroides tópicos ou sistêmicos. Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Cristiane Tefé Pamela Barbieri – T23 – FMBM 15 → Varizes esofágicas Em vez de retornar diretamente para o coração, o sangue venoso a partir do trato gastrointestinal é distribuído para o fígado através da veia porta antes de atingir a veia cava inferior. As doenças que impedem esse fluxo causam hipertensão portal, o que pode levar ao desenvolvimento de varizes esofágicas, causa importante de hemorragia esofágica. Ex: cirrose, esquistossomose... Varizes dilatadas sob mucosa escamosa íntegra
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