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Fisioterapia na Saúde Coletiva

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PÓS GRADUAÇÃO – EPIDEMIOLOGIA
A SAÚDE COLETIVA: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO 
E ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA 
[footnoteRef:1] [1: Cursando Pós Graduação – Epidemiologia. / Email: ] 
RESUMO
O presente artigo pretende retratar o perfil epidemiológico dentro da Saúde Coletiva bem como debater a importância do profissional fisioterapeuta para atuação nessas doenças seja na promoção, na proteção e na recuperação da saúde. A metodologia utilizada é de caráter descritivo. Foi possível concluir que a atuação do fisioterapeuta na Atenção Básica, atuando na promoção, proteção e recuperação desses pacientes é imprescindível. No que tange aos conhecimentos necessários à nova prática profissional, o fisioterapeuta deve aproximar-se de conhecimentos da epidemiologia, que poderão oferecer saberes quanto à distribuição das doenças nas coletividades, sua grandeza e potenciais fatores de risco. A aproximação entre fisioterapia e saúde coletiva permitirá novas reflexões sobre a função da fisioterapia no atual quadro epidemiológico e na nova conexão de organização dos serviços de saúde. Frente aos novos desafios da sociedade brasileira, com grandes mudanças na organização social, no quadro epidemiológico e na organização dos sistemas de saúde, vem a necessidade da intervenção da fisioterapia, que se aproxima do campo da promoção da saúde e da nova lógica de organização dos modelos assistenciais, sem abandonar suas competências referentes à reabilitação.
Palavras-chave: Epidemiologia. Saúde coletiva. Fisioterapia
ABSTRACT
This article aims to portray the epidemiological profile within Collective Health as well as to debate the importance of the professional physiotherapist to act in these diseases, whether in the promotion, protection and recovery of health. The methodology used is descriptive. It was possible to conclude that the role of the physiotherapist in Primary Care, acting in the promotion, protection and recovery of these patients is essential. Regarding the knowledge necessary for the new professional practice, the physiotherapist must approach knowledge of epidemiology, which may offer knowledge regarding the distribution of diseases in the community, its magnitude and potential risk factors. The approximation between physiotherapy and public health will allow new reflections on the role of physiotherapy in the current epidemiological context and in the new connection of the organization of health services. Faced with the new challenges of Brazilian society, with major changes in social organization, in the epidemiological framework and in the organization of health systems, there is the need for physical therapy intervention, which approaches the field of health promotion and the new organization logic of patients assistance models, without abandoning their competencies related to rehabilitation.
Keywords: Epidemiology. Collective health. Physiotherapy
1. INTRODUÇÃO
Este artigo tratará da Fisioterapia na Saúde coletiva e os fatores epidemiológicos. Inicialmente, a fisioterapia é uma profissão foi criada para atuar principalmente no nível terciário de atenção à saúde – a reabilitação, e foi através dessa prática que o fisioterapeuta ficou conhecido.
No entanto, com o decorrer dos anos, desde a sua criação em 13 de outubro de 1969, as mudanças na Saúde Pública do Brasil, principalmente com a implantação do Programa Saúde da Família na década de 90 e a transformação no perfil epidemiológico da população, houve a necessidade da ampliação das atuações dos serviços de fisioterapia também para o nível primário (prevenção e promoção da saúde), e secundário (tratamento).
Dessa forma, atualmente a Fisioterapia tem uma área diversificada de atuação. Por isso, este artigo traz a ação da Fisioterapia na Saúde Coletiva e Saúde Pública. A atuação fisioterapêutica na Atenção Básica vem ganhando destaque, e é essencial que o fisioterapeuta tenha em sua formação o alicerce teórico e a experiência prática nesta área.
Frente aos novos desafios da sociedade brasileira, com modificações intensas na organização social, no quadro epidemiológico e na organização dos sistemas de saúde, vem a necessidade do redimensionamento do objeto de intervenção da fisioterapia, que deveria aproximar-se do campo da promoção da saúde e da nova lógica de organização dos modelos assistenciais, sem abandonar suas competências concernentes à reabilitação. Esse redimensionamento do objeto de intervenção e da praxis profissional conduz às mudanças mais profundas, de natureza epistemológica, na concepção e atuação do profissional fisioterapeuta. (BUSS, 2010)
Sendo assim, este artigo tem por objetivo geral debater o tema proposto - Saúde Coletiva: Perfil Epidemiológico e Atuação da Fisioterapia.
Este artigo problematiza o desenvolvimento do perfil epidemiológico da saúde coletiva e seu enfoque fisioterapêutico. A questão principal é: qual a relação entre epidemiologia, saúde coletiva e fisioterapia? A problematização deste artigo tem por finalidade contribuir para a formação de profissionais que se percebam como cidadãos participativos em uma sociedade em uma sociedade democrática, que entendam a realidade em que estão inseridos e possam vir a intervir de forma crítica sobre ela e estejam dispostos a transformá-la no que for necessário e até mudar a si próprio, se preciso for. 
Dentro de uma metodologia descritiva, através de uma revisão bibliográfica, este artigo abordará uma discussão acerca das transições epidemiológicas e as demandas profissionais diante dos novos modelos assistenciais. 
Justifica-se este artigo a partir da necessidade de trazer à tona algumas importantes reflexões sobre o papel da epidemiologia dentro da saúde coletiva., bem como a atuação do fisioterapeuta nesse contexto. É neste exato momento do desenvolvimento recente da epidemiologia que o artigo se concentra, ressaltando a sua dupla face: por um lado, como disciplina científica, adaptada para produzir conhecimento; por outro lado, como praxis, e, portanto, com compromissos firmes no sentido de contribuir para a transformação das condições de saúde da população. Temos, assim, uma epidemiologia concomitantemente como disciplina científica (que estuda a saúde, a doença e os seus determinantes) e como campo profissional da saúde coletiva (que produz e analisa informações, desenvolve tecnologias e estratégias de prevenção). No primeiro aspecto, são elaboradas teorias e estudos, onde dados são coletados e analisados, e se produzem-se conhecimentos. No segundo aspecto, a partir do primeiro, informações são produzidas e os conhecimentos são redefinidos onde são delineadas estratégias e ações são concretizadas, concretizam-se ações. No primeiro plano, os erros são de ordem teórica e metodológica e a sua correção faz parte do processo habitual da ciência. Já no segundo plano, os erros certamente significam vidas, doenças, sofrimentos, ou ainda custos econômicos, sociais ou até mesmo políticos. 
Como afirma Barreto (2002): 
“Na sua tensão entre disciplina científica e campo profissional, a epidemiologia traz à tona, para os seus praticantes, independentemente de onde estejam situados, os desafios da dialética entre o sonhar, o fazer, entre a utopia e a realidade, entre a técnica e a política”.
Objetivando alcançar esta ordem, é de suma importância a inclusão do profissional fisioterapeuta nos programas de saúde pública em nível de atenção básica, pois as contribuições que este profissional pode promover para a população são diversas, como especificada pela literatura atual, que o destaca como um profissional generalista, sendo capaz de atuar em todos os níveis de atenção à saúde, não devendo ficar restrito somente às ações curativas e reabilitadoras, mas agindo em programas de prevenção, promoção da saúde e proteção específica. (NEUWLAD; ALVARENGA, 2005)
A promoção da sistematização e reflexão crítica sobre os saberes e práticas na Saúde Coletiva, em um contexto de poucas publicações científicas, poderia contribuir para uma reflexão e transformação da atuação do fisioterapeuta, superandoas práticas tradicionais de reabilitação e ampliando o interesse e engajamento dos profissionais de Fisioterapia por esse campo de prática.
O fisioterapeuta vem destinando sua atenção, quase que exclusivamente, à cura de doentes e à reabilitação de sequelados. No entanto, o novo perfil epidemiológico e a nova lógica organizacional do sistema de saúde sugerem a reestruturação das práticas profissionais e a redefinição do campo de atuação do fisioterapeuta. Inicialmente, realiza-se um debate sobre as transições epidemiológicas e as novas demandas profissionais diante dos novos modelos assistenciais. Tomando como referência o modelo de Saúde Coletiva e a atenção básica como eixo de reestruturação do sistema de saúde, torna-se claro a necessidade de superação da reabilitação como único nível de atuação profissional e apresenta-se o modelo da fisioterapia coletiva como instrumento para reorientação da atuação do fisioterapeuta. Por fim, apresentam-se algumas possibilidades de atuação do fisioterapeuta na atenção básica e no âmbito coletivo.
Há de se destacar que o modelo da fisioterapia coletiva não visa eliminar as ações de cura e reabilitação, característica inicial da fisioterapia reabilitadora, mas sim acrescentar novas possibilidades e necessidades de atuação do fisioterapeuta frente ao atual da saúde coletiva.
A Fisioterapia, como profissão da área da saúde, não ficou à margem dessas transformações. Por muito tempo objetivou o atendimento de pessoas já acometidas de alguma enfermidade, agindo individualmente, principalmente no campo da reabilitação, voltando-se somente para a pequena parte de seu objeto de trabalho que é tratar a doença e suas sequelas, mesmo depois da Resolução n° 10 de 03 de julho de 1978, do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, onde ficou estabelecido o Código de Ética Profissional do Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional, onde já existe uma visão mais ampliada da prática profissional, no primeiro artigo explicita-se que “o fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional prestam assistência ao homem, participando da promoção, tratamento e recuperação de sua saúde”. (CASTRO SS; CIPRIANO Júnior G; MARTINHO, 2006)
2. EPIDEMIOLOGIA X FISOTERAPIA
Epidemiologia é o estudo da distribuição e dos determinantes dos estados ou acontecimentos relacionados à saúde em populações específicas, e a aplicação destes estudos para controle dos problemas de saúde. Segundo Pereira (2005) a epidemiologia se refere aos estudos dos fatores que determinam à frequência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação das doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde.
O mesmo autor ainda discorre que a epidemiologia é o ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados a mesma. Tais informações assim fornecidas pela epidemiologia, podem serem utilizadas para planejar e avaliar estratégias de como prevenir doenças e de como manejar aqueles pacientes na qual a doença já se estabeleceu. (PEREIRA, 2005)
As modificações da estrutura etária e do perfil epidemiológico da população brasileira durante as últimas décadas impuseram aos gestores, aos serviços e aos profissionais do setor saúde novos desafios nas áreas de assistência e promoção de saúde. Elementos importantes dessas alterações foram o envelhecimento da população e o aumento das doenças crônicas, destacando-se também, no perfil de morbidade e mortalidade do início do século XXI, a magnitude dos agravos por causas externas1-3. Diante desse panorama demográfico e epidemiológico, ou seja, num contexto de aumento da população idosa e de agravos externos, destacou-se a relevância da incorporação, nas práticas de saúde, das ações de fisioterapia, tanto em sua dimensão conceitual - que envolve princípios e premissas que sustentam o discurso da promoção de saúde - quanto no seu aspecto metodológico - relacionado às práticas, planos de ação, estratégias e formas de intervenção. (CERQUEIRA, 2007)
A fisioterapia, como uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios do movimento humano gerados por alterações genéticas, traumas, doenças adquiridas, alterações patológicas e suas repercussões psíquicas e orgânicas, tem como propósito preservar, manter, desenvolver ou restaurar a integridade dos órgãos, sistemas ou funções (COFFITO, 2007).
A complexidade do quadro epidemiológico da saúde da população brasileira, que congrega problemas de tão grande diversidade no nível dos determinantes e no da intervenção, coloca enormes desafios para o sistema de saúde e, em especial para a Fisioterapia. Neste sentido, há um espaço em aberto para a Epidemiologia colaborar, indicando uma melhor alocação de recursos e uma maior justiça social na distribuição dos benefícios. (CERQUEIRA, 2007)
2.1. Novo Perfil Epidemiológico e os Novos Modelos Assistenciais dentro da Fisioterapia
Para compreender a função da fisioterapia na sociedade brasileira, quais são suas responsabilidades e quais são seus desafios, é preciso conhecer o perfil epidemiológico da população, isto é, quais são as principais causas de morbidade e mortalidade da população. De uma forma geral, a maioria dos países tem passado por um processo chamado de transição epidemiológica, definida como modificação nos padrões de morte, morbidade e invalidez, que caracterizam uma população específica e que, em geral, acontecem em conjunto com outras mudanças demográficas, sociais e econômicas. (OMRAM, 2011)
Embora existam diferenças consideráveis entre os tipos básicos de transição epidemiológica, Barreto e Carmo (2000) descrevem que, em maior ou menor proporção, na maioria dos países, esse processo caracteriza-se por diminuição na mortalidade e natalidade e mudança na carga da doença, reduzindo a prevalência de óbitos por doenças infecto contagiosas e aumentando a carga por doenças crônico-degenerativas.
No Brasil, como na maioria dos países latino-americanos e em transformação de uma carga de doenças para outra, mas como uma sobreposição de fatores. De acordo com a afirmação de Omram (2011), o desenvolvimento desse novo perfil epidemiológico acontece em consonância com outras condições, a exemplo da transição demográfica e a transição nutricional.
O crescimento populacional elevado, o aumento da taxa de urbanização e a crescente expectativa de vida caracterizam a transição demográfica brasileira. (RISSI JÚNIOR, NOGUEIRA, 2001; BRASIL, 2001)
A questão nutricional também interfere sobremaneira no perfil epidemiológico de uma população. O Brasil apresenta mudanças significativas no perfil nutricional da população, com a gradativa superação da fome endêmica e epidêmica e a crescente prevalência da obesidade, migrando a principal preocupação da fome/desnutrição para o sobrepeso/obesidade (BATISTA. 2003; PEREIRA, 2005.
Ao analisar o perfil de mortalidade da população brasileira no decorrer do século XX, observa-se a principal característica da teoria da transição epidemiológica: diminuição da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias (DIP) e aumento dos óbitos por doenças do aparelho circulatório (DAC), por doenças neoplásicas (NEO) e por causas externas (CE) (BARRETO, 2000; PEREIRA, 2005).
No começo do século passado, doenças infecciosas como varíola, sarampo, malária e tuberculose foram responsáveis por quase metade de todos os óbitos ocorridos no Brasil. Isso devido, principalmente, às péssimas condições de higiene e saúde e à baixa cobertura da assistência médica. No decorrer do século, essa carga de doenças altera-se com a diminuição gradativa dos óbitos por DIP e o aumento dos óbitos pelas chamadas doenças da modernidade, DAC, NEO, CE. (RISSI JÚNIOR, NOGUEIRA. 2002)
O perfil de morbidade da população não se transformou na mesma cadência doperfil de mortalidade, ou seja, a substituição de uma carga de doença por outra. O atual perfil de morbidade caracteriza-se pela superposição entre as cargas de DIP e as DAC, NEO e CE. O quadro mórbido apresenta-se extremamente complexo, em que se passou a conviver com as doenças da modernidade, sem haver um recrudescimento das DIP, sempre presentes diante da pobreza e do subdesenvolvimento. Essa situação, presente não só no Brasil, mas também na maioria dos países subdesenvolvidos, é denominada por Frenk13 como acumulação epidemiológica. (PEREIRA, 2005)
Esse quadro epidemiológico, aliado a outras razões ideológicas, econômicas e políticas, tem motivado a reestruturação dos modelos de atenção à saúde e consequente redefinição das responsabilidades e da prática do profissional fisioterapeuta. A organização dos sistemas de serviços de saúde tem sido um dos temas centrais do debate conceitual no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Os sistemas de saúde têm se constituído como campo de disputa, onde se enfrentam atores com interesses e matizes ideológicas diversas, a fim de conformar o sistema para atendimento de interesses diversos. (TEIXEIRA, 2005)
A forma de organização dos serviços de saúde no Brasil é objeto de análise de Paim (2013), que identifica dois principais modelos de atenção à saúde, o modelo médico-assistencial privatista e o modelo sanitarista.
No entanto, essas formas de organização apresentam-se limitadas e incapazes de atender as reais necessidades de assistência à saúde da população. Diante dessa limitação e com o advento do SUS, surgem novas proposições de organização da atenção à saúde, fundamentada nos princípios da universalidade, integralidade e equidade, e objetivando consolidar os pressupostos do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira. (PAIM, 2013)
Diante desse cenário, cabe à fisioterapia uma releitura de seus fundamentos e análise de sua prática, com vistas a adaptar-se a essa realidade e contribuir para a mudança do quadro social e sanitário do país. Em consonância com os princípios propostos pelo modelo de vigilância à saúde, o fisioterapeuta deve ser inserido em outros níveis de atenção e desenvolver suas ações de acordo as diretrizes da territorialização e da adscrição de clientela. (PAIM, 2013)
Com a atuação dentro de um território estabelecido e como uma população definida, o fisioterapeuta passa ter a possibilidade de acompanhar mais proximamente e ser responsável pela saúde da população adscrita. A lógica da responsabilização estimula o desenvolvimento de novas relações entre profissionais e usuários, com o estabelecimento conhecimentos da epidemiologia, que poderá oferecer conhecimentos quanto à distribuição das doenças nas coletividades, sua magnitude e potenciais fatores de risco. (PAIM, 2013; UNGLERT, 2003)
3. FISIOTERAPIA NA SAÚDE COLETIVA: NOVO MODELO DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Frente a esses desafios e necessidades, surge a proposição do modelo da fisioterapia coletiva como base para reorientação do foco de atenção e da prática profissional do fisioterapeuta. A fisioterapia coletiva engloba e amplia a fisioterapia reabilitadora, possibilitando o desenvolvimento da prática fisioterapêutica tanto no controle de dados quanto no controle de riscos. (PAIM, 2013)
A Fisioterapia Coletiva abrange e estende a fisioterapia reabilitadora, permitindo o desenvolvimento da prática fisioterapêutica. A Fisioterapia Coletiva permite e incentiva a atuação também no controle de risco, isto é, no controle de situações que podem potencializar o aparecimento da doença. (BISPO JÚNIOR, 2010)
A atuação fisioterapêutica sugerida ao conjunto de pessoas, potencializa os resultados das ações de saúde, buscando mudar as condições de vida dos grupos populacionais, através da prevenção de doenças. Nesse sentido, a epidemiologia contribui de forma significativa para estas práticas, já que oferece subsídios quanto à distribuição das doenças nas coletividades e seus fatores de risco, e das ciências sociais, que apontam aspectos históricos e culturais que influenciam no processo saúde-doença. (BISPO JÚNIOR, 2010)
Vale salientar ainda que a fisioterapia na atenção básica não elimina a ação nos níveis secundário e terciário, somente estende a prática profissional, pois o objeto da atuação da fisioterapia continua sendo o movimento humano. A aproximação entre fisioterapia e saúde coletiva permite novas reflexões sobre a função da fisioterapia no atual quadro epidemiológico e na nova lógica de organização dos serviços de saúde, o que pode ajudar para o crescimento e desenvolvimento da profissão, propiciando ações relacionadas à saúde integral das pessoas. (BISPO JÚNIOR, 2010).
Cabe ressaltar também a interdisciplinaridade dentro da Saúde Coletiva. A interdisciplinaridade é um grande desafio para prática em saúde e pontua que a participação dos fisioterapeutas nas ações básicas de saúde contribuindo para a formação de um profissional generalista capaz de entender a relação da integralidade em saúde e realizar uma prática direcionada para as demandas da comunidade. Apesar desse reconhecimento, as possibilidades de práticas interdisciplinares são raras durante a formação nos cursos de graduação em saúde, uma vez que esses possuem currículos fechados e com grande número de disciplinas obrigatórias, impossibilitando que os estudantes compartilhem matérias teóricas comuns e práticas integradas. (CUSTÓDIO et al, 2007)
3.1. O Fisioterapeuta na Atenção Básica à Saúde (ABS)
Frente às transformações regulamentares da profissão e das reformulações na política de saúde, instituições representativas e formadoras ligadas à fisioterapia começaram a estimular a participação do fisioterapeuta na atenção básica. Nos últimos anos, a atuação do fisioterapeuta na atenção básica tem sido impulsionada pelas Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação em fisioterapia a partir de 2002 (PORTES et al, 2011).
A função da fisioterapia na sociedade brasileira é rodeado pelo perfil epidemiológico da população, isto é, serão consideradas as principais causas de morbidade e mortalidade da população. Alguns problemas enfrentados pela Fisioterapia em relação à sua inserção na atenção básica, também foram encontradas por outras áreas da saúde. No entanto, a fisioterapia apresenta uma característica histórica que permitiu a outras profissões da saúde cmo a medicina, estar em espaços assistenciais mais próximos da comunidade, que atualmente são os locais onde a atenção básica à saúde está situada, como: postos de saúde, escolas, centros sociais urbanos e outros. Tal fato produz peculiaridades distintas em relação à trajetória das profissões que já possuíam experiências no que era considerada Saúde Pública no Brasil, comparada às profissões que não passaram por essa experiência e tiveram suas ações voltadas para os hospitais, clínicas e consultórios. (PAIM, 2013)
Dentre as proposições dos modelos assistenciais, o modelo de vigilância à saúde destaca a regionalização e a hierarquização como princípios estratégicos e define a atenção básica como eixo de reestruturação do sistema. A atenção básica, constitui o eixo estruturante do sistema, e os demais níveis de atenção são planejados a partir das demandas emanadas desse primeiro nível (TEIXEIRA, PAIM E VILASBÔAS, 1998).
A atenção básica passa, então, a ser defendida como o primeiro nível do cuidado, representada por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que Saúde Pública no Brasil. As atividades fisioterapêuticas na atenção básica podem ser individualizadas ou coletivas, isoladas ou interdisciplinares.
Segundo Ragasson et al (2006), o fisioterapeuta deve atuar de forma integrada à equipe, e suas responsabilidades são planejar, implementar, controlar e executar políticas, programas, cursos, pesquisas ou eventos em Saúde Pública. O trabalho do fisioterapeuta pode ser executado para todas as faixas etárias – crianças, adolescentes, adultos e idosos.
Autores, como Trelha et al (2007) e Ribeiro (2001), têm observado que a prática do fisioterapeuta é maisem consequência do atendimento domiciliar individual, devido à alta demanda, do que em ações preventivas e educativas. O atendimento domiciliar, dentre as atividades do fisioterapeuta na atenção básica, talvez seja o mais praticado em razão da relevância dessa atividade. Através do atendimento domiciliar, o fisioterapeuta consegue colocar em prática o conceito de atenção integral ao indivíduo. O contato direto com o paciente em sua residência estreita a relação entre o profissional, o paciente e a família, pois permite conhecer o cotidiano familiar, tornando a intervenção mais eficiente. 
Diversos autores afirmam a importância do trabalho do fisioterapeuta na atenção básica. O fisioterapeuta na ABS atua nos níveis de promoção da saúde, prevenção de doenças, cura e reabilitação, além de promover educação continuada e a participação popular (FREITAS, 2006; HASS, 2003; RAGASSON et al, 2006).
O fisioterapeuta pode ser considerado um agente multiplicador de saúde na atenção básica, pois além de contribuir para uma assistência integral e atuar em todos os níveis de atenção, consequentemente, promove a melhoria da qualidade de vida da população. (FERREIRA et al, 2005).
3.2. O Fisioterapeuta no Programa Saúde da Família (PSF)
O Programa Saúde da Família (PSF) surgiu em meados dos anos 90, através do governo federal, como eixo estruturante da Atenção Básica no SUS. A necessidade de implementação de estratégias que possibilitassem um serviço de saúde universal, integral, eficaz, eficiente, com justiça e participação popular, fez surgir a Estratégia Saúde da Família. A proposta de humanização da assistência e o vínculo de compromisso e de responsabilidade, estabelecido entre os serviços de saúde e a população, fazem do Programa de Saúde da Família um projeto de grande potencialidade transformadora do modelo assistencial da saúde brasileira (Brasil et al, 2005).
Nos documentos oficiais, como o do Ministério da Saúde (2003), não são encontradas atribuições específicas do fisioterapeuta na ESF. Porém, Ragasson et al (2006),, a partir da experiência prática de fisioterapeutas em Residência em Saúde da Família, elaboraram um perfil com as atribuições desse profissional na equipe, o qual também foi abordado por Silva et al (2005). Segundo esses autores, as atribuições do fisioterapeuta na ESF são:
- executar ações de assistência integral em todas as fases do ciclo de vida, intervindo na prevenção, por meio da atenção primária e também em nível secundário e terciário de saúde;
- realizar atendimentos domiciliares em pacientes portadores de enfermidades crônicas e/ou degenerativas, pacientes acamados ou impossibilitados. Encaminhando aos serviços de mais complexidade, quando necessário;
- prestar atendimento pediátrico a pacientes portadores de doenças neurológicas com retardo do desenvolvimento neuropsicomotor, má formações congênitas, distúrbios nutricionais, afecções respiratórias, deformidades posturais;
- orientar os pais ou responsáveis, contando com a dedicação e colaboração da família, para que o procedimento seja completo e eficaz;
- realizar técnicas de relaxamento, prevenção e analgesia para diminuição e/ou alívio da dor nas diversas patologias ginecológicas;
- atuar no pré-natal e puerpério realizando condicionamento físico, exercícios de relaxamento e orientações;
- desenvolver atividades físicas e culturais para a terceira idade, preservando a independência funcional do idoso, melhorando sua qualidade de vida e prevenindo complicações decorrentes da idade;
- desenvolver programas de atividades físicas, condicionamento cardiorrespiratório, e orientações nutricionais para o obeso;
- prescrever atividades físicas, principalmente exercícios aeróbicos, em patologias específicas como a hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, tuberculose e hanseníase, a fim de prevenir e evitar complicações;
- atender de forma integral às famílias por meio de ações interdisciplinares e intersetoriais, visando assistência e inclusão social de portadores de deficiências.
Como exemplos práticos dessas atribuições, cita-se o trabalho que a fisioterapia faz com grupos de gestantes, grupos de prevenção e correção postural; grupos de mães de crianças com os mais diversos acometimentos; grupos de idosos; atuação na saúde da criança; atendimento individual na UBS ou no domicílio; estimulação em crianças com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor; atuação nas creches; resgate dos cuidadores dentro do ambiente familiar; orientações de saúde em geral, não só relacionada a fisioterapia; educação em saúde em escolas e empresas, dentre tantas outras. (SILVA et al, 2005)
A responsabilidade dos governos municipais e federal pelo financiamento das equipes de Saúde da Família, adicionada à diretriz apresentada pelo Ministério da Saúde para sua composição mínima, cria a necessidade de estender o debate sobre a integração nas equipes de outras categorias profissionais não contempladas diretamente na proposta do governo federal, assim como sobre as possíveis formas de se realizar essa integração (REZENDE et al, 2009).
O fisioterapeuta não é necessariamente um profissional que integra a equipe mínima proposta para o PSF, mas vem conquistando ao longo dos últimos anos seu espaço. Conforme as necessidades locais dos municípios, o fisioterapeuta pode Devido à ocorrência das transformações demográficas e epidemiológicas, acrescidas da implantação do PSF, percebeu-se a importância da inserção do fisioterapeuta na equipe do Programa. A inserção do fisioterapeuta nos serviços de atenção primária à saúde também é um processo em construção, tendo em vista que sua regulamentação somente aconteceu em 2008, com a criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASF. Com o NASF, surgiu a necessidade de organizar as práticas profissionais da Fisioterapia, em todas as ações de sua responsabilidade, na Estratégia de Saúde da Família. Dessa forma, cabe aos profissionais da área, especialmente aqueles que atuam no Ensino Superior de Fisioterapia, estimular esta prática profissional, principalmente na formação dos novos fisioterapeutas. (REZENDE et al, 2009)
4. A ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA PANDEMIA ATUAL COVID 19
Em todo o cenário mundial, o fisioterapeuta encontra-se na linha de frente dos cuidados respiratórios avançados, fundamentado através das melhores evidências científicas. Vale ressaltar que é de extrema importância que esse o fisioterapeuta, profissional que está na linha de frente, seja especialista na área para gerir o tratamento da melhor forma possível, pois uma ventilação mecânica mal conduzida, por exemplo, como qualquer outro tipo de tratamento malconduzido, pode gerar graves prejuízos, inclusive levando somente a ventilação mecânica. (GUIMARÃES. 2020)
Dentro do ambiente hospitalar, uma assistência fisioterapêutica é importante, e ela é iniciada na chegada do paciente ao hospital, a abordagem terapêutica deve ser individualizada, os procedimentos aplicados requerem avaliação e reavaliações frequentes, o que exige muita atenção dos profissionais envolvidos. (GUIMARÃES. 2020)
Mediante a gravidade respiratória dos pacientes e o risco de constante de contaminação dos profissionais, a rotina de trabalho nesse ambiente se torna mais desgastante física e emocionalmente. Entretanto essa pandemia deixou clara a importância do fisioterapeuta na terapia intensiva, promovendo o reconhecimento da sociedade em geral e dos gestores em saúde. A atuação do fisioterapeuta no contexto da COVID-19 é mais abrangente do que se imagina. Em um único plantão de 12 horas, por exemplo, o fisioterapeuta pode ter que realizar variados procedimentos na Unidade de Terapia Intensiva ou na Emergência COVID, tais como: auxílio a intubações, diversas pronações e retornos à posição supina, monitorizações, ajustes da ventilação mecânica, recrutamentos alveolares, desmames, extubações, atuação em ressuscitações cardiopulmonares, dentre outros. Devido à gravidade respiratória dos pacientes e risco contínuo de contaminação dos profissionais, o cotidianode trabalho nesse ambiente é muito mais desgastante física e emocionalmente do que o usual. (NEVES. 2020)
Antes mesmo da pandemia acontecer, a fisioterapia já se encontrava em evidência. Agora, em meio à luta contra o coronavírus – Covid 19, a categoria ganha ainda mais destaque. Além da necessidade de reformulação em protocolos e rotinas de trabalho, os profissionais de saúde em geral, dentre eles, o fisioterapeuta, necessitam lidar com problemas como carência de equipamentos e falta de produtos necessários – o que aumenta as taxas de contaminação entre a categoria. É nesse contexto que o gestor de fisioterapia se vê diante de um cenário desafiador. Afinal, como gestor, ele não é responsável apenas pelo tratamento fisioterápico dos com os pacientes, mas também pelo bem-estar das equipes que lidera. Entre outros aspectos, é função do fisioterapeuta como gestor: identificar prováveis dificuldades e direcionar os profissionais a eventuais novos papéis; revisar a operação de cada setor para entender como será o novo fluxo, avaliando da admissão dos pacientes ao rejeite de equipamentos contaminados; e acompanhar as decisões estratégicas da administração ou das autoridades públicas. (NEVES, et al, 2020)
Nesse momento de pandemia, são várias aas adversidades que um gestor da área de saúde, como o fisioterapeuta, irá passar. O drama do coronavírus deixou claro o sucateamento da saúde brasileira, colocando os gestores em situações limite. Prova disso, por exemplo, está na dificuldade de acesso a equipamentos de proteção individual (EPIs) em quantidades necessárias. Nesta situação já cabe ao gestor fazer o cálculo de quantos EPIs serão demandados, ao mesmo tempo em que deve entender os limites de aquisição, priorizando o que for mais urgente. 
Decisões como estas acabam fazendo a diferença entre os gestores. Além de todos os problemas que envolvem a gestão, no caso da atual pandemia, ainda há um que se destaca ainda mais: o fator psicológico. Ainda que o profissional da saúde, sendo ou não gestor, seja treinado para lidar com o óbito, ninguém é imune ao estresse de uma pandemia. Do mesmo modo, profissional algum encontra-se necessariamente mais apto a suportar os impactos psicológicos de mortes em massa. Sem contar a perda também de colegas de profissão e da área de saúde em geral, que vem acontecendo com frequência também nessa pandemia. O cenário de pandemia exige ainda mais do gestor de Fisioterapia, pois este tem a obrigação de saber lidar com o equilíbrio mental da sua equipe (NEVES, et al, 2020)
4.1. A Fisioterapia Respiratória e Motora na Pandemia da COVID 19
Com a missão de tratar e prevenir complicações de doenças relacionadas ao sistema respiratório, fisioterapeutas têm se revelado profissionais imprescindíveis, sobretudo no ambiente hospitalar, desde que começaram a ser registrados os primeiros casos de Covid-19. O fato de o COVID 19 muitas vezes causar danos graves aos pulmões evidenciou também a necessidade de formação específica nessa área que, no Brasil, conta com aproximadamente 3 mil profissionais, incluindo as especialidades respiratória, cardiovascular e de terapia intensiva. A assistência fisioterapêutica aos pacientes diagnosticados com COVID-19 segue quatro princípios fundamentais: identificação precoce, isolamento, diagnóstico e tratamento. Além disso, é importante estabelecer e descrever a nova estratégia do fluxo do processo de trabalho e do treinamento, passo a passo, a segurança desse novo processo. (NEVES, et al, 2020)
A escolha dos recursos e técnicas fisioterapêuticas deve ser feita conforme com as indicações e contraindicações de cada uma delas, além de considerar os riscos e a individualidade de cada paciente. Apesar do quadro clínico do paciente poder ser um fator preponderante na escolha dos recursos e técnicas fisioterapêuticas, independentemente da classificação, deve-se considerar a existência de um grande risco de disseminação do vírus e, portanto, o planejamento fisioterápico deverá ser adaptado conforme os fatores ambientais disponíveis. (NEVES, et al, 2020)
Os procedimentos fisioterapêuticos podem ser considerados de alto risco quando incluem geração de aerossóis, como: aspiração das vias aéreas, coleta de secreção das vias aéreas superiores, auxílio na intubação traqueal e manobras de parada cardiorrespiratória. O papel do fisioterapeuta é fundamental, principalmente quando se refere à qualidade da assistência a esses pacientes na pandemia de COVID-19. O fisioterapeuta necessita sempre reforçar a validação das muitas estratégias utilizadas pelo fisioterapeuta. É importante lembrar que durante o tratamento médico intensivo desses pacientes, mesmo com ventilação pulmonar protetora, sedação e bloqueadores neuromusculares, esses pacientes apresentam alto risco de desenvolver fraqueza muscular adquirida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, consequentemente, piorar sua morbimortalidade. (NEVES, et al, 2020)
Em pacientes sob ventilação mecânica, o fisioterapeuta tem como recurso fundamental o cálculo de índices de oxigenação, utilizados para a classificação da gravidade da síndrome do desconforto respiratória aguda (SDRA). O grau de lesão pulmonar é classificado como: SDRA leve, moderada e grave. Outras estratégias de monitoramento e controle da ventilação mecânica como controle do excesso de oxigênio e excesso de pressão gerada pelo ventilador são extremamente importantes, podendo evitar novos danos a um pulmão já previamente lesionado. (NEVES, et al, 2020)
Além do estágio agudo da doença, a Fisioterapia desempenhará um papel importante, fornecendo intervenções com exercícios, mobilização e reabilitação precoce. Dessa forma, será possível promover uma recuperação funcional para sobreviventes de doenças críticas associadas ao COVID-19. (NEVES, et al, 2020)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo procurou de uma forma sucinta identificar as principais características do tema em questão - O Perfil Epidemiológico dentro da Saúde Coletiva e a Importância do Fisioterapeuta neste contexto. 
A importância que a fisioterapia ocupa atualmente nos diversos setores da saúde, parece ser muito recente e, uma vez que há pouca evidência sobre os efeitos das intervenções fisioterapêuticas e também poucas literaturas a respeito.
Observamos que cabe ao fisioterapeuta, em consonância com a equipe de saúde, planejar e desenvolver estratégias para contemplar tanto as ações de reabilitação, que não podem deixar de ser desenvolvidas, quanto as ações de promoção da saúde e prevenção de doenças. 
A atuação do fisioterapeuta na atenção básica não deve corresponder ao exclusivo desenvolvimento de ações de reabilitação no PSF, mas sim constituir-se de nova força para a transformação da realidade social e epidemiológica.
Inicialmente, a Fisioterapia era considerada uma profissão voltada exclusivamente para a reabilitação. No entanto, hoje a Fisioterapia se mostra bastante presente na Atenção Básica, através da prevenção e promoção da saúde. Entretanto, esta é ainda uma atuação que está se solidificando, mas o que satisfaz é que esta questão está começando a ser mais estudada e debatida no âmbito acadêmico. 
A Fisioterapia, portanto, como profissão da área de saúde, não ficou à margem dessas transformações. Por muito tempo visou o atendimento de pessoas já acometidas de alguma enfermidade, atuando de forma individual, principalmente no campo da reabilitação, voltando se apenas para a pequena parte de seu objeto de trabalho, no entanto, através do perfil epidemiológico da população, contribuindo para uma elaboração de tratamento eficaz e permitindo ao fisioterapeuta uma abordagem mais focada em todos os níveis de atenção à saúde.
A inserção do fisioterapeuta nos serviços de atenção básica à saúde ainda é um processo em construção e, sabendo disso, os resultados encontrados neste artigo retratam o perfil epidemiológico da população, contribuindo para uma elaboração de tratamento eficaz e possibilitando ao fisioterapeuta uma abordagem mais focada nos níveis da saúde coletiva.
Após esta revisão de literaturaconcluímos que a atuação do profissional fisioterapeuta é fundamental para a saúde da população e que esta inclusão já deveria ter ocorrido, pois este profissional não atua apenas quando a deficiência ou incapacidade já está instalada, mas também na área preventiva, podendo atenuar diversas patologias, reduzindo, assim, o tempo de tratamento e consecutivamente gastos.
A proximidade entre fisioterapia e saúde coletiva permitirá novas reflexões sobre a função da fisioterapia no atual quadro epidemiológico e na nova lógica de organização dos serviços de saúde, com grande potencial para a redefinição epistemológica do campo científico da profissão.
Percebe-se que há uma dificuldade do profissional fisioterapeuta em realizar práticas integrais e interdisciplinares dentro dos serviços devido a uma desarticulação da formação profissional com a prática em saúde. 
Isso reafirma o grande desafio de aproximar o profissional fisioterapeuta do campo da Saúde Coletiva, para que isso se reverta não apenas na sua prática assistencial, mas também para que esses profissionais estejam capacitados para auxiliar na construção de políticas públicas, para o levantamento de dados epidemiológicos de saúde, para a gestão de serviços de saúde, enfim, com uma contribuição para a atenção integral à saúde. 
É função do fisioterapeuta, em acordo com toda equipe de saúde e com os gestores locais, planejar e desenvolver estratégias para contemplar tanto as ações de reabilitação, que não podem deixar de ser desenvolvidas, quanto as ações de promoção da saúde e prevenção de doenças. A atuação do fisioterapeuta na saúde coletiva precisa, antes de mais nada deve contribuir para a transformação da realidade social e epidemiológica. Por isso, conclui-se que, levando-se em conta toda esta revisão bibliográfica, é importante cada vez mais a realização de novos estudos sobre o assunto.
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