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PESQUISA OPERACIONAL PESQUISA OPERACIONAL Dayse Mendes Joab Symon Costa Santos © Copyright 2018 da Dtcom. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º, inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Ficha catalográfica elaborada pela Dtcom. Bibliotecária – Vanessa Gabriele de Araújo - CRB 14/1498) M538p Mendes, Dayse. Pesquisa Operacional / Dayse Mendes; Joab Symon Costa Santos. – Curitiba, PR: Dtcom, 2018. 148 p. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-93685-44-6 1. Pesquisa operacional. 2. I. Santos, Joab Symon Costa. II. Título. CDD 658.4034 Reitor Prof. Celso Niskier Pro-Reitor Acadêmico Maximiliano Pinto Damas Pro-Reitor Administrativo e de Operações Antonio Alberto Bittencourt Coordenação do Núcleo de Educação a Distância Viviana Gondim de Carvalho Redação Dtcom Análise educacional Dtcom Autoria da Disciplina Dayse Mendes, Joab Symon Costa Santos Validação da Disciplina Thiago Graça Ramos Designer instrucional Milena Rettondini Noboa Banco de Imagens Shutterstock.com Produção do Material Didático-Pedagógico Dtcom Sumário 01 Origens e fundamentos da pesquisa operacional ............................................................. 7 02 Conceitos e objetivos da pesquisa operacional ...............................................................14 03 Metodologia e fases de estudo de pesquisa operacional ..............................................20 04 Construção de um modelo ...................................................................................................27 05 Aplicações em logística, produção e vendas ....................................................................33 06 Introdução a modelagem ......................................................................................................40 07 Estrutura de um modelo ........................................................................................................48 08 Variáveis controláveis e não-controláveis .........................................................................55 09 Problema de maximização e minimização .......................................................................62 10 Estrutura do modelo de programação linear completo ..................................................69 11 Exemplos reais de Solução com Pesquisa Operacional .................................................75 12 Resolução gráfica de um problema com duas variáveis ................................................82 13 Construir a região desolução das restrições ....................................................................89 14 Áreas do gráfico para solução ideal ....................................................................................95 15 Problemas de programação linear em gráficos ............................................................ 102 16 Apresentação do Método Simplex ................................................................................... 112 17 Problemas de Maximização .............................................................................................. 118 18 Método da variável auxiliar m grande .............................................................................. 124 19 Solver ..................................................................................................................................... 131 20 Interpretação da solução do Solver ................................................................................. 139 Origens e fundamentos da pesquisa operacional Dayse Mendes Joab Symon Costa Santos Introdução Nesta aula, estudaremos sobre o surgimento da Pesquisa Operacional, e será possível obser- var como ela auxilia o gestor a tomar decisões e a melhorar os resultados das empresas por meio de uma série de técnicas e modelos matemáticos. Vamos lá! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer a história, conceito e evolução da pesquisa operacional; • entender como a aplicação prática da pesquisa operacional contribui para os resulta- dos organizacionais; • compreender os algoritmos e sistemas matemáticos aplicados na programação linear. 1 História da pesquisa operacional A Pesquisa Operacional é um procedimento que auxilia o gestor a tomar decisões com solu- ção ótima em um problema. O termo vem do inglês Operations Research, uma tentativa de reunir várias técnicas matemáticas para obter as informações necessárias à resolução de problemas. A Pesquisa Operacional foi desenvolvida durante a Segunda Guerra Mundial, motivada pela necessidade de novas técnicas que auxiliassem a vencer o conflito, e estendeu-se a todas as ciên- cias do período. Para Marins (2011, p. 14): O início da PO é, no Ocidente, geralmente atribuído às iniciativas dos serviços mili- tares no início da Segunda Guerra Mundial. Têm-se, por exemplo, estudos relacio- nados com o desenvolvimento e uso do radar, problema de alocação eficiente de recursos escassos às várias operações militares [...]. Assim, fica claro que uma série de operações militares foi resolvida com os métodos de Pes- quisa Operacional. – 7 – TEMA 1 Figura 1 – Estudo das ações militares na Segunda Guerra Mundial construtor militar ELEMENTOS INFORGRáFICOS ZONA MILITAR DE CONFLITO NO MUNDO Ucrânia Síria Iraque Afeganistão Líbia Nigéria México Sudão do Sul Congo CONFLITOS MILITARES ocorrendo no mundo até o momento Recursos humanosA localização das unidaes militares Símbolos basicos táticos Lugares de luta CLASSIFICAÇÃO GERAL VEÍCULOS ARMADOSSOLDADOS AVIÃO SUBMARINO DESPESAS MILITARES OGIVA NUCLEAR as 15 potÊncias militares ao redos do mundo DIA INTERNACIONAL DA PAZ Setembro ESTABELECIDO PELA ONU EM ASSEMBLÉIA GERAL mais de pessoa morreram em guerras no século 21 trilhões alocados em despesas militares no mundo em 2014 jornalistas mortos em locais de conflito em 2014 NOTÍCIA bilhões gastos em necessidades militares na Russia em 2014 milhões de pessoas se tornaram refugiados Fonte: A7880S/Shutterstock.com No Brasil, a Pesquisa Operacional chegou ao final da década de 1950, sendo desenvolvida na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Como os professores de lá atuavam no setor privado, começaram as primeiras aplicações de PO aos problemas reais. E, em 1966 foi fundada a SOBRAPO – Sociedade Brasileira de Pesquisa Operacional, que congrega interessados em PO. (MARINS, 2011). SAIBA MAIS! A SOBRAPO ainda promove estudos, eventos, simpósios, incentivando o desenvol- vimento da Pesquisa Operacional no Brasil, e promovendo a integração dos estu- diosos do assunto no país com os de outros países, por meio de convênio com so- ciedades no exterior. Mais informações podem ser encontradas em no link: <http:// www.sobrapo.org.br/>. Vamos, agora, observar como a PO se desenvolveu, passando de uma ferramenta em opera- ções militares a um procedimento de auxílio a qualquer tipo de organização. 2 Desenvolvimento da pesquisa operacional Ao final da Segunda Guerra, percebeu-se que a PO poderia ser utilizada fora do ambiente militar. Com o setor empresarial ficando mais complexo, surgiu a necessidade de procedimentos que apoiassem os gestores em suas decisões. No início dos anos 1950, introduziu-se o emprego PESQUISA OPERACIONAL – 8 – http://www.sobrapo.org.br/ http://www.sobrapo.org.br/ da PO em uma gama de organizações nos setores comercial, industrial e governamental. A rápida disseminação da PO veio a seguir. Inicialmente, as equipes de analistas operacionais trabalharam na Grã-Bretanha durante a segunda guerra. Depois, elas se expandem para o Canadá, Austrália e Estados Unidos. Cordeiro (2009) cita que embora a PO seja oriunda na Inglaterra, a propagação dela deve- -se, principalmente, à equipe de cientistas liderada por George B. Dantzig, dosEstados Unidos, convocada durante o conflito. Dantzig desenvolveu e formalizou o Método Simplex para resolver problemas de otimização. Este é um método de resolução manual de problemas que permite a modelagem com formulações matemáticas lineares. FIQUE ATENTO! Tendo em vista a multidisciplinaridade da Pesquisa Operacional, pode-se visualizar suas contribuições em praticamente todas as esferas de desenvolvimento científico. As mais diferentes áreas como as Engenharias, a Economia, a Administração e, até mesmo a Medicina, utilizam-se dos métodos de resolução da Pesquisa Operacional. Vale comentar que, segundo Hillier e Lieberman (2006), a Pesquisa Operacional cresceu simultaneamente com a computação, posto que a resolução de problemas em PO usa algoritmos computacionais com grande frequência. Figura 2 – Algoritmos computacionais e a Pesquisa Operacional Fonte: Alexandre III/Shutterstock.com Vimos que a PO se expande de necessidades da Segunda Guerra para um método possível de se usar em todas as organizações. A seguir, observaremos quais são as técnicas matemáticas possíveis de utilização em Pesquisa Operacional. PESQUISA OPERACIONAL – 9 – 3 Técnicas matemáticas em Pesquisa Operacional A resolução de problemas proposta em PO, para auxiliar o gestor na tomada de decisão, parte do pressuposto que é possível observar uma situação da realidade e transformá-la em formula- ções matemáticas. Nesse contexto, conforme Cordeiro (2009), a PO utiliza uma série de técnicas matemáticas, tais como teoria dos jogos, teoria das filas, teoria dos grafos, programação linear, análise estatística e cálculo de probabilidade. Quadro 1 – Técnicas matemáticas em PO Teoria dos jogos É aplicada a situações de conflito que envolve disputa de interesses entre dois ou mais jogadores em disputa, sendo que cada um pode assumir uma série de ações possíveis, delimitadas pelas regras do jogo. Teoria das filas Tem como foco observar o tempo médio de espera dos clientes em um determinado serviço. Seus pontos de interesse são o tempo de espera dos clientes, o número de clientes na fila, e a razão entre o tempo de espera e o tempo de prestação de serviço. Teoria dos grafos Oferece técnicas de planejamento e programação por redes. Estas se apre- sentam em formato de diagrama de flechas. São aplicáveis em projetos que envolvam várias operações e etapas, vários recursos, diferentes ór- gãos envolvidos, prazos e custos mínimos. Programação linear É uma técnica matemática que visa à análise de uso de recursos restritos de produção para que se possa otimizar a solução do problema. É uma técnica exige a definição dos valores das variáveis de decisão envolvidas na situação problema para otimizar um objetivo a ser alcançado dentro de um conjunto de limitações ou restrições. Análise estatística e cálculo de probabilidade A primeira consiste no método matemático utilizado para obter uma in- formação com uma quantidade de dados menor do que todo o universo dados. Já o segundo permite que se calcule a chance de ocorrência de uma situação específica em várias alternativas possíveis. Fonte: adaptado de CORDEIRO, 2009. EXEMPLO Uma das técnicas matemáticas para resolução de problemas em PO é a teoria da fila. Observe que um smartphone chega a cada 3 min no setor de qualidade, no qual será inspecionado. Lá, tem somente um operário para realizar a inspeção e ele a faz de modo que o primeiro aparelho inspecionado seja sempre o primeiro da fila. Os demais ficam aguardando a inspeção, posto que o operário leva 4 minutos para inspecionar cada aparelho. Com base na teoria da fila, é possível calcular o número médio de smartphones na fila e o tempo médio de espera. PESQUISA OPERACIONAL – 10 – Cada uma das técnicas apresenta-se mais favorável para um determinado tipo de situação. Cabe ao gestor identificar a situação para poder escolher a técnica mais conveniente. FIQUE ATENTO! A Pesquisa Operacional lida com problemas organizacionais que serão resolvidos por técnicas matemáticas das mais variadas possíveis. Desta forma, a PO fornece um conjunto de procedimentos quantitativos para tratar de forma padrão os proble- mas organizacionais. Portanto, há várias técnicas matemáticas existentes em PO. A seguir, conheceremos o que é um modelo e como aplicá-lo. 4 Modelos matemáticos De acordo com Marins (2011) modelos são representações simplificadas da realidade para verificar o funcionamento de uma determinada atividade sem interrompê-la. Figura 3 – Modelos matemáticos representam situações reais Fonte: Crystal Home/Shutterstock.com É possível dividir os modelos em três tipos diferentes: os físicos, como as maquetes; os ana- lógicos como os organogramas; e os modelos matemáticos, como a programação linear. Ainda PESQUISA OPERACIONAL – 11 – é possível classificá-los em modelos que se assemelham fisicamente àquilo que estão repre- sentando e, em modelos abstratos, que têm apenas semelhança lógica com o que representam. Modelos matemáticos são exemplos de modelos abstratos. Finalmente, é possível classificar os modelos matemáticos como modelos de simulação ou de otimização. FIQUE ATENTO! Em grande parte das situações a serem resolvidas, os problemas em Pesquisa Ope- racional serão resolvidos com modelos matemáticos de otimização que descrevem, representam e imitam, de maneira abstrata, a situação que ocorre no mundo real. Com relação aos modelos matemáticos, Marins (2011) diz que estes são uma representação, por meio de expressões matemáticas, da essência de um problema. Para isto, é necessário avaliar a situação real e perceber que itens são possíveis de se quantificar. EXEMPLO Moreira (2013) demonstra o exemplo de uma fábrica que produz dois refrigerantes: A e B. Esta fábrica precisa decidir quantos refrigerantes vai fazer de cada tipo, de forma que o lucro seja maximizado, levando em consideração que cada tipo de refrigeran- te necessita de matérias-primas específicas e em quantidade limitada. Um problema como esse deve ser modelado baseando-se os refrigerantes A e B e suas limitações de matéria-prima. Marins (2011, p. 17) ainda comenta que: Se existem n decisões quantificáveis, elas serão representadas por n variáveis de decisão ou de controle. As relações e limitações a que estão sujeitas as variáveis de decisão são expressas por meio de equações e inequações, denominadas restrições. O objetivo que se pretende atingir é formulado como uma função (ou mais de uma), colocada em termos das variáveis de decisão, denominada função objetivo. SAIBA MAIS! Problemas de pesquisa operacional podem ser modelados por meio de formulações gerais de sistemas inteiros. Confira mais sobre o assunto no artigo de Braga et al (2015), disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_ STP_206_222_27622.pdf>. Assim, entendemos que a Pesquisa Operacional depende de modelos matemáticos para a resolução de problemas organizacionais. PESQUISA OPERACIONAL – 12 – Fechamento Até aqui, observamos o surgimento da PO assim como a sua aplicabilidade em diferentes áreas. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer a origem da PO, sua evolução e seu uso posterior; • perceber que a PO utiliza de técnicas e modelos matemáticos para a resolução de pro- blemas organizacionais. Referências BRAGA, Izaac Paulo Costa et al. Aplicação do problema do Caixeiro Viajante (PCV) em uma empresa do ramo salineiro do RN. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO, 35., 2015, Fortaleza. Anais... Fortaleza: Enegep, 2015. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/ biblioteca/TN_STP_206_222_27622.pdf>. Acesso em: 24 out. 2017. CORDEIRO, Evilane Leão. Pesquisa operacional: modelagem matemática na tomada de decisão de ações administrativas. Revista São Luis Orione, v.1, n.3, jan./dez. 2009, p.113-122. Disponível em: <http://www.catolicaorione.edu.br/portal/wp-content/uploads/2015/01/Pesquisa-Operacio- nal-Modelagem-Matem%C3%A1tica-na-Tomada-de-Decis%C3%A3o-de-A%C3%A7%C3%B5es-Ad-ministrativas-Revista-S%C3%A3o-Luis-Orione-v.-1-n.-3-jan.dez_.-2009.pdf>. Acesso em: 14 de mar. 2017. HILLIER, Frederick S.; LIEBERMAN, Gerald J. Introdução à pesquisa operacional. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. MARINS, F. A. S. Introdução à Pesquisa Operacional. São Paulo: Cultura Acadêmica, UEP, 2011. MOREIRA, Daniel Augusto. Pesquisa Operacional: curso introdutório. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013. SOBRAPO. Pesquisa Operacional. Disponível em: <http://www.sobrapo.org.br/>. Acesso em: 14 de mar. 2017. PESQUISA OPERACIONAL – 13 – Conceitos e objetivos da pesquisa operacional Dayse Mendes Joab Symon Costa Santos Introdução Você imagina como pode ser a Pesquisa Operacional na prática? Pois bem. Nesta aula, vamos entender como utilizá-la na rotina organizacional e também conhecer os porquês dos procedimen- tos de PO levarem as empresas a uma maior eficácia em suas operações. Vamos lá! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • entender a importância da pesquisa operacional como método para encontrar a solu- ção ideal para problemas reais; • identificar os problemas em produção (empresas) e logística (transportes). 1 Exemplos de problemas resolvidos com pesquisa operacional A Pesquisa Operacional é um procedimento criado para resolver situações problema. Inicial- mente, ela foi desenvolvida para ser utilizada em ações militares durante a Segunda Guerra Mundial, no entanto, não ficou restrita a isso, ela se propagará por todo tipo de organização e de atividade humana. De acordo com Hillier e Friedman (2006, p.23) a Pesquisa Operacional “tem sido largamente aplicada em áreas tão distintas como manufatura, transportes, construção, telecomunicações, pla- nejamento financeiro, assistência médica, militar e serviços públicos [...]” entre outras situações. FIQUE ATENTO! A Pesquisa Operacional é um procedimento que se originou na Segunda Guerra Mundial, em ações militares das mais variadas possíveis. Nesta época, cientistas, engenheiros, físicos e matemáticos formam grupos de estudo para resolver estes problemas militares e auxiliar no esforço de guerra. Ainda segundo os autores, a Pesquisa Operacional busca encontrar sempre uma melhor solução, ou solução ótima, para o problema em pauta, identificando a melhor alternativa a ser uti- lizada, de acordo com as informações disponíveis no momento sobre o problema. Desta maneira, a Pesquisa Operacional é responsável pela melhoria da eficiência operacional de muitas empresas e, até mesmo, na organização interna de alguns países. – 14 – TEMA 2 SAIBA MAIS! A Pesquisa Operacional teve um impacto tão grande no mundo todo que foi possível criar uma série de sociedades de Pesquisa Operacional nos mais diversos países e uma Federação Internacional, que as reúne, a International Federation of Operational Research Societies (IFOR). Para mais informações, consulte o site da IFORS, disponível no link: <http://ifors.org/>. Hillier e Friedman (2006) listam uma série de problemas que podem ser vistos em empre- sas reais, como otimização de operações, redesenho de sistemas de produção, programação de escala de funcionários, reengenharia de abastecimento, redução de tempo de fabricação, entre outros, os quais podem ser resolvidos por meio de Pesquisa Operacional. Quadro 1 – Problemas resolvidos por meio de PO Organização Natureza da aplicação Ano Monsanto Otimizar operações de produção nas fábricas químicas para atender a objetivos de produção a um custo mínimo. 1985 Procter and Gamble Redesenhar o sistema de distribuição e de produção nos EUA para redu- zir custos e aumentar a velocidade de chegada ao mercado. 1997 Taco Bell Programar, de forma otimizada, a escala de funcionários para fornecer um nível de atendimento ao cliente adequado a um custo mínimo. 1998 Sears Desenvolver um sistema de programação e rotas de veículos para as frotas de entrega e de atendimento domiciliar. 1999 IBM Fazer a reengenharia de sua cadeia global de abastecimento para res- ponder mais rapidamente aos clientes, mantendo, ao mesmo tempo, o menor estoque possível. 2000 Samsung Desenvolver métodos de redução de tempos de fabricação e níveis de estoque. 2002 Fonte: HILLIER; LIEBERMAN, 2006, p. 25. Os autores ainda citam uma série de outras empresas reais e de países que utilizam ou utili- zaram ao longo do tempo alguma aplicação de Pesquisa Operacional. SAIBA MAIS! Um problema de pesquisa operacional que vem ganhando destaque é a localização de facilidades. Esse tipo de problema é usado para localizar centros de distribuição com o máximo de eficiência. Ele é comum em empresas de instalação de redes elétricas, de logística em centros de distribuição e em problemas de localização de aeroportos e terminais rodoviários. – 15 – PESQUISA OPERACIONAL http://ifors.org/ Vimos uma série de exemplos reais de aplicação da Pesquisa Operacional podemos, no pró- ximo item, observaremos uma aplicação clássica para uma situação problema de produção. 2 Pesquisa Operacional aplicada em problemas empresariais A Pesquisa Operacional auxilia o gestor na tomada de decisão em sua rotina organizacional, de maneira a mantê-la o mais racional possível. Assim, a PO é bastante aplicada em problemas orga- nizacionais. Em uma de suas formas clássicas, ela auxilia especificamente na tomada de decisão de quanto produzir de maneira a ter o máximo lucro ou a máxima receita com a geração dos itens. EXEMPLO Uma empresa que fabrica móveis de cozinha trabalha com três itens diferentes: mesa de fórmica quadrada, mesa de fórmica retangular e mesa de fórmica redon- da. Cada mesa sofre dois procedimentos distintos: produção e acabamento. Cada processo aplicado aos itens possui tempo diferente, assim como cada um deles ob- tém um lucro diferente. Este exemplo é uma adaptação de Lachtermacher (2009). Quadro 2 – Dados do problema de produção de mesas de fórmica Modelo de mesa Produção Montagem Lucro unitário Quadrada 2 horas 2 horas R$ 30 Retangular 3 horas 2 horas R$ 60 Redonda 4 horas 2 horas R$ 80 Total semanal 1000 horas 600 horas Fonte: adaptado de LACHTERMACHER, 2009. Vale reforçar que itens confeccionados variam em sua quantidade produzida de acordo com os recursos disponíveis, que são escassos, e de acordo com o objetivo de maximizar lucro ou receita com a venda destes itens produzidos. FIQUE ATENTO! Nos problemas empresariais de produção que passarão por um procedimento de solução de Pesquisa Operacional, é necessário que o gestor tenha em mãos todas as informações sobre os itens a serem gerados, pois o objetivo a ser otimizado e todas as restrições podem afetar o resultado do problema. Atente-se que, além da aplicação para resolução de problemas de produção por meio da Pes- quisa Operacional, outra aplicação clássica diz respeito ao problema do transporte, a ser estudado no próximo item. – 16 – PESQUISA OPERACIONAL 3 Pesquisa Operacional aplicada a problemas de transportes Um problema frequentemente estudado pela Pesquisa Operacional é o problema de transporte. Este tipo de questão, originalmente, apresentava uma situação em que um bem é produzido em um determinado local (origem) e deve ser levado para outro (destino). Determinar a melhor forma de reali- zar este deslocamento minimizando seu custo é o objetivo que se pretende ao resolver este problema. Figura 1 – Problema de transporte Fonte: johnkworks/Shutterstock.com De acordo com Andrade (2015) neste tipo de planejamento logístico se agrega o valor lugar ao produto, isto é, se disponibiliza o produto no local em que o mercado espera que ele esteja, pois de nada adianta ter um bom produto se ele não estiver ao alcance do consumidor. O ideal seria não transportar, para evitar custos e outros problemas derivados do deslocamento dele. Como isto, normalmente, não é possível, o sistema de transporte é fundamental e deve ser planejado de modo adequado, acrescentando o mínimo de custo possívelao produto. FIQUE ATENTO! O método de transporte surgiu antes dos computadores estarem disponíveis para qualquer empresa. Hoje existem sistemas automatizados para a resolução deste tipo de problema. Portanto, eles não precisam mais ser resolvidos manualmente. Mas a maneira de formular o problema continua a mesma. Conforme Hillier e Lieberman (2006) além do problema de transporte específico, a metodolo- gia é usada para outras aplicações como, por exemplo, cronograma de produção. – 17 – PESQUISA OPERACIONAL EXEMPLO Vamos conhecer um problema clássico de transporte, adaptado de Lachtermacher (2009). Neste, uma empresa que produz bicicletas possui fábricas em três cidades, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. O mercado consumidor das bicicletas se encontra em Recife, Salvador e Manaus. Conhecemos a capacidade produtiva de cada uma das fábricas e a demanda específica de cada mercado consumidor. Também temos a informação dos custos de transporte de cada fábrica para cada centro consumidor. Quadro 3 – custos de transporte, capacidade e demanda do problema da fábrica de bicicletas Fábrica/Centro Consumidor Recife Salvador Manaus Capacidade Rio de Janeiro 25 20 30 2000 São Paulo 30 25 25 3000 Belo Horizonte 20 15 23 1500 Demanda 2000 2000 1000 Fonte: adaptado de LACHTERMACHER, 2009. A solução consiste em modelar o problema e calcular qual fábrica envia quantas bicicletas para qual centro consumidor, buscando para tanto o menor custo. Neste tópico, foi possível conhecer um problema clássico da Pesquisa Operacional, o pro- blema de transportes. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer a utilidade e a importância da Pesquisa Operacional como um método de tomada de decisão racional para os gestores e de resolução otimizada de problemas para as empresas; • conhecer duas aplicações clássicas de Pesquisa Operacional: a resolução de proble- mas empresariais de produção e a resolução de problemas de transporte. – 18 – PESQUISA OPERACIONAL Referências ANDRADE, Eduardo Leopoldino. Introdução à Pesquisa Operacional. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. HILLIER, Frederick S.; LIEBERMAN, Gerald J. Introdução à Pesquisa Operacional. 8. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. IFOR. International Federation of Operation Research Societies. Disponível em: <http://ifors.org/>. Acesso em: 17 de abr. 2017. LACHTERMACHER, G. Pesquisa Operacional. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. . – 19 – PESQUISA OPERACIONAL Metodologia e fases de estudo de pesquisa operacional Dayse Mendes Introdução Nesta aula, vamos observar que a resolução de problemas organizacionais por meio da Pes- quisa Operacional é constituída por fases que precisam ser seguidas para construir os modelos matemáticos adequados aos problemas e solucioná-los. Acompanhe! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender as fases ordenadas para construção de um problema e possível aplica- ção em problemas de transporte e produção. 1 Modelagem A primeira fase para quem pretende resolver um problema por meio de Pesquisa Operacio- nal é coletar todos os dados necessários para a solução, e, com estes, realizar a modelagem matemática do problema. Construir um modelo matemático é um procedimento convencional em Pesquisa Operacional. Figura 1 – Modelando um problema Fonte: Max Griboedov/Shutterstock.com – 20 – TEMA 3 https://www.shutterstock.com/pt/g/max+griboedov Assim, o processo de modelagem é de fundamental importância para a Pesquisa Operacio- nal. A ideia é de que, quando um gestor se encontra frente a um problema, com várias alternativas possíveis de solução, mas conflitantes ou concorrentes, ele pode usar a intuição e “realizar um pro- cesso de modelagem da situação e exaustivas simulações dos mais diversos cenários de maneira a estudar mais profundamente o problema”. (LACHTERMACHER, 2009, p.3) FIQUE ATENTO! Embora a Pesquisa Operacional traga racionalidade à tomada de decisão organiza- cional, não se pode imaginar que, ao utilizar de intuição, o gestor esteja abandonan- do o caminho da racionalidade. A intuição na verdade complementa uma base de conhecimento importante para o processo decisório do gestor relativo à situação problema em questão. Em Pesquisa Operacional o processo de modelagem é específico, pois se utiliza um tipo de modelo, o modelo matemático. SAIBA MAIS! Existem os mais variados tipos de modelos, todos utilizados basicamente para reconstituir uma situação real, de forma a que se possa investigar esta situação real sem ter de interromper as ações dela. Para conhecer mais sobre modelos, vale a pena ler o artigo de Antonio Fernando Cornélio “O uso de modelos em ad- ministração”, disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S0034-75901969000400004>. Importante compreender que, sem a fase de modelagem, não é possível resolver problemas por meio de Pesquisa Operacional. 2 Estrutura de problemas matemáticos Na estrutura de uma resolução de problema por meio de Pesquisa Operacional utilizando modelos matemáticos, verificam-se duas características em particular. Conforme Barbosa e Zanardini (2015) elas são as grandezas representadas por variáveis de decisão e as relações entre variáveis, apresentadas por expressões matemáticas como a função objetivo e as restrições do problema. Os autores propõem que, para a estruturação matemática de um problema seja observada uma série de condições. – 21 – PESQUISA OPERACIONAL http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901969000400004 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901969000400004 Quadro 1 – Condições da modelagem matemática Variáveis de decisão correspondem a fatores que se quer controlar ou que se deseja saber quanto valem. São as incógnitas do problema. Parâmetros do problema correspondem aos valores fixos do problema. Restrições são encontradas em razão das variáveis do problema. Correspondem a limitações da situação. Função objetivo é a função matemática usada para otimizar a solução do problema. Fonte: adaptado de BARBOSA; ZANARDINI, 2015. Com as condições determinadas é possível formular o problema, expressando matematica- mente sua essência de maneira a buscar a melhor solução. FIQUE ATENTO! Ao resolver problemas organizacionais por meio dos procedimentos de Pesquisa Operacional o gestor estará sempre em busca de soluções ótimas para suas situa- ções problema, trazendo o objetivo que melhor atende à organização, maximizando ou minimizando resultados. Em resumo, a estrutura de padrão de um problema de Pesquisa Operacional é constituída por variáveis de decisão, função objetivo e restrições relacionadas às limitações da situação problema. 3 Quantificação de problemas reais Ao trabalhar com problemas reais, o gestor se depara com uma série de dificuldades, em especial, quanto aos dados do problema, para começar sua modelagem e posteriormente, fazer a resolução. Coletar dados precisos é difícil e os valores normalmente são estimativas grosseiras da situação. Desta forma, Hillier e Lieberman (2006, p.33) comentam a importância de “analisar como uma solução derivada eventualmente modificaria se o valor atribuído ao parâmetro fosse modificado para outros valores plausíveis”. – 22 – PESQUISA OPERACIONAL SAIBA MAIS! Uma forma de fazer análise de modificações de valores nos problemas soluciona- dos por Pesquisa Operacional é o processo denominado de Análise de Sensibilida- de. A análise de sensibilidade verifica o efeito das variações de valores no proble- ma, determinando a importância de uma variável sobre o resultado final de outras variáveis. Você pode ler sobre uma aplicação desse processo no artigo de Lima Jr. et al (2016) disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S0104-530X2016000300515&lang=pt>. Hillier e Lieberman (2006) comentam também quanto às situações reais que os problemasda realidade normalmente não têm somente um único modelo correto. Para os autores, é possível observar, usando de alguns procedimentos, que o teste de um modelo acaba por induzir a uma sucessão de modelos com representações cada vez mais acuradas do problema. Figura 2 – Problemas reais representados matematicamente Fonte: Laborant/Shutterstock.com Para resolver um problema real, portanto, haveria a necessidade de uma coleta de dados eficaz e de várias testagens do modelo, até chegar ao modelo que melhor represente a realidade e que, portanto, traga a solução ótima do problema. 4 Formulação do problema A formulação do problema a ser solucionado por Pesquisa Operacional é a fase em que se deli- mita o objetivo do problema e identificam-se todas as possíveis limitações que o problema apresenta, de forma a construir as restrições do modelo. Conforme Barbosa e Zanardini (2015) este é o momento em que são verificados registros e informações, com máxima precisão e consistência possível. – 23 – PESQUISA OPERACIONAL http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2016000300515&lang=pt http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2016000300515&lang=pt Neste momento, constrói-se um modelo com equações e inequações matemáticas que representem o objetivo e as limitações identificadas. A formulação do problema para a mode- lagem e posterior resolução não pode ser for feita de maneira inadequada, fugindo do objeto de estudo, pois todas as demais fases da resolução poderão estar comprometidas pela inadequação, levando a erro na resolução. Dentre os problemas reais das organizações que podem ser resolvidos por meio de Pesquisa Operacional, dois deles são classificados como típicos: os problemas de produção e os problemas de transportes. No problema de produção, formula-se um modelo em que se busca como objetivo, frequen- temente, o lucro máximo e, para tanto, tenta-se descobrir quanto produzir dos itens possíveis naquela organização que interferem no lucro, observando as limitações de recurso que geram as restrições na modelagem do problema. EXEMPLO Considere que uma doceira deseja ter uma empresa que produz docinhos para festa. Inicialmente, ela pretende fazer brigadeiros e dois amores. Na produção, ela usa em comum, dois ingredientes: leite condensado e chocolate. A doceira tem em estoque 1 kg de chocolate e 5 kg de leite condensado. Para um cento de brigadeiro se usa 1 kg de leite condensado e 50 g de chocolate. Para produzir um cento de dois amores se utiliza 25 g de chocolate e 1 kg de leite condensado. Cada cento de brigadeiro origina um lucro de R$ 10,00 e em cada cento de dois amores se obtêm um lucro de R$7,00. O problema consiste em determinar quanto a doceira deve produzir de brigadeiro e quanto deve produzir de dois amores para obter o máximo lucro com as condições de restrição existentes no momento. No problema de transporte, tem-se por objetivo deslocar itens de um local para outro, mini- mizando os custos deste deslocamento. As restrições dizem respeito às capacidades de um lado dos deslocamentos (origem) e às demandas do outro lado dos deslocamentos (destino). EXEMPLO Uma fábrica de pães produz pão de forma em duas instalações localizadas em cidades diferentes. Três redes de supermercados pretendem comprar estes pães de forma. Veja os dados relativos à capacidade das fábricas, à demanda dos super- mercados e os custos de transporte: – 24 – PESQUISA OPERACIONAL Quadro 2 – Custos de transporte, capacidade e demanda da fábrica de pães Fábrica/ Supermercado Supermercado 1 Supermercado 2 Supermercado 3 Capacidade Fábrica 1 20 25 30 2500 Fábrica 2 30 25 20 3500 Demanda 1800 2300 1750 Fonte: elaborado pelo autor, 2017. O problema consiste em atender a todas as demandas de todos os supermercados, alcançando o objetivo de realizar os deslocamentos necessários com o menor cus- to possível de transporte. Ao formular qualquer tipo de problema, com o objetivo de resolvê-lo por meio de Pesquisa Operacional é fundamental distinguir qual o objetivo, quais as variáveis de decisão que serão cal- culadas e quais são as restrições do problema. FIQUE ATENTO! O método de transporte surgiu antes dos computadores estarem disponíveis para qualquer empresa. Hoje existem sistemas automatizados para a resolução deste tipo de problema, portanto, eles não precisam mais ser resolvidos manualmente. Mas a maneira de formular o problema continua a mesma. Finalizando, vale ressaltar que a formulação do problema é uma fase muito importante da Pesquisa Operacional para se alcançar um resultado satisfatório em relação ao problema. Fechamento Nesta aula, você teve oportunidade de: • conhecer a fase de modelagem e formulação matemática dos problemas organizacio- nais que se pretende resolver por meio dos procedimentos de pesquisa operacional; • conhecer duas aplicações tradicionais da pesquisa operacional: os problemas de pro- dução e transporte. – 25 – PESQUISA OPERACIONAL Referências CORNÉLIO, Antonio Fernando. O uso de modelos em Administração. Disponível em: <http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901969000400004>. Acesso em: 25 mar. 2017. HILLIER, Frederick S.; LIEBERMAN, Gerald J. Introdução à Pesquisa Operacional. 8. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. LACHTERMACHER, Gerson. Pesquisa Operacional. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. LIMA Jr, Francisco Rodrigues et al. Uma metodologia baseada no modelo SCOR® e em inferência fuzzy para apoiar a avaliação de desempenho de fornecedores. Revista Gestão e Produção, São Carlos, vol. 23, n.3, jul./set., 2016. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0104-530X2016000300515&lang=pt>. Acesso em: 24 mar. 2017. – 26 – PESQUISA OPERACIONAL http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901969000400004 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901969000400004 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2016000300515&lang=pt http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2016000300515&lang=pt Construção de um modelo Dayse Mendes Introdução Nesta aula observaremos que existe uma série de fases que precisam ser seguidas para conse- guirmos construir um modelo que represente adequadamente um problema passível de resolução, por meio de Pesquisa Operacional. Vamos estudar juntos este assunto? Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • entender como construir um problema real em linguagem de Pesquisa Operacional, interpretando os problemas e identificando os pontos mais importantes. 1 Definição do problema A resolução de um problema, em Pesquisa Operacional, pode ser resumida em um processo que inclui uma série de etapas. Elas são: • a definição do problema; • a construção de um modelo matemático que represente este problema; • a obtenção da solução deste modelo e, por consequência, do problema; • o teste do modelo e da solução obtida, ou seja, a validação deste modelo; • a implementação da solução. Figura 1 – Definindo um problema Fonte: Andris Torms/Shutterstock.com – 27 – TEMA 4 A primeira fase, a definição do problema, é, talvez, a mais complexa de todo este processo. Isto porque a compreensão de um problema real é difícil, na medida em que ele se apresenta de forma vaga e imprecisa. Cabe ao gestor identificar as informações relevantes para que o problema tome forma e possa ser resolvido por Pesquisa Operacional. SAIBA MAIS! Uma das competências fundamentais de um gestor é saber selecionar informação fidedigna. Sobre esta questão das competências do gestor, leia mais no capítulo 2 de “Liderança e gestão de pessoas em ambientes competitivos”, de Tonet et al (2012). Dentre as informações que o gestor deve coletar, conforme Marins (2011), algumas são básicas, como: • quem deve tomar as decisões; • quais objetivos devem atingidos; •quais são os aspectos que estão sujeitos ao controle de quem decide, denominados de variáveis de decisão; • quais são as limitações que o problema apresenta em relação às variáveis de decisão. EXEMPLO Um estudo de Pesquisa Operacional, apresentado na obra de Hillier e Lieberman (2006), foi realizado para o Departamento de Polícia de São Francisco. Ele teve como resultado o desenvolvimento de um sistema para decisão de escala e quanti- dade de patrulheiros. Para tanto, foi necessário estabelecer quais eram os objetivos relacionados ao problema. Após avaliação de várias possibilidades, foram identifi- cados os seguintes objetivos: • manter alto o nível de segurança para o cidadão; • manter elevado o moral da tropa; • minimizar o custo de operações. A partir desta identificação, foi possível propor o modelo matemático adequado à situação, fazendo com que o nível de proteção necessário fosse atingido. Também proporcionou equilíbrio na carga de trabalho entre os policiais, alcançando o segun- do item. E, como meta de longo prazo, foi adotada a ideia de minimizar o número de policiais necessários para atender os outros objetivos. Definido qual o problema, se pode partir para a próxima fase, a construção do modelo que represente esta situação. PESQUISA OPERACIONAL – 28 – 2 Construção do Modelo Os modelos são representações da realidade, numa forma simplificada em relação à situ- ação real. Para que um modelo represente adequadamente a realidade de um problema a ser trabalhado em Pesquisa Operacional, é necessário que o gestor tenha capacidade de abstração, imaginação e criatividade. E que tenha habilidade com formulações matemáticas, pois os mode- los usados em PO são matemáticos. FIQUE ATENTO! Normalmente, na etapa de modelagem, leva-se em conta a técnica que poderá vir a ser utilizada para resolução do problema; de forma a se conseguir um modelo que possa ser adequado à situação problema, mas que também auxilie em uma simpli- ficação na etapa de obtenção da solução. Para Marins (2011) estes modelos matemáticos representam situações problema por meio de expressões matemáticas. Nele se representam as várias decisões quantificáveis do problema por meio de n variáveis de decisão. O objetivo que se pretende atingir na situação problema é formulado em uma equação que é uma função, colocada em termos das variáveis de decisão, denominada função objetivo. Já as “limitações a que estão sujeitas as variáveis de decisão são expressas por meio de equações e inequações, denominadas restrições” (MARINS, 2011, p.17). EXEMPLO Uma empresa de laticínios produz dois tipos de queijo: prato e parmesão. A uni- dade de queijo prato traz um lucro de R$1,00 e a unidade de queijo parmesão traz um lucro de R$1,50. A equação que representa o lucro desta empresa é modelada matematicamente como: • x1 = quantidade de queijo prato; • x2 = quantidade de queijo parmesão. LUCRO TOTAL = 1,00 x1 + 1,50 x2 Em resumo, um modelo de um problema de Pesquisa Operacional é constituído por variáveis de decisão, função objetivo e restrições relacionadas às limitações da situação problema. Após construído o modelo, é possível começar a buscar sua solução. 3 Solução do Modelo Finalizada a construção do modelo matemático que representa a situação problema, é possível iniciar a obtenção de uma solução. Existe uma série de métodos matemáticos diferentes que são clas- sicamente utilizados em Pesquisa Operacional. De acordo com Marins (2011) podemos citar como exemplos a Programação Linear, a Programação em Redes, a Teoria dos Grafos e a Teoria das Filas. PESQUISA OPERACIONAL – 29 – SAIBA MAIS! Para descobrir mais detalhes sobre softwares de suporte às resoluções em Pesquisa Operacional, é recomendável o artigo de Ferreira e Baron (2017). Disponível em: <http://itp.ifsp.edu.br/ojs/index.php/IC/article/view/339/512>. Podemos contar, de acordo com Marins (2011), com uma série de softwares, que dispo- nibilizam alguns métodos importantes da Pesquisa Operacional, tornando viável a solução de problemas complexos. Como exemplos, temos o Solver do Excel®, que atua com planilhas eletrô- nicas; o LINDO® – Linear Discrete Optimizer, para problemas de Programação Linear, Não Linear e variações; e, para Simulação, o ARENA® (Marins, 2016, p.18). Todos estes softwares auxiliam na solução do problema já modelado. Figura 2 – Solver no Excel Fonte: LINE ICONS/Shutterstock.com Portanto, para solucionar um problema é necessário escolher o método que mais se adeque à situação e, a partir disto, validar o modelo. 4 Validação do Modelo Na fase de validação são feitos testes com o modelo, de forma a verificar se ele atende ade- quadamente a necessidade de simular, o melhor possível, a realidade da situação problema em estudo. Como os problemas, de um modo geral, são complexos, há dificuldade em se conseguir todos os dados necessários. Também há a possibilidade de que se interprete os dados de forma errada. Tudo isto pode provocar distorções no modelo e, por consequência, na solução. Por isso, a necessidade de testes. FIQUE ATENTO! Em cada situação específica, pode ser definida uma sistemática para testar o mo- delo e sua solução. O importante é que, se a solução for usada repetidamente, o modelo deve continuar a ser testado. PESQUISA OPERACIONAL – 30 – http://itp.ifsp.edu.br/ojs/index.php/IC/article/view/339/512 Segundo Marins (2011) uma das formas de testar um modelo é por meio da reconstrução do passado (uso de dado históricos), verificando-se a adequação do modelo às informações disponí- veis. Marins (2011) ainda comenta que a fase de validação do modelo pode indicar que este ainda não está adequado ou que é muito simplificado, exigindo sua correção pelo refinamento de algum aspecto ou pela consideração de algo que possa ter sido omitido. Figura 3 – Teste Fonte: zimmytws/Shutterstock.com Findados os testes se pode partir para a implementação da solução do problema. 5 Implementação da solução Passadas todas as fases, por último se pode implementar a solução final que foi aprovada pelo gestor. Nesta fase, em que os resultados serão obtidos, é importante a participação da equipe que trabalhou com o modelo para a garantir a correta implementação da solução. Figura 4 – Trabalho de equipe Fonte: Sergey Nivens/Shutterstock.com PESQUISA OPERACIONAL – 31 – Como normalmente se usa softwares para obter os resultados, deve-se organizar adequadamente toda a documentação referente à solução, de forma a não suscitar dúvidas quando de sua utilização. FIQUE ATENTO! A fase de implementação envolve um aspecto essencialmente técnico e um aspec- to pessoal. O técnico diz respeito à busca de informações e à utilização correta dos softwares. O pessoal diz respeito ao compromisso e à experiência da equipe de Pesquisa Operacional em relação a obtenção da solução do problema. De acordo com Andrade (2015), após a validação da solução obtida, esta deve ser transfor- mada em regra de operação. Também, segundo o autor, é necessário avaliar os resultados em cada etapa do processo, para garantir uma melhor adequação da solução ao problema em ques- tão, fazendo ajustes ou correções que forem necessários. Finalizando, se pode observar que a implementação da solução merece um cuidado especial para que sejam superadas todas as possíveis resistências com relação a sua realização. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer todas as fases para que se possa solucionar um problema; • compreender como modelar o problema em formato apropriado para chegar a sua resolução, por meio de métodos de Pesquisa Operacional; • entender como testar as possíveis soluções e adotar aquela mais adequada para a situação. Referências ANDRADE, Eduardo Leopoldino. Introdução à pesquisa operacional. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. FERREIRA, Denise Helena Lombardo; BARON, Carolina. Utilização de softwares na Pesquisa Ope- racional. Revista Brasileira de Iniciação Científica,Itapetinga, v.4, n.1, 2017. Disponível em <http:// itp.ifsp.edu.br/ojs/index.php/IC/article/view/339/512>. Acesso em: 15 mai. 2017. HILLIER, Frederick Stanton; LIEBERMAN, Gerald. Introdução à Pesquisa Operacional. 8. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. Ok para o Hillier MARINS, Fernando Augusto Silva. Introdução à Pesquisa Operacional. São Paulo: Cultura Acadê- mica, UEP, 2011. TONET, Helena Correa et al. Liderança e gestão de pessoas em ambientes competitivos. São Paulo: Editora da FGV, 2012. Disponível em <https://books.google.com.br/books?id=NCSHCgAA- QBAJ&pg=PT49&dq=compet%C3%AAncias+do+gestor&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwio78W- f3anTAhXMHJAKHXE1AhQ4ChDoAQhPMAg#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 15 mai. 2017. PESQUISA OPERACIONAL – 32 – http://itp.ifsp.edu.br/ojs/index.php/IC/article/view/339/512 http://itp.ifsp.edu.br/ojs/index.php/IC/article/view/339/512 Aplicações em logística, produção e vendas Dayse Mendes Introdução Nesta aula é possível verificar que, dentre os vários problemas organizacionais que podem ser resolvidos por meio dos algoritmos de Pesquisa Operacional, existem algumas aplicações clássicas que são recorrentes na literatura pertinente sobre PO, bem como em sua utilização prática pelas empresas. Vamos então ver alguns exemplos destas aplicações clássicas? Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • entender como a Pesquisa Operacional atua em várias áreas da empresa, identificando sua aplicação. 1 Pesquisa Operacional aplicada ao problema de carregamento de caminhão Um problema clássico, que pode ser resolvido por meio da Pesquisa Operacional, está rela- cionado a uma questão contemporânea da gestão, relativa à área da logística. Figura 1 – Caminhão contêiner Fonte: gwycech/Shutterstock.com – 33 – TEMA 5 Trata-se do problema do carregamento do caminhão. Nele, de acordo com Junqueira et al (2010), o objetivo é otimizar o carregamento ou arranjo de cargas em dispositivos de unitização, como contêineres, caminhões, vagões ferroviários ou paletes. A ideia básica é poder determinar o melhor padrão de empacotamento, de modo a maximizar o volume total das caixas carregadas. FIQUE ATENTO! A logística é uma área de extrema relevância para a gestão de empresas contempo- râneas. Com uma boa gestão logística é possível reduzir custos e capital investido, bem como oferecer melhores serviços ao consumidor final, transformando as deci- sões operacionais em vantagem competitiva para as organizações. É preciso ressaltar que há uma restrição importante neste tipo de problema: as caixas não podem se sobrepor umas às outras dentro do dispositivo de unitização, já que o princípio básico de física nos diz que dois corpos distintos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço e ao mesmo tempo. SAIBA MAIS! Sobre o princípio da impenetrabilidade da matéria e outros princípios fundamentais da física que interferem nas nossas decisões do dia a dia, vale a pena conhecer o artigo de Baptista (2006). Ele faz uma grande revisão dos diferentes princípios da física surgidos ao longo da história, bem como as novas roupagens desses no desenvolvimento de algumas teorias relevantes. Disponível em: <http://www. sbfisica.org.br/rbef/pdf/060213.pdf>. Este é um problema recorrente da logística das empresas que pode ser resolvido de forma bastante simples com a utilização de métodos de Pesquisa Operacional. 2 O problema do aluguel de veículos com espaço refrigerado e não refrigerado Uma variação do problema de carregamento do caminhão diz respeito àquela situação em que uma parte da carga é perecível e precisa ser transportada em área refrigerada do caminhão. Assim, além da restrição de que uma carga não pode ocupar o lugar de outra, também há a restri- ção da separação das cargas perecíveis das não perecíveis. Como objetivos, procuramos otimizar o volume carregado ou minimizar o custo de transporte. PESQUISA OPERACIONAL – 34 – http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/060213.pdf http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/060213.pdf EXEMPLO Uma empresa de transporte tem dois tipos de caminhões. O tipo A tem 3m3 de espaço refrigerado e 4m3 de espaço não refrigerado; já o tipo B tem 3m3 de espaço refrigerado e 2m3 de espaço não refrigerado. O cliente quer transportar um produto que necessita 20m3 de espaço refrigerado e 10m3 de espaço não refrigerado. A empresa calcula em 1.000 litros o consumo de combustível utilizando o caminhão A e 800 litros para o caminhão B. Nesta situação, o que desejamos saber é quantos caminhões de cada tipo deverão ser usados no transporte do produto, com o menor consumo de combustível. Esta situação é apresentada por Lachtermacher (2009). Além dos problemas clássicos de logística que podem ser resolvidos por Pesquisa Operacio- nal, outro problema bastante tradicional está relacionado à questão dos processos produtivos em uma empresa. 3 O problema de uma indústria de cintos e sapatos Um dos usos mais clássicos da Pesquisa Operacional está na situação de maximização de lucros por meio da produção de bens em uma indústria. Nesta situação específica, a indústria tem um mesmo tipo de matéria-prima para fabricar dois produtos: cintos e sapatos. FIQUE ATENTO! Uma questão importante a ser observada, quando da resolução de uma situação problema relacionada aos processos produtivos das indústrias, é a das restrições. De um modo geral, recursos como matéria-prima, mão-de-obra, quantidade de ho- ras, quantidade de maquinários serão recursos escassos e, portanto, restrições à otimização da solução do problema. Figura 2 – Sapatos Fonte: Aliaksei Smalenski/Shutterstock.com PESQUISA OPERACIONAL – 35 – Cada tipo de produto, nessa espécie de problema, proporciona um lucro diferente. A indústria precisa fabricar os dois produtos, pois tem clientes para cada um deles. Assim, a ideia é verificar quanto de cada um deve ser produzido para maximizar o lucro. SAIBA MAIS! Existem vários outros problemas clássicos relacionados à questão da decisão do quanto produzir em um mix de produtos que compartilham dos mesmos recursos, como a mesma matéria-prima, a mesma mão-de-obra ou os mesmos equipamentos, como o da malharia e o da marcenaria. Outros exemplos destes podem ser observados nos capítulos 2 e 3 de Lachtermacher (2009). O modelo que auxilia solucionar situações problema da produção é um dos mais recorrentes em Pesquisa Operacional. No entanto, há outras áreas que se beneficiam da PO, como, por exem- plo, a agroindústria. 4 Exemplo de aplicação de Pesquisa Operacional na agricultura Em outra aplicação clássica da Pesquisa Operacional, pode-se tomar decisões relacionadas ao planejamento agrícola. Conforme Caixeta-Filho (2012), quando existe a possibilidade de diver- sificação de culturas, os agricultores se defrontam com a decisão de quais culturas escolher e quanto disponibilizar de área para cada uma das culturas. FIQUE ATENTO! Não só as empresas urbanas necessitam melhorar suas metodologias de tomada de decisão para otimizar seus resultados. As agroindústrias também se beneficiam dos métodos de resolução de problemas disponibilizados pela Pesquisa Operacio- nal, podendo assim maximizar lucros ou minimizar custos. O objetivo, nessa situação, é obter o maior lucro com o cultivo a partir das opções de negócios existentes, tais como, por exemplo, o plantio, a criação de animais ou o arrendamento de terras. PESQUISA OPERACIONAL – 36 – Figura 3 – Plantio Fonte: ollirg/Shutterstock.com Além dos problemas organizacionais, no campo ou na cidade, também é possível resolver problemas pessoais com a Pesquisa Operacional. 5 Pesquisa Operacional e o problema da dieta Mais um clássico problema que pode ser resolvido por Pesquisa Operacional diz respeito à questão da dieta alimentar. Conforme Namen e Bornstein (2004), George Stigler apresenta, em 1945, uma determinada situação. Nela, pretende-se observar quais as necessidades mínimas diá- rias de nutrientes que um homemmediano, pesando aproximadamente 70 kg, deveria ingerir num universo de 77 diferentes alimentos, para atender a recomendação do Conselho Nacional de Pes- quisa Norte-americano. Além disso, a dieta elaborada deveria ter o menor custo possível. EXEMPLO Lachtermacher (2009) apresenta um exemplo para o problema da dieta. Um ho- mem com atividade moderada deve seguir uma dieta balanceada baseada no con- sumo de diversos tipos de alimentos de forma a suprir suas necessidades diárias de energia, que podem variar de 2400 a 2500 kcal. Cada porção de alimento fornece uma porcentagem dessa necessidade diária de diferentes nutrientes. Preço e quan- tidade calórica de cada porção também devem ser informados para que se possa saber qual a combinação de alimentos que satisfaz o consumo mínimo necessário de nutrientes e, ao mesmo tempo, tem custo mínimo. PESQUISA OPERACIONAL – 37 – “Stigler resolveu um conjunto amplo de inequações (9 x 77) através de uma heurística inte- ligente, obtendo um custo total para a dieta de 39,93 dólares por ano. Nesse processo, foram examinadas manualmente 510 diferentes possibilidades de combinação de alimentos” (NAMEN e BORNSTEIN, 2004, p. 446). Figura 4 – Alimentos de uma dieta Fonte: Paul Cowan/Shutterstock.com Finalizando, vale ressaltar que a formulação do problema é uma fase muito importante da Pes- quisa Operacional para se alcançar um resultado satisfatório em relação à resolução deste problema. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer uma série de exemplos em que se faz necessário tomar decisões e perceber que essas situações podem ter suas soluções alcançadas por meio do uso de Pesquisa Operacional; • entender como a Pesquisa Operacional atua em várias áreas da empresa, identificando sua aplicação; • entender como a Pesquisa Operacional pode ser utilizada em situações não empresa- riais, como é o caso do problema da dieta; • observar, com estes exemplos, o alcance da Pesquisa Operacional. PESQUISA OPERACIONAL – 38 – Referências BAPTISTA, José Plínio. Os princípios fundamentais ao longo da História da Física. Revista Brasi- leira de Ensino de Física, v. 28, n. 4, p. 541-553, 2006. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/ rbef/pdf/060213.pdf>. Acesso em: 01 mai. 2017. CAIXETA-FILHO, José Vicente. Pesquisa Operacional: técnicas de otimização aplicadas a siste- mas agroindustriais. São Paulo: Atlas, 2012. E-Book. JUNQUEIRA, Leonardo et al. Modelos de otimização para problemas de carregamento de contêine- res com considerações de estabilidade e de empilhamento. Pesquisa Operacional, v. 30 n. 1, Rio de Janeiro, RJ, jan./abr. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex- t&pid=S0101-74382010000100005>. Acesso em: 30 abr. 2017. LACHTERMACHER, Gerson. Pesquisa Operacional. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. PESQUISA OPERACIONAL – 39 – http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/060213.pdf http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/060213.pdf http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-74382010000100005 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-74382010000100005 Introdução a modelagem Dayse Mendes Introdução Sabemos que a ferramenta de Programação Linear permite a análise e a resolução de proble- mas de maneira racional. Desta forma, estudaremos a modelagem de problemas em Programa- ção Linear e verificaremos o quanto isto é importante para a Pesquisa Operacional. Então, acom- panhe-nos nessa jornada! Objetivos de aprendizagem: Ao final desta aula, você será capaz de: • entender um problema real e como fazer sua construção em linguagem matemática, para resolução através de técnicas de Pesquisa Operacional. 1 Exemplos de modelos Para iniciarmos os estudos sobre modelagem utilizando Programação Linear, vale a pena observar algumas das situações-problema comuns que podem ser resolvidas por meio desta fer- ramenta de PO. Como sabemos, o gestor de qualquer tipo de organização deve tomar decisões, dentre elas a de alocação de recursos, de modo que melhore o aproveitamento dos resultados atingidos. Embora estejamos enfatizando as situações organizacionais, a resolução de problemas com uso de Programação Linear pode se dar em qualquer contexto no qual se busque otimizar uma decisão, mesmo em situações particulares ou individuais. FIQUE ATENTO! A resolução de alguns tipos de problemas nas organizações, em especial aqueles que buscam otimização de solução, pode ser alcançada por meio de Programação Linear. A Programação Linear é um tipo de modelo matemático de resolução de problemas que utiliza funções lineares. Exemplos reais de modelos que podem ser resolvidos por Programação Linear são os de quantidade a produzir de mix de produtos para otimizar lucro, de alocação de mão de obra para minimizar custo, de mistura de matéria-prima para maximizar produção ou receita, de balancea- mento da produção para minimização de tempo, e uma série de outras situações recorrentes nas empresas, as quais podem ser modeladas e resolvidas por este método matemático. – 40 – TEMA 6 EXEMPLO Uma fábrica produz dois tipos de sucos: laranja e uva. Para produzir estes sucos se usa, entre outros recursos, água e suco concentrado de maçã, sendo estes restri- tos. Para a produção de um litro de suco de laranja usa-se um litro de água e meio litro de suco de maçã. Para a produção de suco de uva se usa dois litros de água e um de maçã. Sabe-se que há disponibilidade semanal de, no máximo, 7000 litros de suco de maçã e, por uma questão ambiental, só se pode usar 9000 litros de água por semana. O lucro gerado pelo litro de suco de laranja é R$5,00 e pelo litro de suco de uva é R$2,00. O gestor da fábrica gostaria de saber quanto produzir de cada tipo de suco para obter o maior lucro possível. Todas as situações que apresentam este tipo de formato podem ser resolvidas por Programação Linear. SAIBA MAIS! Programação Linear trabalha com funções lineares, é importante recordar este conceito. O livro “Funções Reais”, de Antonio Carlos Garcia, apresenta, dentre outros conceitos de função, a definição de função linear. Leia no link: <https://books.google. com.br/books?id=KO6wCQAAQBAJ&lpg=PA40&dq=fun%C3%A7%C3%A3o%20 linear&hl=pt-BR&pg=PA40#v=onepage&q=fun%C3%A7%C3%A3o%20linear&f=false>. Vamos observar, a seguir, a estrutura dos modelos de Programação Linear de modo que possamos reconhecê-los. 2 Estrutura dos modelos Tendo visto alguns exemplos de modelagem em Programação Linear, vamos aprofundar nosso estudo, observando que existe uma forma padronizada de apresentação destes modelos de resolução de problemas. Denominaremos essa forma padrão de estrutura do modelo. Existe um formato para se alocar os dados do problema. De acordo com Lachtermacher (2009) tal estrutura padrão é construída da forma a seguir. Otimizar: • f(X) = f (x1, x2,...,xn). Sujeito a: • g1 (x1, x2,...,xn) ≤ ou ≥ b1; • g2 (x1, x2,...,xn) ≤ ou ≥ b; • gm (x1, x2,...,xn) ≤ ou ≥ bm. PESQUISA OPERACIONAL – 41 – Em que: • f(X) = f (x1, x2,...,xn) = c1x1 + c2x2 + ... cnxn; • gi (x1, x2,...,xn) = ai1x1 + ai2x2 + ... + ainxn ; • (i= 1, ..., m); • n é o número de variáveis do problema; • m é o número de restrições do problema; • i é o índice de determinada restrição (i = 1, 2, …, m); • j é o índice de determinada variável (j = 1, 2, …, n; • cj é o coeficiente (constante) da variável xj, da função objetivo; • aij é o coeficiente (constante) na i-ésima restrição e da variável xj; • bi é a constante da i-ésima restrição. Ao fazermos a modelagem de qualquer problema para resolução em Programação Linear, vamos construir o modelo matemático com essa estrutura. Lembre-se de que qualquer modelo é uma tentativa idealizada de uma situação real, por meio de expressões matemáticas. Figura 1 – Problemas reais transformados em modelos matemáticos Fonte: Moriz; Dicogm/Shutterstock.com Ao tentar resolver uma situação-problema real, otimizando sua resolução,precisamos de um objetivo que deve ser determinado na coleta de dados. Veja que estes se tornam função objetivo na modelagem. Para que a função objetivo seja especificada, matematicamente, é preciso defi- nir as variáveis de decisão relativas a esta situação-problema variável. Logo, essas podem estar sujeitas a uma série de limitações, denominadas na modelagem de Programação Linear como restrições do problema. PESQUISA OPERACIONAL – 42 – https://www.shutterstock.com/pt/g/moriz https://www.shutterstock.com/pt/g/dicogm Figura 2 – Modelagem em Programação Linear Minimizar Z = 3x1 + 2x2 Restrições: 2x1 + x2 ≥ 10 x1 + 5x2 ≥ 15 x1 ≥ 0 x2 ≥ 0Variáveis de decisão Função objetivo Restrições } Fonte: elaborada pela autora, 2017. EXEMPLO Vamos observar uma situação em que se possa modelar um problema de acor- do com a estrutura de Programação Linear. Como situação-problema, temos uma empresa que manufatura dois modelos de cadeiras, o modelo C1 e o modelo C2. Há 1000 m2 de matéria-prima para fabricar os dois modelos por dia. Cada cadeira utiliza parafusos diferentes, cuja disponibilidade diária é de 500 parafusos para C1 e 600 parafusos para C2. Os lucros unitários são de $40,00 para C1 e $30,00 para C2. Observe as variáveis de decisão: • X1 = quantidade a produzir de C1; • X2 = quantidade a produzir de C2. Agora, repare bem na função objetivo: • Max L = 40x1 + 30x2 Aqui, temos as restrições: x1 + x2 ≤ 1000. x1≤ 500. x2≤ 600. x1, x2 ≥ 0. Ao longo deste item pudemos observar qual é o modelo padrão das equações de um pro- blema que utiliza equações e inequações lineares. A seguir veremos como este modelo é utilizado na Programação Linear. PESQUISA OPERACIONAL – 43 – FIQUE ATENTO! Os modelos de Programação Linear contêm função objetivo, variáveis de decisão e restrições na estrutura que se pode observar. A estrutura a seguir apresenta o for- mato das funções matemáticas utilizadas para construir cada um dos elementos padrão de Programação Linear. 3 Identificação de uma estrutura de Programação Linear Agora, precisamos identificar uma estrutura de Programação não Linear. Vamos verificar como isso é feito? Conforme Lachtermacher (2009), a Programação Matemática estuda a oti- mização de recursos. Esta resolução, por meio de modelagem matemática, busca descrever a quantidade a ser maximizada ou minimizada por meio de uma função que envolva os recursos relativos ao modelo, que são as variáveis a partir de decisão do problema. É importante ressaltar que, normalmente, os recursos são escassos nas organizações, levando o modelo a ter limitações. Essas são expressas por equações ou inequações matemáticas, denominadas de restrições. Dependendo do tipo das funções utilizadas nas funções-objetivo e nas restrições, como aponta o autor, existem áreas distintas de resolução. São elas: • “Programação Linear: programação matemática em que todas as funções-objetivo e restrições são representadas por funções lineares.” (LACHTERMACHER, 2009, p.17). Figura 3 – Função Linear Fonte: Mattz90/Shutterstock.com PESQUISA OPERACIONAL – 44 – https://www.shutterstock.com/pt/g/mattz90 • “Programação não-linear: programação matemática em que pelos menos uma das funções-objetivo ou restrições são representadas por funções não lineares. Entre os diversos tipos destacam-se a programação côncava, convexa ou quadrática.” (LACHTERMACHER, 2009, p.17). Figura 4 – Programação não-linear Fonte: marekuliasz/Shutterstock.com Portanto, um problema de Programação Linear busca por uma solução ótima, maximizando ou minimizando uma função-objetivo, atendendo às restrições que o problema impõe. Desta forma, padroniza-se a terminologia relativa ao termo solução, explicando seu conceito, conforme Lachtermacher (2009): • solução é qualquer especificação de valores, dentro do domínio da função-objetivo, para as variáveis de decisão, independentemente de ser a escolha desejada ou não; • solução viável é uma solução em que todas as restrições são satisfeitas; • solução ótima é uma solução viável que tem o valor mais favorável para a função obje- tivo, ou seja, maximiza ou minimiza a função-objetivo, podendo ser única ou não. Ainda nesse contexto, todo problema de programação linear parte de algumas hipóteses que são assumidas, quando tentamos resolvê-lo. As hipóteses estão apresentadas a seguir: • proporcionalidade se refere ao valor da função-objetivo diretamente proporcional ao valor de cada variável de decisão. • aditividades são atividades (variáveis de decisão) do modelo como entidades total- mente independentes, não permitindo que haja interdependência entre elas, isto é, não permitindo a existência de termos cruzados, tanto na função-objetivo como nas restrições; PESQUISA OPERACIONAL – 45 – https://www.shutterstock.com/pt/g/marekuliasz • divisibilidade quando assume que todas as variáveis de decisão possam ser divididas em qualquer número de partes, isto é, qualquer variável de decisão pode assumir qual- quer valor fracionário. • certeza quando assume que todos os parâmetros do modelo são constantes e conhe- cidos. Em problemas reais, a hipótese de certeza quase nunca é satisfeita, provocando a necessidade de análise de sensibilidade dos resultados. (LACHTERMACHER, 2009) SAIBA MAIS! Para alguns problemas de Programação Linear há a necessidade de fazer uma análise de sensibilidade nos resultados, ou seja, investigar os efeitos que as alterações nos parâmetros do modelo podem causar na solução ótima. O livro “Pesquisa Operacional para Cursos de Administração”, de Belfiore e Fávero (2012), em seu Capítulo 4, apresenta com detalhes como trabalhar com esta análise. FIQUE ATENTO! A Programação Linear de qualquer problema parte de quatro hipóteses, as quais são a proporcionalidade, a aditividade, a divisibilidade e a certeza. Precisamos en- tender que o problema deve se encaixar nessas hipóteses para que possamos re- solvê-lo por modelagem em Programação Linear. Assim, vimos como podemos identificar um problema escrito em uma estrutura de Progra- mação Linear. Fechamento Nesta aula, você teve oportunidade de: • entender como alguns problemas reais de organizações podem ser construídos numa linguagem matemática; • conhecer como eles possibilitam a resolução por meio de técnicas de Pesquisa Operacional; • observar exemplos destas situações-problema e de sua estruturação em PO. PESQUISA OPERACIONAL – 46 – Referências BELFIORE, Patrícia; FÁVERO, Luiz Paulo. Pesquisa operacional para cursos de administração, contabilidade e economia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. Disponível em: <https://books.google. com.br/books?id=spbIUnIPwn8C&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 13 de mar. de 2017. GARCIA, Antônio Carlos. Funções reais. São Paulo: Edição do Autor, 2013. Disponível em: <https:// books.google.com.br/books?id=KO6wCQAAQBAJ&pg=PA40&dq=fun%C3%A7%C3%A3o+linear&h l=pt-BR&sa=X&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 22 de fev. de 2017. LACHTERMACHER, Gerson. Pesquisa Operacional. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. MARINS, Fernando Augusto Silva. Introdução à Pesquisa Operacional. São Paulo: Cultura Acadê- mica, UEP, 2011. PESQUISA OPERACIONAL – 47 – Estrutura de um modelo Dayse Mendes Joab Symon Costa Santos Introdução Nesta aula vamos aprender a organizar os dados de um problema e a desenvolver um proce- dimento de modelagem preciso. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer a estrutura e a organização dos dados de forma correta para resolução do problema. 1 As variáveis de decisão Você sabia que algumas situações-problema comuns nas empresas podem ser resolvidas por meio de modelagem em programação linear? Para Hillier e Lieberman (2006, p. 12), “os mode- los matemáticos de um problema de negócios devem ser vistos como sistemas de equações e deexpressões matemáticas relativas, pois eles são capazes de descrever a essência do problema”. Desta forma, se existirem n decisões quantificáveis no problema, elas devem ser representa- das na forma de n variáveis de decisão (por exemplo: x1, x2, xn) cujos valores serão determinados na resolução do problema. Um exemplo de variável de decisão é a quantidade de um determinado item que deve ser produzido. Para (2011, p. 24), o gestor deve se perguntar “se o responsável pela decisão tem autoridade para escolher o valor numérico (quantidade) do item. Se a resposta for positiva, esta é uma variável de decisão”. FIQUE ATENTO! Não confunda parâmetros do problema com variáveis de decisão. Parâmetros são elementos fixos e não podem ser manipulados pelo gestor. Já variáveis de decisão são passíveis de mudança de acordo com as análises feitas para alcançar as me- lhores soluções para os problemas. – 48 – TEMA 7 SAIBA MAIS! Compreenda mais sobre os parâmetros em Pesquisa Operacional lendo o artigo “Pesquisa Operacional: Modelagem Matemática na Tomada de Decisão de Ações Administrativas” (CORDEIRO, 2009), disponível em: <http://www.catolicaorione. edu.br/portal/wp-content/uploads/2015/01/Pesquisa-Operacional-Modelagem- Matem%C3%A1tica-na-Tomada-de-Decis%C3%A3o-de-A%C3%A7%C3%B5es- Administrativas-Revista-S%C3%A3o-Luis-Orione-v.-1-n.-3-jan.dez_.-2009.pdf>. Depois que as variáveis de decisão do problema são determinadas, pode-se definir qual obje- tivo se pretende alcançar. Esta definição ocorre com o estabelecimento da função objetivo. 2 Função objetivo Quando resolvemos um problema, precisamos identificar qual objetivo pretendemos atingir. A medida de desempenho mais apropriada, ou seja, o objetivo que pretendemos atingir (por exemplo, lucro) em uma situação problema, pode ser expresso por meio de função matemática modelada em termos das variáveis de decisão do problema. “Essa função é chamada função-objetivo” (HILLIER; LIEBERMAN, 2006, p. 12). Figura 1 – Maximização do lucro Fonte: Aha-Soft/Shutterstock.com Sobre a função-objetivo, Marins (2011) comenta que a pesquisa operacional busca encontrar o melhor que pode ser feito com o que se tem, maximizando ou minimizando resultados. O autor também menciona que a busca pelo máximo valor do lucro é uma das funções-objetivo mais comuns dos modelos matemáticos. Importante perceber que ao construir a função-objetivo, deve- mos perguntar o que queremos em relação àquele problema: maximizar lucros, receitas, vendas, minimizar custos, perdas, entre outras possibilidades. PESQUISA OPERACIONAL – 49 – EXEMPLO Uma empresa fabrica dois tipos de bonecas de plástico, B1 e B2. Esses produtos utilizam dois recursos: plástico e horas de produção. Há 2.000 kg disponíveis de plástico e 40 horas disponíveis para a produção. Cada dúzia da boneca B1 usa 1 quilo de plástico e 2 minutos de produção e cada dúzia da boneca B2 usa 2 quilos de plástico e 3 minutos de produção. Sabe-se que o lucro esperado com a venda de B1 é $4,00/dúzia e com a venda de B2 é $7,00/dúzia. Sabe-se também que a empresa deseja determinar a maximizar o lucro total semanal. Com base nestes dados é possível construir a expressão matemática da função objetivo, que será: Max L = 4x1 + 7x2 Em que: x1 = quantidade de dúzias de bonecas do tipo B1 a produzir semanalmente; x2 = quantidade de dúzias de bonecas do tipo B2 a produzir semanalmente; 4 = valor do lucro trazido pela venda da dúzia de bonecas do tipo B1; 7 = valor do lucro trazido pela venda da dúzia de bonecas do tipo B2; L = Lucro total com a venda de B1 e B2. Vale destacar que na programação linear a situação problema terá em sua mode- lagem um único objetivo. A função objetivo é expressa em forma matemática por meio de uma equação linear. SAIBA MAIS! A Programação Linear resolve problemas com um único objetivo, problemas com mais de um objetivo podem ser resolvidos por outros métodos de Pesquisa Operacional. Você pode conhecer um destes modelos lendo o artigo de Lima Jr. et al (2013) disponível no link: <http://www.scielo.br/pdf/gp/2013nahead/aop_1191.pdf>. Observe que, após ser estabelecida a função objetivo, cabe ao gestor verificar quais são as limitações do problema, definindo assim suas restrições. 3 Restrições técnicas Quaisquer restrições nos valores, atribuídos às variáveis de decisão da situação problema, também são expressas de forma matemática, por meio de desigualdades ou igualdades, gerando inequações para as desigualdades e equações para as igualdades. Tais expressões matemáticas para limitações são denominadas restrições. Marins (2011) dá exemplos de restrições típicas dos problemas organizacionais, comen- tando sobre limites das quantidades de recursos disponíveis, como colaboradores, máquinas, orçamento, matéria-prima, entre outros recursos; além dos requisitos contratuais para a produção e atendimento das demandas atendidas pela empresa. PESQUISA OPERACIONAL – 50 – Figura 2 – Recursos produtivos como restrições Fonte: Elenabsl/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! Os recursos, por serem normalmente escassos no processo produtivo organiza- cional, são elementos limitadores do processo. São eles que determinam o quanto será possível otimizar ou não uma determinada solução e, portanto, são as restri- ções nos modelos de programação linear. Marins (2011) descreve o processo de elaboração da modelagem das restrições assim: • no início é preciso criar as restrições com palavras, como: “a quantidade requerida de um recurso” ou “a disponibilidade do recurso”, e expressar estas situações por meio de igualdades (=) ou desigualdades (≥ ou ≤); • depois é importante verificar se as unidades de medida do lado esquerdo da expressão matemática da restrição são as mesmas unidades de medida do lado direito da expres- são matemática. Por exemplo, se for restrição de tempo em minutos, devemos conferir se nos dois lados estamos usando minutos; • para organizar a restrição em palavras para a notação matemática utilize valores conhecidos ou estimados para os parâmetros e os símbolos matemáticos adotados para as variáveis de decisão; • por fim, escreva a restrição de modo que os termos envolvendo as variáveis de decisão fiquem do lado esquerdo da expressão matemática, deixando o valor associado a uma constante do lado direito; Observe ainda que não existem somente restrições técnicas. Outro tipo de restrição se refere ao fato de que as variáveis não podem assumir valores negativos. Esta situação é resolvida na modelagem por meio de restrições de não-negatividade. PESQUISA OPERACIONAL – 51 – 4 Restrições de não negatividade Uma situação que devemos observar quando vamos construir um modelo de um problema é o fato de que variáveis de decisão (como as quantidades produzidas de um determinado produto, por exemplo), não podem ter valores negativos, ou seja, elas só podem assumir valores nulos ou positivos. Nesta situação, coloca-se no modelo uma restrição que determina que as variáveis de decisão devem ter valores maiores ou iguais a zero, gerando assim inequações. Essas restrições são conhecidas como restrições de não-negatividade, conforme cita Marins (2011). Lembre-se de que cada variável de decisão da situação problema gera uma restrição de não negatividade e, portanto, uma inequação do tipo xi ≥ 0. Figura 3 – Variáveis somente com valores nulos ou positivos Fonte: Mr. Master/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! Pela característica dos elementos que compõe as variáveis de decisão de que as mesmas só podem ter resultado positivo ou nulo na solução do problema, insere-se no modelo de programação linear expressões matemáticas de inequação em que se expressa esta característica, denominando-a de variáveis de não-negatividade. PESQUISA OPERACIONAL – 52 – 5 Estrutura básica de um problema de programação linear Os problemas que podem ser resolvidos por programação linear são relacionados à atri- buição e distribuição de recursos, normalmente