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1 INTRODUÇÃO Metabolismo do glicogênio consiste na síntese e a na degradação do glicogênio. O excesso de glicose é convertido em formas poliméricas de armazenamento, nos humanos, essa forma é o glicogênio. Nos vertebrados, o glicogênio é encontrado principalmente no fígado e no músculo esquelético. O glicogênio do músculo fornece uma fonte de energia rápida para o metabolismo aeróbio e anaeróbio (pode ser esgotado em apenas 1 hora de exercício físico intenso), já o glicogênio hepático serve como um reservatório de glicose para os outros tecidos quando não há glicose disponível Nos humanos, a quantidade total de energia armazenada na forma de glicogênio é muito menor do que a quantidade armazenada como gordura, porém a gordura não consegue ser metabolizada tão rapidamente em glicose e esse processo não é feito anaerobiamente. O glicogênio também é obtido da dieta e degradado no intestino, e isso envolve um conjunto separado de enzimas hidrolíticas que convertem glicogênio em glicose livre. A degradação do glicogênio em glicose-1-fosfato consiste na glicogenólise e sua síntese é a glicogênese. GLICOGENÓLISE É a degradação do glicogênio por meio de fosforilação (o amido também pode ser degradado dessa forma). A glicogênio-fosforilase (amido-fosforilase em vegetais) é quem faz esse processo. Ela vai fazendo fosforólise (como se fosse uma hidrolise, que quebra a ligação e adiciona água, essa quebra a ligação e adiciona fosfato) sobre as ligações glicosídicas, ou seja, sobre as ligações alfa 1-4, essa fosforólise acontece na cadeia principal, na extremidade não redutora, quando ela faz isso ela libera glicose-1- fosfato. A ação dessa enzima para quando ela chega a 4 moléculas de glicose da ramificação do glicogênio. Essas ramificações se ligam a cadeia principal por ligação alfa 1-6, mas as ligações entre as moléculas de glicose da ramificação são todas alfa 1,4. Nessas ramificações (que são ligações alfa 1-6) a enzima desrramificadora age sobre. Ela pega as glicoses da ramificação e vai transferindo para a cadeia principal na extremidade não redutora, para que quando a glicogênio-fosforilase volte a agir, elas sejam quebradas pela e liberadas na forma de glicose-1- fosfato. Porém, ela não tira todas da ramificação, ela deixa uma glicose (que tem a ligação alfa 1-6 com a cadeia principal), e nessa ela faz uma hidrólise, quebrando essa ligação e liberando uma glicose livre. OBS: Essa glicose livre pode ter alguns destinos, como ir para a degradação quando estamos em jejum, podendo ir para o musculo em situações de contração muscular ou para outros tecidos. Depois disso, a glicose-1-fosfato produzida pela glicogênio-fosforilase é convertida a glicose-6-fosfato pela fosfoglicomutase. Nessa reação, essa enzima pega o grupo fosfato que está no carbono 1 e coloca no carbono 6, essa reação é reversível. Tanto o figado quanto as células musculares possuem a enzima fosfoglicomutase, então, logo depois de quebrarem a glicose em glicose-1-fosfato, ela é convertida em glicose-6-fosfato, que é a molécula precursora da glicólise (que vai sofrer a ação da hexocinase). No músculo essa glicose-6-fosfato vai para a glicólise para a produção de energia para a contração muscular. O figado e os rins possuem uma enzima exclusiva que se chama glicose-6-fosfatase, ela tira o fosfato da glicose-6-fosfato, liberando glicose livre, isso ocorre por que o nosso corpo não possui transportadores de glicose-6-fosfato, mas de glicose livre sim, então essa glicose livre ligada a um transportador segue para algum tecido que necessita dela. OBS: Se a glicose-6-bifosfato for para a glicólise, o rendimento final vai ser diferente, pois ela já chega na glicólise com 1 carbono fosforilado, ou seja, vai gastar menos 1 ATP. GLICOGÊNESE A síntese do glicogênio ocorre em quase todos os tecidos animais. A primeira reação é responsável por aprisionar a glicose dentro da célula por meio de uma fosforilação, quem faz isso é a hexocinase (músculo) e glicocinase (fígado), ou seja, pega a glicose e transforma ela em glicose-6-fosfato. O ponto de partida para a síntese do glicogênio é a glicose-6-fosfato. Pode ser derivada da glicose livre em uma reação catalisada pelas isoenzimas hexocinase I e hexocinase II no músculo e hexocinase IV (glicocinase) no fígado, 2 ou pode seguir outro caminho, é captada primeiro pelos eritrócitos e transformada glicoliticamente em lactato, que é captado pelo fígado e convertido em glicose-6- fosfato pela gliconeogênese. Essa glicose-6-fosfato é transformada em glicose-1- fosfato pela fosfoglicomutase. O produto desta reação é convertido em UDP-glicose, pela ação da UDP- glicose-pirofosforilase. Essa é a etapa que compromete a glicose na via da glicogênese. A UDP-glicose é uma glicose ligada a um nucleotídeo de uritina, isso é bom pois, além de comprometer a molécula na via, ele é um fácil grupo abandonador e torna a reação irreversível. A UDP-glicose é o doador imediato dos resíduos de glicose na reação catalisada pela glicogênio-sintase, que promove a transferência da glicose da UDP-glicose para uma extremidade não redutora de uma molécula ramificada de glicogênio. A glicogênio-sintase não consegue formar as ligações alfa 1-6 das ramificações do glicogênio, então a enzima ramificadora vai pegando de 6 a 7 resíduos de glicose juntos e colocando eles na parte mais medial da cadeia principal, ou até em outras cadeias principais, formando as ramificações, que garantem mais solubilidade ao glicogênio. GLICOGENINA A glicogênio-sintase não consegue iniciar uma cadeia de glicogênio do início de tudo, ela precisa então de um iniciador, que é ou uma cadeia poliglicosídica, ou uma ramificação de 8 resíduos de glicose, só a partir dessas circunstâncias ela começa a agir. Mas quem age antes dela começar? É a proteína glicogenina que faz isso, ou seja, ao mesmo tempo que ela é a enzima que catalisa essa formação inicial, ele é o local onde os outros resíduos de glicose vão se ligar para formar uma cadeia (se ligam na tirosina) até um ponto que a glicogênio- sintase possa começar a agir. A primeira etapa é a transferência de um resíduo de glicose da UDP-glicose, catalisada pela enzima glicosil- transferase, que está intrínseca na glicogenina. A cadeia nascente vai se alongando pela adição sequencial de mais sete resíduos de glicose, cada um derivado de uma UDP-glicose, quando chega em 8 resíduos, o papel de alongar a cadeia e formar o glicogênio é assumido pela glicogênio-sintase. Mutação do gene da glicogenina causa: • Fadiga muscular e fraqueza. • Depleção do glicogênio no fígado. • Batimento cardíaco irregular. IMPORTANTE A glicogênio-sintase é a enzima regulatória da síntese do glicogênio. A glicogênio-fosforilase é a enzima regulatória da degradação. REGULAÇÃO DO METABOLISMO DO GLICOGÊNIO Há duas formas possíveis de regulação das enzimas; elas podem ser reguladas alostericamente, que envolve a participação de cofatores que inibem ou ativam a enzima, ou por ação de hormônio, relacionados a fosforilação ou desfosforilação daquela enzima, o que influencia no seu estado funcional. REGULAÇÃO DA GLICOGÊNIO- FOSFORILASE Ela é responsável por liberar glicose-1-fosfato a partir do glicogênio. MÚSCULO A glicogênio-fosforilase do músculo esquelético existe em duas formas: glicogênio-fosforilase a cataliticamente ativa, e glicogênio-fosforilase b, menos ativa. A glicogênio-fosforilase b predomina no músculo em repouso, mas que durante uma atividade muscular vigorosa a adrenalina desencadeia a fosforilação de um resíduo específico de Ser na glicogênio-fosforilase b, convertendo-a em sua forma mais ativa, a glicogênio- fosforilase a. A partir do texto acima conseguimos concluir que a forma inativadessa enzima é a desfosforilada, e a forma ativa dessa enzima é a fosforilada (isso no músculo). Quem faz a ativação da glicogênio-fosforilase b é a enzima fosforilase-b-cinase, transferindo um resíduo fosforila para o resíduo de Ser da glicogênio-fosforilase b, ativando-a. Essa enzima é ativada por glucagon ou por adrenalina, ou seja, quando a glicose está muito baixa no sangue o glucagon chega no figado e manda o recado, ai a fosforilase-b-cinase é ativada para que possa haver a quebra do glicogênio e a transformação dele em glicose, e que essa glicose vá para o sangue para voltar ao nível normal. Mas como que ocorre a ativação da enzima? Esses dois hormônios, adrenalina e glucagon (no músculo é a adrenalina), chegam nos lugares para mandar o recado, e quando chegam nesses locais, eles ativam a proteína G. 3 Essa proteína G age sobre a adenilato ciclase, ativando-a, fazendo com que ATP seja convertido em AMPc, ou seja, há uma produção de AMPc. Essas moléculas de AMPc ativam a PKA, que fosforila e ativa a fosforilase-b-cinase, que catalisa a fosforilação dos resíduos de Ser na glicogênio- fosforilase. A glicogênio-fosforilase fosforilada pela fosforilase- b-cinase ganha sua forma ativa, agindo sobre o glicogênio, para liberar glicose para o sangue ou para a contração muscular. Se repararmos, o número de moléculas só vai aumentando, isso se dá, pois, concentrações elevadas de AMPc iniciam uma cascata enzimática, na qual um catalisador ativa um segundo catalisador que ativa mais um catalisador, tais cascatas permitem uma grande amplificação do sinal inicial. OBS: O Ca2+, que é o sinal para a contração muscular, se liga à fosforilase-b-cinase, ativando-a, promovendo a conversão da fosforilase b para sua forma ativa a, promovendo a quebra do glicogênio, liberando glicose para a realização da contração muscular, já que ele é o sinal disso e para contrair precisa de energia (glicose). OBS2: O AMP, que se acumula no músculo em contração vigorosa como resultado da degradação do ATP, se liga à fosforilase B e a ativa, acelerando a liberação da glicose-1-fosfato a partir do glicogênio. Quando os níveis de ATP estão adequados, o ATP bloqueia o sítio alostérico ao qual o AMP se liga, causando a inativação da fosforilase. Depois de todo esse processo, o músculo está voltando ao seu estado normal, nesse processo há a ativação da PP1 (também chamada de fosfatase), que vai agir sobre a glicogênio-fosforilase a, só que desfosforilando ela, tornando-a inativa e a degradação do glicogênio para gerar glicose não acontece mais. FÍGADO A glicogênio-fosforilase do fígado é regulada hormonalmente e alostericamente. A forma desfosforilada é totalmente inativa, e a forma fosforilada é ativa. Quando o nível de glicose sanguínea está muito baixo, o glucagon ativa a fosforilase-b-cinase, que, por sua vez, converte a fosforilase b em sua forma ativa a, iniciando a liberação da glicose para o sangue. Quando o nível de glicose está normal de novo, ela muda a conformação da glicogênio-fosforilase a que expõe os resíduos fosforilados de Ser, e a enzima PP1, que catalisa a desfosforilação da fosforilase A, retira os resíduos fosforilados da enzima, causando uma diminuição na sua ação. Então essa glicogênio- fosforilase A pode estar de duas formas, ativa ou pouco ativa. Quando ela está ativa falamos que é a glicogênio- fosforilase A-R (fosforilada), quando está inativa, falamos que é a glicogênio- fosforilase A-T (que é a mesma enzima da outra, só que na presença de glicose, e sem o grupo fosfato, pois a PP1 tirou, ou seja, essa é a desfosforilada). OBS: A PP1 pode ser ativada pela glicose e pela insulina. O que saber no fim? • No musculo, a regulação alostérica é sobre a glicogênio-fosforilase B. • No fígado, a regulação alostérica é sobre a glicogênio-fosforilase A. • Adrenalina e glucagon ativam a PKA. • Glicose e insulina ativam a PP1. PP1 A PP1 quando está livre não consegue exercer a sua ação de desfosforilar a glicogênio-fosforilase A. Então, em presença de glicose ou insulina, ela acaba sendo fosforilada e se torna ativa para parar a quebra do glicogênio. E em presença de glucagon ou adrenalina ela se desfosforilar, tornando a quebra do glicogênio 4 mais acentuada, pois não inibe a glicogênio fosforilase A. GLICOGÊNIO-SINTASE Assim como a glicogênio-fosforilase, a glicogênio- sintase possui uma forma ativa (que é a A) e uma forma inativa (que é a B). Entretanto, a glicogênio-sintase A, que é a ativa encontra-se desfosforilada. Já a glicogênio-sintase B, que é a inativa, encontra-se fosforilada, e essa glicogênio-sintase B é inativa na ausência de glicose, e ativa na presença de glicose, mostrando que a glicose é o seu ativador alostérico. A glicogênio-sintase tem uma capacidade de ser fosforilada por muitos grupos de cinases, no entanto, o mais importante é a GSK3, que fosforila 3 resíduos de Ser da glicogênio-sintase, deixando-a fortemente inativa. Isso consiste em uma etapa de preparação. No fígado, a conversão da glicogênio-sintase b em sua forma ativa é promovida pela PP1, que remove os grupos fosforil dos três resíduos fosforilados pela GSK3, tornando-a glicogênio-sintase a. OBS: A glicose-6-fosfato se liga a um sítio alostérico na glicogênio-sintase b, tornando a enzima um substrato melhor para a desfosforilação pela PP1. RELAÇÃO COM A INSULINA A insulina desencadeia mudanças intracelulares pela ativação de uma proteína-cinase (PKB) que, por sua vez, fosforila e inativa a GSK3. Isso impede a GSK3 de se ligar ao sítio de preparação do substrato verdadeiro, inativando-a, fazendo pender o equilíbrio em favor da desfosforilação da glicogênio-sintase pela PP1(o que deixa ela ativa). A glicogênio-fosforilase ativada inibe PP1 diretamente, impedindo-a de ativar a glicogênio-sintase, ou seja, a síntese do glicogênio para e o que é favorecido é a fosforilação para liberar glicose. A insulina estimula a síntese do glicogênio por ativar a PP1 e inativar a GSK3. PP1 A PP1, pode remover grupos fosforil das três enzimas que são fosforiladas em resposta ao glucagon (no fígado) e à adrenalina (no fígado e no músculo): fosforilase-cinase, glicogênio-fosforilase e glicogênio- sintase. A própria PP1 está sujeita à regulação covalente e alostérica: ela é inativada quando fosforilada pela PKA (que faz a ativação da glicogênio-fosforilase, a qual sua forma ativa é fosforilada, então deve inibir a enzima que desfosforilar, a PP1 no caso, para não prejudicar a ação que está sendo estimulada, que no caso é a de fosforilação do glicogênio) e é ativada alostericamente pela glicose-6-fosfato (uma grande quantidade de glicose-6-fosfato mostra ao corpo que estamos com um suprimento bom de glicose, ou seja, não precisamos fosforilar mais glicogênio pois já tem o suficiente, então a PP1 é ativada, e isso desfosforilar a glicogênio- fosforilase e para a degradação, e fosforila a glicogênio- sintase, deixando ela na sua forma ativa, o que estimula a síntese do glicogênio). Focar nas partes que estudamos desse graficozinho para entender melhor. OBS: A insulina está presente no sangue quando há uma grande quantidade de glicose no sangue, essa insulina ativa a captação de glicose nos tecidos por meio do GLUT4, que só fica na membrana plasmática da célula na alta concentração de glicose. O figado não 5 possui GLUT4, ele tem o GLUT2 que possui uma baixa afinidade pela glicose, ou seja, o figado só capta glicose se ela estiver em uma alta concentração. Além disso, quando a glicose entra no figado, ela já é fosforilada, o que estimula mais ainda a entrada de glicose no hepatócito. No fim de tudo, a insulina estimula a via de síntese de glicogênio e inibe a via de degradação de glicogênio, além disso, estimulaa glicólise.
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