ANÁLISE PSICANALITICA DO FILME CISNE NEGRO

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UNIVERSIDADE PAULISTA
NOME ALUNO
ANÁLISE DO FILME CISNE NEGRO
GOIÂNIA
2019
UNIVERSIDADE PAULISTA
NOME ALUNO
ANÁLISE DO FILME CISNE NEGRO
Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação da disciplina de Teorias e Sistemas Psicológicos, ministrada pela professora NOME
GOIÂNIA
2019
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................1
1. DESENVOLVIMENTO...................................................................................2 
1. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................6
1. REFEÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................7
1. INTRODUÇÃO
Neste trabalho realizaremos uma análise psicanalítica do filme ganhador do Oscar, Cisne Negro. O filme tem como protagonista a bailarina Nina Sayers interpreta por Natalie Portman, a personagem faz parte de uma famosa companhia de dança nova-iorquina. Ela desempenhará o papel principal em uma peça de balé chamada Lago dos Cisnes, obra de Tchaikovsky dirigida por Thomas Leroy, seu mentor. 
Ademais, a personagem é escolhida como protagonista da peça, inicia-se então um conflito em sua mente com Lilly (Mila Kunis), sua companheira de espetáculo, acreditando que esta tomaria seu lugar na apresentação. Essa rivalidade criada pela bailarina principal e seus conflitos internos em relação ao desempenho dos dois papeis da peça, o Cisne Negro e Branco produzem uma vivência dualística. Cria-se um conflito do seu Id com seu Superego, sendo o primeiro representado pelo cisne negro, que carrega a obscuridade e perversão dos instintos pulsionais. Já o cisne branco representa seu superego que vive em busca da idealização materna em ser perfeita e pura. 
Por uma análise psicanalítica, é possível perceber que ocorre castração da mãe em relação a Nina, essa é totalmente dependente e prisioneira de sua superproteção. Ela nega a autonomia da filha impondo tratamentos infantis, controle exacerbado e consequentemente uma repreensão sexual. Esses fatores se expressam na jovem em forma de automutilação, que são acompanhados também por frequentes delírios e alucinações, criando a hipótese de uma possível esquizofrenia. 
Portanto, este trabalho tem por objetivo analisar o filme citado com base na abordagem psicanalítica criada por Sigmund Freud, observando na personagem principal características e padrões explicados por essa teoria. Após uma breve descrição sobre o enredo e suas características, será observada em especifico a última cena do filme. Abordando também sobre o conceito da psicanálise e de como ela é importante para o campo da psicologia.
2. DESENVOLVIMENTO
A psicanálise surgiu por volta de 1890 com Sigmund Freud, essa abordagem tem como papel a investigação do funcionamento da mente humana a partir dos processos psíquicos inconscientes. Logo, ela analisa o indivíduo como um todo, promovendo a consciência de padrões de emoções e comportamentos inconscientes, profundos na interioridade do ser. Diante disso, foi criado por Freud um sistema de personalidade que é composto pelo id, ego e superego. Onde o id representa nossas pulsões, desejos e aspectos instintivos, já o ego é um mecanismo de defesa para controlar os instintos do id. E por último temos o superego, o aspecto moral do indivíduo, produto de valores e padrões recebidos pelos pais e pela sociedade.
De acordo com as teorias propostas por Freud, será analisada a personagem Nina Sayers, ela participa de uma companhia de ballet e foi escolhida para protagonizar a peça “Lago dos Cisnes”. Essa obra retrata a história de um príncipe que se apaixona por uma princesa amaldiçoada a se transformar em um cisne branco, somente o amor de um príncipe podia liberta-la. Entretanto seu amado enfeitiça-se pelo cisne negro, que apesar de enganador se mostra sedutor. E diante de tal acontecimento o cisne branco se suicida.
No início da trama a protagonista tem um sonho onde ela se apresenta magnificamente como o Cisne Branco no espetáculo, esse sonho segundo Freud pode ser uma rica fonte de material emocional significativo, além de conter pistas sobre os desejos reprimidos dela, ‘’Muito provavelmente os sonhos eram resultantes de algum fato da mente inconsciente’’ (SCHULTZ e SCHUTZ, 2019, p.331). Esses desejos reprimidos expressos no sonho podem acorrer em dois níveis: conteúdo manifesto que é apresentado como uma verdadeira história por meio das lembranças que Nina vivia diariamente uma rotina de ensaios e tensão da definição de papéis. Ou por conteúdo latente, que é o sentido simbólico ou oculto, ele revela o verdadeiro significado dos sonhos, demonstra seu desejo reprimido de ser escolhida como protagonista do espetáculo.
Podemos inferir no decorrer do filme como a relação da mãe com a bailarina era projetiva, ela queria realizar seus sonhos por meio da filha, pois também fora bailarina antes e teve de interromper sua carreira pela gestação. Seus cuidados com a filha eram extremos, ajudando-a a se vestir e despir. Esta utilizava uma rotina e linguagem ainda infantis, como o uso de uma caixa musical na hora de dormir, a utilização de palavras positivas e motivadoras, como a expressão ‘’garota doce’’ e ‘’minha Nina’’, algo que causava incomodo na garota. A ligação de Nina com o sexo ainda é infantilizada e imatura, fazendo-a viver os conflitos da passagem da infância submissa e reprimida, para a vida adulta. 
Outrossim, a figura paterna não faz parte da vivencia de Nina, cria-se então uma dependência total da relação mãe e filha. Somente em contato com seu professor Thomas Leroy (Vincent Cassel), ela é provocada a despertar em si seus desejos e pulsões. Essa figura masculina pode ser vinculada à uma relação tardia do Complexo de Édipo que inicia um processo de desvinculação com a mãe.
 A partir dos três níveis de personalidade, Nina vive em constante conflito com seu ego, busca nele retardar os ímpetos agressivos e sexuais do id, tentando perceber e manipular a realidade para avaliar suas tensões e lidar com a busca do superego, alcançar a perfeição de ser a melhor bailarina da companhia. Para isso não mede esforços para essa conquista, ensaiando exaustivamente. Ela apresentava uma ansiedade neurótica diante dos perigos potenciais inerentes a satisfação dos instintos do id utilizando mecanismos de defesa como a negação inconsciente da realidade, evidenciando a teoria psicanalítica. ‘’O ego é, portanto, pressionado em três lados, ameaçado por perigos persistentes do id, da realidade e do superego. Quando o ego se torna gravemente estressado, o resultado inevitável é o desenvolvimento da ansiedade’’ (SCHULTZ E SCHULTZ, 2019 p.342).
Ademais, outro personagem importante dentro do filme é a bailarina Lilly (Mila Kunis), esta era espontânea, sensual e livre, tudo que Nina queria e precisava ser. A falta dessas características na protagonista lhe desencadeia uma paranoia, ela passa a enxergar uma concorrência inexistente com a colega, passando a ter alucinações. A jovem era a perfeita representação do Cisne Branco e Lilly a perfeita representação do Cisne Negro. No entanto, Nina teria de representar os dois papeis, e isso a perturbou de tal maneira que desencadeou nela a revelação do seu verdadeiro id, o lado negro de seus desejos inconscientes.
Durante o filme a personagem desenvolve alucinações que demonstram o início de uma transformação, a mudança que a permitiria ser o Cisne Negro. Sua automutilação cria-se a sensação do surgimento de asas e seus olhos em relance à espelhos ficam negros. Ela estava se transformando verdadeiramente, o que caracteriza uma psicopatologia ou comportamento anormal que segundo Freud é o objeto de estudo da psicanalise. Psicopatologia é o estudo dos estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental, e Nina demonstra por meio do ato falho, ideias inconscientes em busca de expressões que afetam seus pensamentos e suas ações.
A última cena da obra cinematográficaocorre durante a apresentação da peça, a mãe de Nina tenta impedi-la de dançar trancando-a em seu quarto, a bailarina precisa atacar sua mãe para conseguir a fechadura e sair às pressas para o evento. Ao chegar no local Nina começa a se arrumar para o primeiro ato e nesse momento inicia-se uma série de alucinações, ela se visualiza com olhos negros, penas começam a surgir de suas costas e películas entre seus dedos. Após interpretar a cena do Cisne Branco, ela retorna ao camarim para mudança de roupas, nesse momento ela se olha no espelho e vê a imagem de Lily refletida, e em uma luta alucinatória mata sua colega. Após apresentar o ato do Cisne Negro com perfeição, Nina descobre que não havia realmente ferido sua colega, tudo fora fantasiado por ela.
Perceber-se, portanto que, o ato de matar sua rival trouxe à tona seu lado sombrio e obscuro que ela precisava para realizar o segundo papel. Entretanto o golpe aferido por ela, teria sido em si mesma uma vez que somente ela estava em seu caminho. Essas fontes de estimulação inerentes ao corpo de Nina refletiram seus instintos de vida, o impulso para garantir a sobrevivência por meio da satisfação de suas necessidades e morte. Ela vê no Cisne Negro uma força destrutiva direcionada para seu interior da forma de masoquismo, no que se refere na falta de amor por si mesma, ou suicídio, provocado pela alucinação pela dualidade dos papeis. Esse instinto de morte exterior, revelou-se com agressão e ódio. ‘’Para Freud a agressão era um motivador tão forte quanto o sexo para o comportamento humano’’ (SHULTZ E SCHULTZ, 2019 p.340).
Outrossim, a dançarina entra para o ato final representando o Cisne Branco que se suicida durante a cena, uma morte ao amor idealizado. No momento em que a atriz se joga do palanque e cai, todos vão ao seu redor para ovaciona-la percebem que ela está ferida. Essa ferida carrega um simbolismo, onde apesar dela estar representando o Cisne Branco ela não é mais pura como antes, ou a garota ingênua e infantilizada. 
Sua morte simbólica no final demonstra que finalmente ela chegou a “perfeição” que tanto buscava, tanto que quando questionada por seu professor o que tinha acontecido ela mesmo diz “Eu fui perfeita”. Mostrando como a idealização de sua morte, não fez mais necessário uma projeção de si, pois há uma integração da sombra obscura na personalidade e consciência completa do que ela se tornou.
3. CONCLUSÃO
 Ao encerrarmos o desenvolvimento deste trabalho, ainda que analisando de forma superficial, podemos alegar um imenso aprendizado ao relacionarmos um filme à teoria da psicanálise de Sigmund Freud e mencionar algumas de suas contribuições no campo da Psicologia. O teórico, no seu método psicanalítico afirma a psicanálise como uma terapia, método de trabalho que só era pertinente a medicina. Propondo formas de estabelecer a classificação das doenças pouco conhecidas, como a histeria, neurastenia e melancolia, para ambas, recomendava um tratamento psíquico por meio de uma conversa terapêutica se opondo aos métodos físicos. Assim a psicoterapia passou-se a diferenciar das outras formas de tratamento vigentes na época.
 A primeira modalidade psicoterapêutica criada por Freud foi a hipnose, com a insatisfação da mesma, criou a psicanalise tornando-a segundo ele a ‘’única’’ forma terapêutica. Propunha-se alcançar o inconsciente e seus conteúdos recalcados que motivam o comportamento humano, principal contribuição para o estudo do desenvolvimento humano na Psicologia. Propôs a existência de um impulso sexual instintivo, chamado de libido, mecanismos de defesas como a agressão, negação e projeção. Para a teoria da personalidade, contribuiu a explicando em três partes: ego, superego e id. E percebendo que os sonhos dos pacientes poderia ser uma rica fonte de material emocional, criou uma análise dos sonhos, técnica psicoterapêutica que envolve a interpretação dos sonhos para revelar os conflitos inconscientes.
 Portando, as teorias de Freud tiveram tremendo impacto na psicologia acadêmica americana e na cultura popular, este argumentava que seu trabalho era cientifico e que muitas provas justificavam suas conclusões, mesmo sofrendo inúmeras críticas. Por fim a Psicologia foi incorporando os conceitos da psicanalise, percebendo a importância do inconsciente, das experiências vivenciadas na infância e das operações dos mecanismos de defesas. Todas passaram a fazer parte da Psicologia e se aplicam nela na contemporaneidade.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SCHULTZ, D. P. & SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. 11ª ed. São Paulo: Editora CENGAGE, 2019.
BONATO, Helena. Ballet clássico: conheça o fascinante “O Lago dos Cisnes”. Disponível em: http://blog.mundodanca.com.br/2016/06/23/ballet-classico-conheca-o-fascinante-o-lago-dos-cisnes/. Acesso em 23 de Setembro, 2019.