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Análise De Desenhos Infantis

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2
UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE PSICOLOGIA
NOME
ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS
Análise De Desenhos Infantis
Goiânia 
2020
UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE PSICOLOGIA
NOME
ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS
Análise De Desenhos Infantis
Trabalho apresentado como requisito de avaliação da disciplina de Psicologia Construtivista, ministrada pela professora NOME
Goiânia 
2020
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	4
2.	DESENVOLVIMENTO	6
3.	ANÁLISES E DISCUSSÕES	9
3.1.	SUJEITO A	9
3.2.	SUJEITO B	11
3.3.	SUJEITO C	13
3.4.	SUJEITO D	16
3.5.	SUJEITO E	19
3.6.	SUJEITO F	22
3.7.	SUJEITO G	24
3.8.	SUJEITO H	27
3.9.	SUJEITO I	30
4.	CONSIDERAÇÕES FINAIS	34
5.	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	35
1. INTRODUÇÃO
Face à imensa utilização do emprego de testes baseados em desenhos na psicologia atualmente, é relevante a esse profissional, psicólogo, conhecer ao menos de maneira superficial estudos tão complexos que podem nortear e trazer inúmeras contribuições para a realização de seu trabalho. Contudo, é uma pequena amostra dessa possibilidade de análises de desenhos, especificamente no período da infância, que pretendemos apresentar no desenvolvimento deste trabalho.
1. “O primeiro trabalho digno de menção, sobre o desenho como fenômeno expressivo foi realizado por Ricci, em Bolonha, em 1887. Estudou vários estágios da evolução do desenho da figura humana, realizado por crianças, mas concentrou-se nos aspectos estéticos e na evolução da cor e suas relações com a arte primitiva”. (CAMPOS, Dinah Martins de Souza. 2014).
Diante isso, percebe-se, que muitos estudiosos aperfeiçoaram técnicas para serem empregadas como instrumentos de avaliações psicológicas. Um destes pesquisadores terá destaque especial neste texto, demonstrando análises das etapas do desenvolvimento cognitivo do ser humano, Jean Willian Fritz Piaget (1896-1980). Ele foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX.
De acordo com Piaget, a partir do estudo da aquisição de conhecimentos das crianças podemos melhor entender o conhecimento humano, percebeu-se que o desenho infantil é de grande importância para compreender o sujeito em suas particularidades. A criança desenha menos o que vê e mais o que sabe, elabora conceitualmente objetos e eventos, o desenho corresponde a sua primeira escrita. Para ele, "(...) o desenho é precedido pela garatuja, fase inicial do grafismo. Semelhantemente ao brincar, se caracteriza inicialmente pelo exercício da ação. O desenho passa a ser conceituado como tal a partir do reconhecimento pela criança de um objeto no traçado que realizou. Nessa fase inicial, predomina no desenho a assimilação, isto é, o objeto é modificado em função da significação que lhe é atribuída, de forma semelhante ao que ocorre com o brinquedo simbólico". (PIAGET,1973, p. 52).
O psicólogo divide o período da infância em quatro fases de desenvolvimento cognitivo sendo eles: sensório motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal. Piaget efetivou a representação gráfica, tema dessa pesquisa, como colaboradora para o desenvolvimento infantil, que surge no final da primeira fase, sensório motora. A garatuja, primeiro estágio, onde a criança demonstra extremo prazer em desenhar, indo assim até parte da fase pré-operacional. Já no pré-esquemismo, segundo estágio, dentro da fase pré-operatória, também aparecem em três fases, a criança descobre a relação entre desenho, pensamento e realidade. O terceiro estágio, esquematismo, já se tem um conceito definido da figura humana, existem a descoberta em relação cor-objeto, expressões de experiências emocionais quanto ao uso das cores. No realismo, quarto estágio, o desenho expressa maior rigidez e formalismo. Existe uma maior consciência do sexo e autocrítica pronunciada. Ademais, no quinto e último estágio, Pseudo naturalismo, entramos na fase das operações abstratas, onde a arte deixa de ser espontânea e inicia-se a expressão da subjetividade.
Dentro da proposta de analisar os desenhos infantis podemos destacar também o filósofo francês Georges Henri Luquet (1876-1965), ele foi um dos primeiros estudiosos falar sobre o desenho da criança do ponto de vista de sua evolução cognitiva, procurando compreender o que e como a criança desenha. Para ele os processos de desenvolvimento da criança passam pelos estágios de realismo fortuito, realismo falhado, realismo intelectual e realismo visual.
Além do ponto de vista desses dois teóricos apresentados, iremos correlacionar também com as pesquisas de Viktor Lowenfeld (1903-1960), ele comenta que pela observação do desenho da criança podemos obter dados sobre seu desenvolvimento geral, sendo possível levantar hipóteses de comportamento afetivo emocional, perceptivo e motor. As fases para ele são definidas em apenas quatro: o estágio das garatujas, o pré- esquemático, o esquemático e encerra com o realismo. Para tentarmos entender universo infantil, é necessário compreender seu contexto, um desenho isolado do contexto em que foi elaborado não faz sentido.
Certamente, que a cada desenho que observarmos adiante haverá consolidação do conteúdo presente no mesmo de forma mais efetiva. Diante disso, primeiramente será apresentado as características de cada fase dos estágios de desenvolvimento do grafismo (Luquet e Lowenfeld), com a relação aos estágios do desenvolvimento cognitivo (Piaget). 
Após a explicação teórica sobre os conceitos utilizados para confecção deste trabalho, iremos apresentar desenhos feitos por crianças, juntamente com uma análise concisa e descritiva sobre eles, livre de pré-julgamentos, a partir de hipótese levantadas. Por fim realizaremos as considerações finais, retomando as ideias apresentadas no trabalho, descrevendo a importância dessa pesquisa no nosso aprendizado acadêmico. 
2. DESENVOLVIMENTO
Ao falarmos sobre o desenvolvimento da inteligência humana, é importante evidenciar os trabalhos de Jean Piaget, ele estudou como o conhecimento se desenvolvia nas crianças para assim entender melhor o conhecimento humano. Ele formulou a teoria cógnita partindo do pressuposto que o conhecimento evoluí progressivamente por meio de estruturas de raciocínio que substituem umas às outras por meio de estágios (PIAGET, 2003).
Diante disso, cada estágio é caracterizado de uma forma especifica, sendo eles o Sensório Motor, Pré-Operatório, Operatório Concreto e Operatório Formal. Segundo Piaget, essas fases são de transição, elas ocorrem de forma progressiva, onde não se retorna ou abandona a anterior, acumula-se seus conhecimentos.
Inicialmente temos o estágio Sensório Motor que vai aproximadamente dos 0 a 2 anos, nela a criança inicia sua aquisição do conhecimento conforme o passar dos anos. Aqui inicia-se a criação de esquemas sensórios motor na diferenciação eu-mundo, o indivíduo começa a reconhecer objetos, tempo, espaço através da aquisição da coordenação motora. Ainda muito egocêntrico, e com reflexos neurológicos básicos que vão evoluindo para uma segunda abertura da inteligência. Após os 2 anos até por volta dos 7 anos, a criança segue a fase Pré-Operatória, ela melhora seus movimentos e pensamentos. Começa a fazer representações através da função simbólica e sofistica sua aquisição verbal e nomeação do mundo, fase características das fantasias, animismo, através do pensamento intuitivo. Aqui a criança ainda é muito egocêntrica e coloca suas necessidades em primeiro lugar, sem enxergar o outro.
Seguindo as fases, dos 8 aos 12 anos aproximadamente temos o Operatório Concreto. Aqui a criança começa a lidar com conceitos abstratos como números, cria uma lógica interna e habilidades de solucionar problemas. Ocorre a passagem do pensamento intuitivo para a lógica do concreto, ela cria capacidade de entender a reversibilidade e desenvolve noção de espeço, tempo, ordem a partir de vários aspectos, não somente o do imediato. Outra mudança é o declínio do egocentrismo, aqui o jovem entende sentimentos de mutualidade, justiça e cooperação, consegue enxergaro outro. Por último, temos a fase Operatório Formal que segue dos 12 anos em diante, aqui a criança desenvolve o raciocínio lógico e sistemático, suas deduções lógicas podem ser feitas sem a necessidade de objetos concretos. Nesse momento as estruturas cognitivas alcançam o nível mais elevado de desenvolvimento. O pensamento hipotético dedutivo possibilita a criação de esquemas de lógica e proporções, sendo uma transição importante para o modo adulto.
Além das fases de desenvolvimento cognitivas piagetianas, temos as fases de desenvolvimento do grafismo infantil pela perspectiva de Luquet e Lowenfeld, é necessário ver o desenho não apenas vê-lo como um ato criativo e espontâneo, mas com possibilidade de representação simbólica da realidade. Viktor Lowenfeld (1903-1960) realizou vários estudos sobre o grafismo infantil, suas pesquisas evidenciaram uma transformação no grafismo infantil que inicia na infância e vai até a adolescência, percorrendo fases de desenvolvimento. Sendo elas: Garatujas (2 aos 4 anos); Pré-Esquemática (4 aos 7 anos); Esquemática (7 aos 9 anos); Realismo (9 aos 12 anos).
 Para Lowenfeld a capacidade de criar símbolo das crianças não possui um início e fim determinado, sendo um processo contínuo que se inicia por volta dos dois anos, essa primeira fase chamada de Garatuja estende-se até os 4 anos. Nela a criança realiza rabiscos desordenados ao acaso, o controle do traçado somente é percebido com o tempo. Pouco a pouco ocorre a evolução gradativa dos riscos á formas. Podendo ter 4 diferentes variações, a Desordenadas são rabiscos que não respeitam o limite do papel, saem da folha; na Controladas realiza riscos que não saem mais da folha, respeita os limites do papel; já na Nomeadas a criança começa a tirar o lápis do papel dando nome aos riscos que faz; e por último as Diagramadas, nela os traços e linhas se interligam formando uma espécie de mosaico.
Seguindo temos o estágio Pré-Esquemático, que vai doas 4 aos 7 anos, aqui a criança realiza suas primeiras tentativas de desenhar o real, possui alguma consciência das formas, mesmo que ainda pareçam de forma desordenadas e com variações consideráveis de tamanho.  Inicia-se a representação da figura humana e os elementos são desenhados sem a presença da linha de chão. Adiante, temos a fase Esquemática que vai dos 7 aos 9 anos, nela a criança já desenvolve o conceito da forma humana e seus desenhos simbolizam o que aparece no meio de forma descritiva. É o momento característico dos objetos do chão e objetos no céu, a utilização de desenhos em plano deitado e dos raios-X (transparentes). 
Por conseguinte, temos o último estágio do Realismo que compreende os 9 aos 12 anos, aqui ela se preocupa com a perspectiva, profundidade, sobreposição e detalhes. Além disso ocorre a ação de operações mais abstratas e sem espontaneidade, abandonando a transparência dos desenhos. Ela cria autocritica e consciência de si e do ambiente, passa a se preocupar mais com a aparência de seus desenhos, se antes os fazia livremente e mostrava, agora prefere ocultar das observações dos adultos. 
Ademais, o trabalho realizado por Georges Henri Luquet também é de grande importância ao se estudar o grafismo infantil. O filósofo compreende o desenho como uma forma de representar a realidade, uma imitação do real. Para ele o “Realismo” é a palavra chave em sua teoria, essa se divide em quatro etapas, onde o desenho desenvolve um certo realismo na mesma proporção em que a criança avança de idade. A primeira etapa compreende o Realismo Fortuito que vai dos 2 a 3 anos, aqui ocorre analogia entre o traço e objeto, ao acaso. Ele divide-se em involuntário e voluntário, o primeiro ocorre sem consciência e significado, mas ao adquirir coordenação motora percebe-se a semelhança dos traços e já é possível inferir algum significado.
Por seguinte, temos a fase do Realismo Mal Sucedido que vai dos 3 a 4 anos, a criança aqui aprende a representar objetos com fracassos e sucessos, os objetos podem ser feitos de maneira exagerada e sem coerência. Ocorre o início da representação da figura humana, podem ser badamecogirino, onde os braços e pernas saem da cabeça ou badameco onde os braços e pernas saem do corpo. Já durante os 4 a 8 anos temos o Realismo Intelectual, aqui a criança desenha o que sabe e não o que vê. Ela desenha objetos que segue o plano deitado e transparência, outra característica é o uso de legenda para nomear o desenho. Por último temos o Realismo Visual que se estende dos 9 a 12 anos, a criança desenha o que vê e não mais o que sabe. Nesse momento os desenhos abandonam a transparência e a criança diminui sua produção artística, a criança começa realmente entender o real e acaba perdendo espontaneidade ao desenhar.
Diante disso, percebe-se que, tanto a teoria piagetiana quanto as fases de desenvolvimento do grafismo, se relacionam ao configurar afirmações sobre o desenho infantil. A partir do desenvolvimento da capacidade de representação simbólica as crianças podem promover o desenho e escrita, o símbolo é a sua primeira forma de comunicação e deve ser considerado. Através do estudo teórico descrito será possível realizar análises sobre desenhos infantis, será apresentado desenhos de 9 diferentes sujeitos, sendo duas gravuras por criança. Sendo um desenho sobre a família e um desenho livre, o desenho familiar analisa a percepção que a criança tem da sua família, assim como o lugar ocupado por ela.
3. ANÁLISES E DISCUSSÕES
3.1. SUJEITO A
3.1.1. Desenho da Familia
Imagem 1 - Desenho da família Sujeito A
Relato da criança:
Sujeito: “Aqui sou eu, a mamãe, o papai, meu irmão, e meu outro irmão”.
Parou, viu que tinham outros traçados e continuou...
“Aqui é a vovó e o vovô. Eles moram em outra casa, mas é da família, né?!” (parecendo pedir confirmação). 
“A gente tá na casa da titia, na piscina. 
A vovó me ensina a nadar...
O vovô faz churrasco. 
A gente tá brincando.
Minha tia é legal, eu gosto de ir na casa dela. ” 
Psicóloga: Como você estava se sentindo neste dia?
Sujeito: “Bom, foi legal. ”
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isto mesmo”.
3.1.2. Desenho Livre
Imagem 2 - Desenho livre Sujeito A
Relato da criança:
Sujeito: “ Aqui é a praia. Tem castelo de areia. Tem picolé. A gente está andando de banana (se referindo a banana boat, uma embarcação para passeio no mar).
				4
Foi muito legal.
Aqui (apontando para um traçado), eu comprei um chapéu. Ficou bonito, a mamãe até tirou foto”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isto mesmo”.
Observações:
A criança pensou bastante antes de começar a falar do desenho.
Nos desenhos e relato desta criança, observam-se características das fases de desenvolvimento cognitivo sensório-motor e pré-operacional, descritas por Piaget. A primeira, de zero a dois anos de idade, é vista a descoberta do corpo pela criança, o reconhecimento de objetos, tempo e espaço, diferenciação do eu com o mundo, compreensão sobre objetos que a rodeiam dentre outras características. Já a segunda vai dois a oito anos de idade, ela apresenta características como ainda a falta do uso lógico, a fantasia, aquisição da linguagem, capacidade de substituir um objeto ou acontecimento por uma representação, dentre outros.
No primeiro desenho, da família, percebe-se a partir da teoria de Lowenfeld sobre as fases do desenvolvimento infantil, que a criança se encontra no Estágio das Garatujas, ela não tem a intenção de transmitir algo a alguém, pois nesta fase a produção artística nada tem a ver com desenho; fazem parte do desenvolvimento das capacidades sensoriais motoras. A partir da concepção de Luquet, no desenho livre, a criança se enquadraria no Realismo Fortuito, as produções são motivadas pelo prazer em reproduzir gestos em função da de atividade motora adquirida, explora e experimenta os movimentos de seu corpo e o espaço.
Sendo assim, a criança possui fortes traços do estágio sensório-motor e inicio do pré-operacionala figura humana será inexistente ou pode aparecer de maneira imaginária nos desenhos. A criança faz rabiscos desordenados, a evolução gradativa vai dos rabiscos ás formas controladas, característica da Garatuja e ela desenha linhas, descritas nos estágios do Realismo Fortuito segundo Luquet.
3.2. SUJEITO B
3.2.1. Desenho da família
Imagem 3 - Desenho da família Sujeito B
Relato da criança:
Sujeito: “Aqui sou eu, minha mãe, meu pai e meu irmão” (apontando para os traçados).
“Nós estamos brincando de balança caxão– minha mãe me pega assim ó (mostrando com as mãos) e meu pai pega no pé – eles me balançam e a gente canta assim:
Balança caxão, balança você, dá um tapa na bunda e vai se econdê
(cantando).
Aí meu irmão bate na minha bunda e a gente coe pra econdê do papai e da mamãe.
Eu gosto de brincar de balança caxão, é legal ... o papai nunca me acha
(risos)”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isso”.
Observações:
Na palavra caxão, lê-se caixão, na palavra econdê, lê-se esconder, na palavra coe, lê-se corre.
A criança demonstrou muita satisfação ao desenhar e ao falar sobre o desenho. Contou a história com muitos gestos e expressões, parecendo estar se divertindo. 
3.2.2. Desenho Livre
Imagem 4 - Desenho livre Sujeito B
Relato da criança:
Sujeito: “Este foi o dia que eu estava andando de bicicleta. Aqui é a bicicleta (apontando para traçado amarelo), não, não, é aqui a bicicleta, eu tinha esquecido (apontando para o traçado preto).
Psicóloga: Quem está neste desenho?
Sujeito: “Eu, meu pai, minha mãe e meu irmão.
Meu irmão me empurrou, minha mãe bigou com ele, quase que eu cai. Meu irmão chutou a bola e meu pai tava no gol – foi legal”.
Psicóloga: Como você estava se sentindo neste dia?
Sujeito: “Foi muito legal, mas eu fiquei com frio, porque choveu, aí a gente foi embora”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isto mesmo”.
Observações:
Na palavra bigou, lê-se brigou, na palavra tava, lê-se estava.
A criança demonstrou sentimentos ao falar sobre o desenho. Começou falando com entusiasmo, depois demonstrou certa tristeza ao falar do empurrão do irmão.
Nos desenhos e relatos desta criança, há características da fase Pré-Operatório do desenvolvimento cognitivo segundo Piaget. A possibilidade de falar habilita um esquema mental diferente, no qual a função simbólica é primordial. A criança utiliza símbolos para representar os objetos, os lugares e as pessoas. Ela entende que as palavras são usadas para designar as coisas que estão ao redor. Pouco a pouco, a criança adquire a capacidade de se colocar no lugar dos outros. As encenações permitem assumir o papel de outras pessoas que ela conhece. 
O desenho da família traz o conceito do Estágio Pré-esquemático de Lownfeld, a criança adquire consciência da forma e começa a fazer tentativas de representar o real de maneira desordenada e desproporcional. No segundo desenho, o livre, apresenta conceitos do Realismo Falhado de Luquet, a criança desenha objetos sem ter relação entre eles, ou seja, os desenhos são independentes. 
Portanto, é de se notar nos desenhos que a criança desenvolveu o conceito de forma e simboliza o que pertence ao seu meio, de maneira descritiva, característica do Estágio Esquemático. Ela se preocupa em representar cada objeto de forma diferenciada, não integra o que se desenha num conjunto coerente, podendo exagerar ou omitir parte, característica do Estágio do Realismo Falhado.
3.3. SUJEITO C
3.3.1. Desenho da família
Imagem 5 - Desenho da família Sujeito C
Relato da criança:
Sujeito: “É a minha família.
Eu, o papai, meu irmão, e a mamãe. A gente tá esperando o ônibus.
A gente adora andar de ônibus. O papai me carrega no colo.
Eu levei minha boneca, ela gosta de passear, mas ela ficou cansada, aí eu guardei ela na mochila.
A gente tava indo pra viajar, lá longe.
Mas eu fiquei cansada e dormi no colo do papai. Foi legal.
Eu gosto de viajar, mas fico cansada”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não.
3.3.2. Desenho Livre
Imagem 6 - Desenho livre Sujeito C
Relato da criança:
Sujeito: “ É a gente de novo (referindo-se a família).
A gente tá brincando. Eu levei minhas bonecas, aqui elas (mostrando as 2 figuras menores).
Agente foi no play (referindo-se a área de recreação), lá é legal.
Minha mãe brincou comigo, eu corri bastante e fiquei suada, mas foi legal. Eu gosto de brincar.
Mas minhas bonecas só queriam colo, aí eu fiquei cansada, elas são pesadas.
Psicóloga: Como você estava se sentindo neste dia?
Sujeito: “Eu corri muito, e fiquei cansada”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho:
Sujeito: “Não, já falei”.
Nos desenhos e relato desta criança, observam-se características das fases estágio pré-esquemático, descritas por Piaget. Está fase faz parte da segunda metade da fase pré-operatória, podendo ir até por volta dos sete anos de idade, quando então a criança começa a ter uma relação direta entre o desenho e a realidade. No desenho, da família, percebe-se que a figura humana é representada na forma de badamecos. Segundo Piaget, também nessa fase a criança inicia a representação da figura humana, que passa por estágios: inicialmente são representados os “bonecos-girinos ou badamecos girinos”, com cabeça, pernas e braços sem tronco e, em seguida, os “bonecos ou badamecos” (PIAGET; INHELDER, 1966. p. 51). 
Segundo a teoria de Lowenfeld, a criança encontra-se na fase Pré-esquemático, momento em que adquire consciência da forma e começa a melhorar os seus desenhos, porém ela irá representar de uma maneira desorganizada e desproporcional, o que é um espelho de como ela pensa e vê o mundo.
Já para Luquet essa criança estaria na fase do realismo falhado, quando a criança chega ao desenho propriamente dito, tenta ser realista, mas a sua intenção encontra obstáculos gráficos e psíquicos, que dificultam a sua manifestação. Nota-se que os elementos dos desenhos estão sem coordenação, a figura humana é representada com cabeça-pés, os traçados carecem de proporção, e vemos grandes cabeças sobre extremidades pequenas, ou vice-versa.
3.4. SUJEITO D 
3.4.1. Desenho da família
Imagem 7 - Desenho da família Sujeito D
Relato da criança:
Sujeito: “Mais um dia normal da família.
Pai, irmã 1, mãe, irmã 2 e eu (com fone de ouvido).
A família está curtindo o dia do lado de fora – a irmã e o papai estão jogando bola.
A outra irmã e a mamãe estão conversando. A irmã está com um livro. E eu estou dentro de casa, cantando e dançando (não quis sair)”.
Psicóloga: Como você descreve esta família?
Sujeito: Feliz. A gente é bem unido, dá muita risada, tem muitas brincadeiras e muito Amor.
Psicóloga: O que você mais gosta na sua família?
Sujeito: As risadas, a gente se diverte muito. Eu não queria que mudasse nada. Eu sou muito sortuda. Adoro minha família.
E é mais maravilhoso porque eles me deixam cantar e dançar.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isto mesmo”.
3.4.2. Desenho Livre
Imagem 8 - Desenho livre Sujeito D
Relato da criança:
Sujeito: “Me inspirei na estória da séria A Garota conhece o mundo.
Um episódio onde o pai de uma das personagens está dando aula (ele é professor), e está revoltado com o fato da tecnologia estar afastando as pessoas.
Aí ele recolhe os celulares dos alunos e manda todos para a biblioteca para fazerem pesquisa a moda antiga.
Uma aluna tem dificuldades financeiras.
Um colega estava lendo um livro pra ela e achou que ela estivesse anotando...mas ela estava fazendo um desenho de uma cidade.
Na hora da apresentação da escola, o colega mostrou o desenho dizendo que o tinha guardado no mesmo lugar que guardaria o celular.
É um episódio lindo”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isto”
Observações:
Enquanto desenhava, a menina falou de sua paixão, que descreve como
“Amorverdadeiro” por um cantor famoso.
A menina dobrou todo o desenho para explicar como foi feito no seriado citado.
Enquanto falava do desenho, a menina se emocionou (enchendo os olhos de lágrimas).
Na observação deste primeiro desenho, existe a possibilidade de interação com a realidade da criança quando esta relata apenas mais num dia normal, ou seja, generaliza este universo que descreve sua vivência em família por meio simbólico. Nele a criança está dentro de casa, separada do restante da família, por opção dela, e os outros estão se divertindo de várias maneiras fora da casa, mesmo sem a presença dela, o que fez questão de enfatizar acrescentando um diálogo ao desenho. Poder-se-ia teorizar Piaget nesta característica de consciência visual, demonstrando que a criança está acentuando a expressão de seu cotidiano de forma subjetiva utilizando-se do eu represento e você vê.
Talvez apresente experiências emocionais do sentimento de estar dentro de casa sozinha, algo que costuma acontecer nessa idade, e todos os outros juntos. Ao mesmo tempo denunciando e expressando que também não sente a falta do que está acontecendo do lado de fora e que está muito bem acompanhada por recursos tecnológicos que não a deixa se sentir sozinha. A colocação da música “Who would you thing that love”, “quem pensaria nesse amor”, insere a informação de que ela está bem assim ou quer transmitir essa mensagem, especialmente à sua família.
No segundo desenho, já é possível observar o fim da espontaneidade. A criança relata que está reproduzindo algo que já vira em uma série de tv. Não deixando de ser inserida na estória com expressões de indignação contra a rigidez tradicional que possivelmente pode presenciar dentro de sua própria casa. A maturidade manifestada no desenho parece de outra criança em relação ao desenho da família. Entretanto, continua o ensejo de expressar uma mensagem subjetiva onde recursos tecnológicos suprem o que não é dispensado pelo outro e que isto não importa muito. Deixa clara a expressão “Maktub”, que significa “tinha que acontecer” e revela a visão de um céu cheio de estrelas mediante toda a denúncia dessa falta de afeto.
Neste pode ser averiguado o espaço com apresentação de profundidade, riqueza de detalhes, proporções e utilização das cores. Quando relata que no episódio guardaria o desenho no mesmo lugar que o celular, manifesta indignação pelas imposições e que sempre substituiria o que fora imposto pelo que realmente valoriza.
Sendo assim, a criança no período pseudo-naturalismo está quase sempre simulando suas emoções ou transmitindo mensagens por meio dos aspectos simbólicos. No primeiro desenho pôde-se ver uma representação realista e objetiva e no segundo, uma representação subjetiva de seus sentimentos. No entanto, é necessário atenção, pesquisa e investigação do universo ao qual a criança está inserida para distinguir no contexto acontecimentos próximos e circunstâncias similares a experiências já vividas.
3.5. SUJEITO E
3.5.1. Desenho da família
Imagem 9 - Desenho da família Sujeito E
Relato da criança:
Sujeito: “A gente tá no Vaca Brava tomando água de coco. A gente gosta de ir lá. Só que agora não pode, né? (referindo-se ao distanciamento social por conta da pandemia e corona vírus).
Mas antes podia, e depois vai poder de novo. Aqui (apontando para o desenho) tá calor.
É meu pai, eu, minha mãe e minha irmãzinha (vixi, ela ficou feia aqui, mas ela é bonita de verdade). Eu gosto da minha irmã.
A gente foi pra lá de carro – não, não... a gente foi de bicicleta.
Eu gosto de andar de bicicleta, mas eu ainda não sei andar sem rodinha, tenho medo.
Minha prima ri de mim, aí eu fico triste.
Mas meu pai disse que eu vou aprender, ele vai me ensinar, mas agora não tem jeito, porque a gente não pode sair, e a quadra do condomínio tá fechada.
Minha prima é legal, mas ela gosta de rir de mim, e eu nem dou risada dela...mas meu primo não ri, e ele “dana” com ela.
Ele (o primo) é mais legal que ela. Mas eu gosto de brincar com eles”.
Psicóloga: Você gostaria de falar mais alguma coisa sobre este desenho? Sujeito: Eu amo a minha família!
Observações:
A criança demonstrou sentimentos ao falar sobre o desenho. Começou falando com alegria, depois demonstrou certa tristeza ao falar da prima.
3.5.2. Desenho Livre
Imagem 10 - Desenho livre Sujeito E
Relato da criança:
Sujeito: “É um castelo. É a princesa e o príncipe – eles se casaram. Eles são tão apaixonados (sorrindo).
O castelo é lindo e muito grande. Ele fica numa linda floresta. É um lugar bonito e calmo. Eles gostam de lá.
A princesa cuida do príncipe, e ele protege ela.... Ela quer ter um bebê. Acho que vai ser lindo.
Ela adora bebês. Eles são tão fofos...
Eles têm muitos empregados, mas eles são bonzinhos, e o povo gosta muito deles.
O rei e a rainha morreram - eles eram velhinhos, agora o príncipe e a princesa vão tomar conta do reino. Eles são bem legais. As pessoas vão ficar bem felizes com eles”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, só isso”.
Nos desenhos e relatos desta criança, observa-se que a criança se encontra no Estágio Operatório Concreto, e seu grafismo é compatível com a fase do esquematismo descrito por Piaget, uma vez que demonstra possuir em seu grafismo maior noção de tempo, espaço, ordem e casualidade, conseguindo relacionar diferentes aspectos, e elaborar um desenho mais descritivo, representativo e organizado. 
No desenho da família percebe-se na figura humana a junção de formas geométricas, a tentativa de aproximação de proporções, e o uso da linha de base. A mesma característica também se vê no desenho livre. Segundo Luquet, o realismo intelectual é a fase de maior expressão de criatividade do desenho infantil e deve ser preservado pelo adulto em relação a sua psicogênese. O plano deitado consiste em representar o objeto projetado no solo, no plano, como se fosse visto por cima, do alto e não de lado, e o rebatimento consiste em rebater as laterais dos suportes dos objetos desenhados: perna de animais, pés de móveis, roda de carros. Esse tipo de procedimento é utilizado em objetos vistos do alto, em plano deitado, pois desse ponto de vista os suportes estão encobertos pelo corpo e, para a criança, não há outra forma de representá-lo.
Para Lowenfeld, está criança encontra-se no Estágio Esquemático, que começa por volta dos 7 anos e pode estender até os 9 anos, nesse período, a criança desenvolve o conceito da forma e seus desenhos simbolizam o que pertence ao seu meio, de maneira descritiva. [...] é neste período que aparece uma interessante característica dos desenhos infantis: a criança dispõe os objetos que está retratando numa linha reta, em toda a largura da margem inferior da folha de papel. (LOWENFELD, 1977, p.55)
3.6. SUJEITO F
3.6.1. Desenho da família
Imagem 11 - Desenho da família Sujeito F
Relato da criança:
Sujeito: “É a minha família.
Eu, minha avó, meu avô, minha mãe.
A gente tá jantando. Minha avó fez cachorro quente. Hummmm... eu adoro cachorro quente.
Minha vó é muito legal, ela faz um monte de coisas gostosas pra mim. Minha mãe também é legal, mas ela não faz cachorro quente.
Meu vô não gosta muito, mas ele come, mas não coloca cat chup, ele fala que é ruim, mas é bom.
Eu só posso comer um pouquinho, minha mãe não deixa eu colocar muito (se referindo ao cat chup).”
Psicóloga: Você gostaria de falar mais alguma coisa sobre este desenho? Sujeito: “Eu adoro cachorro quente! Só isto”.
3.6.2. Desenho Livre
Imagem 12 - Desenho livre Sujeito F
Relato da criança:
Sujeito: “ Aqui é a minha brinquedoteca. Tem muito brinquedo lá.
Aqui é o meu carrinho (desenho X), aqui é meu urso de pelúcia (desenho y).
O urso tá sujo coitado.
Aqui é o avião (desenho Z), ele não voa de verdade, mas parece que voa.
Eu gosto de viajar de avião. Mas outro dia fiquei com medo, porque o avião balançou.
Mas meu pai disse que não tinha problema, ele pegou na minha mão e a gente rezou, e o Vento parou de balançar o avião.
O papai do céu ajudou a gente. Ele sempreajuda, mas as vezes Ele fica triste, quando eu fico deselegante – depois eu fico elegante de novo e Ele fica feliz”.
Psicóloga: O que significa ficar deselegante?
Sujeito: “É quando eu desobedeço a mamãe, quando demoro pra comer, ou não como tudo. Aí ela fica triste, porque ela tem que ir pro trabalho, e me deixar na escola, mas agora não, a gente tá fazendo tudo em casa...Eu tô de parabéns agora, tô elegante”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isto mesmo”.
Observando os grafismos desta criança, juntamente com o relato que a mesma fez do seu próprio desenho podemos dizer que ela se encontra no estágio pré-esquemático, descritas por Piaget, tendo como caracterizas a “incapacidade sintética” apresenta vários elementos sobrepostos, na qual ocorre busca pela reprodução de formas sem coordenação precisa. Esta fase é subdividida em duas subfases: a do girino e a dos badamecos. A subfase do girino caracteriza-se pela representação da figura humana com uma grande cabeça de onde saem os braços e pernas; enquanto na subfase dos badamecos os desenhos da figura humana avançam por mostrarem o tronco, que pode ser composto por um traço reto de onde saem pernas e braço ou podem possuir formas circulares.
Já para o teórico Lowenfeld, a criança encontra-se na fase Pré-esquemático, momento em que adquire consciência da forma e começa a melhorar os seus desenhos, porém ela irá representar de uma maneira desorganizada e desproporcional, o que é um espelho de como ela pensa e vê o mundo.
E segundo Luquet essa criança estaria na fase do realismo falhado, quando a criança chega ao desenho propriamente dito, tenta ser realista, mas a sua intenção encontra obstáculos gráficos e psíquicos, que dificultam a sua manifestação. Nota-se que os elementos dos desenhos estão sem coordenação, a figura humana é representada com cabeça-pés, os traçados carecem de proporção, e vemos grandes cabeças sobre extremidades pequenas, ou vice-versa.
3.7. SUJEITO G
3.7.1. Desenho da família
Imagem 13 - Desenho da família Sujeito G
Sujeito: “É a minha família.
A gente foi no jogo do meu irmão. Ele adora jogar bola, e a gente torce muito, eu grito até.
Ele é bom, até faz gol.... Neste dia eles ganharam o jogo.
Na verdade, eles estavam perdendo, aí meu irmão correu bastante e fez uma jogada incrível, até driblar o goleiro e fazer um golaço. Ele ficou muito feliz, e a gente também.
Depois o amigo dele fez outro gol (não foi um golaço, mas foi u gol muito importante...aí eles viraram o jogo.
Minha família é muito legal, a gente cuida um do outro.
Às vezes eu brigo com meu irmão, mas a gente se ama muito.
Neste desenho, eu era pequena, adorava laços e não saia de casa sem a minha boneca Paty.
Agora eu não brinco mais de boneca, mas ainda tenho a Paty, ela é muito linda...ela tá guardada, foi a minha avó que me deu.
Bom, falando da família... minha mãe e meu pai são ótimos, mas trabalham muito, ficam bem cansados, coitados!
Também a escola é cara, né?! E tem muita conta pra pagar.
Eu ajudo lavando as vasilhas e cuidando do meu quarto, que fica arrumado...mais ou menos arrumado (risos).
O meu irmão faz muita bagunça, deixa tudo jogado, aí a minha mãe fica bem brava.
O meu pai não é muito bravo não, ele é bem calmo e adora comprar sorvete (risos).
Enfim, eu amo a minha família”!
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho?
Sujeito: “Não, é só isto mesmo”.
Observações:
A criança demonstrou sentimentos ao falar sobre o desenho.
Ficou empolgada ao contar os fatos e mostrou satisfação ao mencioná-los.
3.7.2. Desenho Livre
Imagem 14 - Desenho livre Sujeito G
Relato da criança:
Sujeito: “Ah! Eu tava lá na chácara da minha tia. Tem um lugar bem gostoso lá perto do balanço.
Esta aqui sou eu lendo (apontando para o desenho). Eu adoro o livro O Diário de uma Garota nada popular – tem muita estória legal.
Eu, igual a menina do livro, não sou muito popular, então me identifico com as coisas que ela passa.
Esta árvore é uma mangueira enorme que tem lá...dá muita manga...às vezes até cai na cabeça da gente.
Eu adoro este lugar”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de dizer sobre o desenho?
Sujeito: Eu só quero pedir desculpas por não saber desenhar muito bem. Mas foi legal de fazer. Obrigada.
Observando os grafismos desta criança, juntamente com o relato que a mesma fez do seu próprio desenho, podemos dizer que ela se encontra no estágio Operatório Concreto (PIAGET. 1976), uma vez que demonstra possuir em seu grafismo maior noção de tempo, espaço, ordem e casualidade, conseguindo relacionar diferentes aspectos, e elaborar um desenho mais descritivo, representativo e organizado. Vê-se no grupo familiar composto de quatro pessoas, que os bonecos seguem a linha de base da folha e são transparentes. Porém vimos no desenho a presença de sol com boca e olhos característica estágio Operatório. Muito provavelmente está criança encontra na transição dos dois estágios. 
Quando a criança representa objetos pelo seu 
conhecimento intelectual 
• E la reproduz objetos que v ê e também os que estão 
ausentes. 
•Dá transpar ência à alguns objetos desenhando o que est á 
dentro do corpo ou de uma casa, por exemplo.
Vimos pela representação dos objetos as características da fase do Realismo Intelectual descrita por Luquet, que vai dos 5 até os 10 anos, quando a criança consegue superar a incapacidade sintética , adquirindo maior coordenação motora sobre os gráficos e conhecimento sobre as figuras, começando a desenhar o objeto como o vê, deixando-o mais parecido, e também apresenta em seu desenho “não só elementos concretos invisíveis, mas mesmo os elementos abstratos que só tem existência no espírito do desenho” (Luquet, 1969, p.160). A criança mostra estar em busca de convenções e regras para suas expressões gráficas, com influencias socioculturais presentes nos traços da casa, pessoas, animais e paisagens, e consegue mostrar uma ordem definida nas relações espaciais, atestando assim para Lowenfeld (1977) o estágio do Esquematismo (7 aos 9 anos). 
3.8. SUJEITO H 
3.8.1. Desenho da família
Imagem 15 - Desenho da família Sujeito H
Relato da criança:
“Sujeito: “É a minha família. Eu, meu irmão, minha mãe e meu pai.
A gente tá num estádio de futebol.
A gente está se sentindo bem feliz, muito alegre porque a gente gosta de futebol.
A mamãe não gosta muito do jogo, mas ela se diverte com a gente”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de dizer sobre o desenho?
Sujeito: Não, só que foi legal, e que eu amo a minha família.
Observações:
A criança foi acrescentando novos elementos enquanto estava falando sobre o desenho, depois de já ter finalizado a atividade.
A criança disse que não ia colorir porque ficou com preguiça e também por não pintar muito bem. ”
8. Desenho Livre
Imagem 16 - Desenho livre Sujeito H
Relato da criança:
“Sujeito: “ Eles estão jogando futebol, um cara rolou a bola e fez gol. O que fez gol é do Palmeiras (time), e quem tá zero é o São Paulo.
Foi um jogo legal, emocionante. O Palmeiras ganhou.
Eu gosto muito de futebol, e gosto de ir ao estádio, porque eu vejo os jogadores ao vivo, e lá eu posso falar palavrão pro outro time.
Eu sou palmeirense.
Eu gosto muito de futebol, e jogo lá na escolinha, no prédio e na minha escola. Eu sou mais ou menos bom. Sou atacante, e as vezes eu faço gol.
Quando eu faço gol, eu fico muito emocionado e feliz. É muito bom”.
Psicóloga: Tem mais algum lugar que você pode falar palavrão? Sujeito: “Não, só lá, mas quando eu tô muito pistola, aí escapa”... 
Psicóloga: O que é estar pistola?
Sujeito: “É quando eu fico bravo, nervoso com alguma coisa”.
Psicóloga: E o que te deixa pistola?
Sujeito: “Não tem assim um motivo certo. É quando alguma coisa me irrita. Não sei explicar direito, mas às vezes isto acontece. Quando escapa a mamãe e o papai falam que não pode.
Eu sou calmo e alegre, e só as vezes fico nervoso. ”
Através da análisedo relato do Sujeito H, foi possível contextualizar com o conteúdo teórico sobre as fases dos desenhos infantis. A criança tem 07 anos e 04 meses de idade, foi pedido que fizesse um desenho sobre sua família, percebemos nele características forte do período do Esquematismo por Lowenfeld (1977), que segue a fase das Operações Concretas piagetiana que vai aproximadamente dos 7 aos 11 anos. Ele utiliza quase todo espaço da folha, delimitando o ambiente do chão pela linha de base, o desenho apresenta esquemas baseados em experiências significativas para ele, como ir assistir jogo de futebol do seu time, no estádio com sua família. 
Nesse momento ele já consegue desenhar objetos que não estão no presente, é possível identificar que a criança já apresenta conceitos definidos da figura humana, e de como se percebe. O núcleo familiar segue uma ordem hierárquica, onde o sujeito é representado em um tamanho menor, seguido pelo irmão levemente maior, em terceiro temos sua mãe com as pernas maiores que os filhos, e por último o pai, seu comprimento é maior do que todos, representando a autoridade sociofamiliar que lhe é estabelecido.
O desenho aparece em plano deitado seguindo a linha de base da folha, é dividido em dois planos e escalonados para que nada fique oculto. Primeiramente o local onde a família está e o que possivelmente eles estariam observando (o estádio de futebol). O sujeito utilizou de legendas para caracterizar de forma essencial o que foi retratado, característica do realismo intelectual segundo Luquet (1969). As figuras desenhadas apresentam transparência característica de sua fase. A observação colocada sobre o fato da criança não querer colorir o desenho dizendo que não pinta muito bem, pode representar o início de características da fase do Realismo, onde ela começa a ter autocrítica em relação aos seus desenhos, prefere não pintar por medo de ser julgada.
No segundo desenho o tema foi livre, o sujeito representou mais uma vez momentos de grande significância, que fazem parte do seu cotidiano. Desenhou um campo de futebol com jogadores de times em especifico, o Palmeiras seu time e o rival São Paulo. Percebemos um traçado mais forte e rígido, talvez para demonstrar contraste, cor ou sentimentos. Os bonecos apresentam transparência, seguindo características do Esquematismo, possuindo também legendas para especificar o placar do jogo e dar sentido ao desenho. No relato o sujeito se caracteriza como uma criança calma, mas que as vezes fica muito “pistola” (enfurecido), e que quando isso acontece fala palavrões. Comenta que isso acontece quando vai a jogos, e talvez por isso tenha realizado um desenho mais intenso e com traços fortes, representando sua emoção durante a partida. Ele relata também que quando fala palavrões é repreendido pelos pais, evidenciando que ele possui consciência de que é algo que não deve ser feito. Neste desenho ele preenche todo tamanho da folha, seguindo sua linha de base para sua confecção.
Desta forma, percebe-se que o sujeito se encontra na fase Pré-operatória de desenvolvimento segundo Piaget (2003) iniciando a fase das Operações Concretas. Já para Lowenfeld (1977) seu grafismo está segue o estágio Esquematismo que vai dos 7 aos 9 anos, com leves traços da fase seguinte. E por Luquet (1969) percebemos uma representação através características fortes do Realismo Intelectual. Portanto, podemos inferir que os desenhos feitos pela criança estão dentro do esperado por sua idade. O sujeito apresenta um bom desenvolvimento cognitivo e afetivo, seu desenho mostra também uma forte ligação com a família através do futebol, o esporte é algo importante para a criança. 
3.9. SUJEITO I 
3.9.1. Desenho da família 
Imagem 17 - Desenho da família Sujeito I
Relato da criança:
Sujeito: “É uma família qualquer.
Eles estão num universo paralelo. Eles gostam de ir lá, mas não tem absolutamente nada.
Eles tavam andando na rua, e do nada deram um passo e entraram neste universo.
São uma família normal, que se gostam muito.
Fim”.
Psicóloga: O que significa estes desenhos (apontando para os traçados fora as figuras humanas)?
Sujeito: “Ah, não é nada importante. Foi só pra encher um pouco a folha que estava muito vazia.
São coisas do desenho Naruto, mas não tem haver com esta família. É desenho alheatório mesmo”.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre o desenho?
Sujeito: “Não, nada. ”
3.9.2. Desenho Livre
Imagem 18 - Desenho livre Sujeito I
Relato da criança:
Sujeito: “Este desenho é do Naruto, personagem de uma série/desenho japonês.
No desenho eu coloquei alguns clãs que tem olhos com poderes – 03 desses existem, os outros 03 eu inventei”.
A criança apontou para a primeira faca e disse: “esse desenho ficou muito realista”, e sorriu.
Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre o desenho?
Sujeito: “Só que eu gosto muito de assistir o Naruto, é muito legal”.
Observações:
 A criança se mostrou preocupada na escolha das cores, para ser fiél a cor do objeto. Se dedicou bastante a pintura.
Nesta análise foi pedido a criança que fizesse o desenho da família, ele possui 08 anos e 11 meses. O sujeito desenhou um grupo familiar de quatro pessoas, os bonecos seguem a linha de base da folha e são transparentes, sendo características do terceiro estágio de grafismo, a do Esquematismo que vai dos 7 aos 9 anos. O primeiro boneco foi feito de maneira ampliada, podendo representar a figura do pai, este fica levemente afastado devido ao nível de autoridade que lhe é atribuído. Apesar da criança descrever os elementos do desenho como uma família qualquer, ela evidencia que eles se gostam muito, possibilitando estabelecer uma relação do desenho com a própria família da criança.
O desenho não utilizou toda extensão da folha, e alguns elementos foram desenhados aleatoriamente somente para preencher o espeço. Diante disso, percebemos leves traços da fase do Realismo, nela a criança desenvolve autocrítica sobre suas produções, isto explica o fato de desenhar mais elementos para não ficar vazio. Ainda nesta fase a criança perde a necessidade de um ponto de referência o que possibilita desenhar em qualquer parte da folha, e desenha formas geometrias mais rígidas. Os objetos desenhados para preencher a folha, se assemelham a um punhal, que ela caracteriza como objetos de um desenho “Naturo”, o qual ela assiste e que não tem relação com a família. Aqui foi utilizada a cor para dar características especificas ao objeto desenhado.
No segundo tema proposto para o sujeito foi livre, ele preencheu quase toda extensão da folha com desenhos de objetos característicos da série “Naruto”. Os objetos seguem a fase de desenvolvimento cognitivo das Operações Concretas piagetianas, e a criança consegue desenhas forma geométricas com mais precisão. Aqui o desenho ainda apresenta transparência em seus objetos e são desenhados em plano deitado, a forma que a crianças os vê. Luquet caracteriza essa vase dentro do desenvolvimento do grafismo como Realismo Intelectual, que vai dos 4 aos 8 anos. Entretanto o sujeito já apresenta leves traços da fase seguinte, onde ela se preocupa com o desenho, possui autocritica e abandona transparência em alguns objetos.
Diante disso, podemos concluir a partir dos desenhos analisados, que o desenvolvimento está dentro do esperado pela sua idade. Sua evolução é bem visível esta consegue relacionar cores e formas de acordo com sua realidade, o que antes para Lowenfeld era transmitido por fantasias agora já representa objetos com significados afetivos, característica do estágio de Esquematismo. Este se encontra durante a fase de desenvolvimento cognitivo das Operações Concretas e no Realismo Intelectual segundo Luquet.
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento mental da criança surge, em síntese, como sucessão de três grandes construções, cada uma das quais prolonga a anterior reconstruindo-a primeiro num plano novo para ultrapassa-la em seguida. Esta integração de estrutura sucessiva, cada uma delas conduz à construção da seguinte,permite dividir o desenvolvimento em grandes períodos ou estádios, descritos por Piaget. Ao relaciona-los com os relatos das nove crianças, vemos as características de suas respectivas idades e a forma como se desenvolvem. 
Ademais, Piaget formula o conceito de epigênese, argumentando que "o conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas" (Piaget, 1976). Cada gesto e movimento têm significações simbólicas, capazes de contribuir para o desenvolvimento humano. Estudiosos como Luquet e Lowenfeld contribuíram com suas teorias e fases sobre o grafismo na análise dos desenhos das crianças.
Sendo assim, este trabalho gerou uma melhor compreensão da teoria construtivista, inatista e empirista, e teorias do grafismo, através do meio mais expressivo de uma criança, o desenho. Pois, desde seu nascimento, ela integra em um mundo de significados, que se constrói durante seu desenvolvimento. Através do estudo dos desenhos é possível compreender a criança como um ser pensante, sensível, que constrói pela representação do grafismo sua representação do real, e este deve ser analisado em suas particularidades únicas. 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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PIAGET, J; INHELDER, B. A Psicologia da Criança. 3ª. Ed. Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Difel, 1966-2003.
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
LOWENFELD, Viktor. A criança e sua arte. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
Fases do Desenho Infantil. Disponível em: <https://pedagogiaaopedaletra.com/fases-do-desenho-infantil/>. Acesso em 15 de maio de 2020.
CAMPOS, D. M. S. O teste do desenho como instrumento de diagnóstico da personalidade. 47.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
Grafismo infantil, estágios do desenho: Disponível em: http://rodadeinfancia.blogspot.com/2013/07/grafismo-infantil-estagios-do-desenho.html. Acesso em 16 de Maio de 2020.
PULASKI, M.A.S. Piaget: perfil biográfico. In, Compreendendo Piaget: uma introdução ao desenvolvimento cognitivo da criança. Zahan Editora, 1980.
LOWENFELD, V.; BRITTAIN, W. L. Desenvolvimento da capacidade criadora. São Paulo: Mestre Jou,1977.
IAVELBERG, Rosa. O desenho cultivado da criança: prática e formação de educadores. Porto Alegre, RS: Zouk, 2013.
PEREIRA, C.C.S. SILVA, M.K. Grafismo Infantil: leitura e desenvolvimento. UNIVILLE - Curso de Psicologia e UNIVILLE - Curso de Artes Visuais. Unesp.

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