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Direito Constitucional I Aula – Direitos Individuais e Coletivos – Parte I Direitos e Garantias Individuais 1. Proteção à Vida · O direito à vida não se resume ao mero direito de sobrevida/sobrevivência; · Como a Dignidade da Pessoa Humana é fundamento da República, o direito à vida expressa a garantia a uma existência digna Observação 1 – Direito à vida e aborto: o direito à vida é proteção constitucional não somente extrauterina, mas também intrauterina, mas atenção, pois o Código Penal não pune o aborto (art. 128, CP), (A) quando a continuidade da gestação põe em risco a vida da gestante ou (B) quando a gravidez se dá em razão de estupro. Observação 2 – ADPF nº 54/DF de 2012 – Informativo 661/STF: o STF decidiu que não constitui crime a interrupção da gravidez na hipótese de gravidez de feto anencéfalo. Observação 3 - ADI 3.510/DF de 2008: o STF decidiu pela possibilidade, sem ofensa ao direito à vida ou violação da dignidade da pessoa humana, da realização de pesquisas com a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento. 2. Princípio da Isonomia (Igualdade) · Determina o tratamento igual aos que se encontram em situação equivalente e que sejam tratados de maneira desigual os desiguais, na medida de suas desigualdades; · Atenção ao fato de que... a igualdade obriga tanto o legislador quanto o aplicador da lei (igualdade na lei e igualdade perante a lei); Observação – Igualdade permite discriminação? Desde que haja razoabilidade, o princípio da igualdade não veda o tratamento discriminatório entre indivíduos, por exemplo, Lei Maria da Penha, exigências em concursos públicos em razão do cargo (altura mínima, sexo). Observação 2 – União homoafetiva: Conforme o julgamento da ADI 4.277/DF (2011), o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que a Constituição de 1988 não proíbe a formação de família por pessoas do mesmo sexo. Assim, STF igualou a união estável homoafetiva à união estável heteroafetiva. 3. Princípio da legalidade · Assegura que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, exceto em razão de lei; Consequência prática: somente a lei pode criar obrigações, por outro lado, a inexistência de lei (proibitiva) de determinada conduta implica ser ela permitida. Observação – Legalidade e “reserva legal” não são sinônimos: “Reserva legal” é exigência de que determinada matéria seja expressamente regulamentada por lei formal. 4. Liberdades Públicas 4.1 Liberdade de Manifestação de Pensamento (Expressão) · Assegura que qualquer pessoa pode manifestar o que pensa, desde que não o faça anonimamente; Atenção: a liberdade de expressão engloba não só o direito de se expressar oralmente ou por escrito, mas também o direito de ouvir, assistir e ler. Observação 1 – Liberdade de expressão e diploma de jornalismo/comunicação social: o STF, no RE nº 511.961/2009, afastou a exigência do diploma de jornalismo e do registro profissional no Ministério do Trabalho como condição para o exercício da profissão. Observação 2 – Liberdade de expressão e biografias - ADI 4.815/2015: o STF afastou a exigência de autorização prévia da pessoa biografada (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas) para obras biográficas. 4.2 Liberdade de Consciência, Crença e Culto (Religiosa) · Determina que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política; · Exceto, se as invocar para se eximir de obrigação legal geral e se recusar a cumprir prestação alternativa, fixada em lei Consequência prática: esse direito prevê a chamada escusa de consciência, porém não permite que a pessoa simplesmente deixe de cumprir a obrigação legal, de modo que haverá uma prestação alternativa. Caso esta não seja cumprida, aí sim haverá a privação de direitos. 4.3 Liberdade de Profissão · Determina que o exercício de qualquer trabalho ou profissão é livre, desde que atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; Observação: Trata-se de uma norma de eficácia contida, ou seja, enquanto não estabelecidas em lei as qualificações para o exercício de determinada profissão, qualquer indivíduo poderá exercê-la. 4.4. Liberdade de reunião · Afirma que todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente Observação – Liberdade de reunião e a “Marcha da Maconha”: O STF considerou possíveis os eventos públicos na defesa da descriminalização do uso de drogas (tratava-se da realização da "marcha da maconha", em que os cidadãos defendiam a descriminalização dessa droga) - ADPF 187/DF de 2011. 5. Inviolabilidade domiciliar · Assegura que a “casa” é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de: a. flagrante delito ou desastre; ou b. para prestar socorro; ou c. durante o dia, por determinação judicial. Observação – Somente a CASA é inviolável? O termo "casa" é abrangente e se estende a qualquer compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade (os escritórios e consultórios profissionais, as dependências privativas da empresa, o quarto de hotel etc).
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