MEDICINA LEGAL ABORTO

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ABORTO
O aborto possui uma interface com as matérias de Direito Penal e também de 
Medicina Legal. É importante ter em mente que o aborto, via de regra, é proibido. 
No Código Penal, há duas hipóteses em que o aborto é permitido e, na jurispru-
dência, há mais uma hipótese.
Para o Código Penal, é permitido o aborto terapêutico quando a gestante corre 
risco de morte decorrente da gravidez. Também é permitido o aborto quando a 
gestação é decorrente de estupro (aborto sentimental), pois o legislador entende 
que há um grande sofrimento para a mãe em gerar e depois sustentar uma 
criança que foi concebida pela prática de um crime.
O tema é muito polêmico, principalmente no âmbito sociológico, filosófico e 
psicológico. Contudo, nesse curso, a ênfase será nos campos penal e da Medi-
cina Legal.
Recentemente, a jurisprudência passou a admitir a hipótese do aborto no 
caso dos anencéfalos. O Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu ser reco-
mendável permitir esse tipo de aborto.
Informações importantes sobre o aborto:
• Conceito: destruição da vida intrauterina em qualquer momento que ante-
cede o parto.
• Não importa o tempo de gestação para a Medicina Legal.
• Classificação: crime contra a vida (parte especial do Código Penal).
• Objeto protegido: vida em formação.
• Modalidades, artigos 124 a 128, Código Penal:
1. Aborto provocado pela gestante; (Punido)
2. Aborto provocado sem o consentimento dela; (Punido)
3. Aborto provocado com o consentimento dela; (Punido)
4. Aborto realizado por médico – terapêutico. (Permitido)
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ABORTO TERAPÊUTICO
• É sempre realizado por médico.
• É feito quando é a única forma de salvar a vida da mãe.
• Entende-se que, nesse caso, há uma excludente de ilicitude: estado de 
necessidade (art. 23, I, CP).
Condições para o aborto terapêutico:
1. A mãe sofre risco de morte.
2. O risco decorre da gravidez.
3. A interrupção da gravidez faz cessar o risco de morte.
4. Único procedimento capaz de salvar a mãe.
5. Concordância de dois outros médicos (opinião técnica – laudo/parecer). 
6. Não requer consentimento da gestante nem de terceiros.
Código Penal
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Obs.:� A Medicina Legal denomina o aborto necessário do Código Penal como 
aborto terapêutico.
ABORTO SENTIMENTAL
• Também conhecido como aborto piedoso ou moral.
• É o aborto decorrente de estupro.
• De acordo com a doutrina, esse conceito surgiu ainda na época da Pri-
meira Guerra Mundial: gravidez em situação de violência contra a mulher.
• Quase todos os países permitem.
• Excludente de ilicitude: estado de necessidade.
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• Para a sua realização, é necessário que haja um procedimento criminal 
instaurado.
• É realizado por médico.
• Recomenda-se anuência judicial e do Ministério Público para que o pro-
fissional médico responsável pelo aborto esteja resguardado.
Código Penal
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
[...]
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da 
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
ABORTO EUGÊNICO
• Trata-se da intervenção da vida de fetos defeituosos.
• É considerado crime, exceto no caso de fetos anencéfalos (STF, 2012).
"Aborto é crime contra a vida. Tutela-se a vida em potencial. No caso do anencéfa-
lo, não existe vida possível. O feto anencéfalo é biologicamente vivo, por ser forma-
do por células vivas, e juridicamente morto, não gozando de proteção estatal. [...] 
O anencéfalo jamais se tornará uma pessoa. Em síntese, não se cuida de vida em 
potencial, mas de morte segura. Anencefalia é incompatível com a vida," afirmou o 
relator da ação, ministro Marco Aurélio Mello.
ABORTO SOCIAL
É a interrupção da gravidez por motivos econômicos ou sociais. Nesse 
caso, a mãe alega não ter condições financeiras ou sociais de arcar com gesta-
ção e de se responsabilizar pelo sustento da criança.
Trata-se de uma conduta considerada crime.
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ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO
Código Penal
Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena – detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena – reclusão, de três a dez anos.
Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena – reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 
quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido me-
diante fraude, grave ameaça ou violência.
Forma qualificada
Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um 
terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provoca-lo, a 
gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer 
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico: [...]
ABORTO POR MOTIVO DE HONRA/DESONRA (“VERGONHA”)
É a interrupção da gravidez por ser fruto de traição; antes do casamento etc.
Trata-se de uma conduta que é considerada crime.
MEIOS ABORTIVOS
MeIos Tóxicos e Mecânicos.
• Meios tóxicos: medicamentos; chás ou infusões de plantas tóxicas; mine-
rais.
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 – Medicamentos: Cytotec (Misoprostol) – medicamento de comercializa-
ção proibida no Brasil, mas que é adquirido de forma clandestina em 
diversos locais.
 – Plantas: jalapa, sene, sabina, apiol, arruda, quinino, quebra-pedra etc.
 – Minerais: fósforo, arsênio, chumbo bário, antimônio, mercúrio.
Obs.:� Todos esses elementos podem causar a intoxicação e/ou morte da ges-
tante, com aborto ou não.
A tabela abaixo lista uma série de plantas consideradas abortivas:
Catuaba Angélica Jarrinha Arnica
Artemísia (Losna) Sene Mata-pasto Erva-de-Santa Maria
Canela Lágrima-de-Nossa Senhora Mirra Copaíba
Trombeta Cravo-dos-jardins Erva-grossa Erva-andorinha
Erva-de-Macaé Azedaraque Hortelã (Menta Piperita) Noz-moscada
Quebra-pedra Peónia Jaborandi Transagem
Erva-de-bicho Beldroega Pessegueiro Romã
Jequiriti Carrapicho Guaçatonga Flor-da-boa-noite
Boldo Poejo Manjericão Comigo-ninguém-pode
Cavalinha Agoniada Cinamomo Arruda
Sálvia Confrei Saião Melão-de-são-caetano
Cipó-jarrinha 
(Cipó-mil-homens) Pinhão-de-purga Algodoeiro Buchinha-do-norte
Cáscara-sagrada Ruibarbo Salsaparrilha Jurubeba
Mecanismo: aumento das contrações, com cólicas e dor abdominal, podendo 
ocorrer ou não o aborto.
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Consequências: teratogenicidade. Possibilidade de má-formação.
• Meios mecânicos: são, geralmente, clandestinos e feitos de forma domés-
tica ou em clínicas clandestinas de aborto. Qualquer forma de transferênciade energia física para a região uterina (abdominal) pode causar o aborto, 
principalmente nas 12 primeiras semanas, pois são consideradas um período 
crítico para a gestação.
 Os meios mecânicos atuam quando são introduzidos objetos na cavidade 
 do útero ou vagina ou quando é feito o impacto na região abdominal.
Formas:
• Vagina: duchas alternadas de água quente e fria (choque térmico); cópulas 
repetidas (ato sexual sem os devidos cuidados).
• Útero: punção da placenta; sondas de borracha, agulhas de crochê; penas 
de ganso, varetas de bambu, palitos de picolé.
• Curetagem (raspagem da cavidade uterina).
• Aspiração (feita, inclusive, com o uso de um aspirador de pó).
Esses métodos podem gerar lesões leves ou graves ou até a morte da ges-
tante. Além disso, podem gerar embolias gasosas; perfuração ou rotura do útero 
e/ou intestino (morte por choque hipovolêmico ou hemorragia).
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�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a 
aula preparada e ministrada pelo professor Laécio Carneiro. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela 
leitura exclusiva deste material.