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O gênero Giardia inclui protozoários flagelados parasitos do intestino delgado de mamíferos, sendo o agente responsável pela infecção denominada giardíase. MORFOLOGIA A Giardia apresenta duas formas evolutivas, o trofozoíto e o cisto, que diferem quanto à sua organização e bioquímica. Trofozoíto encontrado no intestino delgado responsável pelas manifestações clínicas da infecção formato piriforme (pera) apresenta quatro pares de flagelos (um par anterior, um par ventral, um par posterior e um par caudal) também apresenta uma ventosa, que é conhecida como disco ventral. dois núcleos idênticos Cisto forma responsável pela transmissão do parasito a parede cística torna os cistos resistentes a certas variações de temperatura, umidade e produtos químicos apresenta dois ou quatro núcleos CICLO – MONOXÊNICO DIRETO A Giardia é um parasito monoxeno de ciclo biológico direto. A via normal de infecção do homem é a ingestão dos cistos; Após a ingestão, o cisto passar por um processo de desencistamento início no ácido do estômago e se completa no duodeno e jejuno Cada cisto libera uma forma oval, tetranucleada e com oito flagelos, denominado excitozoíto Cada excitozoíto ocorre duas divisões nucleares – 4 trofozoítos binucleados giardiase AULA 3 – PARASITOLOGIA CLÍNICA giardia Trofozoítos multiplicam-se por divisão binária Colonizam a mucosa e aderem pelo disco adesivo Encistamento novamente do parasita e sua eliminação no meio exterior ceco é considerado o principal sítio de encistamento. TRANSMISSÃO Ingestão de cistos presentes na água, nos alimentos ou no ambiente contaminado com fezes cistos são as formas infectantes para o homem e animais transmissão via fecal-oral Transmissão direta de pessoa a pessoa, por meio das mãos contaminadas; É comum em locais de aglomeração humana creches, orfanatos, escolas, presídios, asilos etc. SINTOMATOLOGIA A giardíase apresenta um espectro clínico diverso que inclui desde indivíduos assintomáticos até pacientes sintomáticos. FASE AGUDA Diarreia aguda ou autolimitante Diarreia persistente com quadros de má absorção e perda de peso Indivíduos não imunes – 1ª infecção diarreia tipo aquosa, explosiva de odor fétido gases com distensão e dores abdominais raramente muco e sangue nas fezes Fase aguda curta – sintomas podem ser confundidos com diarreias virais e bacterianas. FASE CRÔNICA Na fase crônica, os sintomas podem persistir por anos Diarreia contínua, intermitente ou esporádica Má-absorção, perda de peso e esteatorreia má-absorção de gorduras, vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), vitamina B12, ferro, xilose e lactose. esteatorreia é a eliminação de gordura nas fezes numa quantidade maior que o normal (acima de 6 gramas por dia), tornando-as mais volumosas, acinzentadas ou claras e geralmente mal cheirosas. MANIFESTAÇÕES CRÔNICAS SEMELHANTES ÀS DA GIARDÍASE CRÔNICA Outras infecções parasitárias Doença de Crohn (inflamação séria do TGI) Doença celíaca Anafilaxia alimentar crônica Síndrome do intestino irritado PATOGENIA Fatores relacionados com o parasita cepas carga infectante Fatores relacionados com o hospedeiro dieta, associação a microbiota intestinal pH do suco gástrico concentração de sais biliares imunidade estado nutricional Achatamento e atrofia das microvilosidades intestinais DIAGNÓSTICO Crianças de 8 meses e 10-12 anos diarreia com esteatorreia irritabilidade insônia, náuseas e vômitos perda do apetite (acompanhada ou não de emagrecimento) dor abdominal LABORATORIAL Parasitológico de fezes Fezes diarreicas – trofozoítos (exame direto e coloração de hematoxilina férrica) ▪ Formol 10% ▪ MIF ▪ SAF (acetato de sódio – ácido acético- formoldeído) Fezes formadas – cistos ▪ Hoffman Os cistos são encontrados nas fezes da maioria dos indivíduos com giardíase, enquanto o encontro de trofozoítos é menos frequente, e está, geralmente, associado às infecções sintomáticas. Eliminação intermitente dos cistos – fase negativa – coleta em MIF (dias alternados) Fase crônica diarreia crônica entero-test amostra de fluido duodenal fragmento de biópsia jejunal Elisa – detecção de antígenos nas fezes (coproantígenos) 85% a 95% de sensibilidade 90% a 100% de especificidade PCR PROFILAXIA Higiene pessoal Lavar as mãos Destino correto das fezes Proteção dos alimentos Tratamento da água TRATAMENTO Ainda hoje, o tratamento da infecção tem sido uma das principais alternativas adotadas para o controle da giardíase. Os fármacos de escolha pra tratar giardíase são: Secnidazol Metronidazol Tinidazol MECANISMO DE AÇÃO O Metronidazol é absorvido por bactérias anaeróbicas e protozoários sensíveis. Quando capturado, o metronidazol é reduzido, essa redução resulta em produtos tóxicos para as células anaeróbicas, estes metabólitos são incorporados ao DNA bacteriano ou do protozoário, formando moléculas instáveis. Como esta redução ocorre apenas nas células anaeróbicas esse efeito é muito nas células humanas e bacterianas aeróbicas. O Tinidazol apresenta o mesmo mecanismo, porém o Secnidazol interfere na permeabilidade da membrana.
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