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Clínica Médica LIVRO 01 Reumatologia e Infectologia, Doenças reumáticas, vasculites, anemias, talassemias, pancitopenias, distúrbios da hemostasia, leucemias, linfomas. Sepse, HIV, Tuberculose, Hanseníase, Dengue, doença de chagas, hepatites, dengue. Febre amarela, malária, leptospirose, raiva, mordedura de animais domésticos. QUALITY EDUCAÇÃO MÉDICA Material interativo exclusivo! http://qualitycursosmedicos.com QUALITY EDUCAÇÃO MÉDICA © 2019 by Quality Educação Médica Todos os direitos reservados. A cópia, venda, distribuição ou reprodução deste material, total ou parcial mente, é expressamente proibido. Texto: Bianca Beatriz de Oliveira Capa, projeto gráfico e diagramação: Jorge L. G. M. Herrero Revisão geral: Cleiton Mendes Lopes e Bianca Beatriz de Oliveira Autor: Cleiton Mendes Lopes Este material foi desenvolvido para contribuir na preparação do aluno para o processo de revalidação do diploma médico. Os protocolos do ministério da saúde serviram de principal base para o desenvolvimento deste conteúdo, sendo assim, podem existir divergências em relação às demais fontes (livros, associações, instituições, etc). https://qualitycursosmedicos.com/ QUALITY EDUCAÇÃO MÉDICA No decorrer do livro você poderá acessar alguns conteúdos extra via QR Code disponibilizados exclusivamente para auxiliar nos seus estudos. Abra o seu App leitor de QR Code e aponte com a câmera Em seguida será disponibilizado a URL de acesso ao conteúdo Assista ao conteúdo exclusivo! Lor S U M Á R I O Sepse ..............................................................................................................................08 Ressuscitação inicial .........................................................................................09 Processamento de sepse e melhoria de performance..............................09 Diagnóstico..........................................................................................................09 Terapia antimicrobiana............................................................................................09 Controle de foco ................................................................................................09 Terapia líquida.....................................................................................................10 Drogas vasoativas ..............................................................................................10 Corticosteróides.................................................................................................10 Hemoderivados...................................................................................................10 Anticoagulantes ..................................................................................................11 Ventilação mecânica..........................................................................................11 Sedação e analgesia .........................................................................................11 Controle da glicose ...........................................................................................11 Terapia com bicarbonato..................................................................................11 Profilaxia de tromboembolismo venoso .....................................................11 Nutrição ................................................................................................................11 HIV - Vírus da imunodeficiência humana.................................................................12 Prevenção e controle ........................................................................................12 Aspectos clínicos da infecção pelo HIV .......................................................13 Testes e diagnósticos .......................................................................................14 Roteiro para abordagem inicial da PVHIV....................................................15 Terapia anti-retroviral .........................................................................................16 Tuberculose....................................................................................................................17 Modos de transmissão......................................................................................17 Formas clínicas ...................................................................................................17 Detecção de casos ................................................................................................18 Diagnóstico..........................................................................................................18 Prova tuberculínica ............................................................................................19 O exame sorológico anti-HIV...........................................................................19 Tratamento...........................................................................................................20 Casos de tuberculose meningoencefálica ...................................................21 Casos de recidiva após cura ou retorno após abandono.........................21 Tratamento da tuberculose multirresistente.................................................21 Os ciclos de vida, suas características e as tarefas a cumprir ...............21 Substituição de drogas frente aos efeitos adversos .................................21 Critérios para encerramento do tratamento.................................................22 Hanseníase.....................................................................................................................23 Agente etiológico....................................................................................................23 Modo de transmissão.............................................................................................23 Período de incubação .......................................................................................23 Manifestações clínicas......................................................................................23 Diagnóstico..........................................................................................................24 Tratamento...........................................................................................................24 Esquema terapeutico ........................................................................................25 Notificação...............................................................................................................25 Dengue............................................................................................................................26 Vetores..................................................................................................................26 Período de transmissibilidade .........................................................................26 Fase febril.............................................................................................................26 Fase crítica..........................................................................................................27 Dengue grave......................................................................................................27 Lor Choque.................................................................................................................27 Avaliação hemodinâmica ..................................................................................28 Fase de recuperação.........................................................................................28Diagnóstico diferencial .....................................................................................28 Classificação de risco.......................................................................................29 Fluxograma para classificação de risco de dengue ...................................30 Confirmação laboratorial ..................................................................................31 Prova do laço ......................................................................................................32 Leptospirose...........................................................................................................33 Manifestações clínicas......................................................................................33 Fase da convalescença ....................................................................................33 Conduta diagnóstica .........................................................................................34 Indicações para internação hospitalar...........................................................34 Critérios de alta hospitalar ...............................................................................35 Hepatites............................................................................................................................36 Diagnóstico clínico.............................................................................................38 Diagnóstico laboratorial ....................................................................................38 Tratamento...........................................................................................................40 Imunização ..........................................................................................................41 Doença de chagas .......................................................................................................43 Febre amarela ................................................................................................................47 Malária .............................................................................................................................50 Raiva ................................................................................................................................54 Artrite reumatóide .........................................................................................................58 Diagnóstico..........................................................................................................58 Tratamentos.........................................................................................................61 Tempo de tratamento e monitorização..........................................................62 Espondilite ancilosante................................................................................................63 Diagnósticos........................................................................................................63 Tratamentos.........................................................................................................65 Lúpus eritematoso sistêmico .....................................................................................67 Diagnósticos........................................................................................................68 Casos especiais .................................................................................................69 Tratamento...........................................................................................................70 Manifestações.....................................................................................................71 Artrite reativa..................................................................................................................73 Diagnósticos........................................................................................................74 Tratamentos.........................................................................................................74 Gota (artrite gotosa)...................................................................................................76 Etiologia/ Patogênese/ Classificação............................................................76 Quadro clínico.....................................................................................................76 Conduta e tratamento .......................................................................................77 Vasculites ou angiite ....................................................................................................79 Patogênese..........................................................................................................79 Classificação .......................................................................................................80 Tratamento...........................................................................................................82 Febre reumática ...........................................................................................................84 Diagnóstico.........................................................................................................84 Faringoamigdalite estreptocócica ..................................................................85 Critérios maiores de jones ...............................................................................85 Critérios menos de jones .................................................................................88 Profilaxia secundária e duração ......................................................................89 Anemias...........................................................................................................................90 Diagnósticos........................................................................................................91 Tratamento...........................................................................................................93 Fármacos e esquemas de administração .....................................................94 Anemia aplástica ...........................................................................................................95 Diagnóstico..........................................................................................................95 Tratamentos.........................................................................................................96 Anemia em paciente com isuficiência renal crônica.............................................98 Diagnóstico.........................................................................................................98 Tratamento ..........................................................................................................99 Doença falciforme.........................................................................................................100 Diagnóstico..........................................................................................................101 Tratamento...........................................................................................................101 Prevenção de infecções ...................................................................................101 Anemia Megaloblástica ...............................................................................................103 Diagnóstico e conduta......................................................................................104 Talassemias....................................................................................................................105Talassemia beta e alfa.......................................................................................105 Epidemiologia......................................................................................................106 Diagnóstico e tratamento .................................................................................106 Hemostasia e disúrbios da coagulação...................................................................107 Hemostasia primária ..........................................................................................107 Coagulação .........................................................................................................108 Sistema fibrinolítico............................................................................................110 Avaliação da hemostasia ..................................................................................110 Leucemia linfoide aguda ...........................................................................................115 Diagnóstico..........................................................................................................115 Hemograma, Mielograma e Morfologia celular............................................116 Tratamento...........................................................................................................116 Leucemia mieloide aguda do adulto.........................................................................117 Diagnóstico e avaliação....................................................................................117 Tratamento e Terapêuticas ..............................................................................118 Linfoma de Hodgkin .....................................................................................................120 Epidemiologia.....................................................................................................120 Manifestações clínicas ....................................................................................120 Estadiamento e tratamento ..............................................................................120 Linfoma não Hodgkin ........................................................................................ 123 Patogênese e classificação ............................................................................. 123 Diagnóstico e tratamento ................................................................................. 124 Recidiva do linfoma............................................................................................ 125 Doença Inflamatória Intestinal .................................................................................... 126 Incidência........................................................................................................................ 126 Diagnóstico em adultos................................................................................... 127 Sintomas ............................................................................................................. 127 Complicações.................................................................................................... 128 Exames de laboratório...................................................................................... 129 Exames de sangue............................................................................................ 129 Imagenologia e Endoscopia ........................................................................... 130 Considerações diagnósticas.......................................................................... 131 Medicamentos no manejo clínico da DII...................................................... 131 Tratamento cirúrgico ........................................................................................ 132 Doença Celíaca............................................................................................................. 133 Diagnóstico ........................................................................................................ 134 Fluxo para o diagnóstico da doença celíaca .............................................. 135 Tratamento e prognóstico............................................................................... 136 Doença Meningocócica .............................................................................................. 137 Agente etiológico .............................................................................................. 137 Reservatório ....................................................................................................... 137 Modo de transmissã ......................................................................................... 137 Período de incubação / Transmissibilidade................................................ 137 Suscetibilidade, vulnerabilidade e imunidade ............................................ 137 Manifestações clínicas..................................................................................... 138 Complicações.................................................................................................... 139 Diagnósticos ...................................................................................................... 139 Tratamento.......................................................................................................... 140 Quimioprofilaxia ................................................................................................. 140 Imunização .......................................................................................................... 141 Outras meningites............................................................................................. 141 Diarreias .......................................................................................................................... 148 Abordagem clínica ............................................................................................ 148 Classificação da diarreia segundo a duração dos sintomas .................. 148 Principais etiologias da diarreia ..................................................................... 149 Tratamentos........................................................................................................ 149 Gastrite............................................................................................................................ 153 Quadro clínico ................................................................................................... 153 Diagnóstico / Tratamento................................................................................ 154 Cefaleias ......................................................................................................................... 155 Cefaléia tipo tensional...................................................................................... 155 Cefaléia em salvas ............................................................................................ 155 Critérios de diagnósticos da Cefaléia em salvas................................................... 156 Migrânea (Enxaqueca) ..................................................................................... 157 Diagnóstico ........................................................................................................ 157 Critérios de diagnósticos de Migrânea sem aura.................................................. 160 Critériosde diagnósticos de Migrânea com aura ................................................. 160 Tratamento das crises agudas de Cefaleia................................................. 161 Recomendações gerais.......................................................................................... 161 Migrânea sem aura ........................................................................................... 162 Migrânea com aura ........................................................................................... 163 Acompanhamento e Profilaxia........................................................................ 163 Cefaleia tensional tratamento da crise ..................................................... 163 Cefaleia em salvas tratamento profilático e sintomático.......................... 163 Cefaleia secundária .......................................................................................... 164 Doenças Cerebrovasculares...................................................................................... 165 Acidente vascular cerebral isquêmico...................................................................... 165 Diagnóstico ........................................................................................................ 166 Tratamento.......................................................................................................... 167 Critérios de inclusão para uso de rtPA........................................................ 167 Critérios de exclusão........................................................................................ 167 Controle de pressão arterial antes, durante e após ouso do trombolítico .......................................................................................... 168 Acompanhamento pós-tratamento................................................................ 168 Prevenção secundária do AVC...................................................................... 169 Acidente isquêmico transitório ...................................................................... 170 Escore ABCD2.................................................................................................. 170 Exames que devem ser realizados após a avaliação inicial..................... 170 Tratamento .......................................................................................................... 171 Acidente vascular hemorrágico ..................................................................... 173 Fatores de risco................................................................................................. 173 Etiologia............................................................................................................... 174 Manifestações clínicas..................................................................................... 174 Diagnóstico ........................................................................................................ 174 Tratamento.......................................................................................................... 177 Hemorragia subaracnoide............................................................................... 178 A escala Hunt e Hess na HSA................................................................................... 179 Diagnóstico ........................................................................................................ 180 A escala Fischer...................................................................................................... 180 Tratamento.......................................................................................................... 180 Tratamento do aneurisma................................................................................ 181 Alterações do estado de consciência...................................................................... 182 Nível de consciência ........................................................................................ 183 Epilepsia e convulsão .................................................................................................. 184 Esquema diagnóstico para a classificação das epilepsias ..................... 184 Estado de mal epiléptico................................................................................. 185 Tratamento ............................................................................................................ 185 Convulsão febril................................................................................................. 185 Principais tumores do sistema nervoso central e classificações....................... 186 Astrocitoma pilocítico (OMS Grau I) ............................................................ 186 Glioblastoma ...................................................................................................... 187 Meningiomas ...................................................................................................... 187 Craniofaringeoma.............................................................................................. 187 Metastases............................................................................................................. 188 Sintomatologias................................................................................................. 189 Parkinson ........................................................................................................................ 190 Diagnóstico ........................................................................................................ 190 Tratamentos / Prevenção ................................................................................ 191 Doença de Alzheimer................................................................................................... 194 Diagnósticos ...................................................................................................... 194 Tratamento / Fármacos.................................................................................... 195 Miastenia gravis............................................................................................................. 197 Diagnósticos ...................................................................................................... 199 Casos especiais ................................................................................................ 200 Tratamentos........................................................................................................ 201 Crise miastênica................................................................................................ 202 Síndrome de Guillain-Barré ........................................................................................ 203 Diagnósticos ...................................................................................................... 205 Tratamento.......................................................................................................... 206 Esclerose múltipla ....................................................................................................... 206 Diagnóstico ........................................................................................................ 206 Tratamento.......................................................................................................... 207 Tempo de tratamento.......................................................................................208 Esclerose lateral amiotrófica ...................................................................................... 209 Diagnóstico ........................................................................................................ 210 Tratamento.......................................................................................................... 210 Questões ........................................................................................................................ 212 Gabarito .......................................................................................................................... 239 08 CLÍNICA MÉDICACLÍNICA MÉDICA SEPSE sepse é uma disfunção orgânica potencialmen- te fatal causada por uma resposta do hospe- deiro desregulada à infecção. Sepse e choque séptico são grandes problemas de saúde, afetando milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano. A definição ampla de sepse pela nova publica- ção atualizada em 2016 é “presença de disfunção orgânica ameaçadora à vida secundária à resposta desregulada do organismo à infecção”. O diagnóstico clínico de disfunção orgânica se baseia na variação de dois ou mais pontos no escore Sequential Organ Failu- re Assessment (SOFA). A presença dos critérios da síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS) não é mais necessária para a definição. Todos os casos de sepse devem ser considerados como doença grave, de forma que a expressão “sepse grave” deve ser abolida. Define-se choque séptico como “um subgrupo dos pacientes com sepse que apresentam acentuadas anormalidades circulatórias, celulares e metabólicas e associadas com maior risco de morte do que a sepse isoladamente”. Os critérios diagnósticos de choque séptico são a “necessidade de vasopressor para manter uma pressão arterial média acima de 65mmHg após a infusão adequada de fluidos, associa- da a nível sérico de lactato acima de 2mmol/L”. O uso de um escore SOFA simplificado, deno- minado “quick SOFA” (qSOFA) é uma ferramenta para ser utilizada a beira do leito para identificar rapidamen- te pacientes adultos com maior probabilidade de ter desfechos clínicos desfavoráveis, se eles apresenta- rem infecção. Assim, trata-se de critérios apenas para triagem, que procura identificar pacientes graves, e que não deve ser utilizada para definição de sepse. Ele é positivo quando o paciente apresenta pelo menos dois dos critérios clínicos a seguir: frequência respira- tória > 22/incursões por minuto, alteração do nível de consciência (escore segundo a Escala de Coma de Glasgow inferior a 15), ou pressão arterial sistólica de < 100mmHg. A O paciente apresenta: FLUXOGRAMA DE TRIAGEM PARA PACIENTES COM SUSPEITA DE SEPSE Presença de dois critérios de SIRS e/ou uma disfunção orgânica ? Acionar equipe médica Foco infeccioso suspeito ou confirmado? Finalizar protocolo Dar seguimento ao atendimento fora do protocolo de sepse NÃO NÃO SIM SIM Pacientes em cuidados de fim de vida? Quadro sugestivo de doenças atípicas (dengue, malária, leptospirose)? Dar seguimento ao atendimento, via protocolo específi- co, fora do protocolo de sepse SIM SIRS: FC > 90 bpm FR > 20 rpm T > 37,8º ou T < 35,0ºC Leucócitos > 12.000mm³ ou < 4.000 mm³ ou desvio à esquerda DISFUNÇÃO ORGÂNICA: Hipotensão: PAS ≤ 90 mm Hg Sonolência, confusão, agitação ou Coma SatO ≤ 90% , necessidade de O ou dispneia Diurese < 0,5mL/k- g/hora EXAMES LABORATORIAIS (caso disponíveis) Creatinina > 2.0 mg/dL Lactato ≥ 2,0 mmol/L Plaquetas < 100.000 /mm 3 ou INR > 1.5 ou TTPA > 60 seg Bilirrubinas > 2 mg/dL ² ² 09 DIAGNÓSTICO RESSUSCITAÇÃO INICIAL PROCESSAMENTO DE SEPSE E MELHORIA DE PERFORMANCE Sepse e choque séptico são emergências médicas, e nós recomendamos que o tratamento e a ressuscitação começam imediatamente. Recomendamos que, durante a ressuscitação da hipoperfusão induzida por sepse, pelo menos 30 mL/kg de fluido cristalóide IV seja administrado nas primeiras 3 h. Recomendamos uma pressão arterial média (PAM) inicial de 65mmHg em pacientes com choque séptico que necessitem de vasopressores. Sugerimos orientar a ressuscitação para normalizar o lactato em pacientes com níveis eleva- dos de lactato como marcador de hipoperfusão teci- dual. TERAPIA ANTIMICROBIANA CONTROLE DO FOCO Recomendamos que a administração de anti- microbianos IV seja iniciada logo que possível após o reconhecimento e dentro de uma hora para sepse e choque séptico. Recomendamos terapia empírica de amplo espectro com um ou mais antimicrobianos para pacientes com sepse ou choque séptico para cobrir todos os patógenos prováveis (incluindo cobertura bacteriana e potencialmente fúngica ou viral). Sugerimos que a medição dos níveis de procalcitonina possa ser utilizada para apoiar o encurtamento da duração da terapia antimicrobiana em pacientes com sepse. Sugerimos que os níveis de procalcitonina possam ser usados para apoiar a descontinuação de antibióticos empíricos em pacientes que inicialmente pareciam ter sepse, mas subseqüentemente têm evidência clínica limitada de infecção. Recomendamos que um diagnóstico anatômi- co específico da infecção que requer o controle do foco seja identificado ou excluído tão rapidamente quanto possível em pacientes com sepse ou choque séptico e que qualquer intervenção de controle de origem requerida seja implementada logo que clinica- mente e logisticamente prático após o diagnóstico ser feito. Recomendamos a remoção rápida de disposi- tivos de acesso intravascular que são uma possível fonte de sepse ou choque séptico após a criação de outro acesso vascular. Recomendamos que os hospitais e sistemas hospitalares tenham um programa de melhoria de desempenho para sepse, incluindo rastreio de sepse para pacientes com doenças agudas e de alto risco. Recomenda-se a obtenção de culturas micro- biológicas de rotina (incluindo sangue) apropriadas antes de iniciar a terapia antimicrobiana em pacientes com suspeita de sepse ou choque séptico se isso não resultar em atraso substancial no início dos anti- microbianos. 1 HORA 6 HORAS - PACOTE DE CHOQUE Coleta de lactato Reavaliação de status volêmico e de perfusão Coleta de segundo lactato Hemoculturas Antibimicrobianos Fluidos Vasopressores 10 CLÍNICA MÉDICACLÍNICA MÉDICA TERAPIA LÍQUIDA DROGAS VASOATIVAS HEMODERIVADOS ANTICOAGULANTES CORTICOSTERÓIDES Recomenda-se a utilização de cristalóides como fluido de escolha para ressuscitação inicial e subsequente reposição do volume intravascular em pacientes com sepse e choque séptico. Sugerimos a utilização de cristalóides balan- ceados ou solução salina para ressuscitação de fluidos em pacientes com sepse ou choque séptico. Sugerimos usar cristaloides ao invés de gela- tinas quando ressuscitar pacientes com sepse ou choque séptico. Recomendamos a norepinefrina como vaso- pressor de primeira escolha. Sugerimos a adição de vasopressina (até 0,03 U / min)) ou epinefrina à norepinefrina com a intenção de aumentar a PAM para o alvo ou adicionar vasopressina (até 0,03 U / min) para diminuir a dosa- gem de norepinefrina. Sugerimos usar dopamina como agente vaso- pressor alternativo à norepinefrina apenas em pacientes altamente selecionados (por exemplo, pacientes com baixo risco de taquiarritmias e bradi- cardia absoluta ou relativa). Recomendamos não usar dopamina em baixa dose para proteção renal. Sugerimos a utilização de dobutamina em doentes que apresentem evidência de hipoperfusão persistente apesar da carga de fluidos adequada e do uso de agentes vasopressores. Recomendamos que a transfusão de concen- trado de hemácias ocorra apenas quando a concen- tração de hemoglobina diminuir para <7,0 g/dL em adultos, na ausência de circunstâncias atenuantes, como isquemia miocárdica, hipoxemia severa ou hemorragia aguda. Sugerimos contra a utilização de plasma fresco congelado para corrigiranormalidades de coagulação na ausência de sangramento ou procedi- mentos invasivos planejados. Sugerimos a transfusão profilática de plaque- tas quando a contagem for <10.000 / mm3 (10 × 109 / L) na ausência de sangramento aparente e quando a contagem for <20.000 / mm3 (20 × 109 / L) se o doente tiver um risco significativo de sangra- mento. Recomenda-se maior contagem de plaquetas (≥ 50.000 / mm3 [50 × 109 / L]) para sangramento ativo, cirurgia ou procedimentos invasivos. Recomenda-se a não utilização de antitrombi- na no tratamento da sepse e choque séptico. Não fazemos nenhuma recomendação quanto ao uso de trombomodulina ou heparina para o tratamento da sepse ou choque séptico. Sugerimos contra o uso de hidrocortisona IV no tratamento de pacientes com choque séptico se a reanimação adequada com fluidos e a terapia vaso- pressora forem capazes de restaurar a estabilidade hemodinâmica. Se isso não for possível, sugerimos hidrocortisona IV na dose de 200mg por dia. 11 Recomendamos que a sedação contínua ou intermitente seja minimizada em pacientes com sepse ventilados mecanicamente, objetivando titula- ção de doses alvo específicas por droga. VENTILAÇÃO MECÂNICA TERAPIA COM BICARBONATO PROFILAXIA DE TROMBOEMBOLISMO VENOSO NUTRIÇÃO SEDAÇÃO E ANALGESIA CONTROLE DA GLICOSE Recomenda-se a utilização de um volume corrente de 6mL/kg de peso corporal predito (PCP) em comparação com 12mL/kg em pacientes adultos com SDRA induzida pela sepse. Sugerimos usar maior PEEP ao invés de PEEP menor em pacientes adultos com SDRA moderada ou grave induzida pela sepse. Não fazemos nenhuma recomendação sobre o uso da ventilação não-invasiva (VNI) em pacientes com SDRA induzida pela sepse. Sugerimos o uso de bloqueadores neuromus- culares (NMBAs) por ≤ 48 horas em pacientes adul- tos com SDRA induzida por sepsia e uma relação Pao2 / Fio2 <150mm Hg 56. Recomendamos uma estratégia conservadora de fluidos para pacientes com SDRA estabelecida com sepse induzida, que não apresentam evidência de hipoperfusão tecidual. Recomenda-se a não utilização de agonistas β-2 no tratamento de pacientes com SDRA induzida por sepse sem broncospasmo. Recomenda-se não usar o cateter de artéria pulmonar em pacientes com SDRA induzida pela sepse. Recomenda-se que os pacientes com sepse em ventilação mecânica sejam mantidos com a cabeça do leito elevada entre 30 e 45 graus para limitar o risco de aspiração e prevenir o desenvolvi- mento de PAV. Recomendamos uma abordagem protocolar para a gestão da glicemia em pacientes com sepse em UTI, começando a dosagem de insulina quando dois níveis de glicose no sangue consecutivos são> 180mg / dL. Esta abordagem deve visar um nível de glicose no sangue ≤180mg/dL ao invés de um nível de glicose no sangue ≤ 110mg/dL. Recomendamos que os valores de glicose no sangue sejam monitorizados a cada 1 a 2 horas até que os valores de glicose e as taxas de infusão de insulina estejam estáveis e, em seguida, de 4 em 4 horas em doentes recebendo infusões de insulina. Sugerimos contra o uso da terapia com bicar- bonato de sódio para melhorar a hemodinâmica ou reduzir os requerimentos de vasopressores em pacientes com acidemia láctica induzida por hipoper- fusão com pH ≥ 7,15. Recomendamos a profilaxia farmacológica (heparina não fracionada [HNF] ou heparina de baixo peso molecular [HBPM]) contra a tromboembolia venosa (TEV) na ausência de contra-indicações ao uso desses agentes. Recomendamos HBPM em vez de HNF para profilaxia de TEV na ausência de contra-indicações ao uso de HBPM. Sugerimos profilaxia farmacológica de TEV combinada com profilaxia mecânica, sempre que possível. Recomenda-se que não se administre nutrição parenteral precoce ou nutrição parenteral em combi- nação com alimentação enteral (mas sim iniciar a nutrição enteral precoce) em pacientes críticos com sepse ou choque séptico que podem ser alimentados enteralmente. Sugerimos o início precoce da alimentação enteral em vez de um jejum completo ou apenas glico- se IV em pacientes críticos com sepse ou choque séptico que podem ser alimentados enteralmente. Fontes: http://www.survivingsepsis.org/SiteCollectionDocument s/SurvivingSepsisCampaignInternational_Portuguese_20 18.pdf 12 CLÍNICA MÉDICACLÍNICA MÉDICA PREVENÇÃO E CONTROLE Preservativos – os preservativos, masculinos ou femininos, são as únicas barreiras comprovada- mente efetivas contra o HIV e outras DST, quando usados de forma correta e sistemática. Os estudos demonstram que o uso do preservativo masculino pode reduzir o risco de transmissão do HIV e de outras DST em até 95%. A transmissão pela transfusão de sangue e derivados deve ser prevenida por meio do controle da HIV - VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA HIV ((Human Immunodeficiency Virus ou vírus da imunodeficiência humana) é um retrovírus com genoma RNA, da família Retroviridae e subfamília Lentivirinae. Pertence ao grupo dos retrovírus citopáticos e não-oncogênicos. O HIV utiliza para se multiplicar uma enzima denominada transcrip- tase reversa, responsável pela transcro RNA viral para uma cópia DNA, integrando-se ao genoma do hospe- deiro. As principais formas de transmissão do HIV são: sexual, sanguínea e vertical. Além dessas três formas mais frequentes, pode ocorrer também a transmissão ocupacional, ocasionada por acidente de trabalho, em profissionais de saúde. O qualidade pelos bancos de sangue. Os profissionais de saúde devem estar atentos, e denunciar as irregu-laridades às autoridades sanitárias. Estarão, dessa forma, desempenhando papel de grande relevância na prevenção e controle da transmissão do HIV/HTL- V/Hepatites e outras doenças que podem ser trans- mitidas pelo sangue. Outra importante ação dos profissionais de saúde é solicitar o teste anti-HIV, após aconselhamento, na própria UBS, desestimu- lando, com isso, a procura dos bancos de sangue para a realização desse teste. Prevenção em usuários de drogas injetáveis (UDI) – Os UDI representam uma população particu- larmente importante, em virtude da alta prevalência do HIV nesse grupo. Consequentemente, represen- tam risco de transmissão para os parceiros sexuais e para os que compartilham agulhas e seringas. Res- salta-se, também, o risco da transmissão vertical quando ocorre a infecção da parceira. Entre os exames essenciais do pré-natal inclui-se a obrigatoriedade da oferta do teste anti- -HIV a todas às gestantes, com aconselhamento pré e pós-teste. O diagnóstico precoce permite o contro- le da doença materna e a prevenção da transmissão vertical do HIV. TRANSMISSÃO VERTICAL • Via de parto indicada de acordo com os níveis da carga viral materna, aferida no final da gestação (34ª semana). • Quimioprofilaxia instituída com o AZT injetável na parturiente, no início do trabalho de parto, permane- cendo até o clampeamento do cordão umbilical. • Quimioprofilaxia instituída com o AZT em solu- ção oral no recém-nascido, logo após seu nascimento, permanecendo em uso por 42 dias. • Criança alimentada, exclusivamente, com a fórmula infantil. 13 A transmissão ocupacional ocorre quando profissionais da área da saúde se ferem acidental- mente com instrumentos perfurocortantes contamina- dos com sangue de pacientes portadores do HIV. Estima-se que o risco médio de contrair o HIV, após uma exposição percutânea ao sangue contaminado, seja de aproximadamente 0,03%, aumentando esse risco para aproximadamente 0,1% no caso de exposi- ção de mucosas. O profissional de saúde acidentado com risco de infecção pelo HIV, deverá ser encaminhado nas primeiras horas (idealmente dentro de 1 a 2 horas), após o acidente, para a quimioprofilaxia com anti-re- trovirais. A duração da quimioprofilaxia é de 4 sema- nas. Estudos em animais sugerem que a quimioprofila- xia não é eficaz quando iniciada de 24 a 36 horas após o acidente. TRANSMISSÃO OCUPACIONAL ASPECTOS CLÍNICOS DA INFECÇÃO PELO HIV A infecçãopelo HIV pode ser dividida em quatro fases clínicas: 1. INFECÇÃO AGUDA. A infecção aguda, ocorre em cerca de 50% a 90% dos pacientes. Seu diagnóstico é pouco realizado, em razão do baixo índice de suspeição, sendo, em sua maioria, retrospectivo. O tempo entre a exposição e os sintomas, é de 5 a 30 dias. As manifestações clínicas podem variar desde quadro gripal até uma síndrome, que se assemelha à mononucleose. Os achados labora- toriais inespecíficos são transitórios e incluem: linfope- nia seguida de linfocitose; presença de linfócitos atípi- cos; plaquetopenia e elevação sérica das enzimas hepáticas. Os sintomas duram, em média, 14 dias, sendo o quadro clínico autolimitado. Janela imunológica: também chamada de janela bioló- gica, é o tempo compreendido entre a aquisição da infecção e a soroconversão. O tempo decorrido para que a sorologia anti-HIV torne-se positiva é de 6 a 12 semanas após a aquisição do vírus, com o período médio de aproximadamente 2 meses. Os testes utiliza- dos apresentam geralmente níveis de até 95% de soroconversão nos primeiros 6 meses após a trans- missão. 2. FASE ASSINTOMÁTICA (LATÊNCIA CLÍNICA). Na infecção precoce pelo HIV, também conhe- cida como fase assintomática, o estado clínico básico é mínimo ou inexistente. Alguns pacientes podem apre- sentar uma linfoadenopatia generalizada persistente, “flutuante” e indolor. 3. FASE SINTOMÁTICA INICIAL OU PRECOCE. Nesta fase, o portador de HIV pode apresentar sinais e sintomas inespecíficos de intensidade variá- vel, além de processos oportunistas de menor gravi- dade, principalmente na pele e nas mucosas. 4. AIDS. Uma vez instalada a aids, as pessoas portadoras do HIV apresentam sinais e sintomas de processos opor- tunistas, representados principalmente pelas seguin- tes doenças: • Infecções oportunistas (pneumonias, meningi- tes e enterites). • Tumores (sarcoma de Kaposi e linfomas). • Alterações neurológicas induzidas pelo HIV. 14 CLÍNICA MÉDICACLÍNICA MÉDICA Os testes para detecção da infecção pelo HIV podem ser divididos, basicamente, em quatro grupos: a) testes de detecção de anticorpos; b) testes de detecção de antígenos; c) testes de amplificação do genoma do vírus; e d) técnicas de cultura viral. As técnicas rotineiramente utilizadas para o diagnóstico da infecção pelo HIV são as baseadas na detecção de anticorpos contra o vírus, os chamados testes anti- -HIV. TESTES DIAGNÓSTICOS TESTES DE DETECÇÃO DE ANTICORPOS EXAMES COMPLEMENTARES • ELISA (ensaio imunoenzimático): essa técnica vem sendo amplamente utilizada na triagem de anticorpos contra o vírus, pela sua facilidade de automação, custo relativamente baixo e elevada sensibilidade e especificidade. • Imunofluorescência indireta: é um teste utilizado na etapa de confirmação sorológica. • Western-blot: esse teste é considerado “padrão ouro” para confirmação do resultado reagente na etapa de triagem. Tem alta especificidade e sensibilidade, mas, comparado aos demais testes sorológicos, tem um elevado custo. • Testes rápidos: dispensam em geral a utilização de equipamentos para a sua realização, sendo de fácil execução e leitura visual. Sua aplicação é voltada para situações emergenciais que requerem o uso profilático com ARV, ou seja, em centros obstétricos, e no paciente-fonte após acidente ocupacional. Esse teste tem aplicação, ainda, em locais onde a avaliação de custo-beneficio justifica seu uso. Os testes rápidos são executados em tempo inferior a 30 minutos. • Contagem de LT-CD4+ e exame de CV-HIV • Genotipagem pré-tratamento(a) Hemograma completo • Glicemia de jejum • Dosagem de lipídios (colesterol total, HDL, LDL, triglicerídeos) • Avaliação hepática e renal (AST, ALT, FA, BT e frações, Cr, exame básico de urina) • Teste imunológico para sífilis(b) • Testes para hepatites virais (anti-HAV, anti-HCV, HBsAg, anti-HBc total e anti-HBs para verificação de imunização) • IgG para toxoplasmose • Sorologia para HTLV I e II e Chagas(c) • Prova tuberculínica (PT)(d) • Radiografia de tórax 15 ROTEIRO PARA ABORDAGEM INICIAL DA PVHIV Explicar a doença: transmissão, história natural, signifi cado da contagem de LT-CD4+ e do exame de carga viral, impacto da terapia antirretroviral (TARV) na morbimortalidade Discutir o tempo provável de soropositividade Fazer revisão e documentação do primeiro exame anti-HIV Checar se há contagens de LT-CD4+ e exames de CV-HIV anteriores Discutir uso de ARV e se houve eventos adversos prévios (ex.: com uso de PEP e PrEP) Avaliar: • História de tuberculose, prova tuberculínica, profi laxia e/ou tratamentoprévio • História de doença mental • IO prévia ou atual e necessidade de profi laxia para IO • Outras infecções ou comorbidades atuais e/ou pregressas • Histórico de imunizações • Uso de medicamentos, práticas complementares e/ou alternativas Avaliar: • Parcerias e práticas sexuais • Utilização de preservativos e outros métodos de prevenção • História de sífi lis e outras IST • Uso de tabaco, álcool e outras drogas • Interesse em reduzir os danos à saúde Avaliar: • Reação emocional ao diagnóstico • Análise da rede de apoio social (família, amigos, organizações não governamentais) • Nível educacional • Condições de trabalho, domicílio e alimentação Discutir / Avaliar: • Desejo de ter fi lhos • Métodos contraceptivos • Estado sorológico da(s) parceria(s) e fi lho(s) Revisar histórico de: • Doenças cardiovasculares e hipertensão • Dislipidemias • Diabetes • Neoplasias Fonte: DIAHV/SVS/MS. I nformações específi cas sobre a infecção pelo HIV História médica atual e passada Riscos e vulnerabilidades História psicossocial Saúde reprodutiva História familiar 16 CLÍNICA MÉDICACLÍNICA MÉDICA O início imediato da TARV está recomendado para todas as pessoas vivendo com o vírus HIV, (PVHIV), independentemente do seu estágio clínico e/ou imunológico. A recomendação de início precoce da TARV considera, além dos claros benefícios rela- cionados à redução da morbimortalidade, a diminui- ção da transmissão da infecção, o impacto na redução da tuberculose – a qual constitui principal causa infec- ciosa de óbitos em PVHIV no Brasil e no mundo – e a disponibilidade de opções terapêuticas mais cômo- das e bem toleradas. A TARV está indicada para todas as PVHIV, em especial as sintomáticas, independentemente da con- tagem de LT-CD4+, uma vez que a presença de sinto- mas já demonstra fragilidade imunológica e incapaci- dade de controle viral. Entendem-se por sintomáticos os pacientes com imunodeficiência avançada (doença definidora de aids) ou moderada. A TARV está indicada para toda gestante infec- tada pelo HIV, independentemente de critérios clíni- cos e imunológicos, e não deverá ser suspensa após o parto, independentemente do nível de LT-CD4+. A TARV poderá ser iniciada na gestante a partir da 14 ª semana de gestação, logo após a coleta de exames e antes mesmo de se ter os resultados de LT-CD4+ e CV, principalmente nos casos de gestantes que iniciam tardiamente o acompanhamento pré-natal, com o objetivo de alcançar a supressão viral o mais rapidamente possível. A TB ativa, sob qualquer apresentação clínica, é sinal de imunodeficiência; portanto, a coinfecção TB-HIV deve caracterizar o portador de HIV como sintomático e indicar o início da TARV. Há evidências consistentes de que o início precoce da TARV nesses casos reduz a mortalidade, especialmente em indivídu- os com imunodeficiência grave. Recomenda-se que pacientes com contagem de LT-CD4+ abaixo de 50 céls/mm³ ou com sinais de imunodeficiência avançada iniciem com rapidez o tratamento anti-TB e comecem a TARV dentro de duas semanas do início do trata- mento para TB. Nos demais pacientes, o tratamento para TB deve ser iniciado também o mais brevemente possível, e a TARV deve ser iniciada na 8ª semana de tratamento anti-TB. Não se recomenda o início conco- TERAPIA ANTI-RETROVIRAL ESQUEMA DE TARV INICIALPREFERENCIAL PARA ADULTOS Fonte: DIAHV/SVS/MS. mitante do tratamento para ambos os agravos, a fim de reduzir ou evitar a ocorrência de eventos adversos cumulativos das medicações. Um pequeno grupo de indivíduos infectados pelo HIV mantém níveis plasmáticos de CV-HIV abaixo do nível de quantificação durante anos, sem uso de TARV. Esses indivíduos são frequentemente chamados de “controladores de elite”. Há poucos dados sobre o papel da TARV nesses indivíduos. Coinfecção TB-HIV com um ou mais dos critérios de gravidade abaixo(d): LT-CD4+ <100 céls/mm³ Presença de outra infecção oportunista Necessidade de internação hospitalar/ doença grave Tuberculose disseminada Coinfecção TB-HIV(d) sem critérios de gravidade (conforme critérios elencados abaixo) Adultos em início de tratamento(a) TDF /3TC + DTG (300mg/300 mg) “2 x 1”+ 50mg 1x/dia Concluído o tratamento completo para TB, poderá ser feita a mudança (switch) do EFV para DTG. - Concluído o tratamento completo de TB, deverá ser feita a mudança (switch) do RAL para DTG em até 3 meses. TDF= Tenofovir 3TC= lamivudina DTG= dolutegravir EFV= efavirez RAL=Raltegravir (300mg/300 mg/600mg) – DFC 1x/dia (300mg/300 mg) “2 x 1” 1x/dia + 400mg 12/12h (b) (c) (b) (b) TDF /3TC/ EFV TDF /3TC + RAL SITUAÇÃO TERAPIA ANTIRRE- TROVIRAL DOSE DIÁRIA OBSERVAÇÃO Fontes: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos. 17 MODOS DE TRANSMISSÃO FORMAS CLÍNICAS TUBERCULOSE uma doença infecciosa e contagiosa, causada por uma bactéria, o Mycobacterium tuberculo- sis, também denominado de Bacilo de Koch (BK). O termo tuberculose se origina no fato da doença causar lesões chamadas tubérculos. A transmissão ocorre por meio de gotículas contendo os bacilos expelidos por um doente com tuberculose pulmonar ao tossir, espirrar ou falar. Quando essas gotículas são inaladas por pessoas sadias, podem provocar a infecção tuberculosa. A propagação do bacilo da tuberculose está associada principalmente às condições de vida da população. Prolifera em áreas de grande concentração humana, com precários serviços de infra-estrutura urbana, como saneamento e habitação, onde coexis- tem a fome e a miséria. Por isso, a sua incidência é Uma vez infectada, a pessoa pode desenvol- ver tuberculose doença em qualquer fase da vida. Isso acontece quando o sistema imunológico não pode mais manter os bacilos sob controle, permitin- do que eles se multipliquem rapidamente. Qualquer órgão pode ser atingido pela tuberculose; mais frequentemente pulmões, gânglios linfáticos, pleura, laringe, rins, cérebro e ossos. Apenas cerca de 10% das pessoas infectadas adoecem, mais da metade delas durante os dois primeiros anos após a infec- ção, e o restante ao longo da vida. É maior nas periferias das grandes cidades, podendo, porém, acometer qualquer pessoa, inclusive em áreas rurais. A transmissão ocorre geralmente em ambientes fechados, nos quais as partículas expeli- das pelo doente de Tuberculose (TB) podem perma- necer no ar, principalmente em locais escuros e pouco ventilados, por longos períodos. Quando uma pessoa inala as gotículas con- tendo os bacilos, muitos deles ficam retidos no trato respiratório superior (garganta e nariz). Se chegarem aos brônquios, os bacilos são aprisionados na secre- ção (catarro) e eliminados pelo movimento ciliar. Contudo, quando os bacilos atingem os alvéolos, a infecção pode se estabelecer. Nos alvéolos, os bacilos multiplicam-se e um pequeno número entra na circulação sanguínea, disseminando-se por todo o corpo. Dentro de 2 a 10 semanas, no entanto, o sistema imunológico inter- vém, principalmente por meio das células brancas sanguíneas, linfócitos e macrófagos, as quais impe- dem que os bacilos continuem a se multiplicar, bloqueando, assim, a evolução da infecção para tuberculose-doença. Os linfócitos e macrófagos formam o granuloma, uma espécie de barreira em torno dos bacilos provocando sua destruição por meio da fagocitose. Graças à formação do granulo- ma, a pessoa pode permanecer infectada, não desenvolvendo a doença e, portanto, não transmitin- do o germe para as pessoas suscetíveis. 18 CLÍNICA MÉDICACLÍNICA MÉDICA DIAGNÓSTICO DETECÇÃO DE CASOS A busca de casos deve ser feita principalmente entre: • Sintomáticos respiratórios, isto é, portadores de tosse com expectoração há pelo menos três semanas. • Portadores que apresentem sintomatologia compatível com tuberculose: além da tosse com expectoração, febre vespertina, suores noturnos, perda de peso, escarro sanguíneo (hemoptóico) e/ou dor torácica. • Pacientes com história de tratamento anterior para tuberculose; • Contatos de casos de tuberculose (pessoas parentes ou não que coabitam com um paciente de tuberculose); • Populações de risco: pessoas privadas de liberdade, asilos, instituições psiquiátricas, abrigos; • Portadores de doenças debilitantes (diabetes, neoplasias); • Imunodeprimidos por uso de medicamentos; • Imunodeprimidos por infecções, como o HIV; • Usuários de drogas; • Moradores de rua; • Trabalhadores da área de saúde Exame Bacteriológico Direto do Escarro É método fundamental para o diagnóstico. Esse exame, quando executado corretamente, permite detectar de 70 a 80% dos casos de tuberculose pulmonar em uma comunidade. A baciloscopia direta do escarro deve sempre ser solicitada para: • Pacientes adultos que procurem o serviço de saúde por apresentarem queixas respiratórias ou, informarem ter tosse e expectoração há três semanas ou mais; • Pacientes que apresentem alterações pulmonares na radiografia de tórax; • Contatos de casos de tuberculose pulmonar bacilíferos que apresentem queixas respiratórias. Cultura do Bacilo de Koch (BK) É indicada para: • Os casos suspeitos de tuberculose pulmonar negativos ao exame direto do escarro; • O diagnóstico das formas extrapulmonares, como: meningoencefálica, renal, pleural, óssea ou ganglionar; • Os casos com suspeita de resistência bacteriana às drogas; nestes deve ser realizado o teste de sensibilidade; • Os casos com suspeita de infecção por micobactérias não-tuberculosas, notadamente nos doentes HIV positivos ou com Aids, nos quais deverá ser realizada a tipificação do bacilo; • Em pacientes com história de tratamento anterior para tuberculose, com imagens radiológicas sugestivas, porém com baciloscopia persistentemente negativa; nestes casos o objetivo é de afastar a possibilidade de sequela. 19 PROVA TUBERCULÍNICA O EXAME SOROLÓGICO ANTI-HIV A prova tuberculínica é indicada como método auxiliar no diagnóstico da tuberculose. Pessoa reatora ao teste isoladamente é um indicativo tão somente da presença de infecção, não sendo suficiente para o diagnóstico da doença tuberculose. No Brasil, a tuberculina usada é o PPD RT23, aplica- do por via intradérmica, no terço médio da face ante- rior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1 ml, equi- valente a 2 UT (unidades de tuberculina). A leitura da prova tuberculínica é realizada 72 • 0 a 4 mm - não reator - indivíduo não infectado pelo M. tuberculosis ou com hipersensibilidade reduzida; • 5 a 9 mm - reator fraco - indivíduo infectado pelo M. tuberculosis ou por outras micobactérias; • 10 mm ou mais - reator forte - indivíduo infectado pelo M. tuberculosis, que pode estar ou não doente, e indivíduos vacinados com BCG nos últimos dois anos. O exame radiológico É auxiliar no diagnóstico da tuberculose, justificando-se sua utilização, se possível, nos casos suspeitos. É sempre indispensável realizar o exame bacteriológico para um diagnóstico correto: • O exame radiológico permite a identificação de pessoas portadoras de imagens sugestivas de tuberculose ou de outras patologias; • O exame radiológico, em pacientes com baciloscopia positiva, tem como função principal a exclusão de outra doença pulmonar associada, quenecessite de tratamento concomitante, além de permitir avaliação da evolução radiológica dos pacientes, sobretudo naqueles que não responderam à quimioterapia. Os resultados das radiografias de tórax deverão obedecer à seguinte classificação: • Normal: não apresenta imagens patológicas nos campos pleuro-pulmonares; • Suspeito: apresenta imagens sugestivas de tuberculose; • Sequela: apresenta imagens sugestivas de lesões cicatriciais; • Outras doenças: o exame radiológico apresenta imagens sugestivas de pneumopatias não-tuberculosas (infecções bacterianas, micoses, abcessos ou neoplasias). a 96 horas após a aplicação, medindo-se com régua milimetrada o maior diâmetro transverso da área de endurecimento palpável. O resultado, registrado em milímetros, classifica-se como: Nos indivíduos vacinados com BCG, sobretu- do entre aqueles imunizados há até dois anos, a prova tuberculínica deve ser interpretada com caute- la porque, em geral, apresenta reações de tamanho médio, podendo alcançar 10 mm ou mais. A todo doente com diagnóstico de tuberculo- se confirmado, deve ser oferecido o teste sorológico anti-HIV. O profissional de saúde deve conversar com o doente sobre a possibilidade de associação das duas infecções e dos benefícios do diagnóstico precoce e tratamento da infecção pelo HIV. 20 CLÍNICA MÉDICACLÍNICA MÉDICA TRATAMENTO DEFINIÇÃO DE CASO DE TUBERCULOSE Tuberculose pulmonar positiva • Duas baciloscopias diretas positivas; ou, • Uma baciloscopia direta positiva e cultura positiva; ou, • Uma baciloscopia direta positiva e imagem radiológica sugestiva de tuberculose; ou, • Duas ou mais baciloscopias diretas negativas e cultura positiva. Tuberculose pulmonar negativa Quando apresenta duas baciloscopias negativas, com imagem radiológica sugestiva e achados clínicos ou outros exames complementares que permitam ao médico efetuar o diagnóstico de tuberculose. Tuberculose extrapulmonar Com base nos achados clínicos e em exames complementares a tuberculose pode ainda se expressar por formas disseminadas, como a miliar, ou formas extrapulmonares, classificadas segundo a localização: pleural, ganglionar periférica, ósteoarticular, geniturinária, meningoencefalica e outras. A tuberculose é uma doença grave, porém curável em praticamente 100% dos casos, desde que os princípios da quimioterapia sejam seguidos. A associação medicamentosa adequada, doses corre- tas, uso por tempo suficiente, com supervisão da tomada dos medicamentos, são os meios para evitar a persistência bacteriana e o desenvolvimento de resistência às drogas, assegurando assim a cura do paciente. As drogas deverão ser administradas prefe- rencialmente em jejum, em uma única tomada ou, em caso de intolerância digestiva, junto com uma refei- ção. Em casos individualizados cuja evolução clíni- ca inicial não tenha sido satisfatória, a administração dos medicamentos deverá ser feita com a orientação de especialistas; o tempo de tratamento poderá ser prolongado, na sua 2.ª fase, por mais três meses (2RHZ/7RH). ESQUEMA BÁSICO- 2RHZ/4RH FASES DO TRATAMENTO DROGAS SIGLAS: R - Rifampicina H - Isoniazida Z - Pirazinamida PESO DO DOENTE 1ª fase (2 meses - RHZ) R H Z 10 10 35 300 200 1000 450 300 1500 600 400 2000 600 400 450 300 300 200 até 20kg (mg/kg/dia) mais de 20kg e até 35kg (mg/kg/dia) mais de 35kg e até 45kg (mg/kg/dia) mais de 45kg (mg/kg/dia) 10 10 R H 2ª fase (4 meses - RH) 21 CASOS DE TUBERCULOSE MENINGOENCEFÁLICA - 2 RHZ/7RH CASOS DE RECIDIVA APÓS CURA OU RETORNO APÓS ABANDONO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE MULTIRRESISTENTE (TBMR) REAÇÕES ADVERSAS AO USO DE DROGAS ANTITUBERCULOSE SUBSTITUIÇÃO DE DROGAS FRENTE AOS EFEITOS ADVERSOS • Intolerância à pirazinamida: substituir pelo etambutol, durante os dois meses previstos para o uso da pirazinamida (2 RHE/4RH); • Intolerância à isoniazida: substituir pelo etambutol e pela estreptomicina, nos 2 primeiros meses, e etambutol, durante os quatro últimos meses (2 RESZ/4RE); • Intolerância à rifampicina: substituir pela estreptomicina e etambutol, durante os dois primeiros meses, e pelo etambutol, durante os 10 meses restantes, devendo o período de tratamento passar a ser de 12 meses (2 SEHZ/10 HE). Nos casos de concomitância entre tuberculo- se meningoencefálica e qualquer outra localização, usar o esquema II. A internação é mandatória sempre que se suspeitar do diagnóstico de tuberculose meningoencefálica. Nos casos de tuberculose meningoencefálica em qualquer idade, recomenda- -se o uso de corticosteróides (prednisona, dexame- tasona ou outros) por um período de 1 a 4 meses, no início do tratamento. ESQUEMA BÁSICO + ETAMBUTOL - 2RHZE/4RHE Os casos de recidiva de esquemas alternati- vos por toxicidade ao esquema básico devem ser avaliados em unidades de referência para prescrição de esquema individualizado. O paciente que apre- sentar alteração da visão deverá ser encaminhado para uma unidade de referência com o objetivo de avaliar o uso do etambutol. Pacientes que não se curam após tratamento com os esquemas padronizados e portadores de bacilos resistentes a mais de duas drogas, dentre as quais a rifampicina e a isoniazida, constituem um grupo de doentes classificados no último Consenso Brasileiro de Tuberculose como portadores de tuber- culose multirresistente (TBMR). Esses pacientes e seus familiares serão atendidos por equipe multipro- fissional especializada, em centros de referência que cumpram as normas de biossegurança. Uma vez identificada a droga que está produ- zindo os sintomas, substituí-la da seguinte maneira: Obs.: ao estimar o tempo total de tratamento, considerar, inclusive, o que antecedeu a intolerância medicamentosa. A grande maioria dos pacientes submetidos a tratamento para tuberculose apresenta boa tolerân- cia aos medicamentos e completa o tempo recomen- dado sem sentir qualquer efeito colateral. Todavia, os maiores determinantes dessas reações se referem à dose, horários de administração da medicação, além daqueles fatores predisponentes, como alcoolismo, idade avançada, estado nutricional comprometido, doença hepática ou renal ou infecção pelo HIV. Into- lerância gástrica, manifestações cutâneas variadas, icterícia e dores articulares são os efeitos mais freqüentemente descritos durante o tratamento com o esquema I. Os pacientes devem ser advertidos sobre estas possibilidades; caso ocorram, devem ser orientados a procurar o serviço de saúde para con- sulta, o mais rapidamente possível. 22 CLÍNICA MÉDICACLÍNICA MÉDICA CRITÉRIOS PARA ENCERRAMENTO DO TRATAMENTO Alta por cura: • Será dada alta por cura quando os pacientes pulmonares, inicialmente positivos, apresentarem durante o tratamento, pelo menos duas baciloscopias negativas: uma na fase de acompanhamento e outra no final do tratamento. • Completou tratamento: quando a alta for dada após completar o tratamento, com base em critérios clínicos e radiológicos: • Quando o paciente não tiver realizado os exames de escarro de controle por ausência de expectoração e obtiver alta com base em dados clínicos e exames complementares; • Em caso de tuberculose pulmonar inicialmente negativa; • Em caso de tuberculose extrapulmonar. Alta por abandono: • Paciente, após uso dos medicamentos por mais de um mês, deixa de tomá-los por um período superior a trinta dias da data do último aprazamento. Alta por óbito por TB: • Paciente morre durante o tratamento, em conseqüência da tuberculose ou em decorrência dos efeitos adversos das drogas utilizadas nos esquemas terapêuticos. Alta por óbito por outra causa: • Paciente morre durante o tratamento em decorrência de fatores alheios à doença e/ou ao tratamento. Alta por mudança de diagnóstico: • Constatado erro no diagnóstico durante o tratamento. Alta por transferência: • A alta por transferência ocorre quando o pacienteé formalmente transferido para outro município; ou quando o paciente, durante o tratamento, é formalmente transferido para outro serviço, onde é comprovadamente acolhido, fora da abrangência da unidade de origem. 23 Os principais sinais e sintomas da doença são: • Manchas esbranquiçadas (hipocrômicas), acastanhadas ou avermelhadas, com alterações de sensibilidade (a pessoa sente formigamentos, choques e câimbras que evoluem para dormência – se queima ou machuca sem perceber); • Pápulas, infiltrações, tubérculos e nódulos, normalmente sem sintomas ; • Diminuição ou queda de pêlos, localizada ou difusa, especialmente sobrancelhas; • Falta ou ausência de sudorese no local - pele seca. As lesões da hanseníase geralmente iniciam com hiperestesia - sensação dequeimação, formigamento e/ou coceira - no local, que evoluem para ausência de sensibilidade e, a partir daí, não coçam e o paciente refere dormência - diminuição ou perda de sensibilidade ao calor, a dor e/ou ao tato - em qualquer parte do corpo. HANSENÍASE uma doença infecciosa, crônica, de grande importância para a saúde pública devido à sua magnitude e seu alto poder incapacitante, atingindo principalmente a faixa etária econo- micamente ativa. Acomete principalmente a pele e os nervos periféricos, mas também manifesta-se como uma doença sistêmica comprometendo articulações, olhos, testículos, gânglios e outros órgãos. O alto potencial incapacitante da hanseníase está direta- mente relacionado à capacidade de penetração do Mycobacterium leprae na célula nervosa e seu poder imunogênico. O M. leprae é um bacilo álcool-ácido resisten- te e gram-positivo, em forma de bastonete. É um parasita intracelular, sendo a única espécie de mico- bactéria que infecta nervos periféricos, especifica- mente as células de Schwann. Este bacilo não cresce em meios de cultura artificiais, ou seja, não é cultivá- vel in vitro. Devido ao padrão de multiplicação do bacilo, a doença progride lentamente. Entre o contato com a pessoa doente e o aparecimento dos primeiros sinais pode levar em média 2 a 5 anos. O homem é considerado a única fonte de infecção da hanseníase. A transmissão se dá por meio de uma pessoa doente, sem tratamento, que elimina o bacilo para o meio exterior infectando outras pessoas suscetíveis. Estimase que 90% da popula- ção tenha defesa natural contra o M. leprae, e sabe- -se que a susceptibilidade ao M. leprae tem influência genética. A principal via de eliminação do bacilo pelo doente e a mais provável via de entrada deste no organismo são as vias aéreas superiores (mucosa nasal e orofa- ringe), através de contato íntimo e prolongado, muito frequente na convivência domiciliar. Por isso, o domicílio é apontado como impor- tante espaço de transmissão da doença. A hansenía- se não é de transmissão hereditária (congênita) e também não há evidências de transmissão nas rela- ções sexuais. É AGENTE ETIOLÓGICO MODO DE TRANSMISSÃO PERÍODO DE INCUBAÇÃO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 24 CLÍNICA MÉDICACLÍNICA MÉDICACLÍNICA MÉDICA Outros sintomas e sinais que têm sido também observados: • Dor e/ou espessamento de nervos periféricos; • Diminuição e/ou perda de sensibilidade nas áreas dos nervos afetados, principalmente nos olhos, mãos e pés; • Diminuição e/ou perda de força nos músculos inervados por estes nervos, principalmente nos membros superiores e inferiores e por vezes, pálpebras; • Edema de mãos e pés; • Febre e artralgia; • Entupimento, feridas e ressecamento do nariz; • Nódulos eritematosos dolorosos; • Mal estar geral; • Ressecamento dos olhos. • Lesão de pele com alteração de sensibili- dade • Acometimento de nervo com espessa- mento neural • Baciloscopia positiva • Eczemátide • Pitiríase Versicolor • Vitiligo • Dermatofitoses • Doenças neurológicas HANSENÍASE O diagnóstico é feito com a presença de 1 ou mais dos seguintes criterios critérios: A hanseníase pode ser confundida com outras doenças dermatológicas ou neurológicas, que apresentam sinais e sintomas semelhantes aos seus. Portanto, deve ser feito diagnóstico diferencial em relação a essas doenças. As principais doenças são: POLIQUIMIOTERAPIA - PQT/OMS É constituída por rifampicina, dapsona e clofazimina acondicionados em quatro (quatro) tipos de cartelas, com a composição de acordo com a classificação operacional de cada caso: Paucibacilar Adulto, Paucibacilar Infantil, Multibacilar Adulto e Multibacilar Infantil. Visando o tratamento com o esquema PQT/OMS (poliquimioterapia), a classificação opera- cional do caso de hanseníase é baseada no número de lesões cutâneas de acordo com os seguintes critérios: A baciloscopia positiva classifica o caso como mb, independentemente do número de lesões. DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL TRATAMENTO CLASSIFICAÇÃO OPERACIONAL DO CASO DE HANSENÍASE • Paucibacilar (PB) – casos com até cinco lesões de pele; • Multibacilar (MB) – casos com mais de cinco lesões de pele. A baciloscopia de pele (esfregaço dérmi- co), quando disponível, deve ser utilizada como exame complementar para a classificação dos casos em PB ou MB. 25 Também conhecidos como reações hansêni- cas são manifestações agudas ocasionadas por alte- rações do sistema imunológico da pessoa atingida pela hanseníase, os quais se exteriorizam por meio de manifestações inflamatórias agudas e subagudas, que podem ocorrer antes, durante ou depois do tratamento com PQT/OMS, tanto nos casos PB como nos MB. Podem ser: A Hanseníase é uma doença de notificação compulsó- ria em todo Território Nacional e de investigação obrigatória. Cada caso diagnosticado deve ser notificado na semana epide- miológica de ocorrência do diagnóstico, utilizando-se a ficha de notificação e investigação do Sistema Nacional de Agravos de Notificação/SINAN. Essas ocorrências deverão ser consideradas como situações de urgência e encaminhadas às unidades de referência para tratamento nas primeiras 24 horas. Nas situações em que há dificuldade de encaminhamento imediato, os seguintes procedi- mentos deverão ser aplicados até a avaliação: I . Reação Tipo um ou Reação Reversa (RR) caracteriza-se por: • infiltração, alterações de cor e edema nas lesões antigas; • surgimento de novas lesões dermatológicas (manchas ou placas); • Comprometimento de nervos periféricos (neurite), com ou sem lesões cutâneas agudas. • Orientar repouso do membro afetado em caso de suspeita de neurite; • Iniciar prednisona na dose de 1mg/kg peso/dia, devendo ser tomadas as seguintes precauções para a sua utilização: registrar o peso, a pressão arterial e a taxa de glicose e fazer tratamento para estrongiloidíase. II . Reação Tipo dois ou Eritema Nodoso Hansênico (ENH) caracteriza-se por: • Apresentar nódulos subcutâneos dolorosos, acompanhados ou não de febre; • Dores articulares e mal-estar generalizado; • Irite ou iridociclite ESTADOS REACIONAIS NOTIFICAÇÃO ESQUEMA TERAPEUTICO PAUCIBACILAR: 6 cartelas ADULTO CRIANÇA Rifampicina (RFM): uma dose mensal de 600 mg (duas cápsculas de 300 mg ) com administração supervisionada. Dapsona (DDS): uma dose mensal de 100 mg supervisionada e uma dose diária de 100 mg auto-administrada. Rifampicina (RFM): uma dose mensal de 450 mg (uma cápscula de 150 mg e uma cápsula de 300 mg ) com adminis- tração supervisionada. Dapsona (DDS): uma dose mensal de 50 mg supervisionada e uma dose diária de 50 mg auto-administrada. MULTIBACILAR: 12 cartelas ADULTO CRIANÇA Rifampicina (RFM): uma dose mensal de 600 mg (duas cápsculas de 300 mg ) com administração supervisionada. Dapsona (DDS): uma dose mensal de 100 mg supervisionada e uma dose diária de 100 mg auto-administrada. Clofazimina (CFZ): uma dose mensal de 300 mg ( três cápsulas de 100 mg) com administração supervisionada e uma dose diária de 50 mg auto-administrada. Clofazimina (CFZ): uma dose mensal de150 mg ( três cápsulas de 50 mg) com administração
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