Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE VETERINÁRIA BIOQUÍMICA VETERINÁRIA II ILDEMAR GOIS LOPES DOENÇAS DO METABOLISMO DO GLICOGÊNIO FORTALEZA Janeiro de 2020 2 Sumário 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 3 2 OBJETIVO ........................................................................................................... 4 3 GLICOGÊNESE E GLICOGENÓLISE ........................................................... 5 4 GLICOGENOSES ............................................................................................... 9 5 CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................ 10 6 DOENÇA DE VON GIERKE ........................................................................... 11 7 DOENÇA DE POMPE ...................................................................................... 13 8 DOENÇA DE CORI .......................................................................................... 14 8.1 Definição ............................................................................................................. 14 8.2 Classificação ....................................................................................................... 16 8.3 Causa ................................................................................................................... 16 8.4 Sintomas .............................................................................................................. 16 8.5 Tratamento ......................................................................................................... 17 9 DOENÇA DE ANDERSEN .............................................................................. 18 9.1 Definição ............................................................................................................. 18 9.2 Sintomas .............................................................................................................. 18 9.3 Tratamento ......................................................................................................... 19 10 DOENÇA DE McARDLE ................................................................................. 19 11 DOENÇA DE HERS .......................................................................................... 21 12 DOENÇA DE TARUI ........................................................................................ 23 13 CONCLUSÃO .................................................................................................... 26 14 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 27 3 1. INTRODUÇÃO A glicose é a fonte de energia preferida do cérebro. Assim, uma fonte constante de glicose no sangue é essencial para a vida humana. A glicose no fluxo sanguíneo pode ser obtida de três fontes principais: dieta, degradação do glicogênio e gliconeogênese. Como a ingestão alimentar de glicose (e precursores da glicose) é esporádica e a gliconeogênese não pode ocorrer em resposta rápida à queda dos níveis de glicose no sangue, o glicogênio serve como um meio para armazenar glicose de uma forma que possa ser facilmente mobilizada. A síntese de glicogênio representa um caminho fundamental para o descarte do excesso de glicose, enquanto sua degradação é crucial para fornecer energia durante o exercício e momentos de necessidade. A importância do metabolismo do glicogênio também é destacada por desordens genéticas humanas causadas por mutações nas enzimas envolvidas, que ocasiona as doenças de armazenamento do glicogênio (GSDs). As interrupções no metabolismo do glicogênio geralmente resultam em algum nível de disfunção no fígado, músculo, coração, rim e/ou cérebro. Além disso, o espectro de sintomas observado é muito amplo, dependendo da enzima afetada. As doenças de armazenamento de glicogênio são um grupo de distúrbios metabólicos herdados que resultam de um defeito em qualquer uma das várias enzimas necessárias para a síntese de glicogênio ou a degradação de glicogênio. Os GSDs podem ser divididos naqueles com envolvimento hepático, que se apresentam como hipoglicemia, e aqueles que estão associados a doença neuromuscular e fraqueza. A severidade dos GSDs varia daqueles que são fatais na infância, se não tratados, a distúrbios leves com uma vida útil normal. 4 2. OBJETIVO Este estudo teve por objetivo apresentar as doenças do metabolismo do glicogênio, conhecidas principalmente como glicogenoses, explanando o ponto chave no erro do metabolismo de cada doença associada, não apenas partindo do aspecto bioquímico de cada doença, como também abordando fatores como suas causas, sintomas e tratamento. 5 3. GLICOGÊNESE E GLICOGENÓLISE Glicogênio O Glicogênio é o principal polissacarídeo de armazenamento das células animais. É um polímero de glicose com ligações α -1,4 entre as subunidades de glicose e α - 1,6 nas ramificações. É extensivamente ramificado, sendo mais compacto que o Amido. O Glicogênio apresenta apenas uma extremidade redutora, e, quando é utilizado como fonte de energia, as unidades de glicose são removidas uma a uma a partir das extremidades não-redutoras, porém mais de uma enzima pode trabalhar em uma mesma molécula de Glicogênio simultaneamente, acelerando a degradação. Glicogênese A Glicogênese é a síntese de glicogênio. Esse processo ocorre tanto nos músculos quanto no fígado. O glicogênio muscular é um a reserva de combustível para a produção de ATP dentro desse tecido, enquanto o glicogênio hepático é uma reserva de glicose para a manutenção das concentrações de glicose no sangue. Quando começa a entrar muita glicose na célula hepática ou muscular, esta deve ser encaminhada para vários metabolismos, como a glicólise, a glicogênese a lipogênese, entre outros. Para ser encaminhada para a formação de glicogênio, a glicose deve ser marcada com um UDP formando UDP-glicose. Esta ativação ocorre a partir da formação de glicose-6-fosfato na célula e por causa da ativação enzimática ocasionada pela insulina. Ativando, portanto, a UDP-glicose fosforilase. Após a ativação da glicose, a glicogênio sintase catalisa a retirada de UDP da UDP-glicose e a ligação do carbono 1 da glicose recém chegada ao carbono 4 da última molécula do glicogênio, formando, portanto, ligações α-1,4. Após a ação da glicogênio sintase, a enzima ramificadora (Glicosil-4,6-transferase) quebra a ligação α-1, 4 e, em seguida, coloca a cadeia glicosídica em uma posição acima da estrutura do glicogênio e forma uma ligação α-1,6, ramificando a estrutura. Depois disso, a Glicogênio sintase continua aumentando a cadeia e esse processo ocorre várias vezes até que a estimulação da insulina termine. 6 Glicogenólise Em uma hipoglicemia ou durante exercício físico, os hormônios glucagon e adrenalina ativam as enzimas da glicogenólise. O glicogênio hepático é aquele que contribui para o aumento da glicemia. O glicogênio do músculo serve para a via glicolítica, para produção de ATP. Para iniciar a quebra do glicogênio, a glicogênio fosforilase quebra as ligações α-1,4 colocando, ao mesmo tempo, fosfato inorgânico no carbono 1 da molécula de glicose e liberando glicose-1-fosfato. 7 Figura: Esquema das enzimas envolvidas na iniciação (A), na síntese (B) e na decomposição (C) do glicogênio. Hexágonos denotam monômeros de glicose, com várias cores adicionadas para maior clareza. A degradação do glicogênio ocorre através de mecanismos distintos no citosol (glicogenólise) e lisossomos (glicofagia). GAA, alfa-glucosidaseácida; GP, glicogênio fosforilase; GS, glicogênio sintase. Esta quebra ocorre até que sobrem 4 moléculas de glicose na ramificação. Em seguida, a enzima desramificadora, que é uma transferase, transfere as 3 últimas moléculas que estão em ligação α-1,4 para a ponta da cadeia, sobrando apenas 1 molécula em ligação α-1,6. Depois disso, a α-1,6 glicosidase quebra a ligação α-1,6, liberando glicose. O que sobra é um polissacarídeo linear que continua a ser quebrado pela glicogênio fosforilase, até que sobrem 4 moléculas de glicose ligadas na glicogenina. 8 Figura: Esquema das vias ligadas ao metabolismo do glicogênio. A degradação do glicogênio produz glicose-1-fosfato (via glicogenólise) e glicose (via glicofagia e atividade enzimática de desfibramento). Ambos os produtos entram na via glicolítica que dá origem ao piruvato, que atua como um precursor essencial do ciclo TCA, síntese de ácidos graxos e gliconeogênese. A interconversão de piruvato em lactato e alanina integra ainda mais o metabolismo do fígado e dos tecidos musculares. Além disso, a frutose-6-fosfato gerado na glicólise também pode derivar para a via da pentose fosfato para a síntese de nucleotídeos. 9 4. GLICOGENOSES O patologista Edgar Von Gierke, identificou pela primeira vez concentração aumentada de glicogênio nos tecidos de autópsias em 1929. Gerty e Cory demonstraram diminuição ou ausência da enzima Glicose-6-fosfatase (G-6-Pase) em 1952, sendo então nomeada Doença de Von Gierke. Em 1976 e 1977, estudos feitos por Nordlie e colaboradores, através de biópsias de fígado, caracterizam níveis normais de enzima G- 6-Pase, apesar da glicose não ser liberada. As glicogenoses são classificadas em doze tipos diferentes, de acordo com a deficiência enzimática específica e tecidos orgânicos com alteração na concentração ou defeito estrutural do glicogênio. Os tipos I, III e IX correspondem a 80% dos casos de doença do Armazenamento de glicogênio hepático. Se classificam de acordo com órgão que afetam primariamente ➔ Fígado: • Manutenção da glicemia • Hepatomegalia e hipoglicemia ▪ Tipo 0: Glicogenose A ▪ Tipo I: Doença de Von Gierke ▪ Tipo VI: Doença de Hers ➔ Músculos • Geração de ATP para contração muscular • Clínica: câimbras, intolerância ao exercício, fadiga e fraqueza progressiva ▪ Tipo V: Doença de McArdle ▪ Tipo VIII: Doença de Tarui ➔ Forma generalizada • Afeta múltiplos órgãos ▪ Tipo II: Doença de Pompe ▪ Tipo III: Doença de Cori ▪ Tipo IV: Doença de Andersen 5. CLASSIFICAÇÃO 10 6. DOENÇA DE VON GIERKE As glicogenoses são doenças de armazenamento de glicogênio e a doença de von Tipo Denominação das doenças Enzima defeituosa Tecido atingido Espécie 0 Glicogenose A Glicogênio Sintase Hepática Fígado, músculo Humanos I Doença de Von Gierke Glicose-6-fosfatase Fígado, músculo, rins e intestino Humanos e Cães II Doença de Pompe Amilo-a-1,4-glicosidase Coração, músculo e intestino Humanos, bovinos, cães, codornas III Doença de Cori Amilo-a-1,6-glicosidase Fígado, músculo e intestino Humanos, cão pastor alemão IV Doença de Andersen Amilo-a-1,4-1,6- glicosidase Fígado Humanos V Doença de McArdie Glicogênio Fosforilase Muscular Músculo Humanos VI Doença de Hers Glicogênio Fosforilase Hepática Fígado Humanos VII Doença de Tarui Fosfofrutoquinase muscular Músculo Humanos VIII - Fosforilase Quinase Hepática Fígado e cérebro Humanos, ratos, camundongos IX - Fosforilase Quinase Fígado e cérebro Humanos X - Fosfo-hexose-isomerase Fígado e músculos Humanos XI Doença de Franconi-Bickel Transportador de Glicose (GLUT2) Fígado e rins Humanos 11 Gierke é a mais comum delas, sendo que as complicações metabólicas da doença incluem hipoglicemia, acidemia láctica, hiperuricemia, hipofosfatemia e adenoma hepático. Também conhecida por glicogenose tipo 1, essa doença consiste em uma desordem metabólica hereditária, de caráter autossomico e que leva o acúmulo de glicogênio no organismo. A patologia foi descrita pela primeira vez pelo médico Edgar Von Gierke e decorre de um defeito na enzima glicose-6-fosfatase, o que acomete na ausência de produção de glicose pela glicogenólise e gliconeogênese. É caracterizada pela deficiência de glicose- 6-fosfatase (G-6-Pase), uma enzima composta por um sistema multicomponente que compreende o sítio ativo na superfície luminal do retículo endoplasmático e três translocases4. A glicogenose tipo Ia envolve a deficiência da unidade catalítica que é responsável por desfosforilar a glicose-6-fosfato1,5. Os primeiros sinais e sintomas que podem levar a investigação da presença de glicogenoses em filhotes são: quadro neurológico grave com manifestação precoce de convulsão e aumento de ácido láctico no sangue, hipoglicemia, convulsão, acidose metabólica, hiperuricemia e hepatomegalia. O diagnóstico é alcançado através de exames laboratoriais, que evidenciam hipoglicemia após 3 a 4 horas de jejum, elevação do ácido láctico, bem como colesterol, ácidos graxos, triglicerídeos, fosfolípides e ácido úrico. A doença de von Gierke se apresenta quando a atividade da unidade catalítica da glicose 6- fosfatase está ausente ou com atividade reduzida no fígado, rim e intestino. A doença de Von Gierke apresenta muitas manifestações clínicas decorrentes do acúmulo de glicogênio nos tecidos e incluem hipoglicemia pois, Com a deficiência da glicose-6- fosfatase a glicose-6-fosfato principal produto da glicogenólise e gliconeogenese não pode ser convertida em glicose livre, o que torna impossível a travessia desta pela membrana citoplasmática. Como consequência apenas 8 a 10% da glicose retirada do glicogênio pode ser usada para o controle da glicemia, sendo que essa glicose é proveniente da quebra das ligações α-1,617. Com isso o fígado não é capaz de manter os níveis de glicose no sangue normais, ocorrendo a hipoglicemia. A presença de glicose-6-fosfato em excesso no fígado dispara a glicólise, com o excesso de piruvato produzido o tecido não pode ser suprido de oxigênio suficiente para suportar 12 toda a oxidação aeróbica desse nutriente. Com isso utiliza-se o metabolismo anaeróbico com produção de lactato, levando ao aumento dos níveis de lactato e piruvato no sangue. Em situações normais o lactato é convertido no fígado em glicose por um ciclo de reações chamado de ciclo de Cori, realizando o processo de gliconeogênese, porém isso não ocorre na glicogenose tipo Ia, aumentando os níveis de lactato cerca de quatro vezes acima dos valores normais causando assim a acidose láctica. Pacientes com glicogenose tipo Ia sob bom controle metabólico da glicemia ainda experimentam a longo prazo complicações da doença, eles continuam a sofrer de hiperlipidemia, hiperuricemia, hipercalciúria e acidemia láctica e doença renal crônica de etiologia desconhecida. A nefropatia por gota e a nefrocalcinose podem estar presentes. A hipercalciúria provavelmente é um fenômeno secundário a alterações da acidificação renal. Pacientes com glicogenose tipo I também manifestam hiperuricemia e hiperlipidemia A hiperuricemia resulta tanto da diminuição da depuração renal de urato secundária à competição com o ácido láctico e outros, quanto do aumento da produção do ácido úrico. A glicose-6-fosfato acumulada é desviada para a via das pentoses fosfato, levando ao aumento da síntese de purinas, com a grande produção os produtos purínicos são degradados até ácido úrico. A degradação do ATP se acelera em resposta à hipoglicemia e ao aumento dos níveis de glucagon e sua ressíntese requer glicose. Com a baixa disponibilidade de glicose livrepara a distribuição aos tecidos, ocorre acúmulo de ADP que é convertido a ácido úrico. A gota, os cálculos renais e a nefropatia são as consequências da hiperuricemia, a doença renal crônica de etiologia desconhecida também é uma complicação comum da glicogenose tipo Ia incluindo fibrose intersticial, atrofia tubular, focal e segmentar e glomeruloesclerose. O tratamento da doença de von Gierke é feito principalmente através da dieta. Os objetivos da dietoterapia são manter a homeostase da glicose para prevenir as reações hipoglicêmicas e fornecer proteínas e calorias suficientes para o balanço positivo de nitrogênio e para o crescimento normal evitando déficit de crescimento e as demais alterações metabólicas. O paciente deve consumir com grande frequência durante o dia, alimentos que cotenham carboidratos, pois os mesmos serão, posteriormente, transformados em glicose, Também é importante que o paciente evite consumir alimentos com frutose e galactose, devido à acidose. 13 7. DOENÇA DE POMPE Doença de Pompe é uma patologia causada por uma deficiência na alfa-1,4- glicosidase, a qual hidrolisa o glicogénio em glicose, levando a uma sobrecarga de glicogénio intra-lisossomal. A deficiência é ubiquitária, mas ela só se expressa clinicamente em determinados órgãos (principalmente no coração e/ou músculos esqueléticos) . O gene (GAA) está localizado no cromossoma 17q25. A heterogeneidade clínica, resultou na identificação de várias mutações, embora algumas sejam mais frequentes do que outras. A transmissão é autossómica recessiva. Tambem é conhecida como glicogenose tipo 2. Causada por um gene defeituoso que leva à deficiência de uma enzima chamada alfa-glicosidade ácida (GAA). A ausência dessa enzima resulta no acúmulo excessivo da substância chamada glicogênio, uma forma de açúcar que é armazenada em um compartimento especializado de células musculares em todo o corpo. para o funcionamento ideal do musculo é necessário energia obtida atrávés do glicogênio que é um açucar obtido de um processo metabolico por meio da alimentação, esse glicogênio é armazenado nos lisossomos mas Para que as células do tecido muscular possam utilizar esta substância, este precisa ser disponibilizado através da ação de uma enzima chamada alfa-glicosidase ácida. É exatamente esta enzima que está reduzida ou mesmo em falta nos pacientes com Pompe. Assim, o glicogênio em vez de ser utilizado como “fonte de energia”, passa a acumular-se nos lisossomos, levando à destruição das células do tecido muscular. A forma infantil da doença de Pompe começa antes nos primeiros meses de idade com hipotonia major, dificuldades de sucção e deglutição, cardiomiopatia hipertrófica e hepatomegalia progressiva. A forma no adulto é caracterizada por miopatia progressiva das cinturas com início nos membros inferiores e afetando o sistema respiratório, que pode ser o primeiro sinal da doença. Existe um largo espectro de formas intermédias entre estes dois extremos. Com o avançar da doença, ocorre ruptura dos lisossomos e formação de "lagos de glicogênio" intracelulares, que estimulam a liberação de outras hidrolases no citoplasma, causando autofagia e morte celular. Os tecidos muscular e nervoso são os mais atingidos. No tecido muscular, observa-se a substituição das miofibrilas pelo glicogênio, com perda 14 da contratilidade, hipotonia e consistência endurecida à palpação. No tecido nervoso, a infiltração do glicogênio atinge as células de Purkinje do cerebelo, neurônios corticais, células de Schwann de pequenos nervos do diafragma e, principalmente, neurônios motores do corno anterior da medula. diagnóstico etiológico definitivo é realizado através do ensaio da atividade enzimática da GAA e da genotipagem pelas técnicas de biologia molecular. A cromatografia de oligossacarídeos ou pelo achado de glicogênio GLc4 na urina pode também auxiliar o diagnóstico. A introdução da Terapia de Reposição Enzimática (TRE) com a GAArh, em 2006, alterou o prognóstico da doença, mostrando-se capaz de estabilizar, ou até mesmo reverter as lesões causadas pelo acúmulo intracelular de glicogênio. Consiste na infusão quinzenal de um medicamento que contém uma ‘cópia’ da enzima que falta nestes pacientes. Quanto antes iniciado o tratamento, menor o impacto na qualidade de vida do paciente, porem o difícil acesso ao tratamento, por o Myozime ser um medicamento de alto custo. Na ausência de tratamento, os doentes com a forma no inicio da vida da doença têm risco de morte nos primeiros meses de vida, como resultado de uma falha cardiorrespiratória. Para os doentes com uma forma mais tardia, a progressão da doença na ausência de tratamento requer acompanhamento paliativo. 8. DOENÇA DE CORI 8.1. Definição A doença de armazenamento de glicogênio tipo 3 (GSD3) também é conhecida como doença de Cori, doença de Forbes e dextrinose limitada. Os sintomas associados à essa doença foram descritos pela primeira vez em 1952 por Illingworth e Cori e foram estudados clinicamente pela Forbes, daí os nomes associados a esse distúrbio. A Doença de Armazenamento do Glicogênio (GSD) tipo III é causada por uma deficiência da atividade da enzima desramificadora de glicogênio (GDE). A enzima de desramificação do glicogênio juntamente com outra enzima, a fosforilase, ajuda a quebrar os ramos do glicogênio para liberar glicose livre. A deficiência de GDE resulta em glicogênio com cadeias externas curtas nos tecidos do fígado, músculos e coração. O glicogênio anormal não é solúvel e causa danos aos tecidos onde se acumula (fígado e/ou músculo). Essa 15 decomposição parcial do glicogênio em glicose também causa hipoglicemia, porque o açúcar na glicose não pode ser liberado. O corpo é incapaz de metabolizar adequadamente o glicogênio. Devido ao processamento inadequado, o glicogênio é armazenado nos órgãos do corpo. Uma das enzimas que ajuda a quebrar o glicogênio em glicose nos músculos é chamada de enzima de desramificação. Indivíduos com GSD III têm uma enzima defeituosa ou falta uma quantidade suficiente dessa importante enzima. Como resultado, o glicogênio não é decomposto completamente e se acumula no fígado e/ou tecido muscular. Figura: Esquema do processo de glicogenólise 8.2. Classificação Existem dois tipos de GSD III conhecidos como tipo IIIa e tipo IIIb. A maioria dos pacientes com GSD tipo III apresenta deficiência enzimática no fígado e nos músculos esqueléticos. Pacientes com deficiência enzimática no fígado e nos músculos (incluindo às vezes o músculo cardíaco) têm o que é conhecido como GSD IIIa. Alguns 16 pacientes (<15%) apresentam deficiência de enzima de desfibramento apenas no fígado - isso é conhecido como GSD IIIb. 8.3. Causa O GSD III é um distúrbio genético e é herdado como uma doença autossômica recessiva. Isso significa que é causado por uma alteração em uma parte da informação genética de um indivíduo. O gene responsável pela produção da enzima de desfibramento (GDE) é chamado de gene da amilo-1,6-glucosidase, 4-alfa-glucoanotransferase (AGL). Se uma cópia do gene AGL for alterada, mas a segunda cópia não for, o corpo poderá seguir as instruções da segunda cópia para produzir enzima de rebarbação suficiente. Quando as duas cópias do gene AGL de um indivíduo são alteradas, o corpo é incapaz de ler quaisquer instruções sobre como produzir a quantidade adequada de enzima de desramificação. Como resultado, o indivíduo tem GSD III. 8.4. Sintomas Durante os primeiros anos da infância, a doença pode apresentar-se clinicamente como o GSD Tipo I: baixa estatura, hepatomegalia, tônus muscular inadequado (hipotonia) e hipoglicemia. Alguns sintomas hepáticos, hepatomegalia, geralmente melhoram com a idade e podem desaparecer após a puberdade. No entanto, em alguns pacientes, a cirrose (danos às células hepáticas) podeocorrer devido ao acúmulo de glicogênio anormal. As crianças com GSD III geralmente são diagnosticadas pela primeira vez porque têm distensão abdominal devido a hepatomegalia. Algumas crianças têm problemas com hipoglicemia em jejum, mas isso não é tão comum ou tão grave quanto no GSD I. O crescimento pode ser retardado ou lento durante a infância, mas a maioria dos indivíduos atinge a altura normal do adulto. A fraqueza muscular (GSD IIIa) geralmente está presente na infância e pode, às vezes, se tornar grave na idade adulta (exigindo o uso de uma cadeira de rodas para mobilidade entre 50 e 60 anos). Embora o defeito enzimático não desapareça, o fígado geralmente volta a um tamanho menor na puberdade. 17 Conteúdo elevado de glicogênio está presente no fígado e nas células musculares. Um diagnóstico e subtipagem definidos (determinando o tipo IIIa versus IIIb) requerem biópsias hepáticas ou testes genéticos baseados em DNA. A biópsia do fígado mostra alterações inflamatórias (células hepáticas inchadas) com grandes elevações do conteúdo anormal de glicogênio estruturado e uma deficiência da enzima desramificadora (GDE). Na GSD IIIa, a biópsia do músculo e do fígado mostra acúmulo de glicogênio estruturado anormal e deficiência da enzima desramificadora. No entanto, se apenas o fígado for examinado, o tipo de GSD não poderá ser determinado. Se o teste genético for realizado e a pessoa tiver uma alteração genética na área associada ao GSD IIIb, o médico poderá usar as informações de mutação e as informações clínicas para determinar o subtipo GSD III (tipo a versus tipo b). 8.5. Tratamento Atualmente, não existe tratamento eficaz para esta doença. A hipoglicemia pode ser controlada por refeições frequentes, ricas em carboidratos. Os pesquisadores comprovaram que o armazenamento de glicogênio leva à cirrose hepática progredindo para insuficiência hepática. Pacientes com miopatia (músculos fracos) foram experimentados com uma dieta rica em proteínas, com algumas melhorias; no entanto, nenhum dado de longo prazo está disponível no momento. Os distúrbios musculares parecem ser um problema crescente com a idade nas pessoas com Tipo IIIa. A fraqueza muscular, embora mínima durante a infância, pode se tornar mais evidente em adultos com início na terceira ou quarta década. Esses pacientes apresentam fraqueza progressivamente lenta e deterioração muscular distal, e alguns pacientes podem eventualmente precisar do uso de uma cadeira de rodas para mobilidade. O coração pode estar levemente aumentado, mas sua função é normal. Em casos raros, o músculo cardíaco pode engrossar e resultar em insuficiência cardíaca e distúrbios do ritmo cardíaco. 9. DOENÇA DE ANDERSEN 9.1. Definição 18 No GSD do tipo IV, não há uma quantidade aumentada de glicogênio nos tecidos, como em outras formas de GSD. Em vez disso, o glicogênio que se acumula possui ramos externos muito longos, porque há uma deficiência genética da enzima ramificadora. Pensa-se que esta anormalidade estrutural do glicogênio desencadeie uma resposta do sistema imunológico do corpo, fazendo com que ele realmente ataque o glicogênio e os tecidos nos quais está armazenado. O resultado é uma cicatrização do fígado (cirrose) e de outros órgãos, como músculos. 9.2. Sintomas A sintomatologia típica desta doença é o resultado do processo de cicatrização. Um bebê com o típico GSD Tipo IV parece normal ao nascimento. A primeira indicação de um problema é uma falha em prosperar. A taxa de crescimento e progresso mental do bebê para em um determinado ponto e não continua normalmente. O fígado e o baço aumentam, há pouco ganho de peso e os músculos desenvolvem tônus fraco. O curso da doença é de cirrose progressiva e problemas associados. A morte geralmente ocorre aos cinco anos de idade. Houve alguns pacientes mais velhos atendidos com graves problemas musculares, que apresentaram glicogênio anormal do tipo associado a esse tipo de doença de armazenamento de glicogênio. 19 9.3. Tratamento O tratamento da doença de armazenamento de glicogênio do tipo IV tem sido direcionado para a insuficiência hepática, que tem sido sintomática. Vários pacientes fizeram transplantes de fígado; no entanto, após o transplante, as doenças musculares e cardíacas ainda podem ser um problema. 10. DOENÇA DE McARDLE Glycogen Storage Disease (GSD) Type V Em 1951, após estudar um homem jovem com intolerância a exercícios e com câimbras musculares frequentes, o Dr. Brian McArdle (1911 - 2002) reconheceu e descreveu o primeiro tipo (Tipo V) de miopatia metabólica, a qual recebeu seu nome. A Doença de McArdle é a forma miopática pura de uma GSD que afeta o músculo esquelético. McArdle concluiu que a desordem de seu paciente era resultado de uma falha na quebra do glicogênio dentro do ácido lático. A Doença de McArdle é resultado de uma deficiência de glicogênio fosforilase expressada pelo músculo ou deficiência de miofosforilase. A miofosforilase é codificada pelo gene PYGM (Glycogen Phosphorylase, Muscle Associated), o qual codifica uma enzima muscular envolvida na glicogenólise. Enzimas altamente similares codificadas por genes diferentes são encontradas no fígado e no cérebro. Possivelmente todas as pessoas com GSD V descrevem intolerância a exercícios de longa duração, contudo, o diagnóstico frequentemente não pode ser feito até a segunda ou terceira década de vida quando as câimbras se tornam mais frequentes e fortes. Por outro lado, os pacientes costumam apresentar fadiga induzida por exercícios, câimbras musculares dolorosas, mialgia e, ainda, mioglobinúria. Aproximadamente 90% dos pacientes possuem elevados níveis séricos1 de Creatina Kinase (CK), mesmo em repouso. 1 Termo usado por profissionais de saúde para se referir a quantidade de uma determinada substância no sangue. 20 Os músculos dos portadores dessa doença apresentam um elevado teor de glicogênio (entre 2,5 e 4,1%), contudo, seu sangue possui pouco lactato sanguíneo após a liberação de glucagon ou adrenalina, indicando que a fosforilase hepática está em seu nível normal. A fosforilase atua nas ligações entre as glicoses não ramificadas (ligações a -1,4 glicosídicas), desligando-as e liberando uma molécula de glicose-1-P. O diagnóstico é feito a partir de achados biológicos como ausência do aumento de lactato no sangue durante o teste isquêmico do antebraço, excesso de glicogênio e deficiente atividade de fosforilase na biópsia muscular. Além disso, a eletromiografia não pode demonstrar anormalidades específicas. 21 Tabela V. Contração do músculo esquelético normal x contração do músculo esquelético com Doença de McArdle 1. A acetilcolina é liberada a partir de um nervo motor e o cálcio entra nas células musculares. 2. Cálcio ativa a fosforilase quinase. 3. A fosforilase quinase fosforila e a fosforilase é ativada. 3. A fosforilase quinase tenta fosforilar a fosforilase, mas esta enzima está ausente ou não é funcional. 4. O glicogênio é dividido em glicose e usado para gerar ATP. 4. O glicogênio não pode ser decomposto, criando uma escassez de glicose e ATP. 5. O músculo trabalha e requer energia na forma de ATP. 5. As proteínas motoras se ligam às fibras musculares e requerem que o ATP produza movimento. 6. O músculo contém células musculares. 6. Músculos param de responder devido à ausência de ATP. 7. As proteínas contráteis no músculo são ativadas pelo cálcio. 7. Lesões podem ocorrer porque o ATP é necessário para contrair e relaxar os músculos. 11. DOENÇA DE HERS Glycogen Storage Disease (GSD) Type VI A doença de armazenamento de glicogênio tipo VI foi relatada por Henry-Gery Hers em 1959. Este distúrbio é o resultado de uma deficiência de glicogênio fosforilase hepática, que é codificado pelo genePYGL (Glycogen Phosphorylase, Liver Associated) localizado no cromossomo 14q22. Pacientes apresentam ainda na infância retardo no crescimento e hepatomegalia secundária a glicogênio hepático excessivo. Além disso ocorrem, com jejum prolongado 22 ou exercício extenuante, a hipoglicemia cetótica ou apenas hipercetose. Devido a preservação da gliconeogênese, a hipoglicemia tende a ser leve. Ainda que não haja envolvimento intrínseco do músculo, a hipotonia pode levar ao atraso no desenvolvimento motor. Ao contrário de outros tipos de GSD, as concentrações de ácido lático e ácido úrico são normais. Apesar de que os pacientes portadores da Doença de Hers tenham um curso mais leve, com poucas complicações, o tratamento melhora o crescimento, resistência e normaliza as anormalidades bioquímicas. Raramente, a fibrose hepática se desenvolve na Doença de Hers, e uma cardiomiopatia pode ocorrer pelo excesso de armazenamento de carboidratos. Nos homens adultos, a GSD VI é assintomática, mas algumas mulheres podem experimentar hipoglicemia durante a gestação ou ao consumir álcool. A glicogênio fosforilase hepática catalisa a fosforilação de uma ligação -1,4- glicosídica no glicogênio para produzir glicose-1-fosfato que ajuda a atender às necessidades de energia do corpo. A enzima alterna entre uma conformação ativa (GPa) e uma conformação inativa (GPb), com ativação depende da fosforilação de uma serina localizada na posição 14 dos aminoácidos. Essa fosforilação ocorre em resposta aos hormônios glucagon e epinefrina. Apesar da enzima glicogênio fosforilase hepática seja expressa em vários tipos de células e sua atividade pode ser testada usando eritrócitos, leucócitos ou hepatócitos, esse teste não é sensível e nem específico. Além disso, resultados falso-negativos são bastante comuns devido a reduzida atividade enzimática nessa doença, embora nunca está completamente ausente. Semelhantemente aos falso-negativos, os resultados falso- positivos acontecem comumente porque a redução da atividade da fosforilase hepática pode ser causada por mutações no gene PYGL ou por outros genes que codificam a fosforilase b quinase, responsável por ativar a glicogênio fosforilase hepática. Para o diagnóstico dessa doença, realizam-se biópsias hepáticas, as quais demonstram hepatócitos cheios de glicogênio com ou sem fibrose, ainda que seja necessária análise de DNA ou teste enzimático para diferenciar GSD VI das demais formas de GSD. 23 Para o tratamento, os indivíduos afetados devem evitar o jejum prolongado e fazer pequenas refeições frequentes. Amido de milho cru e a suplementação de proteínas podem ajudar a estabilizar os níveis de glicose no sangue e prevenir complicações como baixa estatura, puberdade tardia e osteoporose. Raramente cirrose e carcinoma hepatocelular podem ocorrer na Doença de Hers. Os pacientes devem evitar quantidades excessivas de açúcares simples. Além disso, a terapia com hormônio do crescimento não deve ser usada para tratar baixa estatura, visto que levará ao aumento da produção de cetona. Tanto os níveis de glicose no sangue e cetonas no sangue quanto as medições de altura e peso devem ser monitorados e avaliados regularmente para ter um tratamento otimizado, resultando no crescimento normal. 12. DOENÇA DE TARUI A doença de Tarui, ou glicogenose tipo VII, pertence ao grupo de doenças do metabolismo do glicogênio, e foi descrita pela primeira vez no ano de 1965 pelo médico japonês Seiichiro Tarui e seus colegas. Essa síndrome ocorre devido à falta de função da enzima fosfofrutoquinase, esta é necessária para que as células musculares ganhem energia através da degradação da glicose. Atualmente não há cura, mas muitos dos sintomas podem ser aliviados com o uso de medicamentos. A patologia é causada por mutações gênicas autossômicas recessivas, predominantes em machos, que resultam em problemas na degradação da glicose. Estes empecilhos são provenientes do erro na produção da enzima fosfofrutoquinase nos músculos, ela é essencial para terceira fase da glicólise onde ela seria responsável por fosforilar a frutose-6-fosfato e gerar frutose-1,6-bifosfato. Na doença de Tarui, acontece então o armazenamento anormal de glicogênio nos tecidos musculares, pois a glicose obtida não será utilizada e precisará ser armazenada. Esse alto nível de armazenamento do glicogênio vai ser responsável por induzir miopatias devido à má distribuição energética nas células do tecido muscular. Essa glicogenose pode se apresentar em três formas principais, dependendo da manifestação dos seus sintomas: 24 • Clássica: é a forma mais comum onde os sintomas começam a ser expressados durante o início da vida jovem. O menor esforço produz dor e câimbras, que vão aumentando com o progredir do tempo. • Infantil: acontece no começo da infância e geralmente é fatal, os portadores morrem no geral por distúrbios respiratórios e seus problemas causados. • Hemolítica: é a forma mais rara da doença de Tarui, esta é caracterizada pelo grande nível de hemólise causado. Está associado aos altos níveis de cálcio na corrente sanguínea, o que vai causar alterações na forma dos eritrócitos e promover a formação de coágulos sanguíneos. Icterícia (tecidos e secreções amarelados) também é comum para portadores da forma hemolítica, já que a degradação dos glóbulos vermelhos libera uma substância chamada bilirrubina responsável por esse sintoma quando se encontra na circulação sanguínea. Portadores da glicogenose do tipo 7 têm como sintomas mais comuns a fadiga muscular, câimbras e dor causadas pelo mínimo de esforço possível. A explicação disto está no problema da distribuição energética que ocasionará uma lesão e até a quebra das células musculares durante estímulos. Com a quebra destas células vai ocorrer então a liberação de mioglobina (uma proteína de pigmento avermelhado), e esta por sua vez vai ser eliminada na urina causando então um quadro de mioglobinúria. A constante presença indevida de mioglobina na urina é responsável por desenvolver problemas renais graves durante o processo de filtração, causando até lesões nos rins. Após a suspeita, o diagnóstico da doença de Tarui ocorre quando primeiramente é feito uma biópsia muscular, onde se consta a deficiência da enzima fosfofrutoquinase no tecido muscular esquelético. Também são constatados altos níveis de glicogênio, estes são resultantes do problema na degradação da glicose. O diagnóstico pode ser confirmado pela análise do DNA onde se comprova a formação defeituosa da fosfofrutoquinase. Como foi mencionado anteriormente, a glicogenose do tipo 7 não possui cura, seu tratamento é focado em amenizar os seus sintomas e proporcionar um bem estar ao seu portador. Em geral, o tratamento é feito de forma singular variando de acordo com o portador dessa síndrome. As principais complicações que precisam ser acompanhadas são quanto a presença dos coágulos e do funcionamento dos rins. 25 Os glóbulos vermelhos vão ter sua forma estrutural alterada devido aos altos níveis de cálcio na circulação sanguínea. Essa mudança da forma é o principal fator que gera os coágulos e que precisa ser evitada. Uma maneira eficiente de evitar tal problema foi pela suplementação mineral rica em fosfato que evita a absorção de íons cálcio pelos eritrócitos. Com a diminuição da hemólise vai ocorrer consequentemente a diminuição do quadro de icterícia.Como a mioglobina liberada pela rabdomiólise é prejudicial aos rins, complicações nestes podem ser observadas e evitadas. O acompanhamento do estado do parelho renal pode chegar a evitar um possível envenenamento urinário (uremia). 26 13. CONCLUSÃO As doenças de armazenamento de glicogênio, ou glicogenoses, são de fundo genético, isto é, estão relacionadas a falhas geradas durante a transcrição e tradução de proteínasou durante a fecundação, ou ainda durante o desenvolvimento embriológico. São patologias raras, de difícil diagnóstico, geralmente letais quando não diagnosticadas já ao nascimento e que se percebidas, com uma dieta específica e exercícios nos casos de distúrbios com fisiopatologia energética muscular, podem até serem controladas. 27 14. REFERÊNCIAS CHAMPE, Pamela C.; HARVEY, Richard E.; FERRIER, Denise R.Bioquímica Ilustrada. São Paulo: Artmed. 2009. PP, 115-134. CHEN, Margaret A. Weinstein, David A. Glycogen storage diseases: Diagnosis, treatment and outcome. Translational Science of Rare Diseases, vol. 1, no. 1, PP. 45- 72,2016. CHENG, Alan. Ellingwood, Sara S. Biochemical and clinical aspects of glycogen storage diseases. Setembro de 2018. Journal of Endocrinology Volume 238: Edição 3. pp, 131 – 141, 2018. NELSON, David L.; COX, Michael M. Princípios de bioquímica de Lehninger. Porto Alegre: Artmed, 2011. ed 6. Porto Alegre: Artmed, 2014. Cáp, 15. Brüser A, Kirchberger J, Schöneberg T. Alterd allostorc regulation of muscle 6- phosphofructokinase causes Tarui disease. Biochem biophys Res Commun 2012; 427: 133-137. Toscano A, Musumeci O. Tarui disease and distal glycogenoses: clinical and genetic update. Acta Myol 2007; 26: 105-107. Rudolphi O, Ek B, Ronquist G. Inherited phosphofructokinase deficiency associated with hemolysis and exertional myopathy. Eur J Haematol 1995; 55: 279-281. Waldenström A, Engström I, Ronquist G. Increased erytrocyte contente of calcium ions in patients with Tarui’s disease. J Intern Med 2001; 249: 97-102. Lucchiari S, Pagliarani S, Salani S, Filocamo M, Di Rocco M, Melis D, Rodolico C, Musumeci O, Toscano A, Bresolin N, Comi GP. Formas hepáticas e neuromusculares da glicogenose tipo III: nove mutações no AGL. Hum Mutat. Junho de 2006; 27 (6): 600-1 LABERGE, A. M.; MITCHELL, G. A.; VAN DE WERVE, G.; LAMBERT, M. Long- term follow-up of a new case of liver glycogen synthase deficiency. American Journal of Medical Genetics, Hoboken, v. 120A, n. 1, p. 19-22, 2003. AKMAN, H. O.; SHEIKO, T.; TAY, S. K.; FINEGOLD, M. J.; DIMAURO, S.; CRAIGEN, W. J. Generation of a novel mouse model that recapitulates early and adult onset glycogenosis type IV. Human Molecular Genetics, Oxford, v. 20, n. 22, p. 4430- 4439, 2011. B. McArdle, Myopathy due to a defect in muscle glycogen breakdown, Clin Sci 10 (1951), 13. J. Vissing and R.G. Haller, A diagnostic cycle test for McArdle’s disease, Ann Neurol 54 (2003), 539. https://joe.bioscientifica.com/view/journals/joe/238/3/joe.238.issue-3.xml https://joe.bioscientifica.com/view/journals/joe/238/3/joe.238.issue-3.xml 28 W.F. Mommaerts, B. Illingworth, C.M. Pearson, et al., A functional disorder of muscle associated with the absence of phosphorylase, Proc Natl Acad Sci U S A 45 (1959), 791. R. Schmid and R. Mahler, Chronic progressive myopathy with myoglobinuria: Demonstration of a glycogenolytic defect in the muscle, J Clin Invest 38 (1959), 2044. S. Tsujino, S. Shanske and S. DiMauro, Molecular genetic heterogeneity of myophosphorylase deficiency (McArdle’s disease), N Engl J Med 329 (1993), 241. C. Kubisch, E.M.Wicklein and T.J. Jentsch, Molecular diagnosis of McArdle disease: Revised genomic structure of the myophosphorylase gene and identification of a novel mutation, Hum Mutat 12 (1998), 27. M.A. Martin, J.C. Rubio, J. Buchbinder, et al., Molecular heterogeneity of myophosphorylase deficiency (McArdle’s disease): A genotype-phenotype correlation study, Ann Neurol 50 (2001), 574. C. Bruno, D. Cassandrini, A. Martinuzzi, et al., McArdle disease: The mutation spectrum of PYGM in a large Italian cohort, Hum Mutat 27 (2006), 718. A.L. Andreu, G. Nogales-Gadea, D. Cassandrini, et al., McArdle disease: Molecular genetic update, Acta Myol 26 (2007), 53. A. Roscher, J. Patel, S. Hewson, et al., The natural history of glycogen storage disease types VI and IX: Long-term outcome from the largest metabolic center in Canada, Mol Genet Metab 113 (2014), 171. S. Chang, M.J. Rosenberg, H. Morton, et al., Identification of a mutation in liver glycogen phosphorylase in glycogen storage disease type VI, Hum Mol Genet 7 (1998), 865. B. Burwinkel, H.D. Bakker, E. Herschkovitz, et al., Mutations in the liver glycogen phosphorylase gene (PYGL) underlying glycogenosis type VI, Am J Hum Genet 62 (1998), 785. N.L. Tang, J. Hui, E. Young, et al., A novel mutation (G233D) in the glycogen phosphorylase gene in a patient with hepatic glycogen storage disease and residual enzyme activity, Mol Genet Metab 79 (2003), 142.
Compartilhar