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Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 1 CIRCULAÇÃO DE LEUCÓCITOS E MIGRAÇÃO PARA OS TECIDOS A resposta inata inicial, por meio da ação das células do sistema inato, cria um microambiente pró-inflamatório, que faz com que a célula dendrítica mude de fenótipo e passe a atuar como uma célula apresentadora de antígenos, que é fundamental para a geração da resposta adaptativa. Para ser ativada, a célula dendrítica necessita, obrigatoriamente, do contato com a bomba de citocinas pró-inflamatórias presentes no microambiente. OBS: A célula dendrítica muda de um fenótipo captador para um fenótipo apresentador! A bomba de citocinas gera a manifestação clínica de febre. A febre deve existir para que ocorra a ativação das células dendríticas. Existe um tipo de citocina chamado de quimiocina. As quimiocinas liberadas no microambiente pró-inflamatório dependem dos tipos de microrganismos presentes ali. A histamina liberada juntamente com as citocinas e as quimiocinas no microambiente pró-inflamatório promove vasodilatação. A vasodilatação diminui a velocidade de fluxo das células sanguíneas e marginaliza as células do sistema imune para que elas possam interagir com as células endoteliais e realizar a diapedese. Além disso, as citocinas pró-inflamatórias sensibilizam as células endoteliais para que ocorra a mobilização das selectinas P das vesículas onde estavam armazenadas até a superfície das células endoteliais para interagirem com as células do sangue. Existem também as selectinas E, que têm a mesma função das selectinas P, porém devem ser primeiramente produzidas, pois não estão armazenadas em vesículas. Por isso, elas aparecem depois das selectinas P. O endotélio, agora sensibilizado, transporta quimiocinas do ambiente pró- inflamatório para o interior do vaso sanguíneo, disponibilizando-as para as células sanguíneas. Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 2 Além disso, existem também os receptores I CAM nas células endoteliais. Eles são capazes de se ligar à integrina, que pertencem aos leucócitos. As selectinas são capazes de se ligar com os ligantes presentes nos leucócitos, porém de forma fraca. Elas ligam e desligam dos seus ligantes, fazendo com que os leucócitos presentes na circulação sanguínea desacelerem. Esse processo de desaceleração ou rolamento é muito importante para que os leucócitos tenham capacidade de interagir com os outros ligantes presentes no endotélio. O I CAM é capaz de se ligar à integrina com alta ou baixa afinidade. Se a interação for de baixa afinidade, o leucócito “escapa”. Se a ligação for de alta afinidade, o leucócito é capaz de se ligar de forma definitiva ao endotélio, possibilitando o processo de diapedese. Para que a interação seja de alta afinidade, tudo depende da natureza da integrina presente no leucócito. A alteração de afinidade da integrina depende das quimiocinas disponibilizadas pelo endotélio. A quimiocina é específica para cada receptor presente no leucócito. Se o receptor do leucócito for específico para a quimiocina disponibilizada pelo endotélio, ele modula as suas integrinas do estado de baixa para alta afinidade, permitindo a ligação definitiva da integrina ao receptor I CAM e a posterior diapedese (passagem do leucócito do sangue para o tecido). Uma vez que o leucócito está ligado definitivamente aos receptores endoteliais, ele é capaz de migrar do vaso sanguíneo para o interstício através do endotélio. Este processo recebe o nome de diapedese. Quando o leucócito chega ao interstício, sua ação é modulada pelas quimiocinas, que são capazes de interagir com os seus receptores na célula leucocitária (quimiotaxia). No ambiente pró-inflamatório, ocorre vazamento de líquido rico em proteínas plasmáticas para o interstício, gerando edema extracelular com o objetivo de auxiliar no combate à infecção. Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 3 Os linfócitos naive realizam a recirculação entre os linfonodos por meio dos vasos linfáticos do organismo. Os linfócitos ativados e efetores atingem a circulação sanguínea, por meio da qual alcançam o local da infecção para gerar a resposta imune adaptativa. O linfócito B, uma vez que se torna efetor, permanece no tecido onde ele foi maturado ou migra para a medula óssea, de onde permanece secretando os anticorpos produzidos por ele. Ele não retorna ao tecido onde está acontecendo a infecção/inflamação. O linfócito T, uma vez que se torna efetor, precisa obrigatoriamente retornar ao tecido onde está acontecendo a infecção/inflamação (local de origem do antígeno), pois necessita de contato para desempenhar a sua ação. OBS.: Os linfócitos B e T ativados e efetores realizam circulação! Os linfócitos naive realizam recirculação! Os linfócitos naive visitam, pelo menos uma vez ao dia, todos os linfonodos do organismo. Este processo de recirculação dos linfócitos naive entre os linfonodos é fundamental para que eles encontrem os seus antígenos. O linfonodo atua como o ponto de encontro entre o antígeno e o linfócito naive, para então iniciar a resposta imune adaptativa. As vênulas de endotélio alto são vasos que possibilitam que os linfócitos naive identifiquem o linfonodo para o qual devem migrar, realizando a diapedese. Este processo ocorre sem a presença de inflamação no linfonodo. No processo de recirculação dos linfócitos naive, cada uma dessas células realiza diapedese ao menos uma vez ao dia em cada linfonodo, ao passar da circulação sanguínea para o linfonodo e, consequentemente, para a circulação linfática, por meio das vênulas de endotélio alto. Os linfócitos naive apresentam a selectina L em sua membrana. As vênulas de endotélio alto apresentam os receptores para a selectina L sempre expressos, não havendo a necessidade de uma bomba de citocinas pró- inflamatórias para ocorrer a sensibilização do endotélio. Dessa forma, as únicas células que realizarão o rolamento são os linfócitos naive, pois eles são os únicos que apresentam a selectina L, capaz de interagir com os receptores endoteliais. Além disso, o endotélio também oferece as quimiocinas no interior do vaso sanguíneo sem ocorrer inflamação, pois tais quimiocinas são produzidas e liberadas pelas células reticulares, que pertencem aos próprios linfonodos. Os linfócitos naive apresentam os receptores específicos para cada quimiocina, possibilitando a sua ligação via proteína integrina ao endotélio para realizar a diapedese para o interior do linfonodo. OBS.: A célula dendrítica, quando migra do tecido onde está ocorrendo a inflamação para o linfonodo, chega ao seu destino via circulação linfática. No interior dos linfonodos, existem as zonas de linfócitos B e as zonas de linfócitos T. Os linfócitos naive B e T, quando chegam aos linfonodos, migram para as suas respectivas zonas, mas permanecem em constante recirculação. Eles não são estáticos. Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 4 Para possibilitar que outros leucócitos, diferentes dos linfócitos naive, realizem a diapedese da vênula de endotélio alto para o linfonodo, necessita- se do microambiente pró-inflamatório, das citocinas para mobilizar as selectinas P e E no endotélio, das quimiocinas para interagirem com os receptores nos leucócitos e aumentarem a afinidade da ligação entre a integrina e seu receptor endotelial, para então ocorrer a diapedese. Processo normal de diapedese, como nos outros tecidos! Uma vez que o linfócito naive chega ao linfonodo, passa a interagir com as quimiocinas presentes no tecido (quimiotaxia). A principal quimiocina échamada de S1P, que é capaz de interagir com o receptor S1PR do linfócito naive. Ao se avançar do vaso linfático para o linfonodo, o gradiente de concentração do S1P vai diminuindo, pois é ali que ele é metabolizado. Ao longo de todos os vasos sanguíneos e linfáticos, a concentração de S1P é máxima e constante. Nos linfonodos, tal concentração diminui, pois ali ocorre a metabolização dessa quimiocina. Para que o linfócito naive entre em contato com o seu antígeno específico, ele deve circular por todas as zonas presentes no interior do linfonodo, pois o antígeno pode estar em qualquer uma das zonas, antes de migrar para o vaso linfático eferente. Para isso, ocorre a internalização do receptor S1PR para o meio intracelular, o que torna o linfócito naive insensível às quimiocinas S1P e, assim, ele não segue o gradiente de concentração para o vaso linfático eferente. Isso possibilita que o linfócito naive ganhe tempo para procurar por seu antígeno em todas as zonas do linfonodo, antes que seja atraído para o vaso linfático eferente, quando ele externaliza o S1PR para o meio extracelular novamente, ligando-se ao S1P e seguindo o gradiente de concentração. Este processo é o mesmo tanto para os linfócitos B quanto para os linfócitos T! Quando o linfócito naive encontra o antígeno para o qual é específico, torna-se um linfócito ativado, porém ainda apresenta o receptor S1PR no meio intracelular. Alguns dias depois, o receptor S1PR é reexpresso na superfície extracelular e o linfócito ativado torna-se linfócito efetor e segue o gradiente de concentração do S1P, saindo do linfonodo.
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