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Toxoplasmose congênita Resumo baseado no material Medcel 2019 e no conteúdo da SanarFlix Doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Em geral essa doença não tem muitas repercussões no indívíduo saudável, podendo até passar assintomática. Causa problema em indivíduos imuno comprometidos e em gestantes, por conta do risco de a infecção atingir o feto. Na gestação, se a mulher já teve toxoplamose antes não há perigo para o feto, existe um risco de a primeira infecção por toxoplasmose na vida da mulher ocorrer justamente na gestação. Se trata de uma doença bastante incidente no Brasil. Ciclo biológico: a fase sexuada ocorre na mucosa intestinal do gato, que é seu hospedeiro definitivo, embora qualquer animal de sangue quente, inclusive os humanos, possa infectar-se pelo parasita. Durante a infecção aguda, milhares de oocistos são excretados nas fezes de gatos. Esses oocistos, uma vez no solo, se transformam em oocistos maduros e após serem ingeridos pelos mamíferos, são convertidos em taquizoitos, invadem a mucosa intestinal e disseminam-se por via hematogênica e/ou linfática para diversos órgãos (podendo inclusive atravessar a placenta e infectar o feto). Após 1 semana, os taquizoitos, na forma de bradizoitos, formam cistos teciduais que persistem por toda a vida do hospedeiro. O sistema nervoso central e os músculos estriados são as principais localizações dos cistos tissulares, embora possam se localizar em quase todos os tecidos. O congelamento, o descongelamento, a dessecação e o cozimento destroem tanto os trofozoitos (estágio adulto ou forma ativa de um protozoário capaz de se alimentar, se movimentar e se reproduzir) quanto os cistos tissulares. Então o ser humano pode se infectar de duas formas: pode contaminar pelas fezes dos gatos (com os oocistos) ou pode se alimentar de alimentos mal cozidos (com os cistos tissulares). – claro que se a pessoa pode se contaminar com transfusão sanguínea e transplante de órgãos também. Diagnóstico clínico da infecção materna: em 80-90% dos casos passa assintomático e só diagnostica com a sorologia no pré-natal. Quando se observa sintomas pode-se ter: linfonodomegalia (principalmente da cadeia cervical), esplenomegalia transitória, alterações funcionais em vias aéreas superiores, miocádio, músculo esquelético (miosite), cérebro, fígado e pele (rash). Diagnóstico laboratorial da infecção materna: utiliza-se do teste sorológico - considera-se infecção materna aguda quando ocorre a soroconversão durante a gestação ( nesse caso temos que no primeiro teste sorológico o resultado é IgG e IgM negativos e no outro teste temos IgG negativo e IgM postivo) ou quando percebe-se níveis crescentes de IgM com IgG negativo. As gestantes que apresentam no primeiro inquérito sorológico IgG + e IgM + são suspeitas de infecção materna aguda, e para confirmar realiza-se o teste de avidez de IgG. Nesse teste de avidez, se há alta avidez do IgG se trata de uma infecção antiga (isso pq houve maturação da resposta imune e consequente aumento da capacidade de ligação da imunoglobulina), do contrário, se o resultado do teste de avidez indica IgG com baixa avidez, tem-se o diagnóstico de uma infecção recente, e isso é um problema no caso da toxoplasmose, pelo risco de esse protozoário chegar no feto e causar danos. Inclusive deve-se destacar que o teste de avidez só deve ser solicitado até a 16° semana de gestação, uma vez que o IgG demora em média 16 semanas para aumentar sua avidez, então se pedir depois desse período não da mais para ter certeza se a infecção foi adquirida durante a gestação. Um dado que é importante ter em mente é que é considerado alta avidez quando der >60% de anticorpos ávidos, e é considerado baixa avidez quando der <30% de anticorpos ávidos. Outra situação que pode acontecer no teste sorológico é de IgG + e IgM -, nesse caso considera-se que a gestante já teve toxoplasmose e por isso nem precisa continuar fazendo testes sorológicos, ela já esta imune. – esse é o melhor cenário, com menos risco. *Lembrando que a toxoplasmose só da problema se a primoinfecção acontecer durante a gestação, até por que quando a mulher já teve toxoplasmose ela já tem anticorpo IgG, que é capaz de atravessar a placenta e proteger o feto. Agora, se por ventura o resultado do teste sorológico for IgG – e IgM- considera-se que essa gestante é suscetível, e por isso continua a fazer o testes sorológicos no pré-natal ( de 2-2 meses ou 3-3 meses e no momento do parto). Nesses casos é MUITO IMPORTANTE explicar para a gestante a situação e orientar como ocorre a transmissão da toxoplasmose, para que ela não se coloque em situações de risco. Formas de prevenção da infecção pelo toxoplasma: lavar bem as mãos ao manipular os alimentos; lavar bem as frutas, legumes e verduras antes do consumo; não ingerir carnes cruas ou mal passadas; evitar contato com solo e terra de jardim; evitar contato com fezes de gato no lixo ou no solo; após manusear carne crua lavar bem as mãos, assim como lavar a superfície que entrou em contato com a carne e os utensílios usados; não consumir leite e seus derivados crus (não pasteurizados); se tiver gato em casa deixar outra pessoa limpar a caixa de areia dos gatos, alimentar os gatos com carne cozida ou ração e impedir que eles ingiram caça; lavar bem as mãos após o contato com animais. OBS: se identificou casos de toxoplasmose aguda na gestação tem que notificar para o Ministério da Saúde. Infecção fetal e congênita: é importante entender que na toxoplasmose se a infecção ocorre nos meses iniciais da gestação a chance de atingir o feto é menor, porém caso o feto seja acometido na fase inicial da gravidez ocorre um dano estrutural de extrema gravidade, podendo inclusive causar óbito intrauterino. Por outro lado, se a primoinfecção por toxoplasmose ocorrer nos meses finais da gestação a possibilidade de infecção fetal aumenta, porém a gravidade do comprometimento fetal (caso ocorre infecção fetal) é menor. A placenta infectada pode apresentar áreas de necrose, células inflamatórias e presença de parasitas. O cérebro do feto infectado mostra também diversas alterações, sendo característico da toxoplasmose a calcificação periventricular. Em 85% dos casos de toxplasmose congênita o recém-nascido está assintomático ou com alterações subclínicas, mas com o tempo ele pode desenvolver coriorrtinite e outras alterações como as calcificações cerebrais e déficit neurológico grave. Em 15% dos casos o recém-nascido já apresenta sinais/sintomas logo ao nascimento, pode apresentar coriorretinite, microftalmia, estrabismo, convulsão, hidrocefalia com microcefalia (obstrução do aqueduto de Sylvius), cegueira, anemia, icterícia, trombocitopenia, hepatoesplenomegalia, urticária, pneumonite, diarreia, hipotermia e febre. Existem alterações clássicas da toxoplasmose, como a tríade de Sabin: hidrocefalia, calcificações cerebrais e coriorretinite. Diagnóstico pré-natal da infecção fetal: para identificar se o feto foi atingido ainda antes do nascimento o exame padrão-ouro é a realização de PCR em amostra do líquido amniótico obtido por meio de amniocentese. Tratamento: Confirmou ou suspeitou de infecção materna aguda = ESPIRAMICINA 01G VO 8/8H OBS: se viu IgM positivo já começa o tratamento Se confirmar infecção fetal = ESQUEMA TRÍPICE ESPIRAMICINA 01G VO 8/8H PIRIMETAMINA 25 MG VO 12/12H ÁCIDO FOLÍNICO VO 10MG/DIA USA 3 SEMANAS E ALTERNA COM... SULFADIAZINA 01G VO 6/6H PIRIMETAMINA 25MG VO 12/12H ÁCIDO FOLÍNICO VO 10MG/DIA USA 3 SEMANAS E ALTERNA DE NOVO COM A ESPIRAMICINA Obs: só usa o esquema tríplice se passou de 18 semanas de gestação; o uso de sulfadizina deve ser interrompido 2 semanas antes do parto (evitar usar após 34s de gestação). Faz USG quinzenalmente quando está usando esse esquema tríplice.