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Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 60 AULA 08 – Escolha Intertemporal com Incerteza. Consumo. Governo (Dívida). Sistemas de Previdência. Investimento. SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA Função consumo Keynesiana 01 Teoria do ciclo de vida 02 Teoria da renda permanente 04 Escolha intertemporal 07 A restrição orçamentária intertemporal do governo 21 Equivalência ricardiana 22 Sistemas de Previdência 26 Investimento 28 Exercícios comentados 33 Lista de questões apresentadas na aula 50 Gabarito 60 Olá caros(as) amigos(as), Hoje é dia de estudarmos a economia intertemporal e os temas dela decorrentes. Esse tipo de estudo leva em conta mais de um período nas decisões econômicas dos agentes. Por exemplo, na economia intertemporal, as decisões de consumo dos agentes levam em conta, além do período corrente, o período futuro. O mesmo vale para o governo, ao realizar os seus gastos. Os gastos futuros são influenciados pelo que foi gasto no passado, e vice-versa. E aí, todos prontos para a aula?! Então, vamos nessa!!! 1. FUNÇÃO CONSUMO KEYNESIANA Na aula 02, ao estudarmos o modelo keynesiano simplificado, nós vimos que a função consumo keynesiano possuía o seguinte formato: C = C0 + c.YD Onde C0 é o consumo autônomo, c é a propensão marginal a consumir, e YD é a renda disponível. Pela análise da expressão, percebe-se que, para Keynes, o consumo das famílias era função da renda disponível. A versão da função consumo descrita acima é chamada de hipótese da renda absoluta, e supõe que o Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 60 consumo reage de forma bastante mecânica aos níveis efetivos de renda disponível. Vale ressaltar que, quando falamos em renda disponível, estamos falando da renda disponível no momento atual, ou seja, é a renda corrente. Entretanto, estudos pós-keynesianos aprimoraram essa teoria. Nesta aula, nós estudaremos três teorias ou modelos alternativos que explicam as decisões de consumo das famílias: a teoria do ciclo de vida, de Franco Modigliani, a teoria da renda permanente, de Milton Friedman, e o modelo de escolha intertemporal, de Irving Fisher. Comecemos pelo primeiro. 2. A TEORIA DO CICLO DE VIDA A hipótese do ciclo de vida foi desenvolvida por Franco Modigliani, Prêmio Nobel de Economia em 1985. Segundo Modigliani, ainda que a renda varie sistematicamente ao longo da vida, os consumidores não desejam que o consumo sofra as mesmas variações que a renda. Em outras palavras, os consumidores desejam um padrão de consumo e esperam que ele se mantenha dentro de certo patamar de estabilidade ao longo da vida. O ciclo de vida natural de um indivíduo é o seguinte: Fase muito jovem: ganha-se pouco (renda é baixa) e é natural que haja consumo igual ou maior que a renda; Fase jovem/adulta: auge da renda do indivíduo. Nesta fase, espera- se que a pessoa ganhe mais do que consuma; Fase idosa: a aposentadoria faz com que o indivíduo ganhe menos. Mas ele manterá o nível de consumo e isso só será possível devido ao que foi poupado na fase adulta, em que a renda era mais alta. Graficamente, isso que foi exposto acima pode ser representado desta maneira: Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 60 Fig. 1 Linha da renda (Y) Poupança Consumo (C) Consumo (C) Despoupança Renda (Y) Renda (Y) Idoso Jovem/adulto +Jovem Quando o indivíduo é muito jovem, a tendência é que os gastos sejam maiores que a renda, de forma que haverá poupança negativa (despoupança). Na fase adulta, a renda aumenta e ultrapassa os gastos, de tal forma que haverá formação de poupança positiva. Na fase idosa, a renda torna novamente a ser inferior aos gastos, no entanto, o nível de consumo pode ser mantido, em virtude da poupança positiva construída na fase adulta. Veja que o indivíduo deseja manter um padrão uniforme de consumo, e é por isso que ele poupa e acumula riqueza durante seus anos de vida econômica ativa (fase jovem/adulta) e, depois disso, despoupa e exaure sua riqueza ao longo da aposentadoria (velhice). Neste ponto, chegamos então à ideia principal da teoria do ciclo de vida: o consumo corrente depende não só da renda corrente, mas também da riqueza adquirida ao longo da vida e também da renda esperada até a aposentadoria. Ou, ainda, em outras palavras, o consumo depende da renda auferida pelo indivíduo ao longo da sua vida. Apenas para finalizar o tópico, cito as próprias palavras de Modigliani em relação à sua teoria: “O ponto de partida do modelo do ciclo de vida é a hipótese de que as decisões de consumo e poupança das famílias, a cada instante do tempo, refletem uma tentativa mais ou menos Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 60 consciente de obter a distribuição de consumo preferida ao longo do ciclo de vida, sujeita à restrição imposta pelos recursos disponíveis à família durante sua vida.” 3. TEORIA DA RENDA PERMANENTE Assim como a teoria do ciclo de vida de Modigliani, a teoria da renda permanente, de Milton Friedman, argumenta que o consumo não deve depender exclusivamente da renda atual. Segundo Friedman, as decisões de consumo dependem da renda de longo prazo, a qual ele denominou de renda permanente. Nessa teoria, a renda atual (Y) é o somatório da renda permanente (YP) e da renda transitória (YT). Y = YP + YT A renda permanente é a parte da renda que os consumidores esperam manter no futuro. A renda transitória ou temporária seria a parte da renda que eles consideram passageira, incomum, atípica. Esta renda transitória, ainda, seria uma espécie de desvio da média de renda que o consumidor espera auferir ao longo da vida. Essa média de renda esperada seria a renda permanente. Por exemplo, eu, Heber, sou auditor fiscal do município de São Paulo e recebo mensalmente da prefeitura o valor da minha remuneração. No longo prazo, eu sempre posso esperar receber essa remuneração. Essa pode ser considerada, portanto, minha renda permanente, ou seja, a renda que eu espero manter no futuro. No entanto, eu também ganho uma renda extra com as aulas do Estratégia. Essa renda extra, entretanto, é transitória, não é “garantida”, nem eu posso esperar mantê-la para sempre no futuro. Afinal, pode acontecer de as bancas de concurso não cobrarem mais Economia nos concursos e, assim, eu não conseguiria mais ministrar aulas em nenhum curso. Neste caso, essa minha fonte de renda extra despareceria! Podemos, então, enquadrar o dinheiro que eu ganho com as aulas do Estratégia como renda transitória. Segundo Friedman, essencialmente, o consumo das pessoas depende da renda permanente, e não da renda transitória. Se houver um evento aleatório que proporcione renda transitória, as pessoas procurarão poupar para o futuro, ou, no mínimo, distribuir essa renda transitória ao longo do restante de toda a sua vida, de modo que esse Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 60 dinheiro proveniente da renda transitória interfira muito pouco no consumo atual. Por outro lado, se houver um evento aleatórioque proporcione gastos transitórios (um acidente, uma multa, problemas de saúde, etc), Friedman também argumenta que não há redução do consumo. Neste caso, o uso da poupança acumulada anteriormente ou a tomada de empréstimos seriam soluções que permitiriam manter o padrão de consumo estável, mesmo com um revés proveniente de um evento aleatório. Veja, então, que, segundo a teoria da renda permanente, o consumo depende primordialmente da renda permanente. Se esta aumentar, aí sim o consumo aumenta. Se a renda transitória aumenta, há formação de poupança e o consumo não se altera de forma relevante. Se há gastos transitórios, há tomada de empréstimos ou uso da poupança formada em períodos anteriores, de forma que o consumo se mantém estável, sendo uma fração da renda permanente. Voltando ao meu caso, por exemplo. Segundo esta teoria, o meu consumo dependeria somente da minha renda permanente. Ou seja, eu só aumentaria meu consumo se houvesse aumento da minha renda permanente (aumento do meu salário na Prefeitura de São Paulo). Se eu ganhar muito dinheiro com as aulas do Estratégia ou, melhor ainda, se eu ganhar na loteria (ambas rendas transitórias), haverá tão somente formação de poupança, pois esta renda transitória, segundo esta teoria, não deve influenciar o consumo, que depende somente da renda permanente. Por outro lado, se eu passasse em um concurso que paga mais, aí sim, meu consumo aumentaria, pois haveria aumento da renda permanente. Para finalizar o tópico, podemos concluir que a hipótese da renda permanente de Friedman enfatiza que as pessoas experimentam oscilações permanentes e transitórias em sua renda. Como os consumidores podem poupar e tomar emprestado, e porque querem manter seu consumo estável, o consumo não reage muito à renda transitória. O consumo depende principalmente da renda permanente. 3.1. A renda permanente e as expectativas racionais A hipótese da renda permanente se baseia na ideia de que os consumidores fundamentam suas decisões de consumo não apenas em sua renda atual, mas também na renda que esperam receber no futuro. Em outras palavras, as pessoas têm visão de futuro e o seu consumo depende das suas expectativas. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 60 Por exemplo, se uma pessoa tem uma expectativa de que um aumento em sua renda seja permanente, naturalmente, ela aumentará o seu nível de consumo. Veja então que o consumo depende das expectativas das pessoas, pois estas interferem no quantum de renda permanente que as pessoas imaginam que terão ao longo da vida. Na análise deste tópico, será suposto que as expectativas dos consumidores são racionais. Isto quer dizer que as pessoas utilizam todas as informações disponíveis para fazer prognósticos em relação ao futuro. A hipótese das expectativas racionais acrescenta algumas conclusões à teoria da renda permanente. Se somarmos à hipótese da renda permanente as expectativas racionais, somos levados à conclusão de que as variações no consumo ao longo do tempo devem ser imprevisíveis, ou seja, estas variações no consumo seguem um caminho aleatório. Deixe-me explicar melhor. A qualquer momento de suas vidas, os consumidores optam por um nível de consumo com base em suas expectativas atuais sobre a renda vitalícia (ou permanente). Com o passar do tempo, os consumidores modificam seus níveis de consumo pelo fato de receberem notícias que os fazem rever suas expectativas sobre a sua renda permanente. Por exemplo, uma pessoa que receba uma promoção (ou tenha seu salário aumentado) aumenta seu nível de consumo pois sua renda permanente, fruto das suas expectativas, terá aumentado. Por outro lado, uma pessoa que seja rebaixada no emprego reduzirá o consumo. Assim, percebe-se que as mudanças relevantes no consumo são decorrentes de eventos imprevisíveis sobre a renda permanente ou vitalícia. Desta forma, se os consumidores têm pleno conhecimento e utilizam todas as informações disponíveis (expectativas racionais), então eles só devem ficar surpresos (e, assim, alterar o seu consumo) com eventos que sejam inteiramente imprevisíveis. Portanto, as variações em seus níveis de consumo devem ser também imprevisíveis. Este método das expectativas racionais tem implicações para a análise das políticas econômicas. Se governo quiser mudar o comportamento de consumo das pessoas, então, as mudanças na política econômica devem ser imprevisíveis (não esperadas), de tal forma que elas mudem as expectativas dos consumidores. Assim, se os consumidores seguem a hipótese da renda permanente e têm expectativas racionais, então apenas as mudanças não esperadas na política econômica influenciam o consumo. Essas mudanças na política econômica passam a ter efeito quando modificam as expectativas. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 60 Para clarificar a situação, veja o seguinte exemplo: suponha que o governo aprove um aumento nos impostos, que deverá vigorar somente a partir do próximo ano. Nesse caso, os consumidores recebem a notícia quando a decisão é tomada pelo governo e, neste momento, eles reveem suas expectativas e reduzem o consumo, uma vez que a renda permanente é reduzida em virtude do aumento de impostos. No próximo ano, quando o aumento dos impostos vigorar, o consumo não será alterado, uma vez que a mudança não é imprevisível. A mudança no consumo ocorre quando há o evento imprevisível. Neste caso, isso acontece quando a decisão de aumentar os impostos é tomada e não quando ele efetivamente começa a vigorar. Desta forma, se os consumidores têm expectativas racionais, o governo influencia a economia não somente por meio de suas ações, mas também por meio das expectativas do público em relação a suas ações. Por fim, concluímos, então, que as variações do consumo são imprevisíveis, porque os consumidores só mudam o consumo quando recebem notícias sobre seus recursos ao longo de suas vidas. 4. TEORIA DA ESCOLHA INTERTEMPORAL Dentro da Economia Intertemporal, este é o modelo mais completo e o que mais cai em prova. Este modelo, desenvolvido por Irving Fisher, pressupõe que, quando as pessoas decidem sobre quanto consumir e quanto poupar, elas consideram o presente e o futuro. Um dos principais pontos deste modelo se refere à questão da restrição orçamentária intertemporal que enfrentam os consumidores. Isto quer dizer o seguinte: quanto maior o consumo de hoje, menor o consumo de amanhã. O modelo de Fisher divide o ciclo de vida em dois períodos: período atual ou corrente (período 1), e período futuro (período 2). Neste modelo, ainda, são ressaltadas as restrições orçamentárias dos consumidores, suas preferências, e o modo como essas restrições e preferências determinam suas escolhas em relação ao consumo e à poupança. Nesta análise, nós também verificaremos a influência das taxas de juros e do crédito sobre as escolhas intertemporais. Nota a análise do modelo de Fisher utiliza basicamente ferramentas da microeconomia (curvas de indiferença e reta de restrição orçamentária). Eu explicarei esses temas bastante sucintamente, visando ao melhor custo/benefício para a resolução de questões de macroeconomia. Se você já viu esses assuntos nos seus estudos de microeconomia, será provável que você ache a abordagem um tanto quanto superficial, mas o motivo Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 60 para isso é que, neste caso, eu viso exclusivamenteà resolução de questões de macroeconomia, ok?! 4.1. Restrição orçamentária intertemporal das famílias Para verificarmos mais a fundo essa questão da restrição orçamentária intertemporal das famílias, imaginemos que o consumidor vive ao longo de dois períodos: período 1 (atual) e período 2 (futuro). Este consumidor ganha a renda Y1 e consome C1 no período 1, e ganha Y2 e consome C2 no período 2. Suponhamos também que o consumidor pode poupar ou tomar dinheiro emprestado, de tal forma que, em qualquer período, o consumo poder ser igual, menor ou maior que a renda no mesmo período. Vejamos agora como a renda nos dois períodos restringe o consumo nos dois períodos. No período 1, a poupança (S1) é igual à renda (Y1) menos o consumo (C1). Isto é, S1 = Y1 – C1 (1) O nosso modelo só admite dois períodos, então, no período 2, o consumidor terá que gastar todo o dinheiro que possui. Ou seja, seu consumo no período 2 exaurirá toda a renda do período 2 (Y2) e a poupança que foi juntada no período 1 (S1). Essa poupança do período 1, é importante frisar, sofre a correção dos juros ao longo do tempo, de forma que, no período 2, ela valerá [(1+r).S1], onde r é a taxa de juros entre os períodos 1 e 2, e (1+r) é o fator de correção que corrige o valor da poupança em relação ao período 2. Assim, no período 2, o consumo será igual a: C2 = S1(1+r) + Y2 (2) Nota: estamos desconsiderando os efeitos da inflação no nosso modelo. Pela análise das expressões (1) e (2), vê-se que, quanto mais se poupa no período 1, maior será o valor de S1 e maior será o consumo no período 2. Se o consumidor for devedor no período 1 (C1>Y1), então S1 será negativo, de tal forma que, no período 2, o consumo será menor que a renda (C2<Y2), a fim de compensar o déficit no período 1. Também observamos que, se o consumidor for poupador no período 1 (Y1>C1), os juros trabalharão a seu favor, de tal forma que, quanto maiores os juros, maior o consumo no período 2. Se o consumidor for devedor no período 1 (Y1<C1), por outro lado, os juros trabalharão contra ele, de tal forma que, quanto maiores os juros, menor será o consumo no período 2. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 60 Fig. 2 C2 Consumo no período 2 A (1+r)Y1 + Y2 Valor absoluto da Inclinação da reta de restrição orçamentária intertemporal: (1+r) B Y2 Y1 + Y2/(1+r) 0 C Y1 Consumo no período 1 C1 A partir das expressões (1) e (2), também é possível derivar a restrição orçamentária intertemporal do consumidor. Para isso, basta substituir na expressão (2) o valor de S1 que consta na expressão (1): C2 = (Y1–C1)(1+r) + Y2 C2 = Y1(1+r) – C1(1+r) + Y2 C1(1+r) + C2 = Y1(1+r) + Y2 (3) A expressão em negrito significa a restrição intertemporal das famílias e mostra que o somatório dos consumos nos períodos 1 e 2 deve ser igual ao somatório das rendas nos períodos 1 e 2. Veja que os valores da expressão (3) estão corrigidos para a data focal do período 2. Para isso, os valores do consumo e renda do período 1 (C1 e Y1) estão multiplicados pelo fator de correção (1+r). Se quisermos trazer todos os valores para a data atual (período 1), basta dividir tudo por (1+r): C1 + C2/(1+r) = Y1 + Y2/(1+r) (4) A expressão acima também significa a restrição orçamentária intertemporal; a única diferença é que está utilizando como data focal o período 1 em vez do período 2. Veja que os valores da expressão estão corrigidos para o período atual. Para isso, os valores do consumo e renda do período 2 (C2 e Y2) estão divididos pelo fator de correção (1+r). Para fins de concursos, também é importante saber trabalhar a restrição intertemporal graficamente. Esta situação encontra-se representada na figura 02. O diagrama é montado com os valores de consumo no período 2 no eixo vertical, ou eixo das ordenadas. No eixo horizontal, são colocados os Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 60 valores de consumo no período 1. A reta AC é o lugar geométrico que mostra as combinações de consumo nos dois períodos que exatamente esgotam a restrição orçamentária intertemporal do consumidor; por isso, esse segmento é chamado de reta de restrição orçamentária1. Pontos no interior (à esquerda e abaixo) desta reta mostram combinações de consumo abaixo daquilo que o consumidor poderia gastar nos dois períodos. Pontos para fora desta reta mostram combinações de consumo impossíveis ou acima daquilo que o consumidor poderia gastar nos dois períodos. Façamos agora algumas análises em relação à figura 2. Para isso, vamos supor que a renda no período 1 é Y1 e, no período 2, é Y2. No ponto A, o consumidor escolhe consumir nada no período 1 (C1=0) e consumir tudo no período 2. Neste caso, no período 2, ele gastará, além da renda do período 2 (Y2), toda a renda do período 1 corrigida pelos juros [(1+r)Y1]. Ou seja, no ponto A, o consumidor deixa para gastar tudo no período 2 (C2=(1+r)Y1+Y2) e não consome nada no período 1 (C1=0). No ponto B, o consumidor gasta exatamente o valor da sua renda nos períodos 1 e 2. De acordo com o nosso gráfico, o consumo no período 1 (C1) é igual a Y1, de forma que C1=Y1. O consumo no período 2 (C2) é igual a Y2, de forma que C2=Y2. Nota Ressalto que a posição do ponto B, onde o consumo e a renda nos dois períodos são iguais, é apenas um exemplo e ele poderia estar em qualquer lugar da reta orçamentária. Nos exercícios de concursos que trazem gráficos, geralmente, a banca coloca no gráfico qual o nível de renda do consumidor, de tal forma que você possa saber se o consumidor é poupador ou devedor no período 1 ou 2. No ponto C, o consumidor faz o oposto do ponto A, ele consome nada no período 2 e consome tudo no período 1. Você pode se perguntar: como o consumidor poderá estar no ponto C se a renda no primeiro período é Y1? Em outras palavras, como ele poderá ter no período 1 um nível de consumo maior que o nível de renda (C1>Y1)? A resposta é simples: por meio do crédito! No ponto C, o consumidor toma empréstimos para consumir. Logicamente, tais empréstimos serão pagos no período 2. Assim, qualquer alocação de consumo que esteja entre os pontos B e C exigirá a tomada de empréstimos no período 1, pois C1 será maior que Y1. Por outro lado, qualquer alocação de consumo que esteja entre os pontos A e B resultará em formação de poupança no período 1, uma vez que o consumo será menor que a renda no período 1 (C1<Y1). 1 Outro nome bastante comum é: linha do orçamento. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 60 Figura 3 C2 A U3 B C U2 U1 C1 É importante alertar que estes três pontos (A, B e C) são apenas três dentre as infinitas combinações entre o consumo nos períodos 1 e 2, uma vez que todos os pontos da linha AC estão disponíveis para o consumidor. Para finalizar o tópico, devemos também saber que a inclinação da reta de restrição orçamentária intertemporal é dada pelo termo (1+r). Demonstrar por que isso é verdade demandaria algumas páginas e não teria muito retorno prático. Se estivéssemos em um curso de microeconomia, isso seria muito importante, mas, no nosso caso, não é. É necessário apenas que você saiba que a inclinação da reta de restrição orçamentária é dada por (1+r). Se houver aumento dos juros, o termo (1+r) aumentará em valor absoluto, de tal forma que a reta de restriçãoorçamentária ficará mais inclinada. 4.2. Preferências do consumidor As preferências de consumo das famílias são representadas por meio de curvas de indiferença. Elas são representadas em um mesmo tipo de diagrama que foi mostrado na figura 02: no eixo vertical, temos os níveis de consumo no período 2. No eixo horizontal, temos os níveis de consumo no período 1. Uma curva de indiferença mostra as diversas cestas (combinações) de consumo nos períodos 1 e 2 que deixam o consumidor igualmente satisfeito, ou, no linguajar econômico, com o mesmo nível de utilidade. A figura 03 mostra três curvas de indiferença. Ao longo da mesma curva de indiferença, o nível de satisfação ou utilidade é igual. Assim, as cestas (combinações) de consumo nos períodos 1 e 2 representadas pelos pontos A, B e C apresentam o mesmo nível de utilidade, porque estão na mesma curva de indiferença (U1). Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 60 Na curva U1, o consumidor é indiferente (daí, o termo curva de “indiferença”) entre as combinações de consumo A, B e C. Veja que essa hipótese é bastante plausível. Por exemplo, se o consumidor está no ponto A e, portanto, consome muito no período 2 e tem seu consumo reduzido neste período, digamos, do ponto A para o ponto B, o consumo no período 1 deve aumentar de modo a manter o consumidor igualmente satisfeito. Se o consumo no período 2 é reduzido novamente, do ponto B para o ponto C, o consumo no período 1 deve aumentar mais uma vez para que o consumidor se mantenha com a mesma satisfação. Quanto mais alta é a curva de indiferença, maiores serão os níveis de consumo das famílias. Assim, quanto mais alta a curva de indiferença, maior é a satisfação ou utilidade, pois maior consumo significa maior satisfação. Na figura 03, a curva U3 é preferível à curva U2, que, por sua vez, é preferível à curva U1. Ainda sobre a figura 03, nós exemplificamos apenas 03 curvas de indiferença, mas é óbvio que no diagrama exposto poderíamos imaginar infinitas curvas, de modo a oferecer uma escala infinita contendo uma ordenação completa das preferências do consumidor entre os consumos nos períodos 1 e 2. Bem, agora que já entendemos a ideia básica das preferências do consumidor, devemos entender o que determina a inclinação da curva de indiferença. Ela mostra em qualquer ponto da curva a quantidade de consumo no período 1 que o consumidor exige, para ser compensado por uma redução do consumo no período 2, e vice-versa. Essa inclinação é a taxa marginal de substituição entre os consumos nos períodos 1 e 2, e indica a taxa em que o consumidor está disposto a substituir o consumo em período pelo consumo em outro período e, ainda assim, permanecer com o mesmo nível de utilidade. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 60 C2 Figura 4 A A inclinação da curva de indiferença em todos os pontos é dada pela taxa marginal de substituição. ΔC2 B ΔC1 ΔC2 ΔC1 C ΔC2 D ΔC1 ΔC1 ΔC2 E U1 C1 Observe que, quando nos deslocamos ao longo da curva, a todo o momento, o consumidor reduz o consumo em algum período, mas aumenta o consumo em outro período, a fim de se manter com a mesma utilidade. Por exemplo, ao passar do ponto A para o ponto B, o consumidor reduz o consumo no período 2 em (ΔC2). Para permanecer na mesma curva de indiferença, deve haver aumento no consumo do período 1 (ΔC1). A taxa com que ocorre essa troca entre os níveis de consumo é dada pela razão ΔC2/ΔC1 e, conforme já dissemos, é denominada taxa marginal de substituição, sendo ela a própria inclinação da curva de indiferença. 4.3. A escolha ótima do consumidor Agora que já sabemos graficamente o que significa a restrição orçamentária e a ordenação de preferências dos consumidores via curvas de indiferença, é possível identificarmos qual será a decisão de consumo das famílias em cada um dos períodos de tempo. Qualquer consumidor irá escolher o “melhor possível” dentro daquilo que ele “pode adquirir”. Dentro dessa ideia, a escolha ótima do consumidor será aquela que contempla a curva de indiferença mais alta, mas que, ao mesmo tempo, esteja dentro da restrição orçamentária intertemporal. Ou seja, busca-se o melhor possível (curva de indiferença mais alta), dentro daquilo que ele pode adquirir (restrição orçamentária). A figura 05 mostra a reta de restrição orçamentária do consumidor (reta AEB). Veja que muitas curvas de indiferença cruzam essa reta. A Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 60 Figura 5 U3 C2 U2 Restrição orçamentária U1 No ponto de escolha ótima ou equilíbrio, TMS = (1+r). A E C2 U3 U2 B C1 U1 Como, no período 1, o consumo é maior que a renda (C1>Y1), então, o consumidor necessitará de crédito para realizar sua escolha ótima de consumo. Y1 C1 Empréstimo escolha ótima será o ponto em que a reta de restrição toca ou tangencia a curva de indiferença mais alta possível. Isso ocorre no ponto E, onde a reta orçamentária tangencia ou “raspa” em um único ponto a curva de indiferença U2. A cesta de consumo do ponto E proporciona o maior nível de satisfação possível ao consumidor. Os pontos A e B, apesar de também estarem na reta orçamentária, possuem um nível de utilidade menor, pois estão em uma curva de indiferença mais baixa (a curva U1). Os pontos ao longo da curva U3 trazem mais satisfação, porém são impossíveis ou inatingíveis, dada a restrição orçamentária que é imposta a este consumidor. Note que, no ponto ótimo ou também chamado ponto de equilíbrio, a inclinação da curva de indiferença é igual à inclinação da reta de restrição orçamentária. Isso acontece porque, neste ponto, a curva de indiferença é tangente à reta orçamentária. Conforme vimos nos itens anteriores, a inclinação da curva de indiferença é dada pela taxa marginal de substituição (TMS), a inclinação da reta orçamentária é dada pelo termo (1+r). Assim, o equilíbrio do consumidor ocorre quando TMS = (1+r) Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 60 O consumidor escolhe o consumo nos dois períodos de tal forma que a taxa marginal de substituição é igual a 1 mais a taxa de juros real2. Por fim, apenas para enriquecer o debate, eu também optei por simular o nível de renda do consumidor no período 1. Veja que eu coloquei no gráfico, apenas como exemplo, o nível de renda no período 1, que é Y1. A partir deste nível de renda, podemos tirar algumas conclusões sobre as decisões deste consumidor. Observe que o nível de consumo ótimo (C1) do período 1 (a partir do ponto de equilíbrio E) é maior que o nível de renda no mesmo período (Y1). Como C1>Y1, nós concluímos que este consumidor será devedor no primeiro período e precisará de empréstimos. Por conseguinte, como ele é devedor no período 1, obrigatoriamente, no período 2, ele consumirá menos que a sua renda (C2<Y2). O nível de C2 já está plotado no gráfico. O nível de Y2 pode ser deduzido: basta traçar uma reta vertical a partir de Y1 até encontrar a reta orçamentária e, a partir daí, traçar uma perpendicular até o eixo vertical. Neste ponto, teremos Y2. Esse caminho está realizadopelas linhas tracejadas que partem de Y1. Assim, a linha tracejada que está acima de C2 corta o eixo vertical exatamente no nível de renda do período 2, que é Y2. Veja que, realmente, o nível de renda do período 2 acaba ficando acima do nível de consumo neste período (Y2>C2), afinal, este consumidor precisa pagar o excesso de consumo do período 1. 4.4. Variações na renda do consumidor A restrição orçamentária do consumidor é fundamentada nas rendas dos períodos 1 e 2. Assim, qualquer mudança na renda do consumidor, seja no período 1 e/ou no período 2, provocará deslocamentos da reta de restrição orçamentária. Se a renda, em algum dos períodos aumenta, a restrição orçamentária será menor e a reta de restrição é deslocada paralelamente para fora e o equilíbrio do consumidor é atingido em uma curva de indiferença mais alta, com maior utilidade. Neste caso, se o consumo é de bens normais3, haverá aumento de consumo nos dois períodos, conforme se observa na figura 06. 2 O “r” do termo (1+r) quer dizer juros reais, uma vez que estamos desconsiderando a inflação. Se o “r” se referisse aos juros nominais, as implicações da inflação poderiam alterar o processo de escolha intertemporal (os juros reais significam os juros nominais menos a inflação. Por exemplo, se você aplica um dinheiro e obtém ganhos de 10% sobre o valor aplicado, e a inflação no período foi de 6%, então, os juros reais da aplicação foram somente 4% (=10 – 6), ao passo que os juros nominais foram 10%). 3 Bem normal é aquele bem cujo consumo aumenta junto com o aumento de renda. Na figura 06, nós podemos observar que há aumento de renda (deslocamento para fora da reta orçamentária) e o consumo aumenta nos dois períodos, indicando que o bem consumido é Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 60 Fig. 6 C2 O aumento da renda desloca a reta orçamentária para fora e permite um ponto de escolha ótima que permite maior utilidade. C1 Se, por outro lado, a renda diminui em algum dos períodos, a reta será deslocada para dentro, de forma que o consumidor atingirá sua escolha ótima em uma curva de indiferença mais baixa, com menor utilidade. Se os bens são normais, a redução da renda provocará redução do consumo nos dois períodos. É importante destacar que as alterações na renda provocam deslocamentos da reta orçamentária como um todo, fazendo-a se deslocar paralelamente, sem alterar a sua inclinação. 4.5. Variações nas taxas de juros Conforme vimos no tópico 4.1, a inclinação da reta orçamentária é dada por (1+r). Assim, qualquer alteração em “r” (taxa de juros), obrigatoriamente, alterará também a inclinação da reta orçamentária e provocará alterações na escolha ótima do consumidor. Se houver aumento nas taxas reais de juros, o termo (1+r) aumentará e, consequentemente, a inclinação da linha do orçamento também aumentará (a reta orçamentária ficará mais vertical). Essa inclinação mais vertical da linha do orçamento implicará uma mudança na escolha ótima do consumidor, fazendo com que esta escolha normal. O caso de exceção, em que o aumento de renda provoca redução no consumo, acontece quando os bens são inferiores (temos como exemplo a carne de segunda, em que o aumento de renda faz as pessoas consumirem carne de primeira, reduzindo, assim, o consumo de carne de segunda). Vale destacar que, em questões de prova, devemos considerar a todo o momento que estamos tratando de bens normais, a menos que a questão diga expressamente que o bem é inferior. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 60 geralmente se encontre em outra curva de indiferença. Essa nova escolha ótima poderá aumentar/reduzir o consumo nos dois períodos, a depender do efeito renda e do efeito substituição. O efeito renda corresponde à variação do consumo proveniente de uma variação de renda. O efeito substituição corresponde à variação de consumo proveniente de uma variação na relação de preços do consumo entre os dois períodos. Vejamos detalhadamente como estes efeitos funcionam. Caso 1 – consumidor é poupador e há aumento da taxa de juros Para analisá-los, inicialmente, vamos supor que haja um aumento das taxas de juros. Se o consumidor for um poupador, o aumento das taxas de juros aumentará a renda deste consumidor, pois os juros trabalharão a favor de sua renda, aumentando-a. Essa elevação de renda terá como consequência um aumento tanto de C1 quanto de C2, exatamente como vimos no item 4.4. O efeito renda, então, neste caso, fará aumentar o consumo nos períodos 1 e 2. Ao mesmo tempo, o aumento da taxa de juros torna o consumo no período 1 mais caro em relação ao consumo no período 2. Se os juros sobem, isto significa que, ao comparar a relação de “preços” do consumo nos dois períodos, o consumidor atesta que consumir no período 1 é mais caro. Pense comigo: se o consumidor deixa para consumir no período 2, poupando no período 1, então, a poupança gerada no período 1 sofrerá a ação dos juros e possibilitará um maior consumo no período 2. Ou seja, o aumento da taxa de juros faz com que o consumidor queira substituir o consumo no período 1 pelo consumo no período 2. O efeito substituição, neste caso, fará reduzir o consumo em 1 e o faz aumentar em 2. Podemos resumir assim os dois parágrafos acima: Caso: aumento da taxa de juros e o consumidor é poupador Efeito Consumo C1 C2 Efeito renda Aumenta Aumenta Efeito substituição Diminui Aumenta Pela análise do caso em que há aumento da taxa de juros e o consumidor é poupador, chega-se à conclusão que o consumo no período 2, com certeza, aumenta. Já em relação ao consumo no período 1, não podemos afirmar nada, com certeza, pois os efeitos renda e substituição atuam em sentido contrário. O aumento ou redução de consumo no período 1 dependerá das magnitudes dos efeitos renda e substituição, e isto só é possível saber a partir da análise da restrição orçamentária e curvas de indiferença do consumidor, o que não é nosso objetivo aqui nesta aula. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 60 A escolha do consumidor depende dos dois efeitos. Como vimos, o resultado sobre o consumo no período 2 é certo: haverá aumento de C2. No período 1, entretanto, não temos certeza se o consumo aumentará ou reduzirá. Consequentemente, dependendo do tamanho relativo do efeito renda e do efeito substituição, um aumento da taxa de juros pode estimular ainda mais a poupança (reduzir C1) ou pressioná-la para baixo (aumentar C1). Se a poupança é estimulada, o efeito renda é menor que o efeito substituição; se ela é pressionada para baixo, o efeito renda é maior que o efeito substituição. Caso 2 – consumidor é devedor e há aumento da taxa de juros Inicialmente, nós supusemos que o consumidor é poupador e ocorre aumento nas taxas de juros. Agora, vamos supor que o consumidor é tomador de empréstimos. Vejamos os efeitos de um aumento da taxa de juros: Se o consumidor é tomador de empréstimos, o aumento dos juros trabalhará contra a renda deste consumidor, fazendo-a diminuir, pois, à medida que o tempo transcorre do período 1 para o período 2, o consumidor vai aumentando a sua dívida (reduzindo a renda). Assim, para o tomador de empréstimos, o efeito renda proveniente do aumento dos juros implica redução de consumo nos dois períodos.A análise do efeito substituição, para o tomador de empréstimos, será rigorosamente igual àquela feita no caso de o consumidor ser poupador. O aumento dos juros aumentará o preço de consumir os bens no período 1, pois, se o faz, ficará mais endividado e consumirá menos no período 2. Assim, o efeito substituição nos diz que o consumidor reduzirá o consumo em 1 e aumentará em 2, assim como no caso do poupador. Podemos resumir assim o caso do tomador de empréstimos e do aumento dos juros: Caso: aumento da taxa de juros e o consumidor é devedor Efeito Consumo C1 C2 Efeito renda Diminui Diminui Efeito substituição Diminui Aumenta Pela análise do caso em que há aumento da taxa de juros e o consumidor é devedor (tomador de empréstimos), chega-se à conclusão que o consumo no período 1, com certeza, diminui. Já em relação ao consumo no período 2, não podemos afirmar nada, com certeza, pois os efeitos renda e substituição atuam em sentido contrário. O aumento ou Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 60 Fig. 7 C2 Nível de consumo permitido no período 1 (C1≤Y1). O nível máximo de consumo no período 1 é limitado pela renda (Y1), uma vez que há restrição de crédito. C1 Y1 redução de consumo no período 2 dependerá das magnitudes dos efeitos renda e substituição. Nota os efeitos da redução dos juros serão exatamente contrários àqueles vistos para o aumento das taxas de juros (casos 1 e 2). 4.6. Restrições de crédito Se supusermos que há restrições de crédito no presente, isto implica que não será mais possível ter um nível de gastos maior que a renda no período 1. Ou seja, obrigatoriamente, C1 deve ser menor ou igual a Y1 (C1≤Y1). Esta restrição de empréstimos/crédito (ou restrição de liquidez) altera o desenho da reta de restrição orçamentária. Na figura 7, eu coloquei como exemplo o nível de renda Y1. Veja que a restrição orçamentária do consumidor termina exatamente na linha vertical que sobe de Y1. Ou seja, o nível de consumo no período 1 (C1) não deve ultrapassar a renda no período (Y1), uma vez que não é possível tomar empréstimos. A restrição de crédito altera a restrição orçamentária do consumidor, mas nem sempre a decisão sobre o consumo será afetada pela restrição de crédito. Nas figuras 8 e 9, nós temos dois consumidores com preferências diferentes. O consumidor da figura 8 não será prejudicado pela restrição de crédito, uma vez que sua escolha ótima continuará a mesma. Ou seja, ele não perderá nenhum grau de utilidade ou satisfação com a falta de liquidez. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 60 Fig. 8 C2 A escolha ótima e, por conseguinte, a decisão de consumo não é influenciada pela restrição de crédito. C1 Y1 Fig. 9 C2 Escolha ótima NÃO ocorre quando TMS=(1+r) B A C1 Y1 Já o consumidor da figura 9 é prejudicado pela limitação do crédito. A ordenação de preferências deste consumidor mostra que ele gostaria de estar no ponto A, mas, infelizmente, isso não é possível, pois o nível de consumo no período 1 ultrapassaria o que sua renda permite (C1≥Y1), o que é impossível dada a situação em que não há empréstimos. Assim, o melhor que este pobre consumidor pode fazer é consumir sua renda correspondente ao primeiro período, representada pelo ponto B, em uma curva de indiferença mais baixa (com menor satisfação/utilidade) que aquela que ele gostaria. Note que, havendo restrição de crédito e esta alterando o nível de escolha ótima (como no caso da figura 09), a decisão de consumo não obedece à condição TMS=(1+r), pois as inclinações da curva de indiferença e reta orçamentária não são mais iguais. Por fim, também concluímos que, para os consumidores que gostariam de obter empréstimos, mas não Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 60 conseguem, o consumo (atual) depende somente da renda atual e não da renda atual e futura. 5. O GOVERNO 5.1. A restrição orçamentária intertemporal do governo Uma vez entendida a restrição intertemporal das famílias, ficará bastante fácil entender a restrição do governo. As diferenças serão as seguintes: em vez de renda (Y), nós teremos a arrecadação fiscal (T); em vez de consumo (C), nós teremos gastos públicos (G). A expressão (G – T) quer dizer déficit público, a expressão (T – G) quer dizer superávit. Segue a expressão que define a restrição orçamentária intertemporal do governo: G1(1+r) + G2 = T1(1+r) + T2 (1) A expressão em negrito significa a restrição intertemporal do governo e mostra que o somatório dos gastos públicos nos períodos 1 e 2 deve ser igual ao somatório das arrecadações fiscais nos períodos 1 e 2. Veja que os valores da expressão estão corrigidos para a data focal do período 2. Para isso, os valores dos gastos e arrecadação do período 1 (G1 e T1) estão multiplicados pelo fator de correção (1+r). Se quisermos trazer todos os valores para a data atual (período 1), basta dividir tudo por (1+r): G1 + G2/(1+r) = T1 + T2/(1+r) (2) A expressão acima também significa a restrição orçamentária intertemporal; a única diferença é que ela está utilizando como data focal o período 1 em vez do período 2. Veja que os valores da expressão estão corrigidos para o período atual. Para isso, os valores do gasto e arrecadação do período 2 (G2 e T2) estão divididos pelo fator de correção (1+r). Veja que as expressões (1) e (2) são rigorosamente iguais àquelas estudadas na restrição intertemporal das famílias, com a diferença das variáveis G e T, em vez de Y e C. A ideia básica é a mesma: se houver déficit no período 1, os gastos devem ser inferiores à arrecadação no período 2. Havendo superávit no período 1, pode-se gastar mais que a arrecadação no período 2. Da mesma forma, a escolha de consumo ótima do governo ocorrerá quando TMS=(1+r). A expressão da restrição intertemporal do governo também pode ser aplicada em outras análises, como por exemplo, na análise dos saldos do balanço de pagamentos e em relação à questão do endividamento Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 60 externo. A ideia central continua a mesma: déficits no período 1 implicam tomada de empréstimos (aumento do endividamento) que devem ser pagos no período 2. Assim, maiores gastos em 1 significam menos gastos em 2. Esta lógica vale para o saldo do balanço de pagamentos, saldo da balança comercial, orçamento fiscal do governo (arrecadação menos gastos), etc. 5.2. A equivalência ricardiana Segundo Keynes, o aumento de gastos do governo teria como resultado o aumento da demanda agregada da economia e o aumento da renda de equilíbrio, via efeito multiplicador de gastos. Essa tese, no entanto, não é unânime. Uma visão alternativa, chamada de equivalência ricardiana, nos mostra conclusões diferentes. Essa teoria pode ser embasada no modelo de Fisher de escolha intertemporal do consumidor e do governo. Conforme sabemos, o modelo de escolha intertemporal nos mostra que o consumidor toma suas decisões de consumo baseando-se não somente na renda corrente, mas também na renda futura. Isto é, o consumidor leva em conta o tempo futuro. Isto também será verdade quando ele analisa os efeitos decorrentesda política fiscal do governo. Por exemplo, suponha que o governo decida reduzir os impostos no período atual, sem que essa redução de tributação seja acompanhada por redução de gastos públicos. O consumidor que se preocupa com o futuro sabe que o fato de o governo reduzir os impostos hoje sem reduzir os gastos (por meio do aumento da dívida pública) significa maiores impostos amanhã para pagar a dívida assumida. Assim, este consumidor não alterará suas decisões de consumo a partir da redução de tributos do governo. Como ele sabe que haverá aumento de impostos no futuro, ele decide poupar a renda adicional gerada pela redução de tributos no período atual para pagar o aumento destes tributos no período futuro. Assim, a implicação da equivalência ricardiana é que uma redução de impostos financiada pelo endividamento e não pela redução de gastos do governo deixa o consumo inalterado. As famílias irão poupar a renda disponível adicional para pagar o aumento de impostos no futuro. Sendo um pouco mais técnico e menos intuitivo, podemos dizer que a equivalência ricardiana nos mostra que a redução de impostos sem a previsão de corte nos gastos públicos apenas faz com que, no período 1, haja redução da poupança pública em favor do aumento da poupança privada. No período 2, ocorre o contrário, o aumento de impostos aumentar Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 60 a poupança pública e reduz a poupança privada. A poupança interna (poupança pública + poupança privada) permanece a mesma. Como os consumidores se preocupam com o futuro, a redução de impostos no período 1 não exerce qualquer efeito sobre o consumo das famílias. Ainda é possível considerar o argumento de Ricardo4 de outra maneira. Suponha que o governo decida reduzir os impostos sem reduzir os gastos públicos. Para que o orçamento “feche”, o governo deverá se endividar, por exemplo, vendendo títulos públicos ao mercado. Esses títulos, por suas vezes, serão comprados pelos cidadãos. Em essência, veja que foi o cidadão que deu dinheiro ao governo (comprando o título público para financiar o endividamento) para que este operasse a redução de impostos. No futuro (período 2), quando o governo aumentar os tributos para pagar as dívidas, o cidadão resgatará o título público comprado no período 1 e receberá o dinheiro, que será usado para pagar o aumento de tributos no período 2. Assim, a operação não muda em nada a riqueza do consumidor, de tal forma que a redução de tributos sem redução de gastos públicos não altera o consumo. A ideia central da equivalência ricardiana, entretanto, não conclui que as mudanças na política fiscal (alteração de gastos públicos e tributação) são totalmente irrelevantes. Por exemplo, se o governo reduz os impostos no presente porque planeja reduzir seus gastos no futuro, aí sim, as famílias aumentarão o consumo. Neste caso, as famílias entendem que, como os gastos públicos serão reduzidos, a redução de tributos no período corrente não implicará o aumento dos mesmos no período 2. Assim, a redução de tributos realmente significará aumento de renda disponível e aumentará o consumo. Observe, porém, que é a redução dos gastos públicos, e não a redução dos impostos, que estimula o consumo. Se o governo não alterar a tributação no presente, mas anunciar que os gastos públicos serão reduzidos no futuro, isso faria o consumo corrente crescer, ainda que os impostos no presente permanecessem inalterados. Neste caso, as famílias, que prestam atenção ao futuro, iriam entender que menos gastos públicos no futuro significam menos impostos no futuro, e mais renda disponível no futuro. Ou seja, a renda esperada futura (renda no período 2) aumentaria, reduzindo a restrição orçamentária intertemporal do consumidor e deslocando a reta de restrição para fora. A nova decisão de consumo (escolha ótima) poderá aumentar o consumo no período atual mesmo que renda disponível no período 1 permaneça inalterada, e isso ocorre pelo aumento da renda esperada do período 2 (este efeito encontra-se ilustrado na figura 6, onde o deslocamento para fora da reta orçamentária aumento o consumo nos períodos 1 e 2). 4 O termo equivalência ricardiana é em homenagem a David Ricardo, economista clássico do século XIX, o primeiro a observar o argumento teórico. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 60 5.2.1. Exceções à equivalência ricardiana A ideia central da visão de Ricardo é que os consumidores têm clara visão do futuro. As pessoas avaliam racionalmente os impostos futuros decorrentes da política fiscal atual do governo. Isto é, eles entendem que o mecanismo básico de funcionamento do mercado, em que mais gastos hoje significam menos gastos amanhã, e menos impostos hoje significam mais impostos amanhã. Nós veremos agora três motivos que inibem o mecanismo da equivalência ricardiana. São situações, portanto, em que as hipóteses ricardianas não são necessariamente corretas. a) Restrição de crédito Os críticos da visão ricardiana defendem que pode haver situações em que a equivalência ricardiana não ocorreria em razão de problemas de ordem institucional, como a restrição de liquidez (crédito) no sistema. Por exemplo, se o governo anunciar que haverá corte de gastos no futuro, nem sempre, isso provocaria aumento de consumo no período atual. Conforme nós vimos no último parágrafo do item 5.2, o anúncio de corte de gastos públicos no período 2 desloca a reta de restrição orçamentária intertemporal dos consumidores para fora, de tal modo que a decisão de consumo (escolha ótima, conforme figura 6) implicará, na maioria dos casos, o aumento de consumo nos períodos 1 e 2. No entanto, se houver restrição de crédito, o aumento de consumo no período 1 decorrente da hipótese ricardiana não acontecerá necessariamente, dependendo da ordenação de preferências do consumidor e das restrições orçamentárias e de crédito. Assim, a existência de restrição de crédito faz com que a hipótese da equivalência ricardiana não aconteça necessariamente. Podemos verificar também sob outro aspecto essa situação em que a restrição de crédito impede o mecanismo da equivalência ricardiana. Suponha um consumidor que, devido a sua restrição orçamentária intertemporal e a suas preferências, tenha o nível de consumo ótimo em algum ponto em que o consumo no período 1 excede a renda neste mesmo período (C1>Y1), de tal forma que ele precisa tomar empréstimos no período 1 para consumir de acordo com a sua escolha ótima, onde TMS=(1+r). Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 60 Se o governo reduz os tributos sem anunciar corte de gastos, a equivalência ricardiana nos diz que este consumidor deve manter seu consumo inalterado, pois ele sabe que os impostos serão aumentados no futuro. Ou seja, sua escolha ótima, segundo Ricardo, não será alterada. No entanto, havendo restrição de crédito, este consumidor pode encarar a redução de tributos do governo como um empréstimo e pode, assim, aumentar o consumo no período atual, mesmo sabendo que os impostos serão aumentados no futuro. Percebemos, então, que a restrição à obtenção de empréstimos funciona como uma hipótese inibidora do mecanismo da equivalência ricardiana. b) Miopia (erros de previsão do futuro) Para alguns críticos da equivalência, os consumidores não são tão racionais como é suposto na teoriade Ricardo. Para esses críticos, as pessoas são mais simples e têm uma visão mais curta (são míopes) do contexto econômico. Para estas pessoas, a redução de impostos no período atual significam mais renda e ponto final! Assim, elas aumentarão o consumo quando o governo reduz os tributos, mesmo que isso implique aumento de tributos no futuro. Na verdade, essas pessoas nem têm uma ideia muito clara das implicações de reduções de tributos para os períodos futuros. Desta forma, se as pessoas têm visão curta, ou se elas não são tão racionais quanto se supõe, ou se ainda possuem erros de previsão do futuro, o mecanismo da equivalência ricardiana não será obedecido. Neste caso, a redução de impostos no presente, mesmo que não haja redução de gastos no futuro, terá impactos sobre o consumo das pessoas, pois elas não têm ideia que os impostos menores no presente significam impostos maiores no futuro. c) Ausência de preocupação com as gerações futuras Na hipótese ricardiana, os consumidores se preocupam com o futuro. Por isso, mesmo após a redução de tributos, eles não aumentam o consumo atual porque decidem poupar para poderem pagar o aumento de impostos no futuro. No entanto, se os consumidores não se preocupam com as gerações futuras, eles podem decidir gastar mais no período atual, pois sabem que o aumento das dívidas nos próximos períodos será “rachado” com as gerações futuras. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 60 Assim, se os consumidores não se preocupam com as gerações futuras, não vale o mecanismo da equivalência ricardiana. Diante da análise dos itens “a”, “b” e “c”, percebe-se, então, que há motivos que fazem com que a equivalência ricardiana não ocorra. Desta maneira, podemos concluir que o mecanismo da equivalência ricardiana depende dos seguintes pressupostos: i. Ausência de restrição de crédito; ii. Racionalidade (correta previsão do futuro) dos consumidores; iii. Preocupação com as gerações futuras. Por exemplo, a equivalência ricardiana pode não funcionar, de tal forma que o consumo presente será alterado decorrente de uma redução de tributos, desde que haja restrição de crédito, ou irracionalidade dos consumidores, ou ainda ausência de preocupação com as gerações futuras. 5.3. Sistemas de Previdência A Previdência Social se constitui em um dos principais programas de benefícios de quase todo governo moderno. Para grande parte dos aposentados, os benefícios da Previdência representam mais da metade de sua renda. Ela é, portanto, um fator de redução da pobreza entre os idosos. No entanto, ela também faz com que a poupança do país seja menor. Conforme vimos no estudo do modelo de crescimento de Solow, uma poupança menor gera menor acumulação de capital e um menor produto per capita no longo prazo. Pois bem... vejamos os dois principais sistemas de previdência, ambos coletam contribuições previdenciárias dos trabalhadores e as distribuem para os aposentados. Seguem os dois sistemas pelos quais isso pode ser feito: Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 60 Sistema de Capitalização Tributam-se os trabalhadores, colocando o dinheiro arrecadado em ativos financeiros que rendem juros. Quando o trabalhador se aposentar, é devolvido o principal acrescido dos juros. Em qualquer momento, o sistema tem fundos iguais às contribuições acumuladas dos trabalhadores. Sendo assim, o sistema é capaz de pagar benefícios a esses trabalhadores quando se aposentarem. Sistema de repartição Tributam-se os trabalhadores e o dinheiro arrecadado vai para os aposentados atuais. Ou seja, o sistema vai pagando benefícios aos aposentados atuais à medida que arrecada dos contribuintes “jovens”. Do ponto de vista dos trabalhadores, os dois sistemas são praticamente iguais. Ou seja, enquanto se é jovem, pagam-se as contribuições previdenciárias. Entretanto, do ponto de vista dos aposentados, os sistemas são diferentes. O que o aposentado recebe em cada um dos sistemas não é igual. No sistema de capitalização, o que o aposentado recebe depende da taxa de retorno dos ativos financeiros do fundo de previdência utilizado. No sistema de repartição, este valor depende da razão entre aposentados e trabalhadores (da demografia) e evolução das alíquotas de impostos determinadas pelo sistema. No que tange à economia do país, os dois sistemas são bem diferentes: Sistema de capitalização Os trabalhadores poupam menos, pois devem pagar a contribuição previdenciária. No entanto, o sistema de previdência poupa mais (em nome dos contribuintes). Ocorre uma redução da poupança privada em favor do aumento da poupança pública. Desta forma, a poupança total da economia não muda, de tal maneira que a acumulação de capital não sofre nenhum efeito. Sistema de repartição Os trabalhadores também poupam menos. No entanto, neste sistema, o sistema de Previdência não poupa em nome dos contribuintes, uma vez que o dinheiro arrecadado dos contribuintes já vai diretamente para o pagamento dos aposentados atuais. Observe, portanto, que a redução na poupança privada não é compensada por um aumento na poupança Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 60 pública. Desta forma, ocorre uma queda na poupança total e também uma queda na acumulação de capital. 6. DETERMINANTES DO INVESTIMENTO 6.1. Expectativas Em primeiro lugar, é bom relembrarmos o que significa, para a Economia, a palavra investimento: corresponde à aquisição de bens de capital, máquinas, equipamentos, edifícios e estoques, com o objetivo de gerar maior produção futura. Deve-se notar que o conceito de investimento não se confunde com o de aplicação financeira, que corresponde simplesmente a uma forma de guardar poupança. Um ponto importante em relação ao investimento é que este agregado é muito mais volátil do que o consumo. Assim, grande parte das flutuações econômicas (o “cresce” e “não cresce” da economia) decorre do comportamento do investimento. Essa volatilidade existe, entre outros fatores, pelo fato de a decisão de investimento basear-se na expectativa dos agentes sobre o comportamento futuro da economia. Assim, se os agentes acham que a economia vai crescer, eles realizam investimentos. Se eles acham que a economia não vai crescer, eles não realizam investimentos. Observe que o nível de investimento a ser realizado não depende do nível do produto, mas sim da (expectativa) taxa de crescimento: “O investimento é influenciado, basicamente, pela taxa de crescimento do produto, não pelo nível do produto.” No início de 2009, por exemplo, o PIB brasileiro apresentou crescimento negativo o que, tecnicamente, significa recessão. Essa recessão foi provocada, em grande parte, pela queda dos investimentos (e não pela queda do consumo). Tal queda ocorreu porque os empresários tinham a expectativa de que o produto não cresceria. Então, veja que, nesta análise, o investimento é influenciado pela taxa de crescimento e não pelo nível do produto. Podemos ter países com nível de produto muito alto (EUA, por exemplo), mas a taxa de investimento ser baixa porque os empresários enxergam que o PIB não crescerá muito. Por outro lado, podemos ter países com nível de produto mais baixo (China, cujo PIB é um pouco mais de 1/3 do PIB dos EUA), mas com a taxa de investimento mais alta porque os empresários acreditam que o PIB irácrescer. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 60 6.2. Taxa de juros e eficiência marginal do capital (EMC) Ainda que a expectativa tenha um papel importante na decisão de investimento, o principal fator a influir na decisão de investir é o retorno esperado do investimento, o que é algo bastante óbvio. Afinal, qualquer empresário só tomará uma decisão firme de investimento se ele tem plenas convicções de que haverá um retorno esperado e que tal retorno superará o que ele gastou para investir. O retorno esperado depende do fluxo de receita futura que o indivíduo espera do investimento, comparado com os gastos incorridos em sua execução. O montante a ser gasto hoje para viabilizar o investimento é chamado de preço de oferta do investimento. Suponha que você deseje abrir uma lanchonete e que, para isso, necessite pedir emprestado5 ao banco R$ 100.000,00. Neste caso, este valor é o preço de oferta do investimento. O montante que o empresário receber ao longo do tempo (fluxo de receita esperada) deve ser trazido a valor presente. Deixe-me explicar melhor: a lanchonete, ao longo dos meses, trará lucros ao seu dono. No entanto, esses lucros esperados devem ser trazidos a valor presente para que possam ser comparados ao valor que foi gasto para viabilizar o investimento. Afinal, temos que comparar os valores (lucros esperados x gastos incorridos) considerando um mesmo instante no tempo (na matemática financeira, usamos o termo data focal. Comparamos os lucros e os gastos incorridos na mesma data focal). Quando nós pegamos o fluxo de receitas esperadas e trazemos a valor presente, para comparar com os gastos incorridos, nós temos o chamado preço de demanda do investimento. Se o preço de demanda é maior que o preço de oferta, isto é, se os fluxos de receita esperada já trazidas a valor presente são maiores que os gastos incorridos para implementar o negócio, então, a taxa de retorno esperada do investimento é maior que a taxa de juros cobrada pelo banco para se realizar o empréstimo de R$ 100.000. Logo, compensa fazer o investimento. Assim, Se preço de demanda é maior que preço de oferta, então a taxa de retorno esperada do investimento é maior que a taxa de juros; logo, compensa fazer o investimento; 5 Iremos supor que o empresário, para investir, precisa pedir dinheiro emprestado. O aluno mais incauto poderia perguntar: mas se o empresário já tem o dinheiro? Neste caso, o custo do investimento seria o que ele deixou de ganhar colocando o dinheiro em aplicações financeiras. Em qualquer caso, então, o custo do dinheiro (tendo-o ou não em conta corrente) será a taxa de juros do mercado. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 60 Se o preço de demanda é menor que o preço de oferta, então a taxa de retorno esperada do investimento é menor que a taxa de juros; logo, não compensa investir. Se as expectativas sobre as condições futuras da economia são otimistas, o fluxo de receita esperado será alto (preço de demanda alto); logo, o investimento também será alto. Se houver pessimismo, o fluxo de receita esperado será baixo, de forma que o investimento também será. Existe uma taxa de juros em que o preço de oferta é exatamente igual ao preço de demanda. Segundo Keynes, esta taxa é chamada de eficiência marginal do capital (EMC), que é a taxa que iguala o preço de oferta e de demanda. Em outras palavras, a eficiência marginal do capital é a taxa que iguala o valor presente dos retornos esperados com os gastos incorridos na aquisição do investimento. Em livros de matemática financeira, engenharia econômica ou análise de projetos, a EMC é mais conhecida como Taxa Interna de Retorno (TIR). Se a EMC (ou TIR) é maior que a taxa de juros do mercado (i), então, é vantajoso investir. Por outro lado, se EMC é menor que a taxa de juros do mercado (i), então, não é vantajoso investir. Assim, Se EMC > i, compensa investir; Se EMC < i, não compensa investir. Nesse contexto, podemos entender que, quanto maior for a taxa de juros do mercado (i), menor será o investimento, pois haverá menor número de projetos cuja EMC supere a taxa de juros, e o inverso ocorrerá quanto menor for a taxa de juros. Por isso, nós vemos na televisão o argumento de algumas autoridades para que o BACEN baixe a taxa de juros no Brasil. Se isto ocorresse, haveria aumento nos investimentos6 (que aumentaria a renda via efeito multiplicador, que, por sua vez, traria mais empregos, etc). 6.3. Produto marginal do capital (PmgK) O custo do capital representa simplesmente o seu preço, ou o seu custo de aquisição para o empresário. O produto marginal do capital (PmgK) é o acréscimo na produção decorrente da aquisição de 01 unidade adicional de capital. 6 Haveria também outros efeitos colaterais que serão discutidos mais à frente em nosso curso, como, por exemplo: pressões inflacionárias (inflação de demanda), pressões sobre a infra-estrutura da economia, etc. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 60 Por exemplo, suponha uma fábrica que produz 100 e compra uma máquina que irá aumentar a produção em 10. Ao mesmo tempo, sabe-se que essa máquina tem um custo (custo de capital) de 12. Pergunta-se: vale a pena investir (comprar essa máquina)? A resposta é não. O custo da máquina é maior que o acréscimo que ela trará para a produção, então, não faz sentido investir neste caso. Se a produção adicional, por outro lado, fosse maior que o custo, então, aí sim, seria vantajoso investir. No nosso exemplo, se comprarmos máquina, o custo aumentará em 12 e a produção em apenas 10, ou seja, não é recomendável esse investimento. Assim, “Se o produto marginal do capital excede o custo do capital, as empresas consideram lucrativo aumentar os seus estoques de capital. Se o produto marginal do capital fica abaixo do custo de capital, essas empresas deixam que o estoque de capital diminua.” 6.3. O mercado de ações e o “q” de Tobin Em primeiro lugar, embora muitos já saibam, devemos definir o que são ações e mercado de ações. Ação refere-se à cota de propriedade de empresas que são negociadas entre diversos agentes, mercado de ações é o lugar em que essas cotas são negociadas. Os preços das ações são altos quando as empresas possuem muitas oportunidades de investimento lucrativo, uma vez que essas oportunidades significam uma renda futura esperada mais alta para os acionistas (compradores das ações). Suponha uma firma que tenha como patrimônio ”real” somente 100 máquinas. Ao mesmo tempo, ela possui 100 ações negociadas em bolsa de valores (onde se desenvolvem os mercados de ações). Se cada máquina vale, por exemplo, R$ 10,00, então, é de se esperar que o patrimônio da empresa valha 100x10=R$ 1000,00. Também é de se esperar que cada ação valha R$ 10,00, mas suponha que cada ação está sendo negociada a R$ 20,00. Veja que, na bolsa de valores, o patrimônio da empresa vale R$ 2000,00, enquanto o patrimônio “real” (custo do capital) vale R$ 1000. Se o dono desta empresa quiser realizar um investimento, será muito mais vantajoso para ele se financiar através do mercado de ações. Veja bem: ele pode emitir mais 01 ação em bolsa (a R$ 20). Com esta ação, ele compra uma máquina (a R$ 10) e ainda sobra dinheiro. Se ele quiser, também poderá comprar 2 máquinas em vez de 1. Sea ação da empresa, por outro lado, valesse apenas R$ 5, não seria mais interessante para o empresário investir se financiando através do mercado de capitais. Se fosse emitida mais uma ação, com o dinheiro arrecadado, não seria viável a compra de 01 máquina. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 60 Assim, podemos chegar à seguinte conclusão: se o valor de mercado da empresa (valor que ela vale no mercado de ações) for superior ao patrimônio “real/físico” (custo de reposição do capital instalado), então, valerá a pena investir. Se o valor de mercado for inferior ao custo de reposição do capital instalado, não compensa investir. Nesse rumo, o economista James Tobin, ganhador do Prêmio Nobel, propôs que as empresas fundamentassem suas decisões relacionadas a investimentos na seguinte proporção, hoje conhecida como q de Tobin: 𝒒 = 𝑽𝒂𝒍𝒐𝒓 𝒅𝒆 𝒎𝒆𝒓𝒄𝒂𝒅𝒐 𝒅𝒐 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂𝒍 𝒊𝒏𝒔𝒕𝒂𝒍𝒂𝒅𝒐 𝑪𝒖𝒔𝒕𝒐 𝒅𝒆 𝒓𝒆𝒑𝒐𝒔𝒊çã𝒐 𝒅𝒐 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂𝒍 𝒊𝒏𝒔𝒕𝒂𝒍𝒂𝒅𝒐 O numerado do q de Tobin é o valor da capital da empresa avaliado pelo mercado de ações. O denominador é o preço desse capital caso ele fosse adquirido ou reposto. Se q for maior que 1, então o mercado de ações valoriza o estoque de capital em mais do que o seu custo de reposição. Nesse caso, os empresários podem fazer crescer o valor de mercado das ações de suas empresas adquirindo mais capital. Como adquirir mais capital significa investir, temos que, quando q>1, há incentivos a investir. Quando q<1, ocorre o contrário. Quando q=1, há indiferença entre investir ou não. Assim, q > 1, investe; q < 1, não investe; q = 1, é indiferente. A teoria q de Tobin proporciona uma forma simples de interpretar o papel do mercado de ações na economia. Como o custo de reposição do capital é bastante estável, não variando muito, a queda das cotações das ações negociadas em bolsa implica, geralmente, uma queda no q de Tobin. Isto reflete o pessimismo dos investidores quanto à lucratividade do capital. De acordo com Tobin, uma queda em q provocará uma queda do investimento, o que reduz a demanda agregada e o nível de emprego. Esta teoria de Tobin nos dá uma explicação bastante plausível para o fato de as flutuações no mercado de ações estarem intimamente relacionadas com as flutuações no produto e no emprego. Isto é, quando as cotações em bolsas vão bem, a economia também vai bem. Assim, é perfeitamente claro que o mercado de ações é um dos indicadores importantes do rumo da atividade econômica. Paul Samuelson, outro ganhador do Prêmio Nobel de Economia, certa vez disse: “o mercado de ações previu nove das últimas cinco recessões”. Se nos lembramos da última crise econômica vivida em 2008/2009, veremos que o mercado de ações, certamente, acertou mais uma vez. Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 60 EXERCÍCIOS COMENTADOS CESPE - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO - CIÊNCIAS ECONÔMICAS – TCE/AC - 2009 - As políticas fiscais e monetárias sintetizam a ação do governo para estabilizar a economia. Acerca desse assunto, julgue os itens. 01 - O fato de os indivíduos tomarem decisões baseadas na renda permanente em vez de fazê-lo com base na renda corrente contribui para reduzir a eficácia das políticas fiscais discricionárias. COMENTÁRIOS: Boa questão! Políticas fiscais discricionárias são aquelas realizadas de acordo com a vontade de quem está no governo. Ou seja, o governo possui algum grau de liberdade (discricionariedade) para conduzir a política fiscal. Se os indivíduos tomam suas decisões baseadas na renda permanente, que é um renda essencialmente de longo prazo, estável, o efeito destas políticas fiscais discricionárias é reduzido, pois elas terão muito POUCO (ou quase nenhum) impacto sobre o nível de renda permanente do consumidor. GABARITO: CERTO CESPE - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO - CIÊNCIAS ECONÔMICAS – TCE/AC - 2009 - A análise das decisões de consumo, de poupança e de investimento é importante na determinação da renda e do produto de equilíbrio. Em relação a essas variáveis, julgue os itens. 02 - A ideia de que o consumo corrente é financiado pelo estoque de riqueza e pela renda gerada ao longo da vida dos consumidores contradiz a hipótese do ciclo de vida. COMENTÁRIOS: É justamente o contrário. A hipótese do ciclo de vida nos diz que o consumo corrente é dependente do estoque de riqueza e da renda gerada ao longo da vida. GABARITO: ERRADO CESPE - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO-CIÊNCIAS ECONÔMICAS – TCE/AC - 2008 - O consumo, a poupança e o investimento são importantes agregados macroeconômicos. Em relação a essas variáveis, julgue os itens. 03 - Na visão keynesiana, o principal determinante do consumo das famílias é a renda permanente obtida pelas famílias ao longo do ciclo de vida. COMENTÁRIOS: Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 60 Essa não é a visão keynesiana, mas sim a visão de Friedman, no modelo de renda permanente. Na visão keynesiana, o consumo das famílias é determinado pela renda corrente e não pela renda obtida ao longo da vida. GABARITO: ERRADO CESPE - CIÊNCIAS ECONÔMICAS – UEPA – 2008 - A análise do consumo, da poupança e do investimento é fundamental para e entender a determinação da renda e do produto de equilíbrio. A esse respeito, julgue os itens. 04 - A incorporação da renda futura esperada na função de consumo constitui a principal contribuição da teoria keynesiana do consumo. COMENTÁRIOS: A teoria keynesiana diz que o consumo é função da renda corrente, e NÃO incorpora a renda futura esperada. GABARITO: ERRADO 05 - De acordo com a hipótese do ciclo de vida, o consumo depende tanto da renda como da riqueza dos consumidores. COMENTÁRIOS: De acordo com a hipótese do ciclo de vida, o consumo depende da renda (renda atual e renda futura esperada) e da riqueza dos consumidores. Portanto, correta. GABARITO: CERTO CESPE - ECONOMISTA – PM/RIO BRANCO/AC – 2007 - Consumo, poupança e investimento são variáveis macroeconômicas básicas para a determinação da renda e do produto de equilíbrio. Em relação a essas variáveis, julgue os itens subseqüentes. 06 - O fato de que muitos aposentados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) utilizam parte de sua poupança para financiar seus níveis de consumo colide com a hipótese do ciclo de vida, que explica o comportamento da poupança ao longo da vida dos indivíduos. COMENTÁRIOS: Segundo a hipótese do ciclo de vida, durante a velhice, os aposentados tentam manter o padrão de consumo. Para isso, utilizam a poupança para financiar seus níveis de consumo. Desta forma, a utilização de poupança para financiar o consumo na velhice SE COADUNA (portanto, NÃO COLIDE!) com a hipótese do ciclo de vida. GABARITO: ERRADO Macroeconomia para STN Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 08 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 60 CESPE - PERITO CRIMINAL - CIÊNCIAS ECONÔMICAS CPC - RENATO CHAVES -2007 - A análise do consumo, da poupança e do investimento é crucial para o entendimento da determinação da renda e do produto de equilíbrio. Acerca desses tópicos, julgue os itens. 07 - De acordo com a teoria do ciclo de vida e da renda permanente, reduções na renda corrente são acompanhadas de redução equivalente tanto no consumo corrente quanto nas taxas de poupança. COMENTÁRIOS:
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