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Isabelle Marques - 142 Oftalmo Retinopatias RETINOPATIA DIABÉTICA INTRODUÇÃO · Complicação crônica mais comum no diabetes mellitus e a terceira causa de cegueira em adultos no Brasil · Ocorre em quase 100% dos diabéticos tipo 1 e em 50-80% dos diabéticos tipo 2 (sem o controle glicêmico rígido) · Caracteriza-se como uma retinopatia vascular → decorrente de distúrbios da microcirculação retiniana · O acúmulo dos AGE e a propensão à trombose microvascular são seus principais mecanismos patogênicos · Lesões múltiplas, ausência de cruzamentos AV patológicos e grande número de exsudatos “duros” · Muitas vezes associada à nefropatia diabética (todos os pacientes que possuem nefropatia apresentam retinopatia) · Geralmente bilateral e assimétrica TIPOS · Retinopatia diabética não proliferativa · Principais alterações patológicas · Perda de células endoteliais e de pericitos · Degeneração e espessamento da membrana basal endotelial · Fraqueza dos microvasos · Aumento d permeabilidade vascular, podendo levar ao edema retiniano ou macular e a formação de microaneurismas e de exsudatos · Evolução em fases · Fase precoce → presença de microaneurismas (pequenos pontos vermelhos), exsudatos “duros” (pequenos nódulos amarelados de material lipoproteináceo extravasado), e hemorragias puntiformes (pequenos pontos vermelhos localizados profundamente na retina sensorial) · Fase avançada → isquemia retiniana (oclusão de microvasos por pequenos trombos que causam sangramentos e lesões isquêmicas na retina), hemorragias em chama de vela (manchas vermelhas localizadas superficialmente na camada de fibras ganglionares), manchas algodonosas (microinfartos da camada de fibras ganglionares), veias em rosário e as anormalidades microvasculares intrarretinianas (IRMA) · Evolução → pacientes com sinais oftalmoscópicos de retinopatia não proliferativa avançada apresentam grande chance (50% em 1 ano) de evoluírem para retinopatia proliferativa · Diagnóstico → oftalmoscopia direta ou indireta · Maculopatia diabética → uma das principais causas de grave deficiência visual em diabéticos · Ocorre devido ao extravasamento de fluido pelo aumento da permeabilidade capilar, provocando edema da mácula, entremeado a hemorragias e exsudatos · Esse edema pode evoluir com características de edema macular cistóide · Manifestações · Metamorfopsia · Borramento visual · Escotoma central · Importante redução da acuidade visual · Retinopatia diabética proliferativa → acentuamento da isquemia retiniana · Novo mecanismo patológico → neovascularização retiniana · Ocorre devido a interação de fatores angiogênicos (IGF-1, VEGF) ativados pela isquemia sendo liberados em diversos locais da retina · Ao exame · Os neovasos podem ser reconhecidos na oftalmoscopia e formam-se a partir das veias retinianas, geralmente adjacentes ou ao nível da papila óptica, embora possam aparecer também distantes da papila · Evolução · Os neovasos estão presentes na camada superficial da retina e tendem a infiltrar a face posterior do corpo vítreo e começam a sofrer degeneração fibrosa com o tempo, provocando aderência vítreo-retiniana · O corpo vítreo também degenera, contraindo-se progressivamente · Perda visual abrupta → decorrente da hemorragia vítrea (rotura dos neovasos) e descolamento da retina, podendo ser do tipo tradicional não regmatogênica (a contração vítrea repuxa a retina macular, descolando-a) ou regmatogênica (após a formação de um rasgo retiniano localizado no pólo posterior) TRIAGEM · A retinopatia diabética só se instala após 5 anos do início da hiperglicemia · Diabéticos tipo 1 (início da doença bem delimitado) → primeira avaliação oftalmológica após 5 anos do diagnóstico · Diabéticos tipo 2 (início da doença indeterminado) → devem ser avaliados desde o momento do diagnóstico · Feita através da oftalmoscopia direta DIAGNÓSTICO · Quando encontradas lesões sugestivas na oftalmoscopia direta é indicada uma nova avaliação por oftalmoscopia indireta e angiografia com fluoresceína · Angiografia com fluoresceína → exame padrão ouro para confirmar edema macular (hiperfluorescência), presença de áreas isquêmicas (hipofluorescentes) e neovascularização retiniana TRATAMENTO · Controle glicêmico rígido → sempre indicado, embora só traga benefício na fase precoce da retinopatia diabética não proliferativa, retardando ou prevenindo a sua progressão · Controle da pressão arterial (inibidores ECA) → manter a PA abaixo de 130x80 mmHg pode retardar a progressão da retinopatia e nefropatia · Tratamento específico → indicado para a maculopatia diabética e para a retinopatia proliferativa · Maculopatia → baseado na fotocoagulação com laser de argônio · Aplicação dos feixes de laser na região parafoveal (geralmente promovem a regressão do edema) · Retinopatia proliferativa → realiza-se a fotocoagulação panretiniana · Sob anestesia tópica realiza-se 1.200-2.000 na retina extramacular, criando pontos atróficos, visíveis à oftalmoscopia · O objetivo é reduzir a massa retiniana isquêmica e a produção dos fatores angiogênicos, resultando na regressão e estabilização dos neovasos OBS: De uma forma geral, a terapia com laser reduz em 95% o risco de cegueira ou grave déficit visual. OUTRAS ALTERAÇÕES OCULARES NO DIABETES · Aumento do risco de catarata e glaucoma · O glaucoma neovascular encontra-se associado à retinopatia diabética proliferativa · O tratamento do glaucoma de ângulo fechado é dificultado pela neovascularização da íris e do ângulo iridocorneano · A hiposensibilidade da córnea e a neuropatia do III par craniano são outras alterações encontradas RETINOPATIA HIPERTENSIVA INTRODUÇÃO · Representa uma das mais frequentes lesões de órgão-alvo na hipertensão arterial crônica (15% dos casos) · Não costuma ocasionar déficits visuais · A retinopatia hipertensiva associada com a hipertensão arterial é um fator de risco para a doença vascular oclusiva retiniana (arterial ou venosa) e para a atrofia isquêmica da papila óptica · Manchas algodonosas e hemorragias presentes em pequeno número e presença de cruzamentos AV patológicos · Ausência de exsudatos “duros” TIPOS · Retinopatia hipertensiva crônica (mais comum) → associada à hipertensão crônica assintomática · Achados clínicos · Cruzamento arteriovenoso patológico (achado clássico) → observado na oftalmoscopia e considerado confirmatório para o diagnóstico · Causado pelo espessamento da parede das arteríolas devido à arteriosclerose hialina hipertensiva (compressão venosa pela arteríola espessada) · Estreitamento e tortuosidade arteriolar · Dilatações venosas focais adjacentes ao cruzamento arteriovenoso · As alterações venosas da retinopatia hipertensiva se confundem com as da arteriosclerose senil · Retinopatia hipertensiva maligna → associada à hipertensão acelerada maligna (síndrome mais comum em indivíduos de meia idade, 40-50 anos), associada à nefroesclerose hipertensiva maligna e alto risco para encefalopatia hipertensiva e edema agudo de pulmão · Características · Vasoconstricção arteriolar difusa · Edema retiniano → causado pela quebra da barreira de autorregulação do fluxo vascular · Manchas algodonosas → microinfartos na camada de fibras ganglionares causados pela oclusão de microvasos · Hemorragias em chama de vela → focos hemorrágicos na camada de fibras ganglionares associados às manchas algodonosas · Outros achados fundoscópicos · Papiledema → provocado por isquemia papilar aguda ou pela hipertensão intracraniana de uma encefalopatia hipertensiva associada · Consticção arteriolar difusa · Edema macular · Manchas de Elschnig → manchas brancas devido à necrose e atrofia do epitélio pigmentar retiniano · Sintomas visuais · Cefaleia · Escotomas · Fotopsia · Metamorfopsia · Borramento visual CLASSIFICAÇÃO DE SCHEIE Separa as alterações hipertensivas das alterações da arterioloesclerose senil Hipertensivas Arterioloesclerose senil Grau I → estreitamento arteriolar discreto Grau I → aumento discreto do brilho arteriolar Grau II →estreitamento arteriolar importante com tortuosidade Grau II → aumento importante do brilho arteriolar Grau III → Grau II + hemorragias e manchas algodonosas Grau III → fios de cobre Grau IV → Grau III + papiledema Grau IV → fios de prata CLASSIFICAÇÃO DE KEITH-WAGENER-BARKER Não separa as alterações hipertensivas das alterações da arterioloesclerose senil Grau I → estreitamento, tortuosidade ou aumento do brilho arteriolar Grau II → cruzamento AV patológico ou “fios de cobre” ou “fios de prata” Grau III → Grau II + hemorragias e manchas algodonosas Grau IV → Grau III + edema de papila secundário a hipertensão (ou papilopatia hipertensiva) TRATAMENTO · Não há indicação de tratamento específico para a retinopatia hipertensiva · Deve-se concentrar no controle da pressão arterial com o principal objetivo de evitar o surgimento ou a progressão de outras lesões de órgão-alvo · Os eventuais sintomas da retinopatia hipertensiva maligna costumam ser revertidos com o controle cuidadoso da crise hipertensiva
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