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Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Universidade do Sul de Santa Catarina 1 UnisulVirtual Palhoça, 2016 Universidade do Sul de Santa Catarina Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis 2 Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Reitor Sebastião Salésio Herdt Vice-Reitor Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional Luciano Rodrigues Marcelino Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos Valter Alves Schmitz Neto Diretor do Campus Universitário de Tubarão Heitor Wensing Júnior Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Hércules Nunes de Araújo Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual Fabiano Ceretta Campus Universitário UnisulVirtual Diretor Fabiano Ceretta Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) - Educação, Humanidades e Artes Marciel Evangelista Cataneo (articulador) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e Serviços Roberto Iunskovski (articulador) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e Agroindústria Diva Marília Flemming (articuladora) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar Social Aureo dos Santos (articulador) Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos Moacir Heerdt Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão Roberto Iunskovski Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos Márcia Loch Gerente de Prospecção Mercadológica Eliza Bianchini Dallanhol 3 Livro didático UnisulVirtual Palhoça, 2016 1ª edição revista e atualizada Designer instrucional Rafael da Cunha Lara Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Diva Marília Flemming 4 Livro Didático Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2016 Professor conteudista Diva Marília Flemming Designer instrucional Rafael da Cunha Lara Assistente acadêmica Ester Konig da Silva (1ª ed. rev. atual.) Projeto gráfico e capa Equipe UnisulVirtual Diagramador(a) Fernanda Fernandes Revisor(a) Rafael da Cunha Lara ISBN 978-85-7817-630-3 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. F62 Flemming, Diva Marília Integrais de funções de uma ou mais variáveis : livro didático / Diva Marília Flemming ; design instrucional Rafael da Cunha Lara ; assistente acadêmica [Ester Konig da Silva]. – 1. ed. rev. e atual . – Palhoça : UnisulVirtual, 2016. 178 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. 1. Cálculo. 2. Cálculo diferencial. 3. Cálculo integral. I. Lara, Rafael da Cunha. II. Silva, Ester Konig da. III. Título. CDD (21. ed.) 515 5 Sumário Introdução | 7 Capítulo 1 Cálculo Diferencial e Integral | 9 Capítulo 2 Integral Definida | 55 Capítulo 3 Noções iniciais das integrais múltiplas | 85 Capítulo 4 Aplicações usuais das integrais | 125 Considerações Finais | 171 Referências | 173 Sobre o Professor Conteudista | 175 Anexos | 177 6 7 Introdução Prezados estudantes No decorrer deste livro, você terá a oportunidade de vivenciar conceitos e métodos do Cálculo Diferencial e Integral. Mais especificamente, você terá a oportunidade de analisar os métodos de integração e as suas aplicações mais usuais em espaços com duas ou três dimensões. Trata-se de um texto inovador, para que você possa apreciar o significado do cálculo não só no contexto das áreas exatas e engenharias, mas em outras situações práticas, como na explicação do movimento dos planetas em torno do sol, na predição do tamanho de uma população, na previsão do tempo, na medida do fluxo sanguíneo que sai do coração, na economia etc. Nos estudos propostos neste livro, as situações práticas surgem modeladas; e para a compreensão dos resultados, os objetos do cálculo serão discutidos, justificando-se a própria denotação “diferencial” e “integral”. Elementos da História da Matemática nos ajudam nos alicerces conceituais; e também a tecnologia, quando bem aplicada, nos ajuda nos momentos consideradas “braçais”, ou seja, nos momentos em que as técnicas e os longos algebrismos nos levam à uma rotina em que os métodos se sobrepõem ao raciocínio e a lógica. Lembre-se de que, para compreender o cálculo em suas manobras algébricas, é preciso usar a intuição que nos leva de um ponto a um plano, ou ao espaço, tanto no tempo presente quanto no tempo infinito. No primeiro capítulo, vamos apresentar o Cálculo Diferencial e Integral com esse novo olhar, que nos mostra uma base conceitual abrangente e importante no contexto bidimensional e tridimensional. Ainda neste capítulo, vamos ter os conceitos que mostram o processo de integração como um processo inverso da derivação. No segundo capítulo, vamos olhar para as integrais como uma efetiva modelagem de problemas práticos. Neste texto, vamos fazer referência apenas aos mais usuais e posteriormente em certificações mais avançadas você terá a oportunidade de ampliar o olhar para muitas outras aplicações. É importante lembrar que estamos sempre trabalhando com uma ou mais dimensões. 8 No terceiro capítulo, vamos fazer a viagem que nos levará até a definição formal das integrais múltiplas. A partir da definição das integrais duplas e triplas, vamos poder trabalhar com aplicações que envolvem mais dimensões, como por exemplo, a discussão de propriedades de objetos que estão no espaço. Finalmente, no quarto capítulo, completamos nosso estudo com a discussão de diferentes problemas práticos, cuja resolução requer o uso das derivadas e integrais. No decorrer das seções desse livro, apresentamos uma relação de atividades formativas para autoavaliação do seu processo de aprendizagem. Para que você possa efetivar a sua autoavaliação, essas atividades estarão disponíveis em uma mídia digital, onde os recursos gráficos e tecnológicos são amplamente explorados. Os quadros e gráficos no decorrer do livro foram elaborados pela autora. Bons estudos! Profa. Diva Marília Flemming 9 Habilidades Seções de estudo Capítulo 1 Cálculo Diferencial e Integral Seção 1: Aspectos iniciais do estudo das integrais Seção 2: Integração por substituição Seção 3: Integração por partes Seção 4: Integração por frações parciais Seção 5: Exemplos e revisão No decorrer deste capítulo, o estudante irá desenvolver habilidades para identificar um método adequado ao processo de integração. Para tal deverá calcular previamente as primitivas das funções elementares, aplicar substituições e simplificações convenientes no contexto dos métodos de: substituição, integração por partes e decomposição em frações parciais. 10 Capítulo 1 Seção 1 Aspectos iniciais do estudo das Integrais Há 2000 anos atrás já existia uma motivação para a descoberta do cálculo. Eudoxo e Arquimedes já descreviam métodos para trabalhar com o cálculo de áreas e volumes de figuras e sólidos irregulares. Apesar de ser uma ideia interessante, havia muitas incertezas sobre o infinito que hoje discutimos no contexto de Limites de Funções de uma ou mais variáveis. Rooney (2012) analisa a história do cálculo e pontua que somente no século XVII, surgiu um método sistematizado para lidar com essas incertezas. Dois grandes matemáticos, o inglês Isaac Newton e o alemão Gottfried Leibniz, simultaneamente, descobriram um método para calcular a tangente de uma curva em um ponto específico, sendo dada somente a equação que define a curva. Newton (1643–1727), sistematicamente não publicava suas descobertas relativas ao cálculo e Leibniz (1646–1716) publicou primeiro seus estudos no contexto do Cálculo. As lutas sobre quem foi o pioneiro geraram muitas crises e muitas páginas na História da Matemática. Como Leibniz apresentou uma notação utilizável, ele chegou à frente, assim suas considerações foram se desenvolvendo rapidamente, obscurecendo as aplicações da geometria que foram o grande interesse do Newton. Essa história tem muitas implicações na forma comodiscutimos o cálculo diferencial e integral nos dias de hoje. Ainda temos a polêmica, se devemos iniciar o estudo do cálculo integral com a definição da integral definida, com o cálculo de áreas, ou se vamos discutir o cálculo com os seus métodos algébricos. Quando projetamos o presente texto, contextualizado com uma sequência de textos didáticos, a proposta era mostrar o Cálculo com suas aplicações e implicações interdisciplinares. Como o presente documento ainda está em um formato linear, o presente livro foi redimensionado, mas, estamos rompendo com a barreira da dimensão, pois já estamos envolvendo aplicações geométricas definidas no plano (cálculo de áreas) e com o mesmo raciocínio já estamos introduzindo as aplicações geométricas com sólidos no espaço (cálculo de volumes). Assim, neste capítulo, vamos lidar com o método, sem envolver algebrismos mais complexos, apenas para instrumentalizar os capítulos seguintes. 11 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis 1.1 Primitiva e integrais indefinidas Para introduzir a integral indefinida é importante que tenhamos sempre em mente que estamos diante de um procedimento matemático que lembra uma operação inversa ao processo de derivação. Vamos relembrar: subtração é uma operação inversa da adição; divisão é uma operação inversa da multiplicação, etc. Agora vamos dizer que integração é um procedimento inverso à derivação. Observe os exemplos no Quadro 1. Quadro 1 – Exemplos de Primitiva Derivada Função (Observar que C é uma constante arbitrária) Fonte: Elaboração da autora (2014). Tente responder as seguintes perguntas simplesmente observando os dados do Quadro 1. • Qual é a função cuja derivada é ? • Qual é a função cuja derivada é ? • Qual é a função cuja derivada é ? • Qual é a função cuja derivada é ? • Qual é a função cuja derivada é ? Percebemos que basta olhar o Quadro 1 para verificar que a resposta não é única. Por exemplo, você tem as funções ; ; com derivadas exatamente iguais à . 12 Capítulo 1 Observe que C é uma constante arbitrária e, portanto, podemos dar infinitas respostas para as perguntas formuladas. Estamos prontos para definir Primitiva de uma função ou Antiderivada de uma função. Definição 1: Uma função é uma Primitiva ou Antiderivada de num intervalo I se para todo . Assim, no Quadro 1, as funções da segunda, terceira e quarta coluna são Primitivas ou Antiderivadas com valores específicos para a constante e na última coluna temos a Primitiva com a constante C genérica, podendo assumir de forma particular qualquer valor. 1.1.1 Exemplos (1) Seja . Mostre que é uma Primitiva de . Para desenvolver este exemplo, basta fazer a derivada da função e constatar que o resultado é exatamente igual a . Veja: (2) Seja a função . Usando a definição de primitiva encontre a função tal que seja a sua primitiva. Observe que C é uma constante arbitrária e como a sua derivada é nula, ela não determina modificações na função . Desenvolva uma representação gráfica simulando valores para C e discuta as características gráficas no contexto do estudo das primitivas de uma função. Para encontrar a função tal que seja a sua primitiva, basta fazer a derivada: 13 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Portanto, encontramos uma função constante, ou seja, . Observe a representação gráfica da Figura 1.1 que mostra diversas funções estabelecidas a partir de , variando-se valores para a constante C. Veja que estamos usando letra maiúscula na função Primitiva para diferenciar da função dada, ou . Figura 1.1 – Função para diferentes valores de C -2 -1 1 2 3 -6 -4 -2 2 4 6 8 x y y = 2x – 1 y = 2x + 4 y = 2x + 1 y = 2x + 2 y = 2x + 3 y = 2x – 2 y = 2x – 3 y = 2x Estamos diante de uma família de funções que atende a característica de ter como derivada a função constante . Isto nos lembra de que realmente temos infinitas retas cuja declividade é igual a 2. É possível constatar que o cálculo da Primitiva de uma função sempre vai levar a uma família de curvas. 14 Capítulo 1 1.1.2 Proposição Se é a primitiva de , então se é uma constante qualquer, a função também é primitiva de . Veja como é simples provar esta proposição! Como é a primitiva de , é possível dizer que . Desta forma: , ou seja, é uma primitiva de . Perceba que estamos diante de um novo processo no contexto da matemática. Trata-se do processo para determinar todas as primitivas de uma função que será denominado de Integração. Ao analisar a próxima definição, vamos observar o uso de uma simbologia própria para esse processo em discussão. Definição 2: Se é uma primitiva de , a expressão é chamada Integral Indefinida da função e é denotada por . Veja os significados das notações usadas: • O símbolo é chamado sinal de integração; • é a função integrando; • é o integrando. O símbolo que aparece no integrando serve simplesmente para identificar a variável de integração. Antes de seguir em frente vamos lembrar que o cálculo integral se originou com problemas de: • Quadratura – encontrar o valor exato da área de uma região bidimensional cuja fronteira consiste de uma ou mais curvas, ou de uma superfície tridimensional, cuja fronteira consiste de pelo menos uma superfície curva; • Cubatura – determinar o volume exato de um sólido tridimensional limitado, pelo menos em parte, por superfícies curvas. 15 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis O uso do termo quadratura não mudou muito: matemáticos, cientistas e engenheiros comumente dizem que “reduziram um problema a uma quadratura”, o que significa que tinham um problema complicado, o simplificaram de várias maneiras e agora o problema pode ser resolvido avaliando uma integral. 1.1.3 Calculo da integral de uma função Já trabalhamos com uma tabela com as regras de derivação (Ver tabela disponível no Anexo), dessa forma, é possível imaginar que podemos olhar a tabela em ordem contrária, isto é, olhar o resultado da derivada para achar a função. Podemos inclusive formar uma nova tabela denominada Tabela das Integrais Imediatas ou Regras de Integração. De imediato, verificamos que vai ser preciso obter caminhos diferentes para as funções que não estão contempladas na tabela. A formalização desses caminhos conduz à discussão inicial de propriedades da integral indefinida e métodos de integração. Propriedades: Sejam e duas funções definidas em um conjunto I e K uma constante. Então: 1. 2. – – . Observe que com essas duas propriedades, podemos garantir que a integral de uma constante multiplicada por uma função é igual a constante multiplicada pela integral da função. Também, vale que a integral de uma soma ou diferença de funções é igual a soma ou diferença das integrais. Para que possamos usar essas propriedades em diversos exemplos, vamos começar a utilizar a Tabela das Integrais Imediatas que é a tabela das derivadas visualizadas da direita para a esquerda. Esta tabela está disponível ao final deste livro didático, no Anexo. Tenha a tabela em mãos para acompanhar os exemplos apresentados. 16 Capítulo 1 1.1.4 Exemplos Calcule as integrais indefinidas usando as propriedades e a tabela das integrais imediatas. Observe que em todos os exemplos iniciais, ao usar a tabela estamos considerando que e . Assim, a variável de integração é . Verifique o desenvolvimento a seguir de cada exemplo, acompanhando, as propriedades e integrais imediatas utilizadas. (a) Calcule a integral . Observe que estamos diante de uma soma, portanto, vamos aplicar a propriedade 2 considerando que a integral de uma soma e a soma das integrais. Para resolver as integrais vamos olhar a Tabela das Integrais e aplicar a expressão (3) usando m igual a 2, 1 e 0, respectivamente, para resolver cada uma das integrais, lembre-se que na última integral podemos pensar que . Assim, Como as constantes são arbitráriaspodemos fazer e então temos a solução final simplificada: . (b) Calcule a integral . Neste caso usamos a propriedade 1 e a constante multiplica a integral. Informalmente, podemos dizer que a constante “saiu para fora” da integral. 17 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis (c) Calcule . Observe que usamos as duas propriedades na primeira linha da resolução; aplicamos os resultados da tabela para cada uma das integrais da soma e finalmente simplificamos o resultado final. (d) Calcule . Observe neste exemplo, que na tabela não temos diretamente a integral de uma raiz, mas podemos reescrever a raiz com uma potência, ou seja, . (e) Calcule . Neste caso vamos usar a propriedade 2 e a regra de integração (3). Procure sempre ter a Tabela de Integração visível para facilitar a identificação da regra de integração que deverá ser aplicada. (f) Calcule . O resultado desta integral está diretamente explícito na regra (5). Observe que esta é uma função especial pois a integral indefinida é a própria função podendo diferir apenas na constante de integração. Portanto, . 18 Capítulo 1 (g) Calcule . Vamos usar a propriedade 1 e a regra de integração (2). . Observe o uso do módulo na resposta final, pois a função logarítmica não existe para valores negativos no campo dos reais. (h) Calcule . Neste exemplo vamos usar a propriedade 1 e a regra de integração (7): . (i) Calcule . Para este exemplo vamos usar as relações trigonométricas e para simplificar a expressão e a regra de integração (14): . (j) Calcule . Verifique que neste exemplo a variável de integração é t, mas isso não altera o processo, apenas estamos representando a variável por outra letra. Observe o uso das duas propriedades e das regras de integração (1), (2) e (3). 19 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis 1.2 Atividades de autoavaliação Lembre-se que é de grande importância que você calcule as integrais abaixo para verificar o domínio do uso das propriedades e da Tabela das Integrais para fazer os cálculos. Não siga em frente sem calcular as seguintes integrais: a) b) c) d) Seção 2 Integração por substituição Após ter estudado a definição de integral indefinida, você agora já deve ter exercitado o cálculo de integrais usando diretamente a tabela de integrais. Assim, talvez já tenha percebido que a tabela não esgota as possibilidades de funções a serem calculadas. Sendo assim, você pode se perguntar: Como vou calcular a integral de funções que não estão diretamente na tabela? É possível determinar a integral de uma dada função, aplicando uma das regras de integração discutidas na seção anterior depois de ser feita uma mudança de variável. Este processo é análogo à regra da cadeia para derivação. Na prática, precisamos escolher uma função conveniente, de tal forma que a integral obtida seja mais simples. Os exemplos que seguem ilustram esse método de integração, destacando-se sempre quatro passos fundamentais: 1. Substituir a variável por meio de uma escolha conveniente. 2. Fazer as simplificações possíveis, podendo ocorrer a aplicação das propriedades. 3. Identificar e aplicar a regra de integração. 4. Retornar à variável original. 20 Capítulo 1 2.1 Exemplos (a) Calcule . Para este exemplo a escolha conveniente é . Lembre que du é a diferencial de u, portanto é a derivada da função u(x) vezes dx. Este resultado pode não estar explícito na integral dada. Observe que não se têm regras maceteadas para identificar a substituição conveniente. Mas a ideia é escolher uma relação em que, após a substituição e simplificação, a integral fique perfeitamente identificável com uma ou mais regras de integração. Nesse exemplo, está bem visível a substituição: Vamos fazer a substituição, observe que vamos ter agora uma integral na variável u para ser identificada com uma regra na tabela: Vamos então usar a propriedade e a regra (3): Observe que este não é o resultado final, pois vamos precisar ter uma resposta na variável x, usando a substituição inicial de que , temos: 21 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis (b) Calcule Fazendo , então . Portanto, (c) Calcule Podemos reescrever a integral como . Assim, podemos fazer , e ou . Fazendo as substituições, aplicando a regra (3) e simplificando obtemos: 22 Capítulo 1 (d) Calcule Fazendo , então, ou . Portanto, (e) Calcule Fazendo , então ou . Portanto, . Simplificando, aplicando a regra (5) e voltando para a variável x, temos: (f) Calcule Fazendo , então . Portanto, . Usando a regra (3) e voltando à variável x, temos: 23 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis (g) Calcule Aplicando inicialmente a propriedade 2 temos: Observe que na 1ª integral é necessário usar o método da substituição, mas a segunda integral é obtida diretamente das regras de integração. Vamos então resolver separadamente a primeira integral usando a substituição: e ou . Assim, ou A resolução da segunda integral é direta da tabela: . Podemos agora finalizar reunindo os dois resultados: Lembre-se da simplificação das constantes de integração (h) Calcule . Para resolver esta integral será necessário completar o quadrado do polinômio do denominador da fração: Portanto, a integral pode ser escrita da seguinte forma: . Vamos fazer a escolha: , então . Temos: . Observe que os algebrismos de completar o quadrado do polinômio para aplicar o produto notável é um mecanismo muito utilizado no decorrer do Cálculo Diferencial e Integral. 24 Capítulo 1 Com essa escolha conseguimos usar a regra (17), sendo que . Assim, 2.2 Atividades de autoavaliação Calcule as seguintes integrais usando o método da substituição. a) b) c) d) e) f) g) h) i) j) Seção 3 Integração por partes Outro método de integração muito usado é o Método de Integração por Partes. Em geral, a função do integrando pode ser visualizada como um produto de funções, ou seja, . Sejam e duas funções deriváveis em um intervalo I. Considere a seguinte expressão . 25 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Observe o uso da regra de derivada de um produto. A expressão anterior pode ser reescrita como: . Integrando ambos os lados da igualdade você obterá: . Lembrando que derivação e integração são procedimentos operatórios inversos, podemos reescrever a última relação: Para visualizar melhor a expressão anterior, usamos: Assim, a fórmula para aplicarmos no método de integração por partes fica: Vamos aplicar essa fórmula em exemplos. Observe que não devemos aplicar esta fórmula em casos simples que podem ser resolvidos por substituição, pois podemos criar situações complicadas de forma indiscriminada. 3.1 Exemplos Calcule as integrais dadas usando o método de integração por partes: (a) Observe que a escolha de u e v deve ser feita de modo que as integrais obtidas possam ser resolvidas. Neste exemplo, Neste momento a constante de integração, pode ser deixada de lado sem perda de generalidade. 26 Capítulo 1 Aplicando a fórmula temos: ou Resolvendo por substituição a integral final , vamos obter que . Voltamos na expressão da fórmula para dar a resposta final. (b) Vamos considerar: Aplicando a fórmula de integração por partes: A integral da função logarítmica é muito usada. É usual visualizá-la como uma regra de integração: . 27 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis (c) A escolha de e é feita como nos exemplos anteriores, de modo que as integrais possam ser resolvidas: Substituindo na fórmula de integração por partes: Simplificando e resolvendo a segunda integral do lado direito temos: (d) Para resolver esta integral é muito comum, num primeiro momento, escolhermos e . No entanto, para calcular teremos dificuldade, vistoque esta integral não pode ser resolvida com métodos algébricos. Para a resolução da integral dada vamos fazer uma escolha inicial adequada. Veja: Os métodos algébricos usam técnicas da álgebra nas operações realizadas. A integral não admite primitiva e dessa forma não podemos aplicar métodos algébricos. O resultado dessa integral pode ser obtido por métodos numéricos, que não serão discutidos neste texto. 28 Capítulo 1 Para resolver a integral que determina o valor de v, usamos o método da substituição. Portanto, Retornando à substituição inicial para resolver Assim, Observe que a integral já foi resolvida pelo método de substituição, portanto basta completar com a solução final: (e) Na resolução dessa integral, além de aplicar duas vezes a fórmula da integração por partes, usaremos um artifício para o cálculo final. Então acompanhe a resolução: Aplicando a fórmula de integração por partes temos: Vamos aplicar novamente a integral por partes 29 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Resolvendo a integral por partes temos: Aplicando a fórmula de integração por partes temos: Substituindo este resultado na integral inicial: Observe que a integral do lado direito da equação é igual à integral que queremos calcular. Assim, para finalizar basta fazer algebrismos. Veja: 3.2 Atividades de autoavaliação Calcule as seguintes integrais usando o método de integração por partes: a) b) c) d) 30 Capítulo 1 Seção 4 Integração por frações parciais Este método é aplicável quando temos a integral de uma função racional, ou seja, . Lembrando que em alguns casos específicos a solução é obtida mais rapidamente usando o método da substituição. Observe as integrais: (1) (2) . Em um olhar rápido podemos pensar que a resolução é feita pelo mesmo método em função da similaridade das funções, entretanto a primeira é resolvida por integração por frações parciais e a segunda pelo método da substituição. Vai ser necessário usar vários recursos da álgebra que vamos revisar no primeiro item dessa seção. 4.1 Frações Parciais Algumas expressões algébricas racionais podem ser reescritas como uma soma de frações parciais. Por exemplo, . De fato, fazendo a operação indicada temos a equivalência algébrica: Perceba que ao substituir uma expressão algébrica por uma soma de frações parciais, no contexto da resolução das integrais, estamos visualizando integrais com resolução imediata a partir da tabela. Por exemplo: 31 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis A álgebra nos permite encontrar essas frações parciais e o passo inicial é fazer a fatoração de denominador Q(x), lembrando que podemos em alguns casos ficar diante de um termo irredutível, ou seja, não fatorável no campo dos números reais. Cabe aqui destacar uma importante proposição: Se Q(x) é um polinômio com coeficientes reais, Q(x) pode ser expresso como um produto de fatores lineares e/ou quadráticos, todos com coeficientes reais. Para fazermos a decomposição de uma fração racional em frações mais simples analisamos inicialmente as raízes do denominador para que possamos fazer a fatoração desta expressão. Os fatores de Q(x) podem ser: 1. lineares e distintos; 2. lineares e alguns deles se repetem; 3. lineares e quadráticos irredutíveis, sendo que os fatores quadráticos não se repetem; 4. lineares e quadráticos irredutíveis, sendo que alguns dos fatores quadráticos se repetem. Observe que a cada exemplo, antes de resolver a integral, é preciso determinar as frações parciais. Nas seções que seguem vamos explorar cada um dos quatro casos citados. 4.2 Aplicação do método das frações parciais Para facilitar o processo vamos sempre considerar que o coeficiente do termo de maior grau do polinômio Q(x) é 1. Se isso não ocorrer, dividimos o numerador e o denominador da função racional f(x) por este coeficiente. Vamos supor também que o grau do polinômio P(x) é sempre menor que o grau de Q(x), caso contrário, efetuamos a divisão de P(x) por Q(x) antes de dar início ao processo. 32 Capítulo 1 4.2.1 Os fatores de Q(x) são lineares e distintos. Suponha que , ,..., e são raízes reais e distintas de Q(x), assim podemos escrever . Portanto a decomposição de em frações parciais mais simples é dada por: . sendo que , ,..., , são constantes a determinar. Exemplos: (a) Calcular a integral . Vamos inicialmente verificar duas questões: O grau do polinômio de numerador é menor que o grau do polinômio do denominador? O coeficiente do termo de maior grau do denominador é igual a 1? Para a fração da integral dada a nossa resposta é “sim” para ambas as questões. Dessa forma podemos já iniciar a fatoração do polinômio Q(x). Para fazer a fatoração vamos investigar as raízes de . Para tal podemos usar Bhaskara ou outro método para encontrar as raízes 2 e –5, que neste caso são reais e distintas. Assim, podemos dizer que: . A fração pode ser reescrita como: Vamos agora montar as frações parciais como mostra o início desta subseção: . Fazendo a adição das frações parciais temos: Estamos usando o símbolo de equivalência ao invés de igual, pois este formalismo vai auxiliar na identificação das constantes A e B. 33 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Eliminando os denominadores, podemos agora escrever: . Dessa equivalência podemos obter um sistema de equação cuja solução são os valores para as constantes A e B. Veja: Comparando os termos vem: Resolvendo o sistema por qualquer um dos métodos existentes vamos obter: Dessa forma a decomposição nas frações parciais fica: . Agora vamos finalizar resolvendo a integral dada: (b) Calcular Note que o coeficiente do termo de maior grau do denominador é igual a 1, portanto não há necessidade de aplicar algebrismos no polinômio do denominador. 34 Capítulo 1 Seja , necessitamos encontrar as três raízes. Uma maneira prática de encontrar pelo menos uma raiz, é tomar os divisores do termo independente, que neste caso é –4. Seus divisores são , . É bem provável que uma das raízes esteja entre esses números. Aqui percebemos facilmente que é uma raiz. Para encontrar as outras raízes podemos reduzir o grau do polinômio, usando o método de Briott-Rufini, que é um processo prático usado na divisão de polinômios. Proceda da seguinte maneira: Quadro 2 – Método de Rufini Coloque a raiz encontrada e os coeficientes do polinômio com a disposição ao lado. 1 1 –4 –4 Observe a colocação da raiz já conhecida 1 1 –4 –4 –1 Baixe o primeiro coeficiente (1), multiplique pela raiz (1 x (–1) = –1) e some com o próximo coeficiente (–1 + 1 = 0). Observe a colocação do resultado no dispositivo. 1 1 –4 –4 –1 –1 1 0 Proceda de maneira análoga com o próximo valor: (0 x (–1)) = 0 e 0 + (–4) = –4. 1 1 –4 –4 –1 –1 0 1 0 –4 Continue com este processo até o último coeficiente 1 1 –4 –4 –1 –1 0 4 1 0 –4 0 Observe que o valor zero ao final do dispositivo nos mostra que a divisão do polinômio por (x + 1) é exata. Os coeficientes que restaram no final, 1, 0 e –4, são os coeficientes do polinômio com um grau menor que o original. Como nosso polinômio tem o grau 3, o polinômio resultante tem o grau imediatamente menor, ou seja grau 2: , ou seja . Assim nosso polinômio foi decomposto: 35 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Agora fica fácil de encontrar as duas outras raízes, , se e somente se, . Assim: Portanto encontramos os fatores lineares para o cálculo da integral em frações parciais. Deste modo, temos: . Vamos agora encontrar os valores de A, B e C. Temos: Ou seja, Podemos montar o sistema para resolver, entretanto como a expressão é válida para qualquer valor de x podemos usar a seguinte técnica para obter os valores das constantes A, B e C. Basta aplicar os valores das raízes na expressão. Veja: • Para , então ; • Para ,então ; • Para , então . Finalizando o cálculo da integral: . 36 Capítulo 1 4.2.2 Os fatores de Q(x) são lineares podendo se repetir Suponha que a raiz se repita um número n de vezes, então teremos n termos do tipo . As frações parciais referentes a este fator são do tipo: Onde , ,..., são constantes que devem ser determinadas. As raízes que não se repetem se procede de maneira análoga como no caso 4.2.1. Exemplos: (a) Calcule Temos . Note que neste caso as raízes são , e . Perceba que a raiz tem multiplicidade 2, portanto o termo corresponde a duas frações parciais, logo temos: Eliminando o denominador temos: é válida para qualquer valor de x. Assim podemos fazer: • Para , então ; • Para , então . Para encontrar o valor de B, teremos que fazer a montagem do sistema, podendo usar apenas uma equação conveniente para encontrar a constante B. Veja: ou . 37 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Assim, podemos escrever o sistema: Como queremos encontrar o valor B, podemos usar tanto a 1ª equação como a 2ª equação. Temos , ou seja, , e portanto . Assim temos: . Logo, Calculando a integral vem: Observe atentamente a resolução de cada uma das integrais: Temos: As demais integrais são diretas da tabela das integrais imediatas. Assim a solução final da integral é dada por: 38 Capítulo 1 (b) Calcule Note que necessitamos dividir o numerador pelo denominador, pois o grau do polinômio do numerador não é menor que o grau do denominador – são iguais a dois. Temos: Para encontrar o resultado acima, temos que fazer a divisão formal entre os dois polinômios. A representação dada indica o quociente igual a 3 e o resto igual a 12x – 22. Temos que o polinômio . Então , ou seja, ou . Podemos montar o sistema que vai nos dar o resultado de A e B: . O valor de A já ficou explicitado diretamente. Substituindo o valor de A na segunda equação, obtemos . Portanto temos: . 39 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis 4.2.3 Q(x) contém fatores quadráticos irredutíveis que não se repetem Se Q(x) tem um fator do tipo , irredutível, isto é, , então as frações parciais referentes a este fator são do tipo , sendo que A, B são constantes a serem determinadas. O termo pode ser integrado completando-se o quadrado e usando fórmula . Exemplos: (a) Calcule Uma das raízes de é . Usando o processo de Briott-Rufini achamos o outro fator que é , que é irredutível, pois , ou seja, temos raízes complexas. Assim, . Então . Eliminando o denominador temos: , que é válida para qualquer x, assim, para x = 2, temos: . Para encontrar os outros valores necessitamos montar o sistema. Temos: , ou seja, Com a primeira equação obtemos . Podemos usar a segunda ou a terceira para obter o valor de . Então, Lembre que a escolha do valor x = 2 nessa operação é sempre estratégica por ser um valor da raiz do polinômio Q(x), pois dessa forma simplificamos os cálculos. 40 Capítulo 1 A primeira integral resolve-se fazendo a substituição . Na segunda, fazemos também uma substituição, . E a última integral usa-se a fórmula , onde . Assim, . (b) Calcule Neste exemplo, temos os polinômios com o mesmo grau necessitando divisão e, além disso, o coeficiente do termo de maior grau de Q(x) é diferente de 1. Primeiramente dividimos P(x) e Q(x) por 4. Logo, . Dividindo os polinômios, temos: . Agora perceba que , é irredutível, pois . Assim, . Necessitamos completar o quadrado do termo , para podermos usar uma fórmula de integração apropriada. Veja: . Logo, . Resolveremos em separado a segunda integral: Fazemos e, portanto, . Temos também que . Assim, . Resolvemos a primeira integral fazendo uma substituição do tipo e a segunda usamos a fórmula , onde e . Assim ficamos com: . Voltando a variável x, temos: 41 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Assim, . 4.2.4 Q(x) contém fatores quadráticos irredutíveis repetidos. Se Q(x) tem um fator do tipo irredutível, isto é, , e além disso, ele se repete um número n de vezes, este fator corresponderá a uma soma de frações parciais da forma: Onde , ,..., e B1, B2,..., , são constantes que devem ser determinadas. Exemplo Calcule Note que o termo , é irredutível, pois e, além disso, se repete duas vezes, assim a decomposição em frações parciais é dado por: Assim, 42 Capítulo 1 Portanto, Fazendo a igualdade dos polinômios, temos o seguinte sistema para calcular A, B, C, D e E. Com a segunda e quinta equação já temos que e . Da primeira equação , obtendo . Da terceira equação , obtemos . Da quarta equação e pelo fato de , chegamos em . Logo, Temos assim três integrais para resolver. A primeira integral, resolvemos diretamente da tabela, a segunda vamos inicialmente aplicar a propriedade da soma e a terceira vamos aplicar uma fórmula de recorrência. Veja: Calculo da integral I1: 43 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Calculo da integral I2: Inicialmente, dividimos a integral em duas integrais: Na integral I4 usamos substituição, fazendo . Então ou Assim, . Na integral I5 vamos usar diretamente a fórmula de integração , observando que temos: . Assim, Portanto, temos o resultado da integral I2: Simplificando temos: 44 Capítulo 1 Calculo da integral I3: Nessa integral vamos dividir em duas integrais, denotadas por I6 e I7 sendo que I6 é resolvida por uma substituição simples e I7 vamos usar uma fórmula de recorrência. Para resolver I6 usamos a substituição . Então ou . Temos: . Para resolver I7 vamos usar a fórmula de recorrência: Essa fórmula é demonstrável usando-se o método de integração por partes: Temos: Agora podemos então escrever o resultado fina da I3: 45 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Para finalizar a integral dada vamos agora reunir os resultados parciais, olhando a nossa primeira linha de ação: Simplificando obtemos: . Observamos que em geral esse tipo de integral sempre é bastante trabalhosa e nesses casos podemos utilizar um software algébrico para auxiliar nos cálculos. Entretanto, é importante lembrar que os softwares algébricos exigem a programação inicial para organizar a solução é necessário o conhecimento dos passos dos métodos de resolução. Para o nosso estudo inicial do cálculo integral não vamos nos deparar sistematicamente com esse tipo de integral. 4.3 Atividades de autoavaliação Calcule as seguintes integrais: a) b) c) d) 46 Capítulo 1 Seção 5 Exemplos e Revisão Nas seções anteriores deste capítulo você teve a oportunidade de lidar com propriedades e métodos do processo de integração. Em alguns momentos podemos pensar que é um trabalho braçal, mas é de fundamental importância saber lidar com os recursos no momento das situações prática. Se não temos a habilidade para lidar com as potencialidades das ferramentas não vamos ter competências para lidar com as situações práticas ou com a modelagem dos fenômenos da física, da engenharia, do meio ambiente, dentre tantos outros em que o Cálculo Diferencial e Integral é aplicável. Nesta seção, vamos revisar, lembrando que para aprender os métodos do cálculo é preciso “colocar a mão na massa”, pois não basta analisar inúmeros exemplos prontos. Um grande número de integrais, com aparência igual, são resolvidas por métodos diferentes. Além disso, o desenvolvimento dos métodos de integração envolve muitos artifícios algébricos da matemática básica e elementar, dessa forma, as dificuldades de aprendizagem dos processos algébricos e elementares podem ampliar as dificuldades nos cálculos necessários para a resolução de uma integral. Os métodos de integração não foram todos aqui descritos, dessa forma, é possível que ao usar outros livros didáticos você se depare com novos métodos, aqui não discutidos emfunção da dimensão e objetivos deste livro. 5.1 Exemplos Calcular as seguintes integrais: a) b) c) d) e) f) Diante de uma lista de integrais, para resolver é preciso ter a habilidade para saber identificar o método para a resolução. Procure sempre identificar as similaridades com as regras de integração da Tabela das Integrais Imediatas. O método de substituição sempre deve ser o primeiro a ser investigado. O método das frações parciais só é aplicável quando estamos diante de funções racionais desde que não seja aplicável o método da substituição. 47 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Nos itens (a) e (b), temos expressões racionais, mas em ambos os casos vamos aplicar substituição. As frações parciais serão aplicadas nos itens (e) e (f) e os itens (c) e (d) serão desenvolvidos por partes, pois a substituição não é aplicável. Resolução do item (a): Usando substituição temos: Resolução do item (b): Usando substituição temos: . Como precisamos substitui o valor x + 1, observamos que: se , então ; e . Assim, Fazendo a divisão de polinômios, temos: 48 Capítulo 1 Observe que neste exemplo recaímos após a substituição em uma função racional com o grau do numerador igual ao grau de denominador, portanto, tem- se o indicativo da divisão. Para agilizar, ao invés de aplicar as frações parciais, usamos a fórmula (26) que nos dá diretamente o resultado da aplicação das frações parciais. Resolução do item (c): Vamos aplicar o método de integração por partes, observe atentamente a escolha inicial conveniente, para que possamos encontrar a função v diretamente por substituição: Resolução do item (d): Vamos usar a integração por partes: 49 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Observe que usamos uma fórmula trigonométrica para facilitar a resolução. Vamos agora aplicar a fórmula da integração por partes: Resolução do item (e): Note que o polinômio já está na forma fatorada e os dois fatores são irredutíveis, logo: Eliminando os denominadores temos: Por igualdade de polinômios, temos o seguinte sistema: Da segunda equação, tem-se e substituindo-a na quarta , obtemos . Logo . Da primeira equação tem-se e substituindo-a na terceira , obtemos . Logo . 50 Capítulo 1 Então, Usando diretamente a tabela, obtemos: . Resolução do item (f): Como o grau do numerador é igual ao grau de denominador, efetuamos a divisão de polinômio temos, A primeira integral do lado direito é resolvida diretamente e a segunda integral resolve-se por frações parciais. Tendo , percebemos que uma raiz é , enquanto é irredutível, pois , logo a decomposição em frações parciais é dada por, Temos então, para qualquer valor de x. Assim, Para , temos e então . Para encontrar os outros valores, montamos o sistema. Temos: 51 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Portanto obtemos o sistema: Como e e , então e . Logo temos: A primeira integral resolvemos diretamente e a segunda por substituição. Note que a terceira também resolvemos por substituição, fazendo , temos . Logo, . 52 Capítulo 1 5.2 Atividades de autoavaliação 1. Mostre que é uma primitiva de 2. Calcule as integrais indefinidas. Observe atentamente as propriedades, as substituições adequadas e os métodos de integração a) b) c) d) e) f) g) h) i) j) k) l) m) n) 3. Resolva as integrais usando integração por partes. a) b) c) d) e) f) g) h) 53 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis 4. Calcule as seguintes integrais por decomposição em frações parciais. a) b) c) d) e) f) g) h) 55 Habilidades Seções de estudo Capítulo 2 Integral Definida Seção 1: Analisando áreas Seção 2: Integral Definida Seção 3: Calculando áreas Seção 4: Exemplos e Revisão Ao término deste capítulo, o estudante reunirá habilidades necessárias para compreender o conceito da integral em um contexto prático, no cálculo das áreas e volumes. Além disso, desenvolverá habilidade para aplicar o Teorema Fundamental do Cálculo na resolução de problemas que são modelados por integrais definidas. 56 Capítulo 2 Seção 1 Analisando áreas 1.1 Introdução e definição Um dos conceitos da Geometria mais antigo é o conceito de área. Historicamente têm-se muitas pessoas envolvidas na busca de fórmulas e resultados para cálculos de área de figuras planas. Um método muito discutido é o método da exaustão que estabelece a partição da área em polígonos regulares. Por exemplo, para calcular a área de um círculo, consideramos a inscrição de polígonos regulares de n lados e seguir os seguintes passos que delineiam o raciocínio do método da exaustão: 1. Considerar um polígono regular, com n lados, inscrito no círculo, denotado por Pn, por exemplo, observe a Figura 2.1. Figura 2.1 – Círculo com polígono regular inscrito 2. A área do polígono Pn, denotada por , pode ser escrita como , sendo a área do triângulo de base e altura , visualizado na Figura 2.2. 3. Observe que , ou seja, a área do triângulo está sendo calculada com a fórmula: base vezes altura dividido por dois. 4. Observe que , ou seja, o perímetro do polígono é a soma dos n lados iguais. 5. Usando os resultados de (3) e (4) podemos escrever que: 57 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Figura 2.2 – Triângulo de base ln e altura hn ln r r hn Para que estamos fazendo tudo isto? Para concluir a ideia é necessário fazer n crescer cada vez mais e usar o conceito de limite. Se n crescer cada vez mais, o perímetro torna-se uma aproximação cada vez mais perfeita do comprimento da circunferência, ou seja, igual a e a altura aproxima-se do raio. Assim, podemos escrever que: Área do círculo = . Usando os passos do deste método, você poderá encontrar a área da região representada na Figura 2.3. A região está delimitada pela curva da função , pelo eixo dos x e por retas e . Figura 2.3 – Área delimitada por uma função y = f(x), pelo eixo dos x e por retas x = a e x = b. x y ÁREA ba 58 Capítulo 2 Para entender o cálculo da área da região, veja os passos acompanhando também a Figura 2.4: 1. Faça uma partição do intervalo em n subintervalos, escolhendo pontos tais que . 2. Observe com mais detalhes o intervalo . 3. Escolha um ponto qualquer neste intervalo. 4. Para cada , construa um retângulo de base e altura . 5. Agora observe a Figura 2.4. Perceba que podemos formar retângulos com área , com para . 6. Agora some a área dos n retângulos, da seguinte forma: Esta soma é chamada de soma de RIEMANN da função . 7. Observe que à medida que n cresce muito, cada torna-se muito pequeno e a soma de (6) aproxima-se da área da região que será denotada por A. Figura 2.4 – Retângulos destacados x y 59 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Definição 1: Seja uma função contínua, não negativa em . A área sob a curva , de até , é definida por: , sendo e um ponto qualquer do intervalo . 1.2 Exemplos Usando o método da exaustão, calcule a área delimitada pela curva pelo eixo dos x e pelas retas e . Posteriormente reflita sobre a aplicação da definição de área formalizada na Definição 1. A área que queremos calcular pode ser visualizada na Figura 2.5. Figura 2.5 – Área delimitada pela função y = x2 – 6x + 11 pelo eixo dos x e pelas retas x = 1 e x = 4 Para calcular a área delimitada, usando o método de exaustão, inicialmente fazemos uma partição do intervalo em 3 subintervalos (veja a Figura 2.6 a seguir). Forme os retângulos com base nessas partições e alturas respectivamente. Veja que: • = área de ; • = área de ; • = área de . 60 Capítulo 2 Figura 2.6 – Partição da área 1 2 3 4 1 2 3 4 5 6 x y R2 R3 R1 A área a ser calculada será aproximadamente igual a:Podemos obter a área exata usando a definição 1, mas para calcular usando a definição vamos ter um trabalho algébrico muito grande ou até mesmo impossível de ser feito em alguns casos, daí a importância de avançarmos as discussões fazendo a inserção de propriedades e teoremas. Observamos que a Definição 1 é exatamente a definição da Integral Definida. 1.3 Atividades de autoavaliação Usando o método da exaustão calcule a área da figura delimitada pela função , pelo eixo dos x e pelas retas e . Faça o gráfico e observe que a área pode ser calculada por geometria elementar. Confronte os resultados obtidos. 61 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Seção 2 Integral Definida Vamos discutir o formalismo da definição da Integral Definida. Na seção anterior a expressão é denotada por Soma de Riemann, mas as ideias iniciais foram de Cauchy (1789 – 1857). Riemann (1826–1866) percebeu que o cálculo desenvolvido por Cauchy possuía falhas lógicas, pois era preciso provar que o limite existia para todas as funções contínuas sobre o intervalo dado. Infelizmente ele não conseguiu observar suas falhas lógicas. Posteriormente, outros matemáticos perceberam as falhas e é devido a Riemann a generalização das ideias de Cauchy. A maior parte da teoria de integração foi verificada por Riemann e seus seguidores. 2.1 Conceitos e Definição A definição da integral definida é exatamente a definição da área sob a curva, conforme apresentada na definição 1. Definição 2: Seja uma função definida em e seja P uma partição qualquer de . A integral definida de , de até , é dada por: , desde que o limite exista. Estamos diante de uma definição que tem uma complexidade em função do cálculo do limite e também em função de uma representação simbólica bem elaborada. Mas, os estudos avançaram e hoje temos propriedades e teoremas que facilitam tanto a notação como o cálculo de integral definida. Qual será a notação utilizada para a integral definida? A notação da INTEGRAL DEFINIDA é dada por , ou seja, . 62 Capítulo 2 Os valores que delimitam o intervalo a e b são denominados limites de integração. Se existe, podemos afirmar que a função é integrável no intervalo . Em geral, o número de funções integráveis é muito grande. Se a função é contínua no intervalo dado, então ela é integrável neste intervalo. Inicialmente, vamos trabalhar somente com funções contínuas. Posteriormente, no cálculo avançado, vamos observar situações em que as funções não são contínuas no intervalo dado. A Integral Definida representa o cálculo de uma área sempre que a função for contínua e não negativa no intervalo dado. É possível mostrar que as integrais definidas tem propriedades similares às das integrais indefinidas ou Primitivas. Veja a seguir: Propriedades: 1. Sejam e duas funções definidas em um conjunto I e K uma constante. Então: a) ; b) . 2. Se , então , se a integral existir. 3. Se e f(a) existe, então . 4. Se e é uma função integrável no intervalo e em , então é integrável em e vale a relação . 5. Se é integrável e se para todo , então . 6. Se e são integráveis em e para todo , então . 63 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis 7. Se é uma função contínua em , então . 8. Se é uma função contínua em , existe um ponto entre e tal que Todas as propriedades citadas podem ser demonstradas como proposições matemáticas. Essas provas podem ser encontradas em Fleming e Gonçalves (2006) e são observáveis geometricamente a partir do conceito de área. Como vamos aplicar as propriedades? Como vamos calcular as integrais definidas? O teorema que será discutido a seguir é a nossa chave para o cálculo das integrais definidas. Lembrando que vamos também retornar às propriedades para fazer exemplos formais ou exemplos mais práticos. Além disso, vamos visualizar a conexão da integral definida com a integral indefinida ou primitiva da função. 2.2 Teorema Fundamental do Cálculo Podemos usar muitas páginas para discutir o Teorema Fundamental do Cálculo, desde as suas raízes até os nossos dias. Como o objetivo é calcular a integral definida no contexto das aplicações práticas de área, volumes, da física etc., vamos fazer recortes e usar apenas a condição da continuidade para a função. Para uma panorâmica geral, com muitos recortes das obras dos matemáticos aqui citados, podemos, em acordo com Adauto (2008), lembrar alguns nomes: Newton (1643-1727) com a introdução do conceito de primitiva de uma função; Leibniz (1646-1716) quando inicia o cálculo de áreas e o conceito da integral definida; Cauchy (1789-1857) pela sua atenção especial para as funções reais em um intervalo fechado [a, b], pela notação de integral que usamos; por relacionar as integrais com as derivadas; por relacionar os trabalhos de Newton e Leibniz e por trabalhar com as funções contínuas nas situações práticas. É usual denominar o Teorema Fundamental do Cálculo, como Teorema de Cauchy. Poderíamos parar por aqui, mas cabe ainda informar que Riemann (1826-1866) e Darboux (1842-1917) têm uma nova versão do teorema quando ampliam a demonstração para as funções limitadas. Em uma etapa mais atual teríamos Lebesgue (1875-1941) com a formulação do teorema para funções absolutamente contínuas. 64 Capítulo 2 Para o presente texto, basta a formulação de Cauchy, com a garantia da função contínua no intervalo a ser considerado no cálculo da integral. Proposição 1: Seja uma função contínua num intervalo [a, b]. Então a função definida por tem derivada em todos os pontos que é dada por ou . Proposição 2: Se é uma função contínua num intervalo [a, b] e se F(t) é uma primitiva de neste intervalo, então . Em uma linguagem menos formal podemos dizer que esta última proposição é o Teorema Fundamental do Cálculo que vai ser usada de forma sistemática sempre que aplicarmos as integrais em situações práticas ou resolução de problemas. Para facilitar e sistematizar o cálculo, vamos utilizar a seguinte representação nos diversos exemplos que seguem: . Essa expressão, resultante das proposições dadas, indica um método para calcular a integral definida usando a tabela das integrais imediatas discutidas no Capítulo 1. Observe que para calcular a integral definida, vamos: • calcular a integral indefinida para obter a primitiva da função F(x). O uso da constante de integração não é necessário, pois obviamente sempre ao final do cálculo ela vai ser simplificada; • aplicar a função primitiva nos pontos superior e inferior do intervalo dado e subtrair os resultados. O resultado da integral definida será a função primitiva aplicada no ponto do limite superior menos a função primitiva aplicada no ponto do limite inferior da integral definida. 65 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis 2.3 Exemplos Calcule as integrais definidas nos intervalos indicados. (1) Vamos utilizar o Teorema Fundamental do Cálculo: . Utilizamos a tabela de integrais para encontrar a primitiva ou para calcular a integral indefinida. Posteriormente aplicamos os limites de integração. Temos: (2) Em alguns exemplos é interessante calcular a integral indefinida em separado para posteriormente aplicar os limites de integração. Para calcular esta integral indefinida fazemos a substituição: Assim, . 66 Capítulo 2 Aplicando agora esse resultado para o cálculo de integral definida dada: Usamos uma das propriedades dos logaritmos para simplificar a resposta: . (3) Para resolver esta integral na forma indefinida, vamos reescrever e usar o método da substituição: Agora basta substituir os limites de integração: 67 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis (4) Para resolver esta integração vai ser preciso usar a técnica de integração por partes. Observe que a escolha de e deve ser feita de modo que as integrais obtidas possam ser resolvidas. Neste exemplo, temos: Neste momento a constantede integração, pode ser deixada de lado sem perda de generalidade. Temos: . Observe que a integral é resolvida por substituição. Assim, . Para finalizar o exemplo vamos aplicar os limites de integração: 2.4 Atividades de autoavaliação Calcule as seguintes integrais definidas. a) b) c) d) 68 Capítulo 2 Seção 3 Calculando áreas 3.1 Situações que surgem na prática Agora você está preparado para calcular a área de diferentes tipos de regiões planas. Os exemplos serão básicos, mas serão suficientes para que você possa visualizar o potencial das integrais definidas para calcular áreas de regiões com diferentes formatos. Na Unidade 5, vamos retornar ao estudo de áreas com o uso de outro tipo de coordenadas. A apresentação de exemplos será precedida de uma apresentação geral do formato da região e também das funções envolvidas. 3.1.1 Situação 1 Nesta situação vamos analisar problemas de cálculo de área que são limitadas por uma função ; o eixo dos x; e . Observe que podem ocorrer duas diferentes situações (ver Figura 2.7 e Figura 2.8). Figura 2.7 – x y b Área a 69 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Observe que na Figura 2.7 a função é positiva no intervalo considerado. Figura 2.8 – x y b Área a Observe que na Figura 2.8 a função é negativa no intervalo considerado Pela propriedade 5, sabemos que a integral definida da situação da Figura 2.7 vai ter um resultado positivo e na situação da Figura 2.8, um resultado negativo, daí o fato de aparecer o sinal negativo antes da integral para o cálculo da área na Figura 2.8. Exemplos: (1) Calcular a área da região delimitada por ; o eixo dos x; e . Solução: A Figura 2.9 mostra a área solicitada. Observe que a função é toda positiva, no intervalo dado, pois está acima do eixo dos x. Assim, . 70 Capítulo 2 Figura 2.9 – 1 2 3 4 1 2 x y Inicialmente vamos calcular a integral indefinida: Aplicando os limites de integração calculamos a área solicitada. (2) Calcular a área da região delimitada por ; o eixo dos x; e . A Figura 2.10 mostra a área solicitada. Observe que no intervalo a função é negativa. Assim, . 71 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Figura 2.10 – Área delimitada pela parábola e o eixo dos x 1 2 3 4 -1 1 x y Acompanhe a seguir a resolução da integral, lembrando que estamos usando as regras de integração e o Teorema Fundamental do Cálculo para aplicar os limites de integração. Veja que estamos, também, usando as propriedades citadas na seção anterior. 3.1.2 Situação 2 Nesta situação vamos analisar problemas de cálculo de área delimitada por duas funções e entre e . Podem ocorrer diferentes situações, por exemplo, ver as Figuras 2.11 e 2.12. Na Figura 2.11 temos que as duas funções são positivas no intervalo dado e na Figura 2.12 ambas as funções são negativas. Podemos ainda ter uma função positiva e outra negativa. Em qualquer uma dessas situações apontadas a área sempre será dada pela integral da diferença entre as duas funções, tomando-se sempre o cuidado para subtrair a função menor da função maior. Graficamente, a função maior sempre está acima da função menor. 72 Capítulo 2 Temos assim a seguinte fórmula para ser aplicada: para contínuas em (a, b). Figura 2.11 – x y b Área a y = g(x) y = f(x) Figura 2.12 – x y b Área a y = g(x) y = f(x) 73 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Exemplo: Calcular a área da região delimitada por e . Para encontrar os limites de integração é necessário neste caso encontrar a intersecção. Veja a Figura 2.13 e observe os pontos de intersecção. A representação gráfica sempre é interessante para visualizar os pontos de intersecção e a efetiva relação entre as funções dadas. Neste caso no intervalo [-5; 0, 5] temos que . Figura 2.13 – Gráfico da área delimitada pela parábola e pela reta -5 -4 -3 -2 -1 1 2 -2 -1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 x y É possível constatar que a intersecção entre os gráficos está nos pontos em que e . Observe que podemos encontrar esses pontos algebricamente igualando as duas funções. Veja: Resolvendo a equação encontrada usando a fórmula de Bhaskara obtemos e . Para concluir o exemplo, basta verificar que a área solicitada está delimitada pelas duas funções dadas no intervalo . Assim, 74 Capítulo 2 Observe que a parábola está acima da reta, assim no intervalo . Fazendo o cálculo da integral definida temos: (–5) (–5) (–5) 3.1.3 Situação 3 A região está delimitada por várias funções e o cálculo da área requer partições para que se tenha a situação 1 ou 2. Exemplo: Calcular a área da região apresentada na Figura 2.14. Figura 2.14 – Área delimitada por três funções e o eixo dos x 0.5 1 1.5 2 0.5 1 1.5 x y y = x y = – (x – 1/2)(x – 3) y = 3x – 4,5A2 A3 A1 75 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis A visualização da Figura 2.14 nos mostra que as áreas A1 e A2 estão enquadradas na situação 1 e que a área A3 está enquadrada na situação 2. Assim, Área = A1 + A2 + A3, sendo que: • ; • ; • . Fazendo os cálculos obtemos: 76 Capítulo 2 Para finalizar o exemplo, vamos adicionar as áreas parciais encontradas. Assim, 3.2 Atividades de autoavaliação 1) Calcular a área da região delimitada por ; o eixo dos x; e . 2) Calcular a área de região delimitada entre as funções e . 3) Calcular a área da região delimitada entre as funções e e . 77 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Seção 4 Exemplos e Revisão Nessa seção vamos revisar o que foi discutido neste capítulo 2. A definição, propriedades e o teorema fundamental do cálculo foram discutidos para a resolução de problemas de áreas. Segue a expressão que pode ser considerada como uma fórmula auxiliar no cálculo da integral definida: 4.1 Exemplos Os exemplos apresentados nesta seção são exercícios propostos no livro Flemming e Gonçalves (2006), nas listas 6.11 e 6.13 do capítulo 6. (1) Sem calcular a integral, verifique a seguinte desigualdade: Vamos usar a propriedade 6 citada na Seção 2 deste capítulo. Portanto vale para 78 Capítulo 2 (2) Verificar se o resultado da integral é positivo, negativo ou zero, sem fazer o cálculo. Vamos agora aplicar a propriedade 5 da seção 2, analisando o sinal da função no intervalo dado: Resultado positivo, porque para . Podemos também usar a análise gráfica, veja a Figura 2.15 Figura 2.15 – Área -2 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 -1 1 x y (3) Calcular a integral da função no intervalo dado e esboçar o gráfico da função em [–1, 1]. O resultado obtido representa uma área? Estamos diante de uma função modular que deve ser reescrita como uma função de duas sentenças: 79 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Assim temos: A representação gráfica consta na Figura 2.16. Figura 2.16 – Função -1 1 -1 1 x y Podemos observar que o resultado obtido não representa a área. Para calcular a área hachurada, temos que considerar a parte da função que tem sinal negativo. Podemos escrever: 80 Capítulo 2 (4) Calcular a área da região delimitada por . A Figura 2.17 mostra a região dada. Figura 2.17 – Área delimitada por -2 -1 1 2 1 2 3 4 5 x y Os pontos de intersecção estão visíveis graficamente, mas também podem ser calculados algebricamente. Temos: Assim a área é dada por: 81 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis (5) Calcular a área delimitada por . A Figura 2.18 mostra a região dada. Figura 2.18 – Região delimitada por 1 2 3 4 1 2 x y Como a região tem simetria podemos calcular a integral no intervalo [1, 2] e ao final multiplicar o resultado por dois. Temos também que considerar que precisamos considerar a função modular que no intervalo [1, 2] assume . 82 Capítulo 2 4.2 Atividades de autoavaliação 1) Calcule as seguintes integrais definidas: a) b) c)d) e) f) g) h) 2) Calcule a área da região limitada pela parábola e pelo eixo dos x. 3) Calcule a área da região delimitada por ; ; e . 4) Calcule a área delimitada pelas seguintes curvas: a) e b) e 5) Calcule a integral . Interprete geometricamente o resultado obtido. 6) Observe a figura dada. Identifique as três funções que estão representadas graficamente: • – função polinomial do terceiro grau; • – função modular; • – função constante. 83 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Calcule a área das regiões , e . -1 1 2 3 4 5 -3 3 6 9 12 15 x y ÁREA A 1 ÁREA A 3 ÁREA A 2 85 Habilidades Seções de estudo Capítulo 3 Noções iniciais das integrais múltiplas Seção 1: Definição e cálculo das integrais duplas Seção 2: Definição e cálculo das integrais triplas Ao término deste capítulo, o estudante terá condições de ampliar o seu estudo das integrais para os espaços tridimensionais tornando-se competente para discutir e analisar situações problemas que envolvem o Cálculo Integral de funções de uma ou mais variáveis. 86 Capítulo 3 Seção 1 Definição e cálculo das integrais duplas Vamos discutir nesta Seção o processo de integração para as funções de duas variáveis. Esse processo prevê a análise da projeção da função sobre um dos planos coordenados, pois a partir daí é possível definir os limites de integração, os quais permitem olhar as integrais duplas em dois estágios, sendo que cada estágio recai na solução de uma integral simples já discutida nos capítulos anteriores. 1.1 Definição da integral dupla Vamos considerar uma função definida numa região fechada e limitada do plano xy, como mostra a Figura 3.1. Figura 3.1 – Função e sua região de integração Vamos denotar por R a região fechada e limitada do plano xy, obtida pela projeção da superfície da função sobre o plano (ver Figura 3.2). Traçando retas paralelas aos eixos x e y, recobrimos a região R por pequenos retângulos. Consideremos somente os retângulos Rk que estão totalmente contidos em R, numerando-os de 1 até n. Em cada retângulo Rk, escolhemos um ponto e formamos a soma , denotada como soma de Riemann de sobre a região de integração R, sendo que é a área do retângulo Rk. 87 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Imagine que mais retas sejam traçadas tornando os retângulos cada vez menores. Fazemos isso de tal maneira que a diagonal máxima dos retângulos Rk tende a zero quando n tende ao infinito. Se existe, ele é chamado integral dupla de sobre a região R. O limite deve ser independente da escolha das retas que subdividem a região R e dos pontos tomados nos retângulos Rk. A sua existência depende da função e também da região R. Em nosso estudo, vamos supor que o contorno da região R é formado por um número finito de arcos de curvas “suaves”, isto é, de arcos de curvas que não contêm pontos angulosos. Nesse caso, se f é contínua sobre R, temos a garantia da existência da integral dupla. Figura 3.2 – Retângulos Rk contidos no domínio de f Usamos as notações: ou A região R é denominada região de integração. 88 Capítulo 3 1.2 Propriedades das integrais duplas Podemos afirmar que o cálculo das integrais duplas usando a definição é um processo bastante trabalhoso. Assim, o uso das propriedades e de outros teoremas vai ser essencial para facilitar os cálculos. Vamos supor que a região de integração R tem uma fronteira formada por um número finito de arcos de curvas suaves e as funções e são contínuas sobre a região R. Assim, temos a garantia da existência das integrais duplas envolvidas. 1.2.1 Proposição a. , para todo k real. b. c. Se , para todo , então d. Se para todo pertencente à região R, então e. Se a região R é composta de duas sub-regiões R1 e R2 que não têm pontos em comum, exceto possivelmente os pontos de suas fronteiras, então Para provar essas proposições, usamos a definição da integral dupla e propriedades de limites. Veja como é simples! 89 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Vamos provar o item (b) Vamos supor que as integrais e existem. Portanto, existem, respectivamente, os limites: e Escrevemos: = = = Como vamos aplicar essas proposições ou propriedades? Como vamos calcular as integrais duplas? Para discutir o Cálculo das Integrais Duplas, vamos organizar as ideias fazendo a análise a partir da forma da região de integração. Vamos basicamente ter dois tipos de região de integração: • Tipo I – retangulares (ver, por exemplo, a Figura 3.3); • Tipo II – com formatos geométricos que envolvem diversas funções (ver, por exemplo, a Figura 3.4). Figura 3.3 – Região do tipo I x y R b c d a 90 Capítulo 3 Figura 3.4 – Região do tipo II x y b R d a c Quando temos uma região de integração definida por um conjunto de funções que se interceptam, vamos trabalhar com duas diferentes representações conforme a sua forma. Observe bem as Figuras 3.5. Veja que elas podem ser descritas algebricamente por desigualdades, identificadas em um dos seguintes tipos: • Tipo II.1: , com e contínuas em ; • Tipo II.2: , com e contínuas em . Figura 3.5 – Regiões do tipo II (a) e (b) x y b y= f2(x) y = f 1(x) a R x y d x = �2(y) x = g1(y) R c O cálculo da integral vai ser feito como um processo de iteração. Vamos resolver uma integração e após resolver a outra. Para fazer isto é necessário traduzir a forma geométrica em um dos tipos acima e reescrever a integral. Veja no Quadro 1 a formatação dessa nova representação. Esse processo iterado nos leva a terminologia integral iterada. 91 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Observe na última coluna do Quadro 1 que os colchetes já indicam como será o processo iterativo. Em geral, os colchetes poderão ser dispensados, ficando sempre subentendidos. É importante verificar que estamos realizando o cálculo da integral em duas etapas, no momento que integramos em relação a x o y é considerado constante e no momento que integramos em relação a y, o x é considerado constante. Quadro 1 – Diferentes representações da região de integração TIPOS Representação algébrica da região de integração Figura de referência Integral iterada I Figura 3.3 ou II.1 Figura 3.5 (a) II.2 Figura 3.5(b) Para identificar a representação algébrica a partir de uma representação gráfica, basta fazer uma boa leitura do gráfico. No caso II.1, por exemplo, o x varia de um valor constante a até outro valor constante b, portanto a integração em x deve ser a última. Para estabelecer a variação de y basta você imaginar uma varredura na região do sentido negativo para o positivo no eixo dos y (trace retas para ajudar na visualização). 92 Capítulo 3 Agora é “mão de obra” para formalizar o cálculo das integrais duplas. Lembre-se de que é um passo a passo: 1. Formalize a representação gráfica da região de integração; 2. Identifique em que tipo está enquadrada. Lembre-se de que a região pode ficar enquadrada em mais de um tipo e neste caso você deverá fazer uma escolha; 3. Formalize a representação algébrica; 4. Formalize a escrita da integral iterada; 5. Calcule a integral que está dentro dos colchetes; 6. Coloque o resultado obtido dentro da nova integral que deve ser resolvida para obter o resultado final. 1.3 Exemplos (1) Calcular a integral . Observe que neste caso já temos a integral iterada apresentada. Assim, vamos iniciar nossa caminhada. Neste exemplo já estamos com a caminhada avançada, pois já estamos na etapa (4) do nosso passo a passo. Não estamos visualizando os colchetes, mas sabemos onde eles estão. Veja: Vamos calcular a integral que está dentro dos colchetes: Usamos no cálculo o raciocínio da integral simples discutida no capítulo 1 e estamos integrando em x, portanto, a variável y neste momento é considerada uma constante. Para finalizar o nossopasso a passo vamos colocar o resultado na integral seguinte para encontrar o resultado final. Temos: . 93 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Portanto, =19. (2) Calcular a integral dupla da função na região de integração definida na Figura 3.6. Figura 3.6 – Região de integração 1 2 3 4 -1 1 2 3 x y R Já temos a região de integração formatada graficamente. Vamos então para a etapa (2), identificando qual o tipo de região. Numa rápida inspeção verificamos na Figura 3.6 que a nossa região é retangular, portanto, do tipo I. Seguindo o passo a passo vamos descrever algebricamente a região R como . Assim, temos: Resolvendo a integral dentro dos colchetes temos: . Colocando o resultado encontrado na outra integral vamos ter: . Dessa forma . 94 Capítulo 3 (3) Calcular a integral sendo R é a região limitada por e . Na integral dada não podemos esquecer que . A região de integração pode ser visualizada na Figura 3.7 apresentada a seguir. Figura 3.7 – Região delimitada por e 1 2 -1 1 2 3 4 x y R y = 2x y = x2 É fácil visualizar que a região R pode ser enquadrada nos dois tipos II.1 e II.2. Veja: ou Observe a varredura da região. Por exemplo, na descrição do tipo II.1 coloque retas percorrendo a região no sentido de baixo para cima (do negativo para o positivo no eixo dos y) e constate que as retas cortam inicialmente a função , para posteriormente cortarem a função (ver Figura 3.7). Assim, a integral dada pode ser calculada de duas maneiras. Para exemplificar e confirmar a equivalência dos cálculos, vamos desenvolver usando as duas maneiras, mas deve ficar claro que não é necessário resolver duas vezes. 95 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis 1a maneira. Região do tipo II.1. Neste caso vamos escrever e, portanto a nossa primeira integral vai ser resolvida em relação a y, considerando-se x constante. = Resolvendo a integral dentro dos colchetes temos: Resolvendo a segunda integral temos: 2a maneira. Região do tipo II.2. Neste caso vamos escrever e, portanto a nossa primeira integral vai ser resolvida em relação a x, considerando-se y constante. = Resolvendo a integral dentro dos colchetes temos: Resolvendo a segunda integral temos: . Observe que, nesse exemplo, as duas maneiras envolvem praticamente os mesmos cálculos. Em alguns casos, uma boa escolha da ordem de integração pode simplificar bastante o trabalho. 96 Capítulo 3 (4) Calcular sendo R o retângulo de vértices , , e . Acompanhe o nosso passo a passo da resolução A representação gráfica da região de integração pode ser visualizada na Figura 3.8. Trata-se de uma região do tipo I retangular. Figura 3.8 – Região retangular 1 π/2 π x y R Sua representação algébrica é dada por Portanto, podemos escrever a integral iterada: ou . Observe que não usamos os colchetes, mas eles estão subentendidos. Agora precisamos escolher qual formatação vai ser mais adequada ou eficiente. Com um pouco de experiência, realizamos uma investigação para descobrir qual delas pode minimizar o nosso trabalho. Se usarmos , vai recair em uma integral por partes e se usarmos em uma substituição simples. Dessa forma o mais conveniente é usar a segunda opção, fazendo primeiro a integração em relação a y, considerando x como uma constante. 97 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Vamos a seguir desenvolver o cálculo sem fazer a retirada da primeira integral. Observe que não mudamos o processo, mudamos apenas a maneira de escrever os resultados. = = = . Para calcular a integral , usamos a substituição e Assim, . Observe que, neste exemplo, podemos resolver usando qualquer ordem de integração, mas em alguns casos a função obtida não admite primitiva. Veja o exemplo que segue. (5) Calcular a integral Nesse caso, não é possível calcular a integral com a ordem de integração dada, pois a função não possui primitiva entre as funções elementares do Cálculo. Assim vamos fazer a inversão da ordem de integração para verificar a viabilidade de solução desta integral. Vamos descrever inicialmente a região de integração graficamente e analiticamente em acordo com os três passos iniciais do nosso passo a passo. Na Figura 3.9 temos a região de integração R. Figura 3.9 – Região de integração R 1 1 x y R 98 Capítulo 3 Algebricamente temos: Podemos observar que R também é uma região do Tipo II.2, podendo ser descrita por: Temos: I = = = = = . Vamos ter a necessidade de fazer partições na região de integração? É possível que em alguns casos tenhamos que fazer partições na região de integração dada. Temos como ferramenta de cálculo a propriedade (e) que foi enunciada na proposição das propriedades das integrais duplas listadas nesta seção. Observe por exemplo a região de integração triangular da Figura 3.10. Figura 3.10 – Região de integração triangular do tipo II 1 2 3 1 2 3 x y R2 R1 y = 1/3 x y = 3x y = –x+4 Verifique que uma maneira para descrever algebricamente toda a região triangular é particionar em duas regiões: e 99 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis 1.4 Cálculo de Área usando integral dupla A expressão que pode ser reescrita como ou nos dá a área da região de integração R. Essa afirmação pode ser mostrada de várias maneiras, mas vamos aqui apenas revisar o item II.1 do Quadro 1, para observar atentamente o significado de cada uma das integrais. Se temos uma região R do Tipo II.1, e f(x, y) igual a 1, podemos escrever: . Ao resolver essa expressão vamos obter: 1 Em acordo com a discussão no contexto das integrais simples temos que o resultado obtido representa a área da região delimitada pelas funções e no intervalo . De forma similar podemos obter a área quando estamos no contexto da região do tipo II.2 do Quadro 1. Exemplos: (1) Calcular a área da região R delimitada por e A região R pode ser visualizada na Figura 3.11 e é do tipo II.2 e pode ser descrita como . Figura 3.11 – Região R delimitada por e 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 -1 1 2 3 x y R 100 Capítulo 3 Assim a área é dada por: unidades de área. (2) Calcular a área da região apresentada na Figura 3.12, delimitada por uma parábola e por dois segmentos de reta. Figura 3.12 – Região delimitada por uma parábola e dois segmentos de reta -0.5 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 1.75 3.5 x y R Parábola y = (1 – x)(x – 5) Ao analisar a Figura 3.12, podemos afirmar que a região é do tipo II e que precisamos fazer uma partição para descrevê-la. Vamos optar pelo traçado do segmento em . Assim temos: e Observe que foi necessário encontrar as expressões matemáticas dos segmentos. Para tal podemos usar o cálculo da equação da reta que passa por dois pontos dados. Para achar a equação da reta que passa por dois pontos podemos usar . 101 Integrais de Funções de uma ou mais Variáveis Assim, o cálculo da área da Figura 3.12 é obtida fazendo-se: unidades de área. 1.5 Volume usando integral dupla Se no raciocínio que nos levou à definição da integral dupla, usamos o fato de que seja maior ou igual a zero sobre a região R, podemos interpretar que representa o volume de um prisma reto, cuja base é o retângulo e cuja altura é (ver Figura 3.13) Figura 3.13 – Volume de um prisma reto destacado Dessa forma, a soma de Riemann representa uma aproximação do volume da porção do espaço abaixo da função e acima da região R do plano xy, delimitada lateralmente por superfícies que contornam a região R (ver Figura 3.14). 102 Capítulo 3 Figura 3.14 – Volume A integral dupla , representa um volume desde que tenhamos seja maior ou igual a zero sobre a região R. A região de integração é a base do sólido contida no plano xy. 1.6 Exemplos Os exemplos que seguem estão propostos em Gonçalves e Flemming (2007) na seção 7.10. (1) Calcular o volume do sólido delimitado
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