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FARMACOLOGIA APLICADA terça-feira, 9 de março de 2021 ANTIBIÓTICOS - INIBIORES DA PAREDE CELULAR Quais as estruturas essenciais e não essenciais? PAREDE BACTERIANA · mais espessa e rígida · até 40 camadas de peptideoglicano · ausência de membrana externa · presença de proteínas, lipídeos e ácido teicóico; · ácido teicóico: aderência a célula do hospedeiro e antígeno para sorotipação · menos espessa e mais complexa · camada única de peptideoglicano; · membrana externa (exterior a parede celular - barreira seletiva) prevenindo a entrada de agentes antibacterianos; · presença de fosfolipídeos, lipoproteínas e lipopolissacarídeos (LPS) LPS: endotoxina BACTÉRIAS DE IMPORTÂNCIA CLÍNICA TIPOS DE ANTIBIÓTICOS Bactericidas Bacteriostáticos Agem matando os microrganismos Agem inibindo o crescimento dos microrganismos · Atividade concentração dependente: Quanto > [plasmática] > taxa de erradicação. Ex. aminoglicosídeos, fluorquinolonas. · Atividade tempo dependente: Quanto + tempo a [plasmática] fica acima da concentração inibitória mínima, + eficaz é o fármaco. Ex. beta-lactâmicos, macrolídeos e glicopeptideos. Bactericidas Bacteriostáticos Reduzem o número de microrganismos viáveis: erradicação da infecção depende menos do hospedeiro; Ex. Beta-lactâmicos Impedem o crescimento dos microrganismos: depende mais do hospedeiro sua erradicação; Ex. Tetraciclinas Tratamento mais rápido Tratamento mais lento ” Efeito pós-antibiótico”; ex: penicilina liga-se irreversivelmente à enzima ligadora de penicilina. Necessária manutenção de concentrações inibitórias durante todo o tratamento De escolha nas infecções graves Antibióticos: Termos utilizados na antibioticoterapia · Tratamento empírico – uso inicial baseado nos agentes mais prevalentes sem ainda identificação. Diminuir assim que possível; · Tratamento específico – após identificação do agente ou quando a manifestação clínica é característica do microrganismo · Profilaxia – pode causar resistência ou diminuir suscetibilidade. Usado em cirurgias contaminadas (colorretal, apendicectomia), cirurgias eletivas (cardíaca, torácica, vascular, neurológica, odontológica). Ex.: cefazolina e amoxicilina. · Espectro estreito – Atuam somente em um grupo único ou limitado. Ex. isoniazida em Mycobacterium tuberculosis · Espectro estendido - eficazes contra Gram-positivos e um grande número de Gram-negativos. Ex. ampicilina, amoxicilina · Amplo espectro – Atuam sobre uma variedade muito grande de espécies, mas podem alterar a microbiota e causar superinfecções (Clostridium difficile). Ex. tetraciclinas, fluorquinolonas, carbapenêmicos USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS De acordo com a Organização Mundial de Saúde (Nairóbi, Quênia, 1985), entende-se que há uso racional de medicamentos quando pacientes recebem medicamentos apropriados para suas condições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade MICROORGANISMOS RECORRENTES X LOCALIZAÇÃO ESCOLHA DOS ANTIMICROBINOS MECANISMOS DE RESISTÊNCIA BACTERIANA 1. Intrínseca – naturalmente resistentes. Ex Mycoplasma à beta-lactâmicos 2. Adquirida – desenvolvimento de mecanismos frente a exposição contínua CLASSIFICAÇÃO E MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS BETALACTÂMICOS Ação: inibem a síntese da parede celular via inibição das proteínas de ligação de penicilina (PBP) entre os polímeros de peptideoglicano (mureína); Resultado: Bactéria com parede defeituosa sofre lise osmótica: efeito bactericida (não pode associar com bacteriostáticos especificamente as bactérias gram positivas - Todos os antibióticos betalactâmicos interferem na síntese do peptidoglicano. Inibem as transpeptidases que cruzam as cadeias peptídicas ligadas à estrutura do peptidoglicano.) -Bactérias só fazem parede celular quando estão se multiplicado, ao administrar o bacteriostático, o crescimento dela não vai ser formada, portanto, nesse caso, o bactericida inibidor de parede não vai conseguir agir efetivamente nessas bactérias. Portanto, ocorre um efeito deletério, pois um interfere no efeito do outro - Os inibidores de parede possuem toxicidade seletiva máxima para as bactérias (mamíferos não possuem parede celular) Para reduzir a inibição enzimática... Associar a inibidores irreversíveis da BETALACTAMASE/PENICINILASE: • Ácido clavulânico (clavulanato). Ex Amoxicilina + clavulanato; Ticarcilina + clavulanato • Sulbactam. Ex Ampicilina + sulbactam • Tazobactam. Ex Piperacilina + tazobactam PENICILINAS Penicilina G (benzilpenicilina): o protótipo • Instável em meio ácido; uso parenteral • Estreito espectro antibacteriano • Rápida excreção renal; • Susceptível às penicilinases 1953 - Penicilina-V: • Penicilinase resistente; com maior espectro de ação • Via oral · Cristalina: hidrossolúvel · Procaína: proporciona a vasoconstrição - Neurosífilis: escolher a cristalina por conseguir passar pela barreira hematoencefálica • Existem várias cepas de Staphylococcus aureus resistentes a antibióticos: MRSA – Resistentes à meticilina ORSA – Resistentes à ox acilina • Em alguns hospitais ultrapassam 50 % dos isolamentos de Staphylococcus. • Resistência – síntese de receptores que não tem afinidade aos beta-lactâmicos • Para tratar MRSA ou ORSA são usados glicopeptídeos (vancomicina e teicoplanina), a linezolida e a tigeciclina PORÉM... • 2002 nos EUA foram identificadas S. aureus com elevada resistência à vancomicina (VRSA) ou à teicoplanina (GRSA) • Resistência relacionada com espessamento da parede celular ou aprisionamento do fármaco por hiperprodução de componentes da parede USOS CLÍNICOS • Infecções ósseas e articulares (p. ex., por S. aureus) - oxacilina • Infecções da pele e dos tecidos moles (p. ex., por S. pyogenes ou S. aureus) - oxacilina • Faringite (S. pyogenes) e otite média (S. pyogenes, H. influenzae): amoxicilina; • Bronquite e pneumonia (S. pneumoniae): amoxicilina ou ampicilina; • Endocardite (por S. viridans ou Enterococcus faecalis): Benzilpenicilina combinada com um aminoglicosídeo (penicilina+estreptomicina); • Infecções por Pseudomonas aeruginosa: ticarcilina, piperacilina, betalactâmicos + aminoglicosídeos • Sífilis (Treponema pallidum) – benzilpenicilinas Regra simplificada: Penicilinas naturais e resistentes à penicilinases usadas para organismos Gram-positivos Aminopenicilinas e de amplo espectro para cobrir Gram-negativos USO DAS PENICILINAS NA SÍFILIS • Para gestantes com alergias à penicilina: dessensibilização e tratamento com penicilina benzatina. Na impossibilidade de realizar a dessensibilização: ceftriaxona; • Usadas também para tratar sífilis congênita; EFEITOS ADVERSOS • Distúrbios gastrintestinais - destruição da microbiota e infecções secundárias (candidíase, colite pseudomembranosa) por causa do C. difficile, podendo ser administrado o metronidazol • Alergias – 1 a 10 % dos pacientes, principalmente Penicilina G procaína • Agudas: choque anafilático (30 seg) • Imediatas (mais graves): angioedema, broncoconstrição, distúrbios TGI e choque • Tardias (2 ou + dias, 80 a 90 % dos casos): erupções bolhosas, língua marrom, estomatite grave com perda da mucosa oral CASO 2 Homem, 16 anos, estudante. Paciente refere indisposição geral e dores no corpo. Fez uso de analgésico, sem melhora e horas após queixa-se de cefaléia, forte indisposição e sudorese profusa. Temperatura axilar de 39,6º C. Foi levado à emergencial hospitalar onde evidenciou-se rigidez de nuca, sinal de Kerning. Punção lombar levemente purulenta com diagnóstico de provável meningite bacteriana. Ceftriaxona age no pneumococo, meningococo e influenza Rifampicina é administrada para profilaxia CEFALOSPORINAS • Mecanismo: semelhante às penicilinas, inibem a formação da parede bacteriana (bactericida) • Espectro: varia de acordo com a classificação em cefalosporinas de primeira, segunda, terceira, quarta ou quinta geração. • Alta toxicidade seletiva: usado na gravidez, lactação e pediatria • Reações alérgicas – 1 a 3 %, certataxa de reação cruzada com penicilina USOS CLÍNICOS • Sepse – cefuroxima, cefotaxima •Pneumonia por organismos suscetíveis - cefuroxima • Meningite – ceftriaxona, cefotaxima • Infecções do trato biliar - ceftriaxona • Infecções do trato urinário – especialmente na gravidez ou sem resposta a outros fármacos - cefuroxima • Sinusite – cefadroxila CARBAPENÊMICOS IMIPENEM (+ cilastatina- inibidor da enzima renal que aumenta a concentração do fármaco), MEROPENEM, ERTAPENEM uso exclusivo hospitalar • Espectro muito amplo de atividade antimicrobiana (Gram +, Gram – aerócios e anaeróbios). • Reservado para infecções hospitalares graves causadas por bactérias altamente resistentes aos outros β-lactâmicos (i.v ou i.m.) • Boa penetração em tecidos abdominais, respiratórios, bile trato geniturinário, LCR • Efeitos adversos semelhantes aos de outros β-lactâmicos; mais frequentes são náuseas e vômitos. Pode ocorrer neurotoxicidade com concentrações plasmáticas elevadas (convulsões). MONOBACTÂMICOS AZTREONAM • Efeito apenas contra Gram-negativos aeróbios como as espécies de Pseudomonas, Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae. Não tem ação contra organismos Gram-positivos ou anaeróbios • Resistentes maioria das β-lactamases (i.v.). Usado em alérgicos a penicilina (custo elevado) • Administração i.v. com 1⁄2 vida de 2 h. Geralmente associado com aminoglicosídeo • Efeitos adversos semelhantes aos de outros β-lactâmicos, sem necessariamente reação imunológica cruzada com penicilinas GLOCOPEPTÍDEOS VANCOMICINA, TEICOPLANINA Restringir o uso • Mecanismo de ação: altera síntese de parede, de RNA citoplasmático, e a permeabilidade da membrana • Espectro bacteriano estreito: estreptococo, pneumococo, estafilococo. • Reservado para infecções graves, MRSA ou infecções por Staphylococcus em alérgicos à penicilina ou cefalosporina (i.v), para colite pseudomembranosa por C. difficile (v.o.) • Penetração limitada no SNC, exceto em meninges inflamadas • Monitorar seus níveis séricos (vancocinemia) • Efeitos Adversos: febre, erupções cutâneas e flebite no local da injeção. • Ototoxicidade e nefrotoxicidade e, por vezes, reações de hipersensibilidade. • Reações anafilactóides: hipotensão, chiado, dispneia, urticária ou prurido, choque e parada cardíaca. • Infusão rápida: síndrome do “pescoço vermelho” – urticária, exantema, febre BACITRACINA E FOSFOMICINA NITROFURANTOÍNA INIBIDORES DE PAREDE CELULAR BACITRACINA • Reservada para uso tópico de infecções na pele ou oculares • Efeitos adversos: potente nefrotóxico • Em raras circunstâncias, é usada por via parenteral para tratar infecções sistêmicas causadas por estafilococos que são sensíveis a estes fármacos e resistentes a outros antibióticos INIBIDORES DE PAREDE CELULAR FOSFOMICINA • Inibe síntese de parede e a aderência às células uroepiteliais • Amplo espectro, baixa toxicidade e 1⁄2 vida longa (dose única) • Usado para infecções do trato urinário, principalmente cistite aguda. • Seguro na gravidez INIBIDORES DE PAREDE CELULAR NITROFURANTOÍNA • Específico para trato urinário, principalmente por E. coli • Intermediários reativos que inativam proteínas ribossomais e outras macromoléculas • Inibe processos bioquímicos vitais de síntese protéica, síntese de RNA e DNA, metabolismo aeróbio, síntese de parede • Amplo mecanismo de ação = ausência de resistência • A cada 6 h INIBIDORES DE MEMBRANA PLASMÁTICA - POLIMIXINAS E DAPTOMICIN INIBIDORES DE MEMBRANA POLIMIXINAS B e E (colistimetato) • Agem como detergentes catiônicos alterando e desestabilizando a membrana externa das Gram-negativas • Polimixinas - Ação bactericida seletiva e rápida em bacilos Gram-negativos, principalmente Pseudomonas e enterobactérias (uso IV, IM, IT) • Também neutralizam o lipídeo A do LPS (endotoxina) • Polimixina - Uso clínico limitado pela toxicidade = esterilização intestinal (IV), tópico em ouvidos, olhos ou pele (sem absorção intestinal). • Neuro (bloqueio neuromuscular) e nefrotoxicidade INIBIDORES DE MEMBRANA - DAPTOMICINA • Liga-se a membrana, despolariza, perda do potencial de membrana, morte bacteriana • Espectro de ação semelhante à vancomicina: S. agalactiae, MRSA e enterococos resistentes à vancomicina • Uso clínico (i.v.) para infecções complicadas de pele e tecidos moles. Também bacteremia complicada e endocardite • Efeitos adversos: lesões musculoesqueléticas – Dosar CK A terapia empírica se baseia na apresentação clínica, que pode sugerir o microorganismo específico, assim como no conhecimento dos microorganismos que mais provavelmente causam infecções específicas em determinados hospedeiros, antes da confirmação laboratorial da própria infecção e do patógeno
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