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Drogas, desvios e identidade do adolescente Psicologia do Desenvolvimento: Adolescência Prof.: Bruno Carrasco Drogas e experiências na adolescência A adolescência é uma fase de novas sensações e experiências, fase onde pode ocorrer o primeiro contato com a bebida, as aventuras, as viagens e as drogas. As drogas são substâncias psicoativas que podem levar a dois tipos de dependência: física e psicológica. A dependência psicológica está mais relacionada aos modos de ser de cada indivíduo; uma pessoa pode sentir dependência de qualquer coisa, desde um refrigerante até um seriado de televisão. Já a dependência física é grave e relaciona-se com o uso da droga e seus efeitos no organismo. Se a pessoa deixa de consumi-la, pode ocorrer a “síndrome de abstinência”: uma série de distúrbios que vão desde um leve mal-estar até a loucura e a morte. Café Ecstasy LSD Anfetamina ● Depressores do sistema nervoso: são drogas que diminuem a atividade do sistema nervoso. O álcool costuma ser o mais usado entre os jovens, além dos tranquilizantes e remédios para dormir, consumidos em massa pela população, tentando sobreviver à tensão do dia-a-dia. Esses remédios são os mais vendidos no mundo e dão lucros enormes à indústria farmacêutica. Além desses temos também cetamina, morfina e heroína. ● Estimulantes do sistema nervoso: são drogas que aceleram a atividade de nosso sistema nervoso, deixando a pessoa “ligada” e/ou “elétrica”, como a cocaína e as anfetaminas (bolinhas e remédios para emagrecer). Grupos de drogas psicoativas ● Alucinógenos ou modificadores das atividades do sistema nervoso: drogas que modificam a qualidade da atividade de nosso cérebro, onde o sistema nervoso passa a funcionar de um modo distinto de seu habitual, perturbando ou alterando as experiências sensoriais. Algumas dessas drogas podem ser o LSD (ácido lisérgico), derivados de cogumelos (psilocibina), lírio e a maconha - alucinógena somente em altas doses. Grupos de drogas psicoativas As drogas que levam, comprovadamente, à dependência física costumam ser as dos dois primeiros grupos, sendo o álcool e os tranquilizantes de uso geral. Quanto à cocaína, não é comprovado que leve à dependência física, mas induz frequentemente à dependência psicológica severa, e seu uso repetido causa muitos prejuízos ao organismo, por isso é considerada uma droga pesada. O alcoolismo é um dos mais graves e frequentes problemas de nossa sociedade. O mesmo se pode dizer do cigarro, causador de inúmeras doenças fatais ou incapacitantes. Gastam-se fortunas para tratar pessoas doentes pelo uso de cigarro ou de álcool, e fortunas equivalentes na propaganda de ambos. Dependência física e psíquica Mito sobre o uso de drogas Um mito frequente em relação ao uso de drogas pelo adolescente é o de que quem usa maconha é um viciado, ou drogado. Não há dúvida de que o vício em qualquer droga é uma ameaça à integridade do indivíduo. Mas, nem todo mundo que bebe vodka ou cerveja é alcoólatra. A maioria das pessoas faz isso “de vez em quando”. O mesmo acontece em relação à maconha: a grande maioria dos adolescentes que a usam são os “usuários recreacionais”, isto é, não são viciados, não a consomem de forma compulsiva e sistemática. É curioso que haja tanta preocupação com o uso da maconha, mas não tanto com o do álcool. O alcoolismo é um problema sério também entre adolescentes. É importante frisar que a maioria das pessoas que acabam se tornando dependentes de drogas possuem sérios problemas e precisam de ajuda, não somente para resolverem o vício em drogas, mas para lidar com o que os levou a condição de dependência. Os psicólogos e psicoterapeutas têm o papel de avaliarem o que pode ter levado uma pessoa a um abuso de uma substância, ou a uma condição de dependência psicológica. Por meio dessa avaliação deve pautar seu trabalho buscando ampliar suas possibilidades, ao invés de deixar que elas sejam limitadas por uma condição de dependência ou controle de uma droga. A psicologia deve trabalhar em favor da autonomia da pessoa, ao invés de seu controle ou alienação. Dependentes e a psicologia Identidade do adolescente Segundo o Dicionário Aurélio, ideologia é “um conjunto articulado de ideias, valores, opiniões, crenças, etc., que expressam e reforçam as relações que conferem unidade a determinado grupo social seja qual for o grau de consciência que disso tenham seus portadores”. Aranha & Martins descrevem a ideologia como um conjunto de ideias, concepções ou opiniões sobre algum ponto de discussão, constituindo “um corpo sistemático de representações que nos ensinam a pensar e normas que nos ensinam a agir”, comentando que “(...) a ideologia mostra uma realidade invertida, ou seja, o que seria a origem da realidade é posto como produto e vice-versa; o que é efeito passa a ser considerado causa, o que é determinado é tido como determinante”. Ideologia “A ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações (idéias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que devem fazer e como devem fazer. Ela é, portanto, um corpo explicativo (representações) e prático (normas, regras, preceitos) de caráter prescritivo, normativo, regulador, cuja função é dar aos membros de uma sociedade dividida em classes uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas e culturais, sem jamais atribuir tais diferenças à divisão da sociedade em classes, a partir das divisões na esfera da produção.” (CHAUÍ, M, O que é ideologia, 1988, p. 113). A ideologia apresenta ao jovem os “modos de vida que valem a pena ser vividos”, e acredita-se que a identidade do jovem esteja relacionada a sua capacidade de transformar os valores dominantes em valores próprios. Porém, toda ideologia é criada por meio de combinações de valores, pelo estabelecimento de normas e padrões culturais. É por meio da ideologia que o indivíduo cria uma visão de mundo, pois ela estabelece um conjunto de ideias que orientam a ação de um indivíduo na sociedade, e que passa a fazer parte de sua própria personalidade. Ideologia e identidade Manutenção da ideologia A ideologia é o processo pelo qual as ideias de um grupo social dominante se tornam universalizadas, fazendo com que o domínio se estabeleça no plano material (econômico, social e político), e no plano das ideias, normas e valores. Essas estruturas ideológicas vão sendo aceitas como verdades “naturais” e imprescindíveis, sem as quais não é possível que o mundo funcione. Qualquer pessoa que discorde ou questione essas “verdades” tende a ser desvalorizada e combatida pela própria ideologia, que busca, por todos os seus meios, a preservação. Modo de vida socialmente “adequado” A ideologia estabelece um modo de vida socialmente “adequado”, distanciando cada vez mais o indivíduo de sua possibilidade de atuação e transformação dela, fazendo surgir a alienação, que ocorre quando as pessoas passam a atribuir as suas vidas, seu modo de ser e suas relações, a forças superiores, da qual não podem alterar. Apesar da alienação, por meio da criatividade, da conscientização, da reflexão, do questionamento crítico, o indivíduo pode passar desta condição de “objeto submisso”, acomodado e manipulado, para a posição de “sujeito ativo”, que reinterpreta o mundo a sua volta, reconhece as estruturas ideológicas que o permeiam, e se abre a novas formas de vida e possibilidades de construir sua existência. Não há um único caminho, mas possibilidades Dessa maneira, o ser humano e a sociedade se renovam e evoluem. O conflito e a ruptura são necessários para se transformar uma ideologia, e uma condição de submissão à esta. Se partimos do princípio que a ideologia é o único meio positivo para que o jovem seja aceito na sociedade, estamos fechandoas portas para o caminho da transformação e da renovação de cada um, estamos impedindo sua singularização. É possível perceber que não há um único caminho que o adolescente pode trilhar, cada caminho é apenas uma possibilidade. Mais uma vez, é questão de escolha. Papel do jovem O jovem tem um papel fundamental nesse processo. Na busca de sua individualidade e no confronto com a cultura, ele muitas vezes se diferencia, critica, questiona, contesta e traz ideias e propostas novas. Dessa forma ele provoca a revisão, a auto-avaliação, a transformação da sociedade. O conflito e a dúvida costumam trazer muito sofrimento. Mas há um valor positivo. São importantes tanto para o indivíduo alcançar sua identidade plena e integrada, quanto para a sociedade, que tem aí a sua maior oportunidade de transformar-se, criar, procurar novas sínteses, buscar o crescimento. Será ótimo aprendermos a aproveitar nossos conflitos. Tanto como indivíduos, quanto como grupo social, vamos ter muito a ganhar. “É na adolescência que começamos a aprender a escolher livremente. É um aprendizado que nunca termina, talvez porque escolher é uma das tarefas mais difíceis da vida. Sempre que optamos por alguma coisa, estamos perdendo muitas outras. O adolescente, frente às suas primeiras e inúmeras escolhas, muitas vezes sente-se confuso, angustiado.” (BECKER, O que é adolescência) Referências Bibliográficas BECKER, Daniel. O que é adolescência. São Paulo: Brasiliense, 1999. BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. Por: Bruno Carrasco Professor de filosofia e psicologia, graduado em psicologia, licenciado em filosofia e em pedagogia, pós-graduado em ensino de filosofia e em psicologia existencial humanista e fenomenológica, pós-graduando em aconselhamento filosófico. www.brunodevir.blogspot.com www.instagram.com/brunodevir www.fb.com/brunodevir http://www.brunodevir.blogspot.com http://www.instagram.com/brunodevir http://www.fb.com/brunodevir
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