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O assunto trata de dano moral “in re ipsa”, ou seja, o dano moral que é presumido, pois independe da comprovação do grande abalo psicológico sofrido pela vítima. Neste modelo, basta que o autor prove a prática do ato ilícito que o dano está configurado, não sendo necessário comprovar a violação dos direitos da personalidade, que seria uma lesão à sua imagem, honra subjetiva ou privacidade. O nível de frustação ao abrir uma lata de Danone e encontrar uma mosca lá dentro, é diferente quando comparado a um corte telefônico indevido em uma empresa. Analisando com cautela, pode-se entender que o stress gerado à empresa, é maior do que alguém que abre um Danone e ali encontra uma mosca. As provas apresentadas baseiam- se em fatos: a linha telefônica era usada no comércio com fins lucrativos, ou uma falha no sistema da concessionária apresentou fatura em aberta, quando na verdade as faturas já haviam sido pagas, além de diversos protocolos de comunicação, e-mails de contatos, dentre outras provas elencadas. Pensando nessa possibilidade, isso sim geraria um sofrimento moral maior, pois imagina perder vendas por não ter mais uma linha telefônica? Imagina o nível de stress do proprietário, tentando resolver seu problema e tendo que fazer diversas ligações para solucionar a falta da linha ou, entender o real motivo do corte. Para essa hipótese, o dano moral também é presumido, ou seja, a pessoa não precisa provar que passou stress ao tentar solucionar sua situação, basta comprovar que a cobrança ou o não pagamento não procede, gerando, infelizmente, sofrimento moral. Já quando analisamos a situação do Danone, é de se concordar que o stress sofrido por tal ação nem se compara com a anteriormente citada, é mínima. Alguém liga várias vezes para o fabricante? Manda e-mails? Entra em contato com o fornecedor? Tenta contato por diversas vezes? Acredito que não! Por isso, não de forma menos importante, o dano moral aqui também é presumido, pois entende-se que ouve um falha na prestação do serviço, onde a mesma é viciada. Você compra o Danone justamente achando que sua fabricação é adequada e, que o produto é limpo, livre de falhas em sua fabricação. Ninguém compra esperando achar uma mosca lá, não é mesmo? O que se espera é que o produto seja adequado para consumo. Então se alisarmos de fato o dano moral “in re ipsa”, é possível compreender o motivo pelo qual deve ter levado à unanimidade, negando o provimento do recurso especial, garantindo-lhe somente a procedência do dano moral. Att. Thaynara Picinin de Souza
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