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A teoria do etiquetamento social

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A teoria do etiquetamento social: Labelling Approach
Discente: Victor da Silva Vieira
Docente: Alecio Colione Junior 
1. Introdução
 Este trabalho tem como intuito discutir acerca da teoria do Etiquetamento Social, explicar sua origem e auxiliar na compreensão de suas determinações e principais postulados, além de apresentar uma breve conclusão referente de sua validade e impactos causados na sociedade. 
 Ao fim da década de 1950 e início dos anos 60, se deu, nos Estados Unidos da América, os primeiros estudos sobre a Sociologia Criminal, ocasionando uma mudança de princípios na Criminologia Clássica e dando origem à teoria da rotulação ou do etiquetamento social.
 Essa teoria, também conhecida como Labelling Approach, mostra que condutas tomadas pela lei penal não são lógicas, essa constatação está muito distante do saber dogmático e mais próximo ao entendimento crítico da sociologia.
Pautada na análise da ação das instituições de controle da sociedade, a teoria tem como intuito entender como os rótulos estipulados pela sociedade e aplicados por tais instituições refletem e contribuem para a criação de um estigma de “criminoso” para certos grupos da camada social, alterando a própria percepção individual daqueles “etiquetados”
 O Labelling desloca o problema criminológico do plano da ação humana para o da reação social, ou seja, não é porque um indivíduo subtraiu um objeto alheio que pode ser classificado como um ladrão, mas sim, a sociedade é quem o enxerga dessa forma. 
 Sob essa ótica, a criminalidade é um “rótulo” atribuído a certos indivíduos que o corpo social entende como delinquentes, muitas vezes por possuírem comportamentos desviantes.
. Edwin Lemert, em sua obra Social Pathology (1951), apresenta um importante conceito de distinção entre os desvios primário e secundário.
 A simples realização de um ato proibido, o qual pode ser motivado por divergentes causas, o indivíduo comete o chamado desvio primário e, consequentemente, pode ser identificado como criminoso. Logo, quando o sujeito passa a se identificar como o rótulo que lhe foi atribuído e assume uma identidade desviante, temos o chamado desvio secundário.
Essa concepção não se limita apenas para delitos, tendo em vista que, um aluno que não vai bem em uma prova, comete uma espécie de desvio. Logo, o mesmo pode ser submetido a uma série de rotulações referentes ao seu desempenho e possivelmente passa a se identificar com um ou mais destes rótulos a ele atribuído, nestes casos, temos uma profecia autorealizável. 
 Howard Becker, autor do livro Outsiders (1963), apresenta a tese de que a criação do desvio seja artificial, ou seja, grupos sociais criam regras que uma vez infringidas ocasionam no desvio através da aplicação das sanções previstas nestas regras aos indivíduos que as violam. Nesse sentido, a diferença entre um criminoso e um cidadão de bem, estaria apenas no rótulo. Um exemplo disso é que em nosso país existem diversos casos de abuso infantil, tais como o maus tratos e violencia sexual, em que o agressor não é denunciado e, diferente dos casos denunciados, julgados e condenados, essa pessoa não terá o rótulo de abusador infantil, ainda que tenham cometido os mesmos atos. 
 A Teoria do Etiquetamento dá início às discussões acerca da Criminologia Crítica, tendo seu conceito inicial ao falar do processo de criminalização, os quais podem ser classificados em 3 etapas. No processo de criminalização primária, o Estado, através do processo legislativo e da aplicação penal por parte dos órgãos oficiais, desenvolve a criminalização ao criar as leis, resultantes da indicação da sociedade de que há intolerância social a determinado ato. O problema é que muita das vezes essas leis criadas não respeitam os princípios de razoabilidade e de proporcionalidade e, consequentemente, crimes praticados por pessoas pobres são os de maior punição no código penal, uma vez que o Estado desenvolve o crime baseado na necessidade da manutenção do poder e das classes dominantes. Para Becker :
Á medida em que um grupo tenta impor suas regras a outros na sociedade, somos apresentados a uma segunda questão: quem, de fato, obriga outros a aceitar suas regras e quais são as causas de seu sucesso ? Esta é, claro, uma questão de poder político e econômico. (OUTSIDERS, 1963, p. 29)
 
 A partir daí, nasce a criminalização secundária, que nada mais é do que a aplicação efetiva da lei penal, entretanto, essa atividade na maioria das vezes é seletiva, assim, elites são favorecidas tendo em vista que os agentes operadores da lei irão partir do pressuposto de que os mais pobres são os suspeitos onde se encontram o maior índice de criminalidade e farão as investigações baseadas no etiquetamento social. 
A criminalização terciária relaciona-se ao indivíduo já “etiquetado”, considerado criminoso e em processo de cumprimento de pena, é aí onde ele se sente inferior e internaliza a situação. 
A ideia inicial do Labelling é de que o criminoso é alguém indesejado, selecionado e rotulado pelas classes dominantes do sistema. Logo, obtém-se um ciclo vicioso do crime e são múltiplos os casos onde o indivíduo é julgado, desviado ao quadro de delinquente e acaba sendo submetido à prisão, assumindo uma nova visão de si mesmo. Assim, em poucos meses ou até mesmo dias após o cumprimento da pena, essas pessoas voltam a praticar os mesmos ou até mesmo piores delitos. 
3.Conclusão
Sob minha ótica, é possível concluir que apesar de consideráveis avanços galgados pela Labelling Approach e contribuição direta na mudança do paradigma determinista para a Criminologia Crítica, sua classificação como absoluta é errônea, uma vez que a mesma negligência importantes questões sobre poder e estrutura social, além de ignorar as causas do comportamento criminoso, até comparando o criminoso com um cidadão de bem. Alguns críticos dessa tese afirmam que tal teoria estaria mais preocupada em encontrar desculpas para o comportamento criminoso do que explicá-lo efetivamente, colocando os criminosos como vítimas do corpo social.
4.Referências Bibliograficas
LOPES, Rochelle Ruaro Ribeiro. "Exclusão e estigma: uma análise do etiquetamento social expresso na vida dos sujeitos que passam pelo sistema carcerário."
ORTEGA, Flávia Teixeira.TEORIA DO ETIQUETAMENTO SOCIAL. disponivel em: 
.https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/322548543/teoria-do-etiquetamento-social

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